AGITAÇÃO POLÍTICA NOS DIAS 05/12, 09/12 E 12/12 DE 2009
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
CARMELA PEZZUTI: PRESENTE!!!
CARMELA PEZZUTI
Carmela Pezzuti, mulher extraordinária
por ter nascido duas vezes: a primeira, foi em Araxá/MG, em 1926: a segunda,
anos depois, em 1968, quando entrou na organização denominada COLINA (Comando
de Libertação Nacional) que tentava derrubar o regime militar. A partir daí, a
vida de Carmela não foi fácil. Entrava e saia das prisões onde era torturada,
com muita violência, mas os torturadores não conseguiam ouvir de sua boca
nenhuma denúncia que pudesse por em risco a vida de seus companheiros e de seus
filhos.
Seus filhos, Ângelo e Murilo, eram os
meninos com quem ela lutou toda a vida. Mas o que é interessante é que ela
lutou para conseguir a libertação do seu país, com muita coragem e firmeza, sem
nunca perder o gosto pela vida.
Em janeiro de 1969, foi presa pela
primeira vez e levada para a Penitenciária de Mulheres em Belo
Horizonte/MG, onde foi longamente interrogada e posta na “surda”. Foi solta e
saiu em liberdade condicional. Entretanto, seus filhos que também estavam
presos em BH foram transferidos para a Vila Militar no Rio de Janeiro/RJ, onde
sofreram novos interrogatórios, torturas e, em seguida, foram transferidos para
a Penitenciária de Presos Políticos em Juiz de Fora/MG.
A fim de continuar a luta Carmela se
juntou ao grupo Var Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária) no Rio de
Janeiro e com o codinome “Lúcia” foi descoberta e presa em abril de 1970. No
quartel de Polícia do Exército foi duramente torturada com choques elétricos e
espancamentos.
No mesmo ano de 1970 foi seqüestrado o
Embaixador Alemão e, em troca dele foram libertados, entre outros presos,
Ângelo e Murilo. Em dezembro, em troca do Embaixador Suíço, também seqüestrado,
Carmela saiu da prisão banida e exilada para o Chile sem nunca ter sido julgada
e condenada.
No Chile Carmela fez todo tipo de
trabalho, estudou até que chegou o Golpe de Estado em 11 de setembro de 1973,
obrigando-a a se refugiar na Embaixada da Itália enquanto os filhos entravam na
Embaixada do Panamá.
Foi assim que começou a vida de exilada
de Carmela na Itália e dos seus filhos na França. Em Roma ganhava sua vida
trabalhando como esteticista sem deixar de participar dos comitês políticos
italianos e brasileiros. Ia muitas vezes a Paris para visitar os filhos e foi
durante uma destas viagens que Ângelo morreu em um acidente de motocicleta
enquanto voltava para casa após o trabalho. O choque e a dor foram terríveis.
No dia do velório de Ângelo no Père Lachaise reuniram-se os exilados de toda a
Europa para dar a última homenagem ao querido guerrilheiro.
Carmela voltou para Roma destruída
moral e fisicamente, mas continuou a trabalhar levando à frente a luta para
conseguir a Anistia para todos os perseguidos políticos brasileiros. Em 1979
a Anistia foi decretada no Brasil e Carmela voltou ao seu país de origem
deixando em Roma muitos amigos e admiradores que tinha conseguido envolver na
luta para a libertação do seu País.
Em Belo Horizonte trabalhou como
esteticista e como voluntária na Associação de Apoio a Creches Comunitárias –
“Casa da Vovó”. Seu filho Murilo foi para o Mato Grasso onde fundou a
Associação de Apoio às Comunidades Carentes do Mato Grosso. Atendendo ao
chamado de seu filho Carmela foi se juntar a ele em 1984 para desenvolverem o
trabalho com os camponeses, até que no ano 1990 ela assistiu a trágica morte do
seu segundo filho.
Faleceu aos 82 anos, em Belo
Horizonate, no dia 9 de novembro de 2009, deixando muitas saudades e,
sobretudo, exemplo extraordinário de combatividade e coragem para todos aqueles
que a conheceram e acompanharam a sua trajetória de luta.
Texto
enviado pelo Grupo Tortura Nunca Mais/RJ
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
HELENA GRECO - PEQUENA BIOGRAFIA
★SOBRE HELENA
GRECO (15/06/1916 – 27/07/2011)★
Pequena biografia
A nossa cidadania depende
diretamente da nossa capacidade de indignação. Esta,
por sua vez, só se
concretiza a partir do exercício permanente da
perplexidade.
Helena Greco
Helena Greco
nasceu em Abaeté, cidade do oeste de Minas, a 15 de junho de 1916, de pai
italiano (Antônio Greco) e mãe mineira (Josefina Álvares Greco). Sua primeira
transgressão foi a leitura dos clássicos quando ainda vigorava o index
librorum proibitorum. Adquiriu formação humanista e se manteve
agnóstica em pleno internato dominicano, em Belo Horizonte. Adorava recitar
Augusto dos Anjos, um dos seus poetas preferidos. Este gosto pela poesia e
pelos clássicos ela carregou a vida inteira, juntamente com uma cinefilia
exacerbada. Talvez estas tenham sido fontes onde ela hauriu para depois
desenvolver a peculiar capacidade de indignação, sua característica mais
marcante.
Era
farmacêutica de formação, militava no seu sindicato. No Conselho Regional de
Farmácia há uma sala com o seu nome. Foi casada durante 64 anos com o saudoso
Dr. José Bartolomeu Greco (falecido a 6 de janeiro de 2002), seu companheiro da
vida inteira. Teve três filhos, três netos e dois bisnetos – o mais novo não
chegou a conhecer.
Começou a militar
aos 61 anos de idade, em 1977, e não parou mais. Sua participação nos
movimentos sociais - reconhecida nacional e internacionalmente - tem como marco
a luta pela Anistia, Ampla, Geral e Irrestrita, da qual ela se tornou
praticamente sinônimo. Foi presidente e uma das fundadoras do Movimento
Feminino pela Anistia de Minas Gerais (MFPA/MG - 1977) e vice-presidente do
Comitê Brasileiro de Anistia de Minas Gerais (CBA/MG - 1978). Ajudou a
construir e foi membro do Comitê Executivo Nacional/CEN destas entidades. Foi a
representante do Brasil – eleita por aclamação - na Conferência Internacional
pela Anistia no Brasil em Roma, em junho-julho/1979.
Todos a
chamavam de D. Helena. Ela imprimiu a sua atitude de
radicalidade e politização em toda a sua história de militância, sempre a
partir da combinação luta contra a ditadura militar/ luta feminista. Eram
notáveis sua capacidade de indignação e adesão permanente às causas da classe
trabalhadora e do movimento popular.
Tornou-se
inimiga pública da ditadura, dos militares, das polícias, dos grupos de
extermínio, dos grupos parapoliciais e paramilitares e do aparato midiático.
Seu foco principal era a luta pelo desmantelamento do aparato repressivo –
portanto, pela erradicação da tortura e pela punição dos torturadores. Durante
a ditadura, sua casa e a sede do MFPA e do CBA foram alvos de atentados a bomba
do Comando da Caça aos Comunistas (CCC), do Grupo Anticomunista (GAC) e do
Movimento Anticomunista (MAC). Teve o telefone grampeado, a vida monitorada, a
correspondência violada. Recebia constantes ameaças e provocações do aparato
repressivo e dos grupos de extrema direita.
No final da
década de 1970, em plena ditadura, ela retomou, em Belo Horizonte, as
manifestações públicas do Dia Internacional da Mulher (8 de março). Tal
retomada se deu na perspectiva da luta pela superação da discriminação, do
preconceito, da violência, da brutal desigualdade de gênero – sistêmica nesta
sociedade tão arraigadamente patriarcal e machista, tão exploradora e
opressora. A partir de 1978, firmou a realização anual de manifestações no Dia
Internacional dos Direitos Humanos (10 dezembro) no bojo da luta contra a
ditadura militar.
