"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

MUJERES LIBRES E GUERRILHA NA OCUPA FAE!

Imagem: Cine-debate - A luta das mulheres/exibição de Indomables,
una história de mujeres libres na Ocupa FaE/UFMG.

LUTA FEMINISTA: MUJERES LIBRES E GUERRILHA NA OCUPA FAE!
         Realizada, na segunda-feira, dia 28/11/2016, na Ocupa FaE/UFMG, a exibição do documentário Indomables, una história de mujeres libres, roda de conversa sobre  a luta das mulheres e apresentação do espetáculo Guerrilha - experimentos para tempos sombrios.
        O documentário Indomables, produzido por Zer Ikusi A CGT, com a direção de Juan Felipe, relata o lançamento do 1º número da revista Mujeres Libres, em 1936, da formação de agrupamentos Mujeres Libres em toda Espanha, da fundação da Federación Nacional de Mujeres Libres, em 1937, e da participação das mulheres na Revolução Espanhola na década de 1930. Após a exibição foi feita roda de conversa com a participação do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania. Foram debatidos os seguintes assuntos:
        - 80 anos da Revolução Espanhola e a guerra civil (1936 – 1939).
     - A luta feminista na época da Revolução Espanhola e na atualidade. A emancipação da mulher: classe, gênero e etnia.
        - A questão da mulher na universidade, no trabalho e nas ocupações.
      - Violação dos direitos humanos praticados pelo franquismo e a extrema direita durante a guerra civil e após o massacre de 1939 que pôs o fim à guerra.
        - A luta contra o terrorismo de Estado e do capital.
      - Memória, verdade e justiça: 36 anos de ditadura franquista/fascista na Espanha (1939 – 1975). Em conta conservadora, pelo menos 500 mil pessoas mortas (200 mil desaparecidos). 
      - A militância das ocupações nas escolas secundárias e universidades. O repúdio à criminalização aos movimentos sociais, a luta contra da PEC 55 e contra a reforma do ensino médio.
        Após a roda de conversa sobre o documentário e sobre a luta feminista foi apresentado o espetáculo Guerrilha.
        Estiveram presentes estudantes, professores(as) e militantes dos movimentos sociais. Agradecemos a Ocupa FaE pelo convite.
Ocupar e resistir!
Todo o nosso apoio às ocupações!
Belo Horizonte, 29 de novembro de 2016
Notícia/Fotos: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
Imagem: espetáculo Guerrilha na Ocupa FaE.

Imagem: espetáculo Guerrilha na Ocupa FaE.




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sábado, 26 de novembro de 2016

OCUPA FAE: A LUTA DAS MULHERES E GUERRILHA - 28/11/2016


Nesta segunda (28/11) na #OcupaFaE!
Teremos, às 16h, a exibição do filme "Indomables, una história de mujeres libres", seguido de um debate junto com o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, com a ilustre presença da Professora Heloisa Amélia Greco, a Bizoca.
Mais tarde, o espetáculo Guerrilha: "experimentos para tempos sombrios"
"Vivemos em tempos sombrios e, em tempos como esses resistir é o que nos resta, nos mobiliza. Junto dxs estudantes, vemos que OCUPAR TUDO é um recurso de luta e resistência coletiva. Não seria diferente para nós, cada temporada, cada ocupação é um exercício da arte mas também um estado da arte mesma em guerra contra o Estado, contra o Golpe.
Ocupar Tudo com esse espetáculo tem a ver com a nossa reivindicação de liberdade e de lembrar aos responsáveis que NÃO ESQUECEREMOS." (Guerrilha)
Imagem e texto/Fonte:
Faculdade de Educação/UFMG - Av. Antônio Carlos, 6627, Campus Pampulha – Belo Horizonte/MG.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

ARTIGO: PRIMAVERA SECUNDARISTA OU POR QUE OCUPAR?

Imagem: Cartaz na ocupação da Escola Agrotécnica, dentro do campus da UESB.

