"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO PEÕES : SÁBADO, DIA 02 DE MAIO/2015

Sábado, 02/05/2015, às 14h
Local: Campus da UNA/Barro Preto 
- Rua dos Goitacazes, 1159 - Barro Preto, Belo Horizonte/MG

O DA (Diretório Acadêmico) do Serviço Social da UNA realizará no dia 02/05/15, a exibição do documentário Peões, seguido de uma roda de conversa no campus da UNA do Barro Preto. Será um momento para discutirmos sobre o movimento sindicalista na década de 80 no Brasil e o que esse movimento representou para os trabalhadores no terreno da luta de classes.
EMITIREMOS CERTIFICADO 
Organização: ENESSO/DASSUNA

terça-feira, 28 de abril de 2015

MESA-REDONDA: A POLÍTICA DO MEDO NA UFMG



Quarta-feira, dia 29/04/2015 - de 19H às 22h
Local: Auditório Luiz Pompeu de Campos, Faculdade de Educação - FaE/UFMG.
Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha - BH/MG

Mesa-redonda sobre a atual conjuntura na UFMG com Profa. Maria Rosaria Barbato (Direito),Prof. Bruno Bechara (EEFFTO), Prof. Pablo Lima (FaE) e Estudante João Pedro Moraleida (IGC/UFMG e Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania).

Organização: Movimento Universidade Popular (MUP)
e União da Juventude Comunista (UJC).

________________________________________________________________
Artigo de João Pedro Moraleida - A POLÍTICA DO MEDO E O ESTADO DE EXCEÇÃO:


domingo, 26 de abril de 2015

REALIZADA ATIVIDADE EM REPÚDIO À DITADURA MILITAR




































 Fotos/Arquivos: IHG de Direitos Humanos e Cidadania















REALIZADA ATIVIDADE EM REPÚDIO À DITADURA MILITAR 
E AOS DESDOBRAMENTOS NOS DIAS DE HOJE

No dia 25/04/2015, foi realizada, no Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, a atividade: 'Repúdio ao golpe de 64! 51 anos! Abaixo a ditadura!' Foi uma atividade de apresentação e divulgação da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de Minas Gerais (FIMVJ/MG).
A composição da mesa foi a seguinte: 
- Thainã de Medeiros (RJ) - Morador do Complexo do Alemão e membro do Coletivo Papo Reto.
 - João Martinho (BH/MG) - Professor da rede estadual, membro do MOCLATE, pai de perseguido político de 2013 e apoiador da FIMVJ. 
- Nilcéa Moraleida (BH/MG) - Presa política durante a ditadura e membro da FIMVJ/MG. 
- Francisco Neres (BH/MG) - Preso político durante a ditadura, membro da FIMVJ/MG e do PCB. 
- Francisco Marques (BH/MG) - Estudante da FAFICH/UFMG, membro da FIMVJ/MG, do CAFCA e da Juventude às Ruas.
A mediação da mesa foi feita por Bizoca, membro do Instituto Helena Greco Humanos e Cidadania (IHG – BH/MG) e da FIMVJ/MG.
Thainã de Medeiros fez relato minucioso do massacre sistemático praticado pelas UPPs no Complexo do Alemão e as execuções recentes do menino Eduardo de Jesus Ferreira, (10 anos) e de Elizabete de Moura Francisco (41 anos). Thainã denunciou também a situação de Rafael Braga, jovem negro que estava em situação de rua no Rio de Janeiro, condenado a cinco anos de prisão porque portava produtos de limpeza no seu deslocamento que coincidiu com uma manistação de 2013.
As demais intervenções reforçaram estas denúncias e a exigência do fim da Polícia Militar, a mais violenta do planeta.
Pedro Afonso, estudante da UEMG, denunciou a prática racista da Polícia Militar/ MG que, na semana passada, o submeteu à mais absurda violência e o prendeu acusando-o de roubar o próprio carro. Júlia, estudante de filosofia da UFMG, denunciou que foi vítima de agressão física por fundamentalistas evangélicos truculentos, machistas e homofóbicos.
Foi passado um vídeo de Gilson Dantas (médico, militante e preso político durante a ditadura). Gilson critica a CNV e defende movimentos independentes em relação ao Estado, ao capital e aos governos, como a Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça/MG.
Rômulo, professor de História da rede estadual, relatou a situação dos presos políticos do Rio de Janeiro e a situação do estudante de geografia Igor Mendes, que se encontra encarcerado dede dezembro de 2014, por participar de manifestações.
Depois dos painéis, houve confraternização e um belo show de violão e voz com Rosa Helena e Glaysson Astoni. Tocaram canções revolucionárias, músicas latino-americanas e MPB. Após o show, foram projetados vídeos de músicas latino-americanas e MPB de protesto.
Foi lançado e distribuído ‘Material de apresentação e divulgação da FIMVJ/MG (Repúdio ao golpe de 64! 51 anos! Abaixo a ditadura!)’. Este material (oito páginas) contém os seguintes documentos: ‘Nota de Repúdio ao golpe de 64! 51 anos! Abaixo a ditadura!’, 25 de abril de 2015; ‘O que é a FIMVJ/MG’; ‘Nossas lutas’;‘Carta aberta à Comissão Naconal da Verdade’, 22 de outubro de 2012 e ‘Manifesto da FIMVJ’, 7 de novembro de 2012.
Estiveram presentes entidades, movimentos sociais, organizações políticas de esquerda, estudantes, professorxs, ex-presxs poíticxs e membros da FIMVJ/MG.
Belo Horizonte, 26 de abril de 2015
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania 