Sua luta
contra a ditadura se desdobrou na luta contra todas as formas de opressão cujo
lado afirmativo é a construção do binômio Direitos Humanos e Cidadania.
Entendia esta como uma luta contra hegemônica para a construção de uma nova
sociedade, sem exploradores e explorados – a sociedade socialista. Além de sua
militância feminista, apoiou ativamente o movimento negro, a luta dos povos
indígenas, participou da luta antiprisional, da luta antimanicomial, do
movimento LGBTs, do movimento dos sem terra e sem teto, do movimento de
população de rua, do movimento das vilas e favelas, das ocupações, das lutas
dos estudantes e dos trabalhadores, do movimento das rádios e TVs comunitárias
e da defesa do povo palestino.
Por causa
deste repertório de lutas, D. Helena se elegeu duas vezes para a Câmara
Municipal de Belo Horizonte pelo Partido dos Trabalhadores, do qual foi uma das
fundadoras. Foi vereadora de 1983 a 1992. Mesmo no espaço instituído, ela
sempre atuou na perspectiva do instituinte, da amplificação da política. Sua
militância partidária se deu no marco – hoje drasticamente aniquilado - de um
partido independente, classista e socialista: sem pelego e sem patrão, como se
propunha à época da sua fundação. D. Helena criticou e combateu
sistematicamente o burocratismo, o centralismo, o autoritarismo, o gabinetismo
e o peleguismo da tendência majoritária. Tais desvios, que hoje prosperam sem
limites no PT, então já começavam a despontar.
No espaço
eminentemente reacionário da Câmara Municipal, ela conseguiu, em 1983, fazer
aprovar a Comissão Permanente de Direitos Humanos – a primeira do Brasil - cujo
programa político se bifurcava na luta contra a repressão, a opressão, a
exploração dos trabalhadores e do povo e na luta contra a discriminação e
desigualdade de gênero. Tudo isto ainda durante a ditadura militar. Efetivou,
em conjunto com o vereador Artur Vianna, a mudança do nome da Rua Dan Mitrione
para Rua José Carlos da Matta Machado, no Bairro das Indústrias. Dan Mitrione
era um agente da CIA que morou em Belo Horizonte, tendo vindo ao Brasil para
dar aulas de tortura aos agentes da ditadura. José Carlos da Matta Machado era
estudante de direito da UFMG. Militou no movimento estudantil e na Ação Popular
Marxista Leninista/APML. Foi assassinado sob tortura, em 28 de outubro de
1973.
Foi também
D. Helena que idealizou, em 1993, o primeiro órgão na esfera do poder executivo,
no Brasil, voltado exclusivamente para a questão dos direitos humanos - a
Coordenadoria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de Belo Horizonte
(CDHC) - da qual foi coordenadora até 1996. Estabeleceu como prática a
articulação com as comunidades, os trabalhadores e o movimento popular. Na
CDHC, ela efetivou a Comissão Paritária de Mulheres (10/dezembro/1993), que deu
origem ao Conselho Municipal da Mulher, garantindo o protagonismo dos
movimentos feministas da cidade nesta instância. Trouxe uma delegação das Mães
da Praça de Maio (Argentina) pela primeira vez a Belo Horizonte. A
Coordenadoria de Direitos Humanos e Cidadania se tornou referência para várias
outras, criadas Brasil adentro e afora.
Para D.
Helena, no entanto, o espaço prioritário de atuação sempre foi o chão da cidade
não a estreiteza do espaço institucional. Ao encerrar seu mandato na CDHC, em
1996, ela atuou exclusivamente neste lugar que é o espaço por excelência da
luta de classes e da democracia direta.
Foi uma das
fundadoras do Movimento Tortura Nunca Mais/MG, em 1985. Em 1987, no bojo
da luta pelo reatamento das relações diplomáticas Brasil-Cuba, foi uma das
fundadoras da Associação Cultural José Marti de Minas Gerais e sua primeira
presidente. Foi ela que assinou, em Cuba, o convênio com o Instituto Cubano de
Amizade com os Povos (ICAP).
Sob a sua
coordenação, em fevereiro de 1991, o Movimento Tortura Nunca Mais/MG encaminhou
ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) lista de 12 médicos
legistas que atuaram no estado de 1964 a 1979. Esta lista é resultado de
denúncia de presos políticos cujos processos tramitaram no Superior Tribunal
Militar (STM) e está contida no Projeto Brasil Nunca Mais (Arquidiocese
de São Paulo, 1985). Trata-se de médicos que assinaram laudos de militantes
assassinados nos cárceres após violentas torturas. O objetivo do Movimento
Tortura Nunca Mais/MG era a abertura de sindicância para averiguação da
responsabilidade destes profissionais na assinatura de laudos falsos e o seu comprometimento
com a repressão e a tortura durante a ditadura militar. A iniciativa do Tortura
Nunca Mais/MG estava inserida em processo de âmbito nacional desencadeado pela
descoberta das ossadas de desaparecidos políticos na vala clandestina do
cemitério D. Bosco (Perus/SP), em 1991. Processos semelhantes foram movidos em
São Paulo e no Rio de Janeiro sob a responsabilidade da Comissão de Familiares
de Mortos e Desaparecidos Políticos e do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ. No Rio e
em São Paulo, os processos tiveram certo resultado: alguns médicos-torturadores
chegaram a perder o registro profissional. Em Minas Gerais, ao contrário,
fazendo jus ao reacionarismo e corporativismo que lhe são peculiares, o CRM-MG
engavetou o processo. Na sequência, duas das médicas citadas entraram com duas
ações criminais contra D. Helena, que foi parar no banco dos réus. Absolvida em
primeira instância, foi condenada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por
calúnia e difamação, a um ano, em regime aberto – o que causou enorme comoção
local e nacional. Este episódio evidencia a drástica inversão de valores no
país da barbárie institucional.
Também em
1991, ela denunciou a chamada Operação Arrastão. Trata-se de ação conjunta das
polícias civil e militar do governo Hélio Garcia (PRS): no dia 22 de agosto de
1991, mais de 500 crianças e adolescentes com trajetória de rua foram caçadas,
espancadas e presas. Belo horizonte foi transformada em praça de guerra - o
Estatuto da Criança e do Adolescente mal tinha completado um ano.
Em 1995, D.
Helena participou da construção e foi uma das coordenadoras do Fórum Permanente
de Luta pelos Direitos Humanos de Belo Horizonte (Movimento popular, sindical e
de Direitos Humanos), o qual articulava cerca de 30 movimentos sociais. Ainda
em maio de 1995 recebeu a medalha Chico Mendes de Resistência oferecida pelo
Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, a qual era motivo do maior orgulho e da maior
alegria para ela. Participou como jurada do Tribunal Nacional Contra o Trabalho
Infantil (Brasília, 11/outubro/1995), sessão preparatória do Tribunal
Internacional Independente Contra o Trabalho Infantil no México (março/1996).
Em 1996, ela ajudou a construir e participou da Associação de Apoio e Defesa às
Vítimas da Violência Policial (AADVIP).
D. Helena
repudiou com veemência as chacinas periódicas da década de 1990. Atuou
diretamente na denúncia da Chacina do Taquaril (15/março/1996), na qual foram
assassinados, com requintes de crueldade, Gilmar Ferreira de França (14 anos),
Jamil Martins Romão (15 anos) e Júnior Sandro Marques Morais (16 anos) na
região central de Belo Horizonte. Os três garotos moravam no Taquaril, bairro
pobre da zona leste da cidade. Eles foram trucidados por um grupo de extermínio
composto por policiais civis autodenominado Grupo Reação. O
caso não foi solucionado.