PRIMAVERA SECUNDARISTA OU POR QUE OCUPAR?
Núbia Braga Ribeiro*
A PEC 241 surge quando o poder executivo apresenta ao Congresso Nacional, no dia 15 de junho, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com a finalidade de estabelecer um novo regime fiscal e, com isso, equilibrar as contas públicas. Diante de um Congresso reacionário, o mais desde os tempos violentos da ditadura militar no Brasil, era de se esperar que a Câmara dos deputados acolhesse tal proposta que no momento se encontra para votação no Senado “travestida” de PEC 55.
A PEC 241 (agora PEC 55) é uma total afronta aos direitos sociais, pois deflagra um golpe na educação, na saúde e na assistência social, justificada por meio de um discurso absurdo, de controlar as despesas públicas, defende-se a ideia de “cortes necessários do Estado” ou o que se denomina de “novo teto para o gasto púbico” camuflando, assim, suas aberrações. Dentre seus disparates, a PEC 55 limita e congela os investimentos, que já eram escassos, por 20 anos em áreas fundamentais. Por esse caminho, causa um impacto sobre os recursos voltados para educação, saúde, assistência social, além de recair sobre os trabalhadores e servidores públicos, pois até o salário mínimo está na sua mira (ou na sua geladeira).
Diante deste contexto, diversos manifestos de sindicatos, instituições, institutos, categorias de trabalhadores, de professores e de estudantes no Brasil inteiro protestam contra os mandos e desmandos do governo que tem como uma de suas bandeiras a PEC 55 para “salvar” o país da crise.
Golpe atrás de golpe, não para por aí. A Medida Provisória 746 (MP 746), de 22 de setembro de 2016, apresentada pelo governo federal e o Ministro da Educação ao Congresso, impõe uma drástica reforma no Ensino Médio.
Conforme publicação no blog do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, os jovens estudantes secundaristas da Escola Estadual Ari da Franca e de outras escolas ocupadas da região de Venda Nova, panfletaram, no dia 2 de novembro de 2016, no centro de Belo Horizonte. O impresso distribuído pelos estudantes denuncia os danos que a MP 746 pode causar à educação:
“Essa  MP, que não foi debatida com os professores e nem com estudantes, estabelece que as disciplinas de Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia deixam de ser obrigatórias e ainda prevê a contratação de professores sem a exigência de diploma para todas as redes de ensino.
Acreditamos que a retirada destas disciplinas demonstra uma nítida intenção de tirar das escolas o debate crítico sobre a sociedade e a formação humana. Isto significa mais precarização para os professores, assim como o rebaixamento do nível de qualidade do ensino para os estudantes.” (PANFLETO apud http://institutohelenagreco.blogspot.com.br/).
Além de pôr fim a obrigatoriedade das disciplinas de Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia tão fundamentais para a formação humana e cidadã, a MP 746 é uma proposta que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/96) prevendo turno integral e ensino profissionalizante. Mas que turno integral sem as devidas condições e que ensino profissionalizante são estes? Volta e meia está a resposta à nossa frente: formar técnico autômato, coisificado, tão enaltecido nos tempos da ditadura civil-militar pelos governos autoritários. Ou seja, a ideia é de negação/desconstrução: educar para não pensar, educar para não questionar. Tudo ao contrário do que aprendemos com Paulo Freire (1988), afinal, a educação é prática da liberdade e não prática da dominação. Assim sendo, na concepção de Freire, se revela o caráter libertador e não domesticador da educação, porém a MP 746, forjada pelo governo e pelas elites desejosos de adestrarem a sociedade, é um projeto político de educação que contraria a liberdade, a criatividade e o debate.
 No entanto, os jovens nas ocupações e no chão das ruas, na contramão do autoritarismo, estão provando, muito mais que reivindicando, que é na práxis que se aprende, é na ação exercida que se educa e ao se educar se liberta o sujeito de toda opressão, assim como Paulo Freire defendeu por toda sua vida.