sexta-feira, 24 de abril de 2015

REALIZADO O CICLO DE DEBATES "DIREITO À MEMÓRIA" EM ARCOS/MG

Mesa 03 - "Memória, Verdade e Justiça" - Heloísa Greco (Bizoca) membro do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania. 

A atividade aconteceu na quarta-feira, dia 22/04/2015, na PUC de Arcos/MG. 

O prof. Moisés Augusto Gonçalves (Coordenador de Extensão do Curso de Direito) coordenou a mesa.

domingo, 19 de abril de 2015

NOTA DA FIMVJ/MG - 25 DE ABRIL/2015: REPÚDIO AO GOLPE DE 64! 51 ANOS! ABAIXO A DITADURA!


















REPÚDIO AO GOLPE DE 64! 51 ANOS! ABAIXO A DITADURA!

            Passados 51 anos do golpe de 1964 e 30 anos de transição controlada e tutelada (1985-2015) - ainda sem desfecho – consolida-se no Brasil o terrível legado da ditadura militar. Trata-se do que foi caracterizado com muita propriedade como normalização defeituosa ou normalização da exceção brasileira[1]A essência desta normalização defeituosa é constituída pela reciclagem da Doutrina de Segurança Nacional que se manifesta na permanência da tortura e do desaparecimento forçado como sólidas instituições nacionais; na guerra generalizada contra os pobres; na criminalização da luta dos trabalhadores e do movimento popular; na política de encarceramento em massa; no genocídio sistêmico de jovens negras e negros, indígenas e pobres.

            O contencioso da ditadura continua, assim, sem solução.  A Comissão Nacional da Verdade/CNV concluiu seus trabalhos em dezembro/2014 sem sequer tangenciar as questões que interessam.  São questões de princípio – inegociáveis, portanto: a responsabilização e punição dos torturadores e assassinos de presos políticos e opositores da ditadura militar; a situação dos mortos e desaparecidos; a abertura irrestrita dos arquivos da repressão; a questão da tortura; o fim da Lei de Segurança Nacional.  Reproduzindo o discurso das casernas articulado pela ditadura, o governo Dilma Rousseff (PT, PMDB, PCdoB) quer consagrar o Relatório da CNV como o ponto final da transição política – decreta-se o fim da história em nome da reconciliação nacional.  Impõe-se, assim, a inaceitável teoria dos dois demônios.  Tal teoria, que foi institucionalizada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2010, é nada menos que a interdição da punição daqueles que cometeram crimes de lesa humanidade.  Estes crimes são, por definição,  imprescritíveis, inanistiáveis e inafiançáveis. O Brasil é o único país do Cone Sul da América Latina que firmou a impunidade daqueles que torturaram, estupraram, mataram, esquartejaram e ocultaram cadáveres de opositores da ditadura.   Por isto mesmo o Estado brasileiro, também em 2010, foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por omissão quanto aos crimes da ditadura.  Hoje, cinco anos depois, este Estado não deu um passo sequer para efetuar o cumprimento da sentença condenatória.