No dia 17 de
junho de 1996, por iniciativa de D. Helena, a Coordenadoria de Direitos Humanos
e Cidadania e o Fórum Permanente de Luta pelos Direitos Humanos de Belo
Horizonte realizaram, na Praça Afonso Arinos, oTribunal Popular: as chacinas
em julgamento. Seu objeto é constituído pelas 8 chacinas da década de
1990: Acari/Rio de Janeiro (julho/1990), Carandiru/São Paulo (outubro/1992),
Candelária/Rio de Janeiro (julho/1993), Vigário Geral/Rio de Janeiro
(agosto/1993), Ianomami/Roraima (agosto/1993), Corumbiara/Rondônia
(agosto/1995), Taquaril/Minas Gerais (março/1996), Eldorado de Carajás/Pará
(abril/1996). Participaram como testemunhas sobreviventes e familiares das
vítimas das chacinas. Neste Juri Popular o Estado brasileiro foi condenado em
praça pública, por unanimidade. Mais de 600 pessoas estiveram presentes. A
seguir, um trecho expressivo do panfleto de convocação:
“(...) A periodicidade assustadoramente
regular das chacinas qualifica o Brasil como o país da carnificina. O que está
na base desse quadro é a cultura do extermínio e da impunidade. Todos sabemos
que o grande responsável pela violência no campo é o latifúndio. Os governos
estaduais e o governo federal são os grandes cúmplices. A violência policial é
a projeção direta da violência do Estado. Não dá mais para viver com ela.
(...)”.
Ao longo de
toda a sua trajetória, D. Helena aprofundou a luta contra a violência policial
e institucional e pelo direito à memória, à verdade e à justiça. Para ela, como
o contencioso da ditadura não havia sido sequer equacionado, os pontos
programáticos da luta pela Anistia, Ampla, Geral e Irrestrita continuavam
valendo: a erradicação da tortura; o esclarecimento circunstanciado dos crimes
da ditadura militar; a localização dos restos mortais dos desaparecidos
políticos; a nomeação, responsabilização e punição dos torturadores e
assassinos de presos políticos, bem como daqueles que perpetram os mesmos
crimes contra a humanidade na atualidade; o desmantelamento do aparato
repressivo. D. Helena Greco tornou-se referência de luta contra a tortura - que
continua a ser uma das instituições mais sólidas no Brasil -, contra a opressão
das mulheres, contra a criminalização dos pobres e dos movimentos sociais,
contra o encarceramento em massa, contra o genocídio do povo negro e das
populações indígenas.
A partir de
2002, D. Helena passa a ressentir o peso dos seus 86 anos e se retira da
militância cotidiana. Digamos que aí começa o repouso da guerreira. Seu legado,
no entanto, estava muito forte, muito recente, muito presente. Em 2003, um
grupo de companheiras e companheiros que lutaram com ela ombro a ombro nesta
difícil frente da luta pelos direitos humanos – muitos deles no Movimento
Tortura Nunca Mais/MG – tomaram a iniciativa de construir o Instituto Helena
Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG – BH/MG). Este se reunia – em 2003 e
2004 – na Casa do Jornalista de Minas Gerais. A partir de 2005, o Instituto
Helena Greco passa a ter sede própria no bairro de Santa Tereza em Belo
Horizonte (Rua Hermilo Alves, 290). Trata-se de espaço e movimento social
apartidário. É autogestionário, autônomo e independente com relação ao Estado,
aos governos, às empresas, aos editais, aos gabinetes e à institucionalidade. O
espaço e o movimento contam com a militância de membros, apoiadores e
visitantes. Sua militância se dá na luta por memória, verdade e justiça –
contra o contencioso da ditadura militar – e na luta contra o terrorismo de
Estado e do capital. Trata-se, portanto, da continuidade e aprofundamento da
luta de D. Helena Greco e do Movimento Tortura Nunca Mais/MG.
D. Helena
faleceu em 27 de julho de 2011, aos 95 anos de idade. Seu enterro tornou-se um
grande ato público repleto de movimentos sociais. Vários companheiros e
companheiras levantaram a proposta de mudar o nome do então Viaduto Castelo
Branco – que fica na região central de Belo Horizonte - para Viaduto
Dona Helena Greco.Houve outro ato público em sua homenagem na Igreja São
José (02/agosto/2011), local escolhido pelos familiares porque suas escadarias
foram o palco de manifestações contra a ditadura.
A casa de D.
Helena Greco (Barro Preto, Belo Horizonte) tornou-se um lugar de memória da luta
contra a ditadura. Além de ter sido alvo de atentados do aparato repressivo,
como já foi dito, era também local de reuniões do movimento pela anistia e de
acolhimento de perseguidos políticos. Além disso, D. Helena abria a sua casa
todos os domingos para servir sua macarronada especial. Estes almoços se
tornaram espaço para encontros e reuniões políticas. Depois da morte de D.
Helena, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – com o apoio
de entidades – realizou, na Semana Internacional dos Direitos Humanos, o ato
público Casa de D. Helena Greco: espaço de resistência (17/dezembro/2011).
Em tributo aos mortos e desaparecidos políticos e à D. Helena Greco, houve uma
jornada de militância: debates sobre direito à História, à Memória, à
Verdade e à Justiça e sobreocupações e lutas urbanas; exibição
de documentário; performances, recitais de poesia, concerto com músicas
eruditas e canções revolucionárias, bandas underground e manifestações de
movimentos sociais. Foi servida a famosa macarronada da D. Helena. Na fachada
da casa, foi instalada placa com os dizeres:
Casa de Dona Helena Greco:
Espaço de
Resistência
Helena
Greco (1916/2011)
lutou contra
a ditadura militar e contra todas
as formas
de autoritarismo, exploração e
opressão.
A proposta
de mudança do nome do Viaduto Castelo Branco para D.
Helena Greco prosperou. No dia 1º de abril de 2014 – 50 anos do golpe
militar -, em ato da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de
Minas Gerais, foi feita a renomeação popular através de um ato público no
viaduto: “Manifestação em repúdio ao golpe de 1964 – 50 anos! abaixo a
ditadura!”. Centenas de manifestantes – familiares de mortos e
desaparecidos, presos políticos durante a ditadura, trabalhadores, estudantes,
movimentos sociais – exigiram a mudança do nome, protestaram e prestaram
homenagens aos mortos e desaparecidos políticos. Houve a ocupação das pistas do
viaduto. O viaduto passou a se chamar D. Helena Greco. Após
este ato público e sob muita pressão a nomeação foi oficializada no dia 02 de
maio de 2014.
Desde o seu
falecimento, D. Helena Greco tem sido lembrada e homenageada das mais diversas
formas como referência de combatividade, radicalidade e capacidade de
indignação. Na última entrevista que deu, aos 90 anos (2006), na gravação do
documentário Arquivos imperfeitos, de Sávio Leite, ao ser
perguntada como se caracterizaria politicamente, ela não titubeou: “Sou
feminista radical, socialista, de extrema esquerda”. A última aparição pública
de D. Helena – já com dificuldade de locomoção - foi no dia 7 de maio de 2007,
no ato Desarquivando o Brasil – homenagem às vítimas da ditadura
militar e coleta de material genético de familiares de desaparecidos políticos.
O ato foi convocado pelo Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
e o Movimento Tortura Nunca Mais/MG.
Dona Helena
Greco vive, hoje e sempre, em todas as nossas lutas. É a nossa referência de
defesa dos direitos humanos.
Companheira Helena Greco:
presente!
Belo Horizonte, junho de 2016
– Centenário Helena Greco
Instituto Helena Greco de Direitos
Humanos e Cidadania
HELENA GRECO/BIOGRAFIA
★SOBRE HELENA
GRECO (15/06/1916 – 27/07/2011)★
Pequena biografia
A nossa cidadania depende
diretamente da nossa capacidade de indignação. Esta,
por sua vez, só se
concretiza a partir do exercício permanente da
perplexidade.