Ainda lembrando Paulo Freire, a educação que liberta é um ato dialógico, em que o ato de conhecer e de pensar estão intimamente relacionados. E, é por isso, que ocupar é necessário e urgente! Ou, ainda, podemos lembrar Maria da Glória Gohn, que analisa a importância dos movimentos sociais como práticas também educativas, como parte inerente a educação, pois os “movimentos sociais e educação têm um elemento de união, que é a questão da cidadania” (p.11, 2005). Afinal, segundo a mesma autora, “a educação ocupa lugar central na acepção de cidadania. Isto porque ela se constrói no processo de luta que é, em si próprio, educativo” (p.16, 2005). Por esses e tantos outros motivos que é na prática e na realidade que emerge o processo de libertação e que ocupar é um exemplo de luta e de participação social ativas para além das barreiras institucionais e instituídas. É nesse cenário caótico e assustador – com a presença do Estado violência, inaugurado com o neoliberalismo, que bate em professor e em estudantes, do endurecimento da ultradireita e de setores extremamente conservadores da sociedade e, diga-se de passagem, violentos também –, que ocupar e resistir é uma questão vital, de sobrevivência e de dignidade. As ocupações de escolas pelos jovens estudantes têm sua origem (na história recente do país) na luta contra o sucateamento da educação, como exemplo, em São Paulo, em 2015, contra o projeto de “reorganização” da rede paulista de ensino. Entretanto, não findaram aí, pois a primavera secundarista avançou na luta desde outubro de 2016, com expressividade no Paraná e com força total em todo o Brasil, contra a PEC 55 e a MP 746. Os jovens protagonistas, do Brasil inteiro, já ocuparam mais de 1.000 escolas e no caso das universidades os estudantes ocuparam mais de 160, até então, contra as arbitrariedades do governo. Esses jovens representam um exemplo de cidadania e de luta por direitos que não podem nos ser roubados. E a esperança é que a primavera floresça independente, autônoma, autogestionária, ou melhor, nas palavras de Pablo Neruda: “rompió la tierra, estableció el deseo, hundió sus propagandas germinales y nació en la secreta primavera.”
A luta é clara e legítima ao som das vozes desses jovens que exigem que se garanta uma educação pública e de qualidade e que, portanto, a PEC 55 e a MP 746 congelam avanços, negam conquistas de lutas históricas e impõem retrocessos. Por tudo isso, ocupar é se fazer escutar, é um processo de aprendizagem, de experimentar e experenciar a cidadania.
Afinal, a PEC 55 e a MP 746 ameaçam frontalmente extinguir um direito consagrado na Constituição Cidadã de 1988. Elas significam apagar de nossas lutas o texto que deu origem ao artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Ademais, fere o artigo 208 que declara como dever do Estado a Educação, pública e gratuita, em seus diferentes níveis, o seu comprometimento em garantir, ainda, a pesquisa e a criação artística que são dimensões importantes na formação do sujeito crítico e autônomo.
Portanto, a educação para cidadania é o caminho para a constituição de uma sociedade justa no combate às desigualdades e em prol da diversidade. A educação como direito tem íntima relação com a cidadania. Dessa forma, só é possível pensar na construção de uma sociedade mais humana e justa se a educação estiver compromissada com a formação do cidadão. Por tudo dito aqui, que o grito dos jovens, nas ocupações por este país a fora e no chão das ruas, deve ser respeitado e ecoado como uma primavera: ocupar e resistir!
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil,1988. Brasília, Senado. Disponível em Acesso em 09 de setembro de 2016
Entenda o que está em jogo com a PEC 241. 07/10/2016. Disponível em: Acesso em 02 de novembro de 2016.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
FREIRE, Paulo. Política e educação. São Paulo: Cortez, 1995.
GOHN, Maria da Glória. Movimentos Sociais e Educação. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2005.
NERUDA, Pablo. Canto General. Disponível em: < http://www.neruda.uchile.cl/obra/cantogeneral.htm> Acesso em 02 de novembro de 2016.
PANFLETO das Escolas Estaduais ocupadas em Venda Nova, Belo Horizonte/MG Disponível em: http://institutohelenagreco.blogspot.com.br/ Acesso em 15 de novembro de 2016.
*Doutora em História Social pela USP/ SP. Professora da Faculdade de Políticas Públicas da UEMG, membro do grupo de pesquisa ODC e membro do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
- LUTA DAS ESCOLAS ESTADUAIS OCUPADAS DE VENDA NOVA CONTRA A PEC 241/PEC 55 E CONTRA A REFORMA DO ENSINO MÉDIO
- NOTÍCIA SOBRE A OCUPAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA: http://institutohelenagreco.blogspot.com.br/2016/10/ocupa-ufsb.html