O aparato repressivo da ditadura não só se manteve, como tem sido repaginado e incrementado.  Exemplo gritante é a chamada política de pacificação representada pelas Unidades de Polícia Pacificadora/UPPs e pela naturalização da ocupação das favelas e comunidades de periferia pela Polícia Militar, pelas Forças Armadas e pela Força Nacional de Segurança Pública. A Polícia Militar brasileira é a mais violenta do planeta – a que perpetra o maior número de assassinatos entre todos os países do mundo.  Casos emblemáticos como o do pedreiro Amarildo de Souza - torturado, morto e desaparecido, no Rio de Janeiro, em julho de 2013, pela UPP da Rocinha - são reproduzidos aos milhares, Brasil adentro e afora.  Nos XV Jogos Pan-americanos (Rio de Janeiro, junho de 2007), houve a maior ocupação conjunta das favelas – 1 350 homens das Polícias Militar e Civil, das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública.  O saldo foi o massacre de, pelo menos, 19 moradores do Complexo do Alemão. De maio a junho de 2007, outras quarenta e quatro pessoas foram mortas pela polícia no mesmo local. As chacinas atingiram aí, sistematicidade assustadora: neste mês de abril/2015, 4 pessoas foram mortas pela polícia – entre elas, o garoto Eduardo de Jesus Ferreira (10 anos) e Elizabete de Moura Francisco (41 anos).   A comunidade, organizada para denunciar e repudiar tamanha violência, tem sido ferozmente violentada pelas forças de repressão.  O governador Pezão (PMDB) e seu secretário de segurança, José Mariano Beltrame, acirram a violência policial reforçando a ocupação com o BOPE e as tropas de choque – efetivos treinados para matar.

A criminalização das lutas dos jovens, dos trabalhadores e do movimento popular se institucionaliza.  Existem atualmente, no Brasil, centenas de indiciados e perseguidos por participarem das manifestações de 2013 e 2014. Alguns continuam em regime de prisão fechada, como os companheiros Igor Mendes da Silva e Rafael Braga; outros estão em prisão domiciliar ou em liberdade condicional. Dezenas de trabalhadores estão presos por lutarem por seus direitos. Os trabalhadores do campo, na sua luta permanente contra o agronegócio e o latifúndio, são também alvos preferenciais da repressão.  Na prática, o Brasil tem se tornado uma imensa UPP cujo alvo é constituído pelos dois terços da população que vivem no limiar da linha de miséria.   Não se pode perder de vista que o país continua a ser o campeão mundial em concentração de renda/desigualdade social.

 Na institucionalidade, a esfera parlamentar – historicamente conservadora - apresenta a composição do Congresso Nacional mais reacionária desde os tempos da ditadura militar.  Sua representação mais acabada é a Bancada BBB/Bíblia, Boi e Bala.  A Bancada BBB domina o Congresso e é composta por fundamentalistas cristãos, ruralistas, policiais e militares, que pertencem aos seguintes partidos: PSDB (o mesmo de Aécio Neves, Anastasia e Geraldo Alckmin), DEM, Solidariedade, PSC, PRB e  PMDB. Figuras sinistras como os presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha (PMDB) e Renan Calheiros (PMDB) potencializam todo este reacionarismo.  O deputado Jair Bolsonaro (PPoleva às máximas consequências com sua postura LGBTfóbica, machista e racista, com sua defesa histérica da ditadura militar, das torturas e da repressão generalizada. Marco Feliciano (PSC) – que já ocupou a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados – combate extensiva e intensivamente os direitos da comunidade LGBT e os direitos das mulheres – sobretudo a liberação do aborto.  A Bancada do Boi tem reforço no primeiro escalão do governo Dilma Rousseff.   Kátia Abreu, uma de principais lideranças do latifúndio e do agronegócio, é a atual Ministra da Agricultura (?). As façanhas desta turma beiram o fascismo: redução da maioridade penal de 18 para 16 anos (PEC 171/1993); iniciativas hidrófobas de retirada dos direitos das mulheres e da comunidade LGBT; obstáculos e recuos em relação à demarcação das terras indígenas; processo de aprovação da terceirização (PL 4330/2004), que significa a liberação geral - sem qualquer escrúpulo, entrave ou limite - da exploração dos trabalhadores.  Tal projeto tem no arquipelego deputado Paulinho da Força Sindical (Solidariedade/SP) o maior defensor, em aliança com Eduardo Cunha e Paulo Skaf, presidente da FIESP.