Helena Greco
Helena Greco
nasceu em Abaeté, cidade do oeste de Minas, a 15 de junho de 1916, de pai
italiano (Antônio Greco) e mãe mineira (Josefina Álvares Greco). Sua primeira
transgressão foi a leitura dos clássicos quando ainda vigorava o index
librorum proibitorum. Adquiriu formação humanista e se manteve
agnóstica em pleno internato dominicano, em Belo Horizonte. Adorava recitar
Augusto dos Anjos, um dos seus poetas preferidos. Este gosto pela poesia e
pelos clássicos ela carregou a vida inteira, juntamente com uma cinefilia
exacerbada. Talvez estas tenham sido fontes onde ela hauriu para depois
desenvolver a peculiar capacidade de indignação, sua característica mais
marcante.
Era
farmacêutica de formação, militava no seu sindicato. No Conselho Regional de
Farmácia há uma sala com o seu nome. Foi casada durante 64 anos com o saudoso
Dr. José Bartolomeu Greco (falecido a 6 de janeiro de 2002), seu companheiro da
vida inteira. Teve três filhos, três netos e dois bisnetos – o mais novo não
chegou a conhecer.
Começou a militar
aos 61 anos de idade, em 1977, e não parou mais. Sua participação nos
movimentos sociais - reconhecida nacional e internacionalmente - tem como marco
a luta pela Anistia, Ampla, Geral e Irrestrita, da qual ela se tornou
praticamente sinônimo. Foi presidente e uma das fundadoras do Movimento
Feminino pela Anistia de Minas Gerais (MFPA/MG - 1977) e vice-presidente do
Comitê Brasileiro de Anistia de Minas Gerais (CBA/MG - 1978). Ajudou a
construir e foi membro do Comitê Executivo Nacional/CEN destas entidades. Foi a
representante do Brasil – eleita por aclamação - na Conferência Internacional
pela Anistia no Brasil em Roma, em junho-julho/1979.
Todos a
chamavam de D. Helena. Ela imprimiu a sua atitude de
radicalidade e politização em toda a sua história de militância, sempre a
partir da combinação luta contra a ditadura militar/ luta feminista. Eram
notáveis sua capacidade de indignação e adesão permanente às causas da classe
trabalhadora e do movimento popular.
Tornou-se
inimiga pública da ditadura, dos militares, das polícias, dos grupos de
extermínio, dos grupos parapoliciais e paramilitares e do aparato midiático.
Seu foco principal era a luta pelo desmantelamento do aparato repressivo –
portanto, pela erradicação da tortura e pela punição dos torturadores. Durante
a ditadura, sua casa e a sede do MFPA e do CBA foram alvos de atentados a bomba
do Comando da Caça aos Comunistas (CCC), do Grupo Anticomunista (GAC) e do
Movimento Anticomunista (MAC). Teve o telefone grampeado, a vida monitorada, a
correspondência violada. Recebia constantes ameaças e provocações do aparato
repressivo e dos grupos de extrema direita.
No final da
década de 1970, em plena ditadura, ela retomou, em Belo Horizonte, as
manifestações públicas do Dia Internacional da Mulher (8 de março). Tal
retomada se deu na perspectiva da luta pela superação da discriminação, do
preconceito, da violência, da brutal desigualdade de gênero – sistêmica nesta
sociedade tão arraigadamente patriarcal e machista, tão exploradora e
opressora. A partir de 1978, firmou a realização anual de manifestações no Dia
Internacional dos Direitos Humanos (10 dezembro) no bojo da luta contra a
ditadura militar.
Sua luta
contra a ditadura se desdobrou na luta contra todas as formas de opressão cujo
lado afirmativo é a construção do binômio Direitos Humanos e Cidadania.
Entendia esta como uma luta contra hegemônica para a construção de uma nova
sociedade, sem exploradores e explorados – a sociedade socialista. Além de sua
militância feminista, apoiou ativamente o movimento negro, a luta dos povos
indígenas, participou da luta antiprisional, da luta antimanicomial, do
movimento LGBTs, do movimento dos sem terra e sem teto, do movimento de
população de rua, do movimento das vilas e favelas, das ocupações, das lutas
dos estudantes e dos trabalhadores, do movimento das rádios e TVs comunitárias
e da defesa do povo palestino.
Por causa
deste repertório de lutas, D. Helena se elegeu duas vezes para a Câmara
Municipal de Belo Horizonte pelo Partido dos Trabalhadores, do qual foi uma das
fundadoras. Foi vereadora de 1983 a 1992. Mesmo no espaço instituído, ela
sempre atuou na perspectiva do instituinte, da amplificação da política. Sua
militância partidária se deu no marco – hoje drasticamente aniquilado - de um
partido independente, classista e socialista: sem pelego e sem patrão, como se
propunha à época da sua fundação. D. Helena criticou e combateu
sistematicamente o burocratismo, o centralismo, o autoritarismo, o gabinetismo
e o peleguismo da tendência majoritária. Tais desvios, que hoje prosperam sem
limites no PT, então já começavam a despontar.
No espaço
eminentemente reacionário da Câmara Municipal, ela conseguiu, em 1983, fazer
aprovar a Comissão Permanente de Direitos Humanos – a primeira do Brasil - cujo
programa político se bifurcava na luta contra a repressão, a opressão, a
exploração dos trabalhadores e do povo e na luta contra a discriminação e
desigualdade de gênero. Tudo isto ainda durante a ditadura militar. Efetivou,
em conjunto com o vereador Artur Vianna, a mudança do nome da Rua Dan Mitrione
para Rua José Carlos da Matta Machado, no Bairro das Indústrias. Dan Mitrione
era um agente da CIA que morou em Belo Horizonte, tendo vindo ao Brasil para
dar aulas de tortura aos agentes da ditadura. José Carlos da Matta Machado era
estudante de direito da UFMG. Militou no movimento estudantil e na Ação Popular
Marxista Leninista/APML. Foi assassinado sob tortura, em 28 de outubro de
1973.
Foi também
D. Helena que idealizou, em 1993, o primeiro órgão na esfera do poder executivo,
no Brasil, voltado exclusivamente para a questão dos direitos humanos - a
Coordenadoria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de Belo Horizonte
(CDHC) - da qual foi coordenadora até 1996. Estabeleceu como prática a
articulação com as comunidades, os trabalhadores e o movimento popular. Na
CDHC, ela efetivou a Comissão Paritária de Mulheres (10/dezembro/1993), que deu
origem ao Conselho Municipal da Mulher, garantindo o protagonismo dos
movimentos feministas da cidade nesta instância. Trouxe uma delegação das Mães
da Praça de Maio (Argentina) pela primeira vez a Belo Horizonte. A
Coordenadoria de Direitos Humanos e Cidadania se tornou referência para várias
outras, criadas Brasil adentro e afora.
Para D.
Helena, no entanto, o espaço prioritário de atuação sempre foi o chão da cidade
não a estreiteza do espaço institucional. Ao encerrar seu mandato na CDHC, em
1996, ela atuou exclusivamente neste lugar que é o espaço por excelência da
luta de classes e da democracia direta.
Foi uma das
fundadoras do Movimento Tortura Nunca Mais/MG, em 1985. Em 1987, no bojo
da luta pelo reatamento das relações diplomáticas Brasil-Cuba, foi uma das
fundadoras da Associação Cultural José Marti de Minas Gerais e sua primeira
presidente. Foi ela que assinou, em Cuba, o convênio com o Instituto Cubano de
Amizade com os Povos (ICAP).