terça-feira, 22 de novembro de 2016

ENCONTRO ANUAL DE ESTUDOS DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA 2016


ENCONTRO ANUAL DE ESTUDOS
DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
4ª edição (2016)
Sábado, dia 10 de dezembro de 2016, às 16 horas.
Local: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
 - Rua Hermilo Alves, nº 290, Bairro Santa Tereza – Belo Horizonte/MG.
LEITURA DO TEXTO PARA DEBATE:
COIMBRA, Cecília e LEITÃO, Beatriz Sá. Fluxos de utopia ativa: movimento zapatista, direitos humanos e psicologia. In: MOURÃO, Janne Calhau (org.) Cliníca e Política 2 Subjetividade, direitos humanos e invenção de práticas clínicas. Rio de Janeiro: Abaquar: Grupo Tortura Nunca Mais, 2009, P. 71 - 84.
*Texto para imprimir:
*Solicitamos a todas e todos que venham com o texto lido em mãos!
*Para quem quiser podemos enviar por e-mail o texto (PDF) em arquivo: institutohelenagreco@gmail.com
*Serão emitidos certificados para participantes.
10 de dezembro:
Dia internacional dos Direitos Humanos!
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania:
13 anos de luta contra o terrorismo de Estado e do capital!
https://www.facebook.com/events/1818166735119479/

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

AULÃO SOBRE O PERÍODO MILITAR NA OCUPA EDA/UEMG

Imagem: Programação do dia 17/11/2016 da OCUPA EDA
Fonte: https://www.facebook.com/ocupaeda/photos/a.210210936087692.1073741829.198850270557092/210457732729679/?type=3&theater


Aulão sobre o regime militar com Brás (Ex-preso político da ditadura) 
e Bizoca (Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania).
Data/Horário: 
Dia 17/11/2016, quinta-feira, às 9:00 horas.
Local: Ocupa EAD (Ocupação estudantil da Escola de Design e Arte da UEMG)
- Avenida Antônio Carlos, 7545 - Belo Horizonte/MG.














A LUTA CONTRA O TERRORISMO DE ESTADO E DO CAPITAL/OCUPA FAFICH E ECI

O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania estará presente na Ocupação dos estudantes da FAFICH e ECI na UFMG.
Roda de conversa: A luta contra o terrorismo de Estado e do capital!
Data: quarta-feira, dia 16/11/2016 - Horário: 15 horas.
Local: Arena da FAFICH/UFMG.

sábado, 5 de novembro de 2016

DESPEJO DA ALDEIA ARATIKUM

Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

 NOTA DE REPÚDIO AO DESPEJO SOFRIDO PELA COMUNIDADE
PATAXÓ DA ALDEIA ARATIKUM – CABRÁLIA/BA

        O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (Belo Horizonte/MG) vem a público manifestar o mais veemente repúdio ao despejo sofrido pela comunidade Pataxó da Aldeia Aratikum, localizada no município de Cabrália/Bahia. A ação ocorrida na quinta-feira, dia 13 de outubro de 2016, demonstra o quadro sistêmico de massacre, etnocídio e genocídio instaurado contra os povos originários, institucionalizado pelo Estado brasileiro desde a época da invasão portuguesa. A comunidade da Aldeia Aratikum permanece resistindo e lutando pelo direito de ocupar suas terras ancestrais. Essas têm sido continuamente atacadas pela prática da especulação imobiliária e saqueadas pela indústria de turismo predatório.

        A comunidade Pataxó enfrenta um histórico processo de luta pela terra. A região de Porto Seguro/Cabrália é conhecida nacionalmente como o marco do “descobrimento” do Brasil. Este fato é crucial para entender a situação das comunidades indígenas da região, que sofrem mais de 500 anos de contato e invasão marcados pelo massacre e pelo saque de suas terras.

        Na década de 1990, após contínuo processo de luta e reivindicação por suas terras, os Pataxó conseguiram a demarcação de parte do seu antigo território. Apesar dessa conquista, as terras demarcadas não representam a totalidade daquelas reivindicadas pela comunidade. A demarcação das terras indígenas foi controlada de maneira absoluta pela elite local, que conduziu todo o processo de forma a conservar as áreas de maior interesse imobiliário. No final deste processo, grande parte do território Pataxó ficou fora das terras demarcadas. Esse fato trouxe indignação e revolta à comunidade indígena.

        A luta Pataxó se radicalizou com a escabrosa comemoração dos 500 anos de “descobrimento”, ocorrida no ano 2000. As manifestações, que repudiavam a narrativa hegemônica da história, tomaram as ruas de Cabrália/BA exigindo demarcação imediata das terras indígenas e denunciando a farsa histórica que o megaevento representava. Os atos, realizados pelo movimento indígena, foram alvo de grande repressão. O aparato repressivo de guerra fora novamente montado, deixando vários(as) indígenas feridos(as). Apesar de tanta repressão, a luta Pataxó pela terra ganhou força e foi capaz de encampar novo processo de retomada de terras, responsável pela fundação das aldeias: Guaxuma, Juerana, Novos Guerreiros, Nova Coroa, Tihí Kamayurá, Mirapé, Nova Esperança, Pé do Monte, Aldeia Nova, Jataí e Aratikum.