 Este reacionarismo se expressa em toda a sua crueza nas manifestações dos dias 15/março e 12/abril, quando setores da direita – que, por serem pontuais, não deixam de ser nefastos - clamaram abertamente por intervenção das Forças Armadas/golpe militar e por um projeto de sociedade excludente, espoliador, segregacionista e opressor.  O aparato midiático burguês tem potencializado este tipo de evento ao dar a eles cobertura semelhante à da Copa do Mundo, repetindo à exaustão suas pautas.

A Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça (FIMVJ/MG) reitera que esta situação de extrema violência estatal, institucional e policial só pode ser combatida pela classe trabalhadora e o movimento popular a partir de sua organização independente em relação ao Estado, aos governos, aos patrões e à institucionalidade. 

*Neste material de apresentação e divulgação da FIMVJ/MG reafirmamos nossos princípios: além desta nota, nele reproduzimos nossos principais documentos e nossas lutas permanentes contra o terror de Estado e do capital. 

Belo Horizonte, 25 de abril de 2015

Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de Minas Gerais (FIMVJ/MG)


*Na atividade do dia 25/04 será distribuído material de apresentação e divulgação 
da FIMVJ/MG que inclui esta nota e outros documentos. 


[1] O primeiro termo é de Irene Cardoso no artigo ‘Memória de 68: terror e interdição do passado’. Tempo social, v.2, n.2, 2º semestre, 1990, p. 101-112.  O segundo é de Thales Ab’Sáber no artigo ‘ Brasil, A ausência significante política (Uma comunicação)’.  In: TELES, Edson e SAFATLE, Vladimir (orgs.).  O que resta de ditadura.  São Paulo: Boitempo, 2010, p. 189.


Nota no blog da FIMVJ:

sábado, 18 de abril de 2015

REPÚDIO AO GOLPE DE 64! 51 ANOS! ABAIXO A DITADURA!














REPÚDIO AO GOLPE DE 64! 51 ANOS! ABAIXO A DITADURA!
Sábado, dia 25/04/2015, às 16h
LOCAL: IHG - Rua Hermilo Alves, 290, Sta. Tereza - BH/MG
Atividade em repúdio à ditadura (1964-1985) e aos seus desdobramentos nos dias de hoje.
Mesa/ Painéis (16H):
Thainã de Medeiros (RJ) - Morador do Complexo do Alemão
e membro do Coletivo Papo Reto.
✰ João Martinho (BH/MG) - Professor da rede estadual, membro
do MOCLATE e pai de perseguido político de 2013.
Nilcéa Moraleida (BH/MG) - Presa política durante a ditadura
e membro da FIMVJ/MG.
Francisco Neres (BH/MG) - Preso político durante a ditadura,
membro da FIMVJ/MG e do PCB.
Francisco Marques (BH/MG) - Estudante da FAFICH/UFMG,
membro da FIMVJ/MG, do CAFCA e da Juventude às Ruas.
Bizoca (BH/MG) - Membro do Instituto Helena Greco de Direitos
Humanos e Cidadania (IHG) e da FIMVJ/MG
Atividade Cultural Independente (19H):
Rosa Helena (BH/MG) - Voz e Violão/Música
Latino-americana e MPB de protesto.
✰ Projeção de vídeos com músicas.
✰ Caldo de feijão e torta vegana.
Atividade de apresentação e divulgação da FIMVJ/MG.
Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça/MG
Na luta desde outubro de 2012.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