Sob a sua
coordenação, em fevereiro de 1991, o Movimento Tortura Nunca Mais/MG encaminhou
ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) lista de 12 médicos
legistas que atuaram no estado de 1964 a 1979. Esta lista é resultado de
denúncia de presos políticos cujos processos tramitaram no Superior Tribunal
Militar (STM) e está contida no Projeto Brasil Nunca Mais (Arquidiocese
de São Paulo, 1985). Trata-se de médicos que assinaram laudos de militantes
assassinados nos cárceres após violentas torturas. O objetivo do Movimento
Tortura Nunca Mais/MG era a abertura de sindicância para averiguação da
responsabilidade destes profissionais na assinatura de laudos falsos e o seu comprometimento
com a repressão e a tortura durante a ditadura militar. A iniciativa do Tortura
Nunca Mais/MG estava inserida em processo de âmbito nacional desencadeado pela
descoberta das ossadas de desaparecidos políticos na vala clandestina do
cemitério D. Bosco (Perus/SP), em 1991. Processos semelhantes foram movidos em
São Paulo e no Rio de Janeiro sob a responsabilidade da Comissão de Familiares
de Mortos e Desaparecidos Políticos e do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ. No Rio e
em São Paulo, os processos tiveram certo resultado: alguns médicos-torturadores
chegaram a perder o registro profissional. Em Minas Gerais, ao contrário,
fazendo jus ao reacionarismo e corporativismo que lhe são peculiares, o CRM-MG
engavetou o processo. Na sequência, duas das médicas citadas entraram com duas
ações criminais contra D. Helena, que foi parar no banco dos réus. Absolvida em
primeira instância, foi condenada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por
calúnia e difamação, a um ano, em regime aberto – o que causou enorme comoção
local e nacional. Este episódio evidencia a drástica inversão de valores no
país da barbárie institucional.
Também em
1991, ela denunciou a chamada Operação Arrastão. Trata-se de ação conjunta das
polícias civil e militar do governo Hélio Garcia (PRS): no dia 22 de agosto de
1991, mais de 500 crianças e adolescentes com trajetória de rua foram caçadas,
espancadas e presas. Belo horizonte foi transformada em praça de guerra - o
Estatuto da Criança e do Adolescente mal tinha completado um ano.
Em 1995, D.
Helena participou da construção e foi uma das coordenadoras do Fórum Permanente
de Luta pelos Direitos Humanos de Belo Horizonte (Movimento popular, sindical e
de Direitos Humanos), o qual articulava cerca de 30 movimentos sociais. Ainda
em maio de 1995 recebeu a medalha Chico Mendes de Resistência oferecida pelo
Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, a qual era motivo do maior orgulho e da maior
alegria para ela. Participou como jurada do Tribunal Nacional Contra o Trabalho
Infantil (Brasília, 11/outubro/1995), sessão preparatória do Tribunal
Internacional Independente Contra o Trabalho Infantil no México (março/1996).
Em 1996, ela ajudou a construir e participou da Associação de Apoio e Defesa às
Vítimas da Violência Policial (AADVIP).
D. Helena
repudiou com veemência as chacinas periódicas da década de 1990. Atuou
diretamente na denúncia da Chacina do Taquaril (15/março/1996), na qual foram
assassinados, com requintes de crueldade, Gilmar Ferreira de França (14 anos),
Jamil Martins Romão (15 anos) e Júnior Sandro Marques Morais (16 anos) na
região central de Belo Horizonte. Os três garotos moravam no Taquaril, bairro
pobre da zona leste da cidade. Eles foram trucidados por um grupo de extermínio
composto por policiais civis autodenominado Grupo Reação. O
caso não foi solucionado.
No dia 17 de
junho de 1996, por iniciativa de D. Helena, a Coordenadoria de Direitos Humanos
e Cidadania e o Fórum Permanente de Luta pelos Direitos Humanos de Belo
Horizonte realizaram, na Praça Afonso Arinos, oTribunal Popular: as chacinas
em julgamento. Seu objeto é constituído pelas 8 chacinas da década de
1990: Acari/Rio de Janeiro (julho/1990), Carandiru/São Paulo (outubro/1992),
Candelária/Rio de Janeiro (julho/1993), Vigário Geral/Rio de Janeiro
(agosto/1993), Ianomami/Roraima (agosto/1993), Corumbiara/Rondônia
(agosto/1995), Taquaril/Minas Gerais (março/1996), Eldorado de Carajás/Pará
(abril/1996). Participaram como testemunhas sobreviventes e familiares das
vítimas das chacinas. Neste Juri Popular o Estado brasileiro foi condenado em
praça pública, por unanimidade. Mais de 600 pessoas estiveram presentes. A
seguir, um trecho expressivo do panfleto de convocação:
“(...) A periodicidade assustadoramente
regular das chacinas qualifica o Brasil como o país da carnificina. O que está
na base desse quadro é a cultura do extermínio e da impunidade. Todos sabemos
que o grande responsável pela violência no campo é o latifúndio. Os governos
estaduais e o governo federal são os grandes cúmplices. A violência policial é
a projeção direta da violência do Estado. Não dá mais para viver com ela.
(...)”.
Ao longo de
toda a sua trajetória, D. Helena aprofundou a luta contra a violência policial
e institucional e pelo direito à memória, à verdade e à justiça. Para ela, como
o contencioso da ditadura não havia sido sequer equacionado, os pontos
programáticos da luta pela Anistia, Ampla, Geral e Irrestrita continuavam
valendo: a erradicação da tortura; o esclarecimento circunstanciado dos crimes
da ditadura militar; a localização dos restos mortais dos desaparecidos
políticos; a nomeação, responsabilização e punição dos torturadores e
assassinos de presos políticos, bem como daqueles que perpetram os mesmos
crimes contra a humanidade na atualidade; o desmantelamento do aparato
repressivo. D. Helena Greco tornou-se referência de luta contra a tortura - que
continua a ser uma das instituições mais sólidas no Brasil -, contra a opressão
das mulheres, contra a criminalização dos pobres e dos movimentos sociais,
contra o encarceramento em massa, contra o genocídio do povo negro e das
populações indígenas.
A partir de
2002, D. Helena passa a ressentir o peso dos seus 86 anos e se retira da
militância cotidiana. Digamos que aí começa o repouso da guerreira. Seu legado,
no entanto, estava muito forte, muito recente, muito presente. Em 2003, um
grupo de companheiras e companheiros que lutaram com ela ombro a ombro nesta
difícil frente da luta pelos direitos humanos – muitos deles no Movimento
Tortura Nunca Mais/MG – tomaram a iniciativa de construir o Instituto Helena
Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG – BH/MG). Este se reunia – em 2003 e
2004 – na Casa do Jornalista de Minas Gerais. A partir de 2005, o Instituto
Helena Greco passa a ter sede própria no bairro de Santa Tereza em Belo
Horizonte (Rua Hermilo Alves, 290). Trata-se de espaço e movimento social
apartidário. É autogestionário, autônomo e independente com relação ao Estado,
aos governos, às empresas, aos editais, aos gabinetes e à institucionalidade. O
espaço e o movimento contam com a militância de membros, apoiadores e
visitantes. Sua militância se dá na luta por memória, verdade e justiça –
contra o contencioso da ditadura militar – e na luta contra o terrorismo de
Estado e do capital. Trata-se, portanto, da continuidade e aprofundamento da
luta de D. Helena Greco e do Movimento Tortura Nunca Mais/MG.
D. Helena
faleceu em 27 de julho de 2011, aos 95 anos de idade. Seu enterro tornou-se um
grande ato público repleto de movimentos sociais. Vários companheiros e
companheiras levantaram a proposta de mudar o nome do então Viaduto Castelo
Branco – que fica na região central de Belo Horizonte - para Viaduto
Dona Helena Greco.Houve outro ato público em sua homenagem na Igreja São
José (02/agosto/2011), local escolhido pelos familiares porque suas escadarias
foram o palco de manifestações contra a ditadura.
A casa de D.
Helena Greco (Barro Preto, Belo Horizonte) tornou-se um lugar de memória da luta
contra a ditadura. Além de ter sido alvo de atentados do aparato repressivo,
como já foi dito, era também local de reuniões do movimento pela anistia e de
acolhimento de perseguidos políticos. Além disso, D. Helena abria a sua casa
todos os domingos para servir sua macarronada especial. Estes almoços se
tornaram espaço para encontros e reuniões políticas. Depois da morte de D.
Helena, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – com o apoio
de entidades – realizou, na Semana Internacional dos Direitos Humanos, o ato
público Casa de D. Helena Greco: espaço de resistência (17/dezembro/2011).
