Nota de
solidariedade às Comunidades
Camilo Torres e
Irmã Dorothy
sob ameaça de despejo sem
apelação
No dia
11/4/2013, o juiz Luiz Gonzaga Silveira Soares condenou as trezentas famílias
das Comunidades Camilo Torres e Irmã Dorothy ao despejo imediato. Não há possibilidade de apelação ou
recurso. Estas famílias, para realizarem
o direito básico à moradia, ocupam terrenos públicos no Barreiro – a maioria
delas há seis anos.
Há vinte anos,
estes terrenos têm sido objeto de transação ilegal entre o governo de Minas
Gerais, a Prefeitura de Belo Horizonte, a Victor Pneus, a TraMM Locação de Equipamentos Ltda e os Bancos
Bradesco e Rural. Antes da ocupação
pelas Comunidades Camilo Torres e Irmã Dorothy o local estava completamente abandonado. Não cumpria, portanto, sua função social e
era objeto da mais evidente especulação imobiliária. O prefeito Márcio Lacerda, o governador
Anastasia e o poder judiciário representam os interesses das empresas e atacam
o mais legítimo direito defendido pelas famílias ameaçadas de despejo: o
direito à moradia .
As trabalhadoras
e os trabalhadores das Comunidades Camilo Torres e Irmã Dorothy têm resistido
bravamente às investidas do Estado, da propriedade privada e do capital. São cidadãos
e cidadãs de todas as idades que construíram suas casas com as próprias mãos,
preservam o espaço onde moram e imprimiram a mais legítima função social aos
terrenos ocupados: o direito à existência digna.
Foi decretada a
desocupação que deve, a qualquer momento, ser realizada pela Polícia Militar de
Minas Gerais /PMMG, o que tem tudo para se transformar em banho de sangue. Sabemos que a PMMG atua, nesta situação, como
um exército no campo de batalha cujo objetivo é eliminar os inimigos. Aqueles
que são considerados inimigos pela PMMG, nesse caso, são as trezentas famílias
pobres que construíram as Comunidades Camilo Torres e Irmã Dorothy. Lembremos do despejo da Eliana Silva 1
(maio/2012) e da tentativa de despejo da Zilah Spósito-Helena Greco
(outubro/2011) onde a PM usou desde gás de pimenta contra crianças asmáticas e
idosos cardíacos até centenas de homens
armados até os dentes, caveirão, cachorros, cavalos e helicópteros contra todas
e todos os membros destas comunidades. O juiz Luiz Gonzaga Silveira Soares
considera exemplar a atuação da PMMG na reintegração de posse da Ocupação Eliana
Silva 1 e determinou que o modelo seja aplicado no despejo das Comunidades
Camilo Torres e Irmã Dorothy.
Não
aceitamos definitivamente o despejo e defendemos o direito inalienável à
resistência contra todas essas investidas. As Comunidades Camilo Torres e Irmã
Dorothy têm o direito de permanecer onde estão. Continuaremos juntos a combater
o projeto dos governos municipal, estadual e federal de garantir uma cidade só
para os ricos. Continuaremos lutando
contra a violência policial e institucional, a guerra generalizada contra os
pobres, a criminalização de suas lutas e a privatização do espaço
público.
Lutamos por uma
cidade que incorpore as necessidades, as lutas e as conquistas da classe
trabalhadora.
Somos todas e
todos Camilo Torres e Irmã Dorothy!
RESISTÊNCIA,
SIM! DESPEJO, NÃO!
Belo Horizonte, maio de 2013
Comunidade
Camilo Torres, Comunidade Irmã Dorothy e
Fórum Permanente de Solidariedade às Ocupações /
FPSO-BH
Além do FPSO-BH e das Comunidades Camilo
Torres e Irmã Dorothy, assinam esta nota:
AGB-BH, CRESS, CRESS, CSP-Conlutas,
Consulta Popular, MMNDH-MG, MST, MAB, Instituto Helena Greco de Direitos
Humanos e Cidadania, Rede Feminista de Saúde, Pré-associação Solidariedade
Plural, Pólos de Cidadania, PSTU, PSOL, Sind-rede, Sindess, Subsede Barreiro
Sind-ute, Federação Democrática dos Metalúgicos de MG, Sinde-saúde Contagem,
Metabase Inconfidentes, Sindicato dos Agicultores Familiares, Movimento
Mulheres em Luta, Movimento Quilombo Raça e Classe.
Participe
também do DIA DAS MÃES NA COMUNIDADE CAMILO TORRES.
12
de Maio – 9H, Comunidade Camilo Torres : Av. Perimetral, 450, Vila Santa Rita.