CICLO DE DEBATES "DIREITO À MEMÓRIA" - ARCOS/MG

Ciclo de Debates "Direito à memória"
Mesa 03
22/04 - 19:00 às 22:30h
"Memória, Verdade e Justiça"
Profa. Dra. Heloísa Greco (Bizoca) - Doutora em História (UFMG), pesquisadora, membro do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania em Belo Horizonte.
Local: Auditório da Puc Minas Arcos
Promoção: Colegiado e coordenação de Extensão e Pesquisa
Curso de Direito/Puc Minas Arcos

domingo, 12 de abril de 2015

MORRE JUDITH MALINA (1927-2015) DO LIVING THEATER

Imagem/fonte:http://www.quotessays.com/images/judith-malina-1.jpg










JUDITH MALINA: Presente na luta!

Morre Judith Malina (1927-2015) do Living Theater. Na década de 1970, durante a ditadura militar, Judith, Julian Beck do Living Theater foram presos em Ouro Preto/MG. Depois foram levados e mantidos presos no DOPS, em Belo Horizonte/MG. Houve pressão nacional e internacional contra a ditadura militar por causa destas prisões. A ditadura expulsou o Living Theater do Brasil, o que constituiu um escândalo mundial.

Em 2011, Brad Burgess e Thom Walker membros do Living Theatre, estiveram presentes em Ouro Preto/MG e participaram da programação do Fórum das Letras. Participaram da mesa - JUDITH MALINA: vida, arte, resistência, com o tema memória do esquecimento. Foi exibido um vídeo onde Ilion Troya do Living Theatre entrevista Judith Malina. Judith não pode comparecer por problemas de saúde.

Após a mesa membros do Living Theatre, estudandes, professorxs, atorxs de teatro da UFOP, militantes de direitos Humanos, familiares de mortos e desaparecidos políticos participaram do Ato público em memória dos exilados e desaparecidos sob a ditadura militar, realizado nas ruas de Ouro Preto/MG.
http://institutohelenagreco.blogspot.com.br/2011/11/e-desaparecidos-sob-ditatura-militar.html
Judith Malina morreu na sexta-feira, dia 10 de abril de 2015.
Belo Horizonte, 12 de abril de 2015.
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG-BH/MG)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A POLÍTICA DO MEDO E O ESTADO DE EXCEÇÃO - ARTIGO DE JOÃO PEDRO MORALEIDA/ABRIL DE 2015


A POLÍTICA DO MEDO E O ESTADO DE EXCEÇÃO

Slavoj Zizek diz em seu livro “Violência’’ que a variedade predominante da política atualmente é biopolítica pós-política”. A pós-política é a negação aparente dos combates ideológicos para se concentrar na gestão e administração especializada, enquanto a biopolítica designa a regulação da segurança e do bem-estar das vidas humanas. Uma vez que a vida se despolitizou, a única maneira de mobilizar ativamente as pessoas é através do medo.

‘’É evidente que hoje as duas dimensões se sobrepõem: quando se renuncia às grandes causas ideológicas, tudo o que resta é a administração eficaz da vida... Ou quase isso.” (ZIZEK, 2014: 45; 46)

O medo se tornou o princípio mobilizador na atualidade: medo dos traficantes; medo dos muçulmanos; medo da criminalidade; medo do assédio e de modo sutil, ou não, o medo dos negros e pobres.

I

No dia 27/03 (sexta-feira), o jornal Estado de Minas publicou uma reportagem onde denunciava o tráfico de drogas no prédio da FAFICH, na UFMG. Segundo o diário, o DA do prédio servia como ponto de venda: de maconha, cocaína e LSD.

Os jornalistas não economizaram termos para estigmatizar o local, escreveram: sujo; escuro; sombrio; se ouve funk; “boca de fumo” e outros termos negativos. Como se não bastasse, uma nota no canto inferior intitulada ‘’Outros tempos’’ defendia a maior tranquilidade da FAFICH nos tempos da ditadura militar, como se fosse possível a tranquilidade nesses “tempos”. Alguns defenderam a presença da Polícia Federal e Militar no campus para garantir a chamada segurança.