        A Aldeia Aratikum faz parte desse duro processo de retomada de terras que a comunidade Pataxó do sul da Bahia está a enfrentar. Fundada há dois anos, a Aldeia conta com 15 famílias que ergueram, neste curto período, toda uma comunidade: construíram casas, uma escola, um centro de saúde e um centro cultural - tudo isso  com as próprias mãos. A situação da Aldeia é ainda agravada pela especulação imobiliária que a indústria do turismo trava na região. A região de Santo André, pertencente ao município de Cabrália, foi o ponto de hospedagem da seleção alemã de futebol durante a Copa do Mundo de Futebol/FIFA de 2014. Esse evento trouxe uma hiper valorização da área,  muito cobiçada por suas belezas naturais. Foi neste cenário de grande interesse econômico que, no ano de 2015, a Aldeia sofreu duro golpe. Foi expedida pela Justiça Federal liminar de reintegração de posse. Mesmo com o risco iminente, a comunidade continuou a ocupar suas terras. No dia 13 de outubro de 2016, sofreu violento despejo a mando do Estado, executado pelas forças da Polícia Federal, CAEMA e CTO. Estas duas últimas pertencem à Polícia Militar baiana, conhecida nacionalmente por sua truculência e brutalidade.

        Com fuzis em punho, carros e um trator, Polícia Militar e Polícia Federal promoveram verdadeira operação de guerra contra 15 famílias Pataxó. Com muita truculência e de forma arbitrária, as forças policiais destruíram as casas, a escola, o centro de cultura e o posto de saúde da comunidade, sem dar tempo para a retirada dos pertences. A comunidade foi empurrada para as beiras da BR-001, onde agora vive em condições precárias e sofre constantes ameaças. As comunidades indígenas são tratadas constantemente como inimigas do Estado. O dantesco aparato repressivo montado no despejo da Aldeia Aratikum demonstra, novamente, o histórico papel colonizador que as polícias brasileiras desempenham no massacre às comunidades originárias.

        É importante reiterar a denúncia da atuação da Copa do Mundo/FIFA de 2014 nesse processo de despejo da Aldeia Aratikum. O megaevento foi responsável em todo país por desocupações feitas seguindo o mesmo modus operandi. As comunidades despejadas sofreram grande repressão policial e tiveram seus bens destruídos. O grande legado da Copa do Mundo/FIFA para a comunidade da Aldeia Aratikum foi a espoliação das terras indígenas através da hiper valorização imobiliária com fins turísticos.

        Na segunda-feira, 17 de outubro, professores e estudantes do PROEXT/ UFSB (Programa de Ensino e Extensão da Universidade Federal do Sul da Bahia) - voltado para a questão indígena Pataxó/Maxakali - convocaram um encontro com a comunidade da aldeia a fim de repudiar o despejo e entender quais são as maiores necessidades frente ao grave cenário atual. Durante o evento, realizado na UFSB/Porto Seguro, o cacique Ailton Pataxó denunciou a ação de guerra das forças repressivas, que violentou a comunidade e destruiu a aldeia. Repudiou também o sistema judiciário, que sempre está do lado dos ricos e poderosos. Foi ainda destacada a ineficiência da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) na proteção dos direitos indígenas e a necessidade da organização coletiva para a luta pela demarcação de terras e pela garantia dos direitos indígenas.

        Na noite de terça-feira, dia 18 de outubro, a comunidade Pataxó decidiu convocar uma marcha saindo da Aldeia da Jaqueira rumo à Aldeia Novos Guerreiros com fechamento da pista da BR-367. A manifestação contou com a presença de indígenas de diversas aldeias da região - Mirape, Novos Guerreiros, Jaqueira e Coroa Vermelha. O ato repudiou o despejo e reivindicou a demarcação imediata das terras Pataxó. As lideranças da comunidade se pronunciaram e afirmaram resistir e lutar para que a comunidade recupere o território da Aldeia Aratikum. Membro do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania esteve presente na manifestação e junto aos indígenas da Aldeia Aratikum.

- Toda nossa solidariedade e apoio à Aldeia Aratikum!