Em tributo aos mortos e desaparecidos políticos e à D. Helena Greco, houve uma
jornada de militância: debates sobre direito à História, à Memória, à
Verdade e à Justiça e sobreocupações e lutas urbanas; exibição
de documentário; performances, recitais de poesia, concerto com músicas
eruditas e canções revolucionárias, bandas underground e manifestações de
movimentos sociais. Foi servida a famosa macarronada da D. Helena. Na fachada
da casa, foi instalada placa com os dizeres:
Casa de Dona Helena Greco:
Espaço de
Resistência
Helena
Greco (1916/2011)
lutou contra
a ditadura militar e contra todas
as formas
de autoritarismo, exploração e
opressão.
A proposta
de mudança do nome do Viaduto Castelo Branco para D.
Helena Greco prosperou. No dia 1º de abril de 2014 – 50 anos do golpe
militar -, em ato da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de
Minas Gerais, foi feita a renomeação popular através de um ato público no
viaduto: “Manifestação em repúdio ao golpe de 1964 – 50 anos! abaixo a
ditadura!”. Centenas de manifestantes – familiares de mortos e
desaparecidos, presos políticos durante a ditadura, trabalhadores, estudantes,
movimentos sociais – exigiram a mudança do nome, protestaram e prestaram
homenagens aos mortos e desaparecidos políticos. Houve a ocupação das pistas do
viaduto. O viaduto passou a se chamar D. Helena Greco. Após
este ato público e sob muita pressão a nomeação foi oficializada no dia 02 de
maio de 2014.
Desde o seu
falecimento, D. Helena Greco tem sido lembrada e homenageada das mais diversas
formas como referência de combatividade, radicalidade e capacidade de
indignação. Na última entrevista que deu, aos 90 anos (2006), na gravação do
documentário Arquivos imperfeitos, de Sávio Leite, ao ser
perguntada como se caracterizaria politicamente, ela não titubeou: “Sou
feminista radical, socialista, de extrema esquerda”. A última aparição pública
de D. Helena – já com dificuldade de locomoção - foi no dia 7 de maio de 2007,
no ato Desarquivando o Brasil – homenagem às vítimas da ditadura
militar e coleta de material genético de familiares de desaparecidos políticos.
O ato foi convocado pelo Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
e o Movimento Tortura Nunca Mais/MG.
Dona Helena
Greco vive, hoje e sempre, em todas as nossas lutas. É a nossa referência de
defesa dos direitos humanos.
Companheira Helena Greco:
presente!
Belo Horizonte, junho de 2016
– Centenário Helena Greco
Instituto Helena Greco de Direitos
Humanos e Cidadania
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
ATO POLÍTICO-CULTURAL CONVOCADO PELO MOVIMENTO MÃES DE MAIO
Imagem/Fonte: http://www.maesdemaio.blogspot.com/ |
Ato Político-Cultural na estréia do filme "Salve Geral”
SALVE A VERDADE E A JUSTIÇA!!! O ESTADO NO BANCO DOS RÉUS!!!
CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE POBRE E NEGRA!!!
Sexta-feira, 02 de Outubro de 2009, às 18hs em frente ao Espaço Unibanco de Cinema (Rua Augusta, 1475 - próximo à esquina com a Av. Paulista).
--- pedimos para que tragam velas, tambores, fotos e camisetas das vítimas históricas do Estado Brasileiro (em particular das vítimas dos “Crimes de Maio” de 2006) ---
"Nós não queremos
saber de ficção, queremos saber da realidade!"
Débora, mãe de vítima dos
ataques da polícia em maio/2006 02 de outubro de 2009. Aqui estamos mais um
dia. E a história se repetindo como farsa trágica.
Nós seguimos sem ter
nada o quê comemorar... Nós, familiares, amigos e amigas das vítimas dos
ataques da polícia durante uma das maiores chacinas da história brasileira, os
"Crimes de Maio" de 2006, não fomos ouvidos durante a produção deste
filme hollywoodiano que hoje é lançado sobre a nossa história: "Salve
Geral".
Não fomos consultados nem convidados pra mais essa festa que os homens armaram pra nos convencer... Viemos contar nossa história real, que também daria um filme...
Há pouco mais de três anos, o chamado "estado democrático de direito", por meio de seus agentes policiais e pára-militares, promoveu um dos mais vergonhosos escândalos da história brasileira. Durante o mês de maio de 2006, em uma suposta resposta ao que se chamou na imprensa de "ataques do PCC", foram assassinadas no mínimo 493 pessoas, entre mortos e desaparecidos. Sendo que a imensa maioria delas - mais de 400 jovens negros, afro-indígenadescendentes e pobres – executados sumariamente pela polícia militar do Estado de São Paulo.
Somos centenas de mães, familiares e amigos que tivemos nossos entes queridos assassinados covardemente, e até hoje seguimos sem qualquer satisfação por parte do estado brasileiro: os casos permanecem arquivados sem investigação correta para busca da Verdade dos fatos; sem Julgamentos dos verdadeiros culpados (os agentes do estado brasileiro); sem qualquer proteção, indenização ou reparação por parte do estado que nos tirou os nossos jovens. Um estado que ainda insiste em nos sequestrar também o sentimento de Justiça!
O desprezo pela memória e pela história fez ainda que o dia de estréia deste filme "Salve Geral", feito com base na nossa dor e que deverá concorrer ao Oscar no ano que vem, coincidisse também com outra data que é um marco emblemático da injustiça e da violência do Estado Brasileiro contra seus próprios cidadãos pobres, indígena-descendentes e negros em particular.
Há exatos 17 anos, no dia 02 de outubro de 1992, os agentes policiais do Estado de São Paulo protagonizaram uma outra matança em série, desta vez na Casa de Detenção de São Paulo, covardemente contra pessoas sob a sua custódia: seres humanos sem qualquer possibilidade de defesa. Um episódio sangrento que ficou conhecido como "Massacre do Carandiru" e que teve ao menos 111 pessoas assassinadas por agentes policiais, segundo os números oficiais. Outro crime em série do Estado Brasileiro que permanece sem investigações corretas, sem julgamento ou condenação dos verdadeiros culpados - a começar pela alta cúpula do estado, Fleury e cia.
Sem qualquer reparação para as vítimas e seus familiares. Outro episódio que, no entanto, a indústria cultural conseguiu fazer mais dinheiro em cima da dor das vítimas: produzindo filmes espetaculares, séries televisivas, livros e outras mercadorias descartáveis. A Verdade e a Justiça que é bom: mais uma vez não compareceram na estréia...
Relembramos hoje, portanto, que em apenas dois episódios sangrentos só aqui em São Paulo, MAIS DE 600 VÍTIMAS POBRES E NEGRAS. Isso para não falar das violências e execuções sumárias cotidianas que atingem sobretudo as periferias urbanas de todo país: uma pesquisa divulgada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, UNICEF e Observatórios de Favelas, no dia 21/07/2009, afirma que se as estatísticas permanecerem como estão, mais de 33.5 mil jovens terão sido executados no Brasil no curto período de 2006 a 2012. Os estudos ainda apontam que, os jovens negros apresentam risco quase três vezes maior de serem executados
em comparação com os
brancos.
Tantos casos e números que são ainda mais impressionantes do que todos os absurdos cometidos durante a ditadura civil-militar brasileira pelo mesmo estado brasileiro, só que agora seus agentes matam em nome da "democracia" e da "segurança". Casos com contornos de crueldade que só mudam o endereço de região para região do país: a Chacina da Candelária e de Vigário Geral no Rio de Janeiro (1993), o Massacre de Corumbiara em Rondônia (1995), o Massacre de Eldorado dos Carajás (1996), a Chacina da Baixada Fluminense (2005), a chacina do Complexo do Alemão (2007) a chacina de Canabrava, de Plataforma e a matança generalizada em Salvador na Bahia (2006-2009), entre outros tantos casos no dia-dia do povo pobre brasileiro. A imensa maioria deles sem investigação correta, muito menos punição dos seus verdadeiros responsáveis.