A insistência do diário na questão foi tanta que nas edições dos dias 28/03 e 29/03, sábado e domingo, a reportagem ganhou complementos. O diretor do prédio concedeu entrevista, alguns alunos comentaram e sugestões foram lançadas.

É totalmente questionável a índole do Estado de Minas, o jornal é alinhado aos setores mais reacionários de Minas Gerais. É controlado por famílias de políticos tradicionais e de direita. Cabem algumas questões: quem os convidou ou sugeriu a reportagem? Quais os verdadeiros interesses com a veiculação do “caso FAFICH”?

II

O tráfico é um problema enorme no país e no mundo e deve ser debatido. É preciso colocar em jogo a política de “guerra às drogas”, as mortes relacionadas ao conjunto somente crescem sem perspectiva de redução.

A “guerra às drogas” desde seu início tinha um objetivo e objetos reais: ser uma política de Estado higienista, contra os negros, pobres e moradores da periferia e das favelas como objeto de criminalização.

Com o surgimento do neoliberalismo e o fim do Estado Social nos países então do Primeiro Mundo, as políticas de geração de emprego, auxílio de renda, inclusão social e subsistência desintegraram. O Estado-providência se tornou Estado-penitência. Para o sociólogo Loic Wacquant :

A penalidade neoliberal apresenta o seguinte paradoxo: pretende remediar com um "mais Estado" policial e penitenciário o "menos Estado" econômico e social que é a própria
causa da escalada generalizada da insegurança objetiva e subjetiva em todos os países, tanto do Primeiro como do Segundo Mundo. Ela reafirma a onipotência do Leviatã no domínio restrito da manutenção da ordem pública - simbolizada pela luta contra a delinquência de rua - no momento em que este se afirma e verifica-se incapaz de conter a decomposição do trabalho assalariado e de refrear a hipermobilidade do capital, as quais, capturando-a como tenazes, desestabilizam a sociedade inteira.” (WACQUANT, 1999: 3)

Nos países de Primeiro Mundo a política tinha um só nome que regia a “carta magna” do governo, tolerância zero. O vale-tudo do Estado mínimo havia começado, sua influência foi e é global.

Os países de Terceiro Mundo foram condicionados a aplicar a cartilha dos “Chicago boys”, porém diferentemente dos EUA ou do Reino Unido, a maioria não havia passado por experiências de Estado Social, logo as consequências foram extremamente nefastas: aumento do desemprego; flexibilização dos direitos trabalhistas; crescimento da desigualdade social e econômica; favelização das cidades e aumento da criminalidade foram alguns dos efeitos do chamado “fundamentalismo de mercado”.

A introdução baseada no texto do filósofo Zizek ajuda a compreender a escalada de violência contra os pobres e negros do ponto de vista ideológico. A URSS ruía, era o fim do socialismo real e da Guerra Fria, as potências hegemônicas venceram a batalha, mas perderam o “inimigo a ser combatido”, não se tinham mais comunistas. Entretanto as forças políticas precisavam mobilizar as massas para uma nova direção de legitimidade, era preciso permitir a aplicação de medidas que facilitassem o fluxo do capital que o keynesianismo interferia. (HARVEY, 2011: 16)

Cortes de gastos; desemprego e aumento da criminalidade, os governos não podiam escancarar a culpa deles nesse processo, recorreram então às camadas já marginalizadas para justificar os problemas, ou seja, culpem os negros e pobres pelas mazelas, eles utilizam drogas e traficam. O aparato policial aumentou juntamente com a criação de um Estado de exceção permanente nas periferias e favelas. O neoliberalismo destruía as poucas aspirações democráticas da sociedade. Vale resaltar que o mercado de drogas, ainda que ilegal, movimenta um capital maior que o PIB de muitos países. (Harvey)

Atualmente a política de “guerras às drogas” é global, alguns países tentam alternativas, mas a predominância efetiva é do combate militar. Os efeitos são variados e nefastos para o mundo, à violência cresce, nas palavras de um policial brasileiro, alguém intergrado ao sistema:

“A guerra às drogas mata mais que seu inimigo, o tráfico”.

