"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

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Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

NOTÍCIA SOBRE O ATO DE REPÚDIO AOS ATAQUES CONTRA O POVO GUARANI KAIOWÁ


NOTÍCIA SOBRE O ATO DE REPÚDIO AOS ATAQUES CONTRA O POVO GUARANI KAIOWÁ
“BASTA DO GENOCÍDIO DOS POVOS INDÍGENAS!”
         Foi realizado, no dia 29/06/2016, às 18:30, na PUC – BH/MG,  o Ato de repúdio aos ataques contra o povo Guarani Kaiowá.  O ato foi convocado pelas seguintes entidades: Luta Popular e Sindical (LPS), Liga Operária, Associação Brasileira de Advogados do Povo (ABRAPO), Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (FETAEMG), Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares do Estado de Minas Gerais (SINTECT/MG), Sindicato dos Trabalhadores da Construção de Belo Horizonte e região/MARRETA, Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado de Minas Gerais (SINDADOS/MG), Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Varejista e Atacadista de Contagem (SINTRACC), SINDBOR/MG, Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), Movimento Feminino Popular (MFP), Movimento Mundo do Trabalho contra a Precarização, Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas e Aldeia Umuarama.
         O ato teve destaque com a presença dos indígenas Terena do Mato Grosso do Sul - Alberto Terena e Gilmar Veron. Este é também Guarani; seu avô, Marcos Veron foi assassinado em 2003 diante de sua família.  Este crime permanece impune até hoje.  Os companheiros Terena denunciaram a situação de barbárie que vigora em Mato Grosso do Sul:  50% dos assassinatos dos povos indígenas no Brasil acorreram naquele estado.  Destacaram que o genocídio institucionalizado constitui prática continuada levada a cabo pelo conluio do latifúndio/agronegócio, seus pistoleiros e o Estado brasileiro.  Dois dos maiores inimigos dos povos originários em Mato Grosso do Sul são o deputado estadual José Teixeira (DEM) e o fazendeiro assassino Jacinto Honório.
         Alberto Terena e Gilmar Veron relataram o brutal assassinato do agente de saúde indígena, o Guarani Kaiowá Clodiodi Aquiles Rodrigues de Souza, no dia 14/06/2016, mais um episódio do extermínio sistemático de lideranças indígenas por latifundiários e pistoleiros acobertados pelo Estado brasileiro. Este se apresentou no território dos Guarani Kaiowá através da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança Pública, das polícias civil e militar do Mato Grosso do Sul.  Os latifundiários e pistoleiros cercaram e metralharam um grupo de indígenas Guarani Kaiowá que estão mobilizados em defesa de suas terras.  Mais 6 indígenas foram atingidos, entre eles uma criança de 12 anos.  Trata-se do primeiro massacre do governo Temer (PMDB,PP, PSDB) que tem como Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ninguém menos Blairo Maggi (PP), o dito rei da soja, ícone do latifúndio, do agronegócio e da bancada do boi no senado.
         Os companheiros Terena denunciaram também a mídia burguesa que criminaliza os povos indígenas e  acoberta o racismo, a opressão e o genocídio praticados pelo Estado e o latifúndio.  Denunciaram a PEC 215, que transfere para o legislativo federal a demarcação de terras indígenas, quilombolas e zonas de proteção ambiental – leia-se, transfere para o latifúndio/agronegócio este poder.  Alberto Terena e Gilmar Veron reafirmaram a capacidade de luta e resistência dos povos indígenas para defender suas terras e sua cultura: “Direito conquistado não pode ser rasgado”.
         Além dos Terena, participaram do ato indígenas das etnias Kambiwá, Guarani, Pataxó (Coroa Vermelha/BA) e Pataxó Hã-hã-hãe - inclusive parentes de Galdino