Nomes e números que jamais conseguirão traduzir o sentimento
de perda e de dor irreparável das famílias todas: repetimos para nos fazer
ouvir que só aqui em São Paulo, durante estes dois episódios de matança estatal
(o "Massacre do Carandiru" e mais recentemente os "Crimes de
Maio de 2006"), foram mais de 600 famílias destruídas e outras milhares
dilaceradas pela dor da perda de seus entes queridos.
ESTAMOS AQUI PARA EXIGIR O FIM DO GENOCÍDIO CONTRA A CLASSE POBRE, A POPULAÇÃO INDÍGENA-DESCENDENTE E NEGRA DO BRASIL!!!
ESTAMOS AQUI PARA EXIGIR O FIM DO CHAMADO "AUTO DE RESISTÊNCIA" ou "RESISTÊNCIA SEGUIDA DE MORTE", FARSAS LEGAIS QUE TEM INSTITUÍDO E DADO NA PRÁTICA O AVAL PARA UM VERDADEIRO ESTADO DE SÍTIO NO BRASIL!!!
ESTAMOS AQUI PARA EXIGIR O DESARQUIVAMENTO E A FEDERALIZAÇÃO DAS INVESTIGAÇÕES SOBRE OS ATAQUES DA POLÍCIA EM MAIO DE 2006, DURANTE OS "CRIMES DE MAIO"!!! ESTAMOS AQUI PARA EXIGIR QUE O ESTADO BRASILEIRO E SEUS AGENTES VÃO PARA OS BANCOS DOS RÉUS!!!
ESTAMOS AQUI PARA EXIGIR A VERDADE E A JUSTIÇA HISTÓRICA SOBRE TODAS AS MORTES COMETIDAS PELO ESTADO, E A PUNIÇÃO DE TODOS OS RESPONSÁVEIS!!!
ESTAMOS AQUI PARA EXIGIR VOZ, PROTEÇÃO, ASSISTÊNCIA, INDENIZAÇÃO E REPARAÇÃO A TODAS AS FAMÍLIAS DE MORTOS E DESAPARECIDOS, SOBRETUDO PARA AS MÃES E COMPANHEIRAS DE VÍTIMAS!!!
EM NOME DA MEMÓRIA DE NOSS@S FAMILIARES E NOSS@S AMIG@S MORT@S OU DESAPARECID@S PELO ESTADO BRASILEIRO “MÃES DE MAIO” DA ASSOCIAÇÃO AMPARO DE FAMILIARES E VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA
Mais informações: http://www.maesdemaio.blogspot.com/
Convocação reproduzida/Fonte:
terça-feira, 8 de setembro de 2009
CINEMA COMENTADO - INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
FILME: Hércules 56
Semana dos quarenta anos do sequestro do embaixador americano, Charles Burke
Elbrick, pelos camaradas da Ação Libertadora Nacional/ALN e da Dissidência da
Guanabara, realizado em 6 de setembro de 1969. Esta ação bem sucedida salvou a
vida de 15 prisioneiros políticos da ditadura militar, que foram trocados pelo
embaixador.
DATA: 12 DE SETEMBRO DE 2009, SÁBADO
HORÁRIO: 16:00 h
LOCAL: INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Rua Hermilo Alves, 290 - Ônibus 9103 / 9210 - Metrô Sta. Efigênia
HORÁRIO: 16:00 h
LOCAL: INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Rua Hermilo Alves, 290 - Ônibus 9103 / 9210 - Metrô Sta. Efigênia
COMENTÁRIOS:
Tereza Angelo, ex-guerrilheira da Vanguarda Popular Revolucionária/VPR, que participou do sequestro do embaixador suíço, em dezembro de 1970, pelo qual foram trocados 70 (setenta) prisioneiros políticos, em janeiro de 1971. Betinho Duarte, do Comitê Brasileiro de Anistia-MG também participará desta sessão.
Tereza Angelo, ex-guerrilheira da Vanguarda Popular Revolucionária/VPR, que participou do sequestro do embaixador suíço, em dezembro de 1970, pelo qual foram trocados 70 (setenta) prisioneiros políticos, em janeiro de 1971. Betinho Duarte, do Comitê Brasileiro de Anistia-MG também participará desta sessão.
HOMENAGEM:
Maria Augusta Carneiro Ribeiro
Maria Augusta Carneiro Ribeiro
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
TENTATIVAS DE MANIPULAÇÃO
Com perplexidade e
indignação, as entidades de direitos humanos e familiares de mortos e
desaparecidos políticos tomaram conhecimento da criação do Comitê
Interinstitucional de Supervisão das atividades do Grupo de Trabalho criado
pelo Ministério da Defesa, que busca localizar e identificar os corpos dos
guerrilheiros na região do Araguaia. Este Comitê, sancionado pelo Presidente da
República através do Decreto de 17 de julho de 2009, tem como objetivo
fiscalizar as atividades do Grupo de Trabalho acima mencionado. Apesar da
composição do Comitê e do Grupo de Trabalho contar com a participação de
diferentes pessoas e entidades, a estrutura, a forma e a lógica de
funcionamento continuam as mesmas, já que ambos são coordenados pelo Ministro
da Defesa. Esta nova composição, a nosso ver, em nada garante a transparência
das investigações, pois curiosamente é o próprio Ministério da Defesa que
coordena e fiscaliza suas próprias investigações.
Não podemos esquecer que toda essa mis-en-scène vem sendo
orquestrada, nesses últimos dois meses, em função de pressões nacionais e
internacionais, como a sentença promulgada, em 2003, pela juíza Dra. Solange
Salgado, que intimou o governo brasileiro a esclarecer as circunstâncias e a
localização dos restos mortais dos guerrilheiros do Araguaia. Da mesma forma, a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA considerou como crime
continuado o fato do governo brasileiro não ter tomado as providências cabíveis
para a elucidação de tais violações. É importante frisar que os vários governos
pós ditadura civil-militar ignoraram, sistematicamente, a existência desse
processo iniciado, em 1982, por 22 familiares.
Por tudo isso, lamentamos profundamente que alguns
companheiros estejam participando deste Comitê Interinstitucional acreditando
nas "boas intenções" do governo federal.
Diante das considerações acima, exigimos que:
Outro Grupo de Trabalho seja criado e coordenado pela Secretaria
Especial de Direitos Humanos com a participação efetiva da Comissão Especial da
Lei 9.140 - que tem como objetivo o esclarecimento das circunstâncias das
mortes e desaparecimentos políticos e a localização dos restos mortais.
Entendemos que neste Grupo de Trabalho seja necessária a presença de
familiares, de entidades de direitos humanos, do Ministério Público Federal,
bem como de outras instituições da sociedade civil. Defendemos, portanto, que
esse GT não tenha majoritariamente um caráter governamental, mas que seja
apoiado efetivamente pelos órgãos oficiais no sentido de fornecer toda e
qualquer infra-estrutura necessária para a concretização dos trabalhos.
Toda a documentação e depoimentos que foram acumulados ao
longo dos últimos trinta anos através das várias caravanas realizadas pelos
familiares e entidades na região do Araguaia sejam utilizados por este Grupo de
Trabalho, assim como toda a documentação recolhida pelo Ministério Público
Federal na região, em 2001.
Os documentos que se
encontram em poder de militares e ex-membros do aparato de repressão - já
declarados por eles publicamente - sejam exigidos judicialmente.
A população local seja ouvida e seus depoimentos considerados
documentos oficiais.
Todos os militares e civis envolvidos na repressão à guerrilha do
Araguaia sejam convocados judicialmente para depoimento.
Todos os arquivos da
ditadura sejam divulgados de forma ampla, geral e irrestrita.
Exigimos, portanto,
que toda a sociedade brasileira saiba onde, como, quando e por quem foram
praticados os crimes de lesa humanidade ocorridos no período de 1964 a 1985.
Pela Vida pela Paz!
Tortura
Nunca Mais!
Rio de
Janeiro, 22 de julho de 2009
Grupo Tortura Nunca Mais/RJ
Grupo Tortura Nunca Mais
de São Paulo.
Instituto Helena Greco
de Direitos Humanos e Cidadania
Coletivo Contra a
Tortura
Instituto de Estudos
Sobre a Violência do Estado - IEVE
Comissão de Familiares
de Mortos e Desaparecidos Políticos
Articulação Brasileira
de Lésbicas - ABL
Associação Brasileira de
Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais - ABGLT
Associação dos
Anistiados Políticos Aposentados Pensionistas e Idosos/SP - ANAPI
Centro Cultural Afro
Brasileiro Ysun-Okê
Centro de Vida
Independente-Araci Nallin Coletivo Contra Tortura- SP
Fórum estadual de Defesa
dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo
FOPEDH-RJ
Humanitas DH e Cidadania
Instituto de Estudos
Sobre a Violência do Estado
Movimento DELLAS
Redes de Comunidades e
Movimentos Contra a Violência
Rede Inclusiva
Tribunal Popular: o
Estado brasileiro no banco dos réus- SP
Alberto H. Becker, Alberto
José Barros da Graça, Adair Gonçalves Reis, Andrei Bastos, Adriana Rosa,
Adriana Santana Marcelino, Alfredo Martín, Aluízio Ferreira Palmar, Álvaro
Caldas, Ana Accioly, Ana Claudia Camuri, Ana Maria Eustáquio Fonseca, Ana
Monteiro, Antonio Geraldo Costa, Ângela Mendes de Almeida, Auxiliadora da Paz
Pires Fernandes, Bernardo Karam, Carmem Lapoente Silveira, Cecília M. B.
Coimbra, César Augusto Teles, Claudia Grabois, Claudia Osorio da Silva, Claudio
Arcoverde, Clovis Petit, Criméia Alice Schmidt de Almeida, Cristina Chacel,
Cristiane Knijnik, Dayse Marques de Souza, Débora Lerrer, Delson Plácido,
Denise Castelo, Derlei Catarina De Luca, Diniz Pereira Caldas, Diva Borges
Noronha, Dulce Maia, Elci Oliveira Sampaio de Souza, Edson Luiz de Almeida
Teles, Eduardo de Souza Santos, Eliete Ferrer, Elizabeth Silveira e Silva, Elza
Ferreira Lobo, Elzira Vilela, Fernanda Ferreira Pradal, Fernando José Maia da
Silva, Francisca de Assis Rocha Alves, Gabriel Rezende, Gilberto Carvalho
Molina, Gloria Marcia Percinoto, Gustavo Borchert, Helena Greco, Heliana de
Barros Conde Rodrigues, Heloisa Greco/Bizoca, Ivan Proença, Ivanilda da Silva
Veloso, Isis Proença, Janaina de Almeida Teles, Jane Quintanilha Nobre de
Mello, Jean Marc von der Weid, Joana D'Arc Ferraz, João Carlos S. de Almeida
Grabois, João Luiz Duboc Pinaud, José Gradel, José Novaes, Júlio César Senra
Barros, Laura Lamas Martins Gonçalves, Laura Petit da Silva, Luara Fernandes
França Lima, Lygia Ayres, Lindomar Expedito S. Darós, Lucia Vieira Caldas,
Marcelo da Costa Nicolau, Marcia de Almeida, Marcia de Souza Santos, Maria
Amélia de Almeida Teles, Maria Cláudia Badan Ribeiro, Maria Eliana de Castro,
Maria Márcia Badaró Bandeira, Marilourdes Fortuna Lima, Maurício Grabois Silva,
Maysa Pinto Machado, Melinda Christine Jarvis Borchert, Melisanda Trentin,
Mônica Eustáquio Fonseca, Miguel Baldez, Miriam Marreiro Malina, Nelson
Serathiuk, Paula Silva Pereira, Paulo Henrique Teles Fagundes, Pedro Alves
Filho, Regina Benevides, Ricardo Eustáquio Fonseca, Ricardo Pinheiro, Romildo
Maranhão do Valle, Rose Nogueira, Suyanna Linhares Barker, Suzana Keniger
Lisbôa, Sérgio Salomé Silva, Sylvio Renan Ulyssea de Medeiros, Vladimir Lacerda
Santafé, Victória Grabois, Vitoria Pamplona, Vladimir Lacerda Santafé, Wendel
Pinheiro.
terça-feira, 21 de julho de 2009
MAIS UMA CAMPANHA PARCERIAS SOLIDÁRIAS AO GRUPO TORTURA NUNCA MAIS/RJ
Mais uma Campanha Parcerias Solidárias ao Grupo Tortura Nunca Mais/RJ
Como é de seu conhecimento o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, movimento suprapartidário criado em 1985, tem assumido nesses 24 anos de existência um claro compromisso na luta pelos direitos humanos. Vem lutando, portanto, pelo esclarecimento das circunstâncias de morte e desaparecimento de militantes políticos durante o período da ditadura militar, pela afirmação de outras memórias históricas, pelo afastamento imediato de cargos públicos de pessoas envolvidas com a tortura, contra as violações que hoje ocorrem cotidianamente e pela construção de uma postura ética, convicto de que estas são condições indispensáveis na luta hoje por um país efetivamente comprometido com a Vida.
Mais uma vez, enfatizamos que, desde sua criação, o GTNM/RJ sempre sobreviveu com poucos recursos provenientes de doações que, a cada ano, se tornam menores e do trabalho de seus militantes.
Atualmente encontra-se em uma situação financeira extremamente difícil, pois como já informados em 2007, foi obrigado a depositar, a título de danos morais, os policiais federais Roberto Jaureguiber Prel Júnior, Luiz Oswaldo Vargas de Aguiar, Luiz Amado Machado e Anísio Pereira dos Santos.
Tal condenação decorreu de texto contido no site do GTNM/RJ, no qual a entidade buscou repercutir a denúncia feita por Carlos Abel Dutra Garcia preso em 20 de agosto de 1996, em flagrante abuso de autoridade dos policiais federais, que o conduziram para a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro e, posteriormente, o agrediram. Ao ser transformado em réu o GTNM /RJ foi obrigado a depositar em juízo a quantia de R$ 46.541,72 (quarenta e seis mil e quinhentos e quarenta e um mil reais e setenta e dois centavos).
Apesar dos apoios e doações recebidas, até o presente momento não se conseguiu estabilizar as finanças. Assim, uma série de medidas foram tomadas para contenção de despesas como a suspensão e distribuição de nosso jornal trimestral, publicado desde 1986, substituído por um jornal virtual construído em nosso site e a diminuição dos atendimentos médico-psicológicos e de reabilitação física efetuados por sua Equipe Clínico-grupal, além do pagamento de alguns medicamentos às pessoas atendidas por este projeto.
Por tudo isso, o GTNM/RJ continua a sua Campanha de Parcerias Solidárias já que não conseguiu o necessário para cobrir os pagamentos já efetuados. Solicita-se a todos(as) que queiram entrar nesta Campanha que, mensalmente, seja depositada qualquer quantia no Banco Itaú, agência 0389, conta 77791-3, em nome de Tortura Nunca Mais.
Como uma alternativa de colaboração estamos apresentando dois livros recém lançados - "Clínica e Política 2" e "20 Anos da Medalha Chico Mendes de Resistência: memórias e lutas" - e mais o vídeo "Memórias para Uso Diário" - documentário sobre a trajetória do GTNM/RJ – a preços mínimos. Por cada um deles, a colaboração é de R$ 20,00 (vinte reais). O kit que contém os três (os dois livros e mais o vídeo) sai a R$ 50,00 (cinqüenta reais).
Os interessados podem fazer contato com o GTNM /RJ através de sua secretaria (Zélia ou Victor) de 2ª a 6ª feira, de 10 horas às 19 horas, pelos telefones: (21) 22868762 ou (21) 2526.2491 ou pelo e-mail: gtnm@alternex.com.br.Mais uma vez o GTNM/RJ agradece o apoio e a parceria solidária de todos(as) neste difícil momento de sua luta.
Pela Vida, Pela Paz Tortura Nunca Mais!
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2009