Essa política neoliberal e fascista precisa ser desfetichizada e debatida, ela não é exemplo a ser seguido para solucionar o tráfico. A quem interessa toda essa violência sem fim e sem perspectiva de resolução?

III

Existem ao que parece dois problemas visíveis no “caso FAFICH”. O primeiro se refere à questão externa à  universidade, o tráfico de drogas e o modo como a questão é encarada: guerra. O segundo é relacionado ao modo de ocupação dos jovens da periferia e favela no espaço “público”, eles vivem um exílio onde moram e as poucas perspectivas que são oferecidas a eles é se envolver no tráfico como forma de ascensão, ao menos na ilusão. Numa sociedade onde a ocupação do espaço é firmada por meio do espetáculo do consumo e as relações sociais são meros espetáculos (DEBORD, 1967: 14) quais concepções se esperam dos jovens que estão inseridos numa exclusão colossal e veem como significado mor do mundo o consumo, a vida como mercadoria?

Parte do circuito inferior (SANTOS, 1978: 60) insiste no acesso aos espaços reservados à classe-média branca do consumo ; entretanto são impedidos de consumir, ou seja, de se incluírem nas relações sociais. O Estado de exceção é criado desde os espaços do consumo até a moradia.

As Universidades precisam se abrir às cidades, para seus antagonismos e conflitos. Casos como esse, que espantam certa parcela da opinião e da universidade mostram como o meio acadêmico ainda é alienado “do além-muro”.  A presença dessa população estigmatizada em territórios dos quais está excluída, assim como as medidas de controle e higienização que são tomadas contra ela – especialmente no âmbito de uma faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - podem  ser pensadas segundo a  visão crítica  da socióloga Vera MALAGUTI sobre o papel das UPPs , e o apoio de intelectuais, jornalistas e artistas  à ocupação dos morros cariocas:   

Regular coexistências nos territórios das desigualdades não é também tarefa fácil, num mundo que já nem deseja transformar-se, já deixou para trás uma utopia de escola aonde os jovens possam desfrutar de suas potências, ou de uma sociabilidade prazerosa entre diferentes na construção de redes coletivas de apoio e cuidado. É porque antes da ocupação territorial já se tinham ocupado as almas. Passamos muito rapidamente da naturalização da truculência contra os pobres ao seu aplauso.

 Aquilo que se debatia em 68 permanece atual: como as universidades se perdem e produzem um fim em si mesmas, longe da realidade e da luta política emancipatória. Os movimentos estudantis precisam se mobilizar e impedir que seja construído um Estado de Sítio  dentro da UFMG. Os que vieram traficar e foram estigmatizados pelo diário precisam exigir a verdadeira ocupação, não podem ser sujeitados a uma perversão do exílio socioespacial (SANTOS, 2000). As drogas são muito mais  complexas do que a simples guerra construída em seu entorno para legitimar o controle sobre a vida. O debate deve ocorrer.

REFERÊNCIAS:

DEBORD, Guy. “A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo”. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
HARVEY, David. “O enigma do capital e as crises do capitalismo”. 1ª Ed. São Paulo: Boitempo, 2014.
MALAGUTI BATISTA, Vera. “O Alemão é muito mais complexo”, disponível em http://www.anf.org.br/o-alemao-e-muito-mais-complexo/.
SANTOS, Milton. “Pobreza Urbana”. 3ª Ed. São Paulo: Edusp, 2013. 
_______ . _______ . “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal”. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
ZIZEK, Slavoj. “Violência: seis reflexões laterais”. 1ªEd. São Paulo: Boitempo, 2014.
WACQUANT, Loïc. “As prisões da miséria”. 1ª Ed .Rio de Janeiro: Zahar, 1999

 Artigo de João Pedro Moraleida (estudante do IGC/UFMG e membro do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - BH/MG)

Abril de 2015