- Pela imediata devolução do território da Aldeia Aratikum para os Pataxó!

- Pela demarcação de todas as terras indígenas!

- Pelo fim do genocídio dos povos indígenas!

- Nosso veemente repúdio ao aparato repressivo!

- Abaixo o terrorismo do Estado e do capital!

- A luta em defesa dos territórios indígenas e a luta contra o genocídio dos povos indígenas são princípios da luta pelos direitos humanos!

Porto Seguro/BA, 05 de novembro 2016
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (BH/MG).

Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

ESCOLAS OCUPADAS EM VENDA NOVA - TODO NOSSO APOIO!

Luta das escolas estaduais ocupadas de Venda Nova contra a PEC 241/PEC 55 e contra a reforma do ensino médio.

       Ontem, feriado de 02 de novembro de 2016, estudantes secundaristas da Escola Estadual Ari da Franca e de outras escolas ocupadas da região de Venda Nova panfletaram no Centro de Belo Horizonte. Digitalizamos e reproduzimos, abaixo, o panfleto.

Todo nosso apoio aos estudantes das escolas ocupadas!
Ocupar e resistir!

Belo Horizonte, 03 de novembro de 2016
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
Imagem: Panfleto das Escolas Estaduais ocupadas em Venda Nova, Belo Horizonte/MG

terça-feira, 1 de novembro de 2016

SOBRE (RE) LANÇAMENTO DE A CHAMA E O VENTO EM BH

Imagem: Maria Helena Barcelos (irmã de Maria Auxiliadora Lara Barcelos),
Sérgio Mudado (autor do livro a chama e o vento) e Cecília Coimbra (Grupo Tortura Nunca Mais/RJ).
NOTÍCIA SOBRE (RE) LANÇAMENTO DO LIVRO A CHAMA E O VENTO

        Realizado, no dia 31 de outubro/2016, no Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (BH/MG), a chama e o vento - (Re) lançamento do livro de Sérgio Mudado.

        Houve uma roda de conversa entre Sérgio Mudado, Cecília Coimbra (Grupo Tortura Nunca Mais/RJ), Maria Helena Barcelos (irmã de Maria Auxiliadora Lara Barcelos) e o público.  Além de Maria Helena, estavam presentes os seguintes familiares de Maria Auxiliadora Lara Barcelos: Maria Luiza Barcelos Guimarães (irmã), José Guilherme Lara Barcelos (irmão) e Philipe Ratton (sobrinho). Estiveram presentes estudantes, professores(as), trabalhadores(as), militantes dos movimentos sociais, familiares e companheiros(as) de Sérgio Mudado. Foi feita leitura dramática de um trecho do livro pela atriz Idylla Silmarovi (idealizadora do espetáculo Guerrilha).

Houve homenagem à Maria Auxiliadora Lara Barcelos (1945 – 1976), à sua mãe – Dona Clélia Lara Barcellos (in memoriam) - e aos seus familiares.  O romance de Sérgio Mudado é uma ficção que transita pelos acontecimentos da época da ditadura militar (1964-1985). Tem como pano de fundo a trajetória de Maria Auxiliadora Lara Barcelos. 

Maria Auxiliadora Lara Barcelos (Dorinha, Dodora) participou da luta armada contra a ditadura e pelo socialismo – fez parte de Comandos de Libertação Nacional (COLINA) e Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares (VAR-Palmares). Nasceu em Belo Horizonte, estudou medicina na UFMG, atuou na clandestinidade, foi presa política barbaramente torturada. Foi banida do país em janeiro de 1971, trocada com outros(as) 69 companheiros(as) pelo embaixador suíço. Atuou no Chile de Salvador Allende e, com o golpe de Pinochet, teve que fugir para a Europa. Denunciou amplamente as torturas, mortes e desaparecimentos – os crimes contra a humanidade – praticados pela ditadura brasileira. Suicidou-se no exílio em Berlim, em 1976. Sua mãe, Dona Clélia Lara Barcelos, é referência de dignidade, coragem e combatividade dos familiares de presos políticos e de todos que lutaram contra a ditadura militar.

O (re) lançamento do livro a chama e o vento foi uma parceria entre o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania. Agradecemos a presença de todas e todos.

Companheiras
Dona Clélia Lara Barcellos 
e
Maria Auxiliadora Lara Barcelos:
Presentes na luta!

Belo Horizonte, 1º de novembro de 2016
Notícia/Fotos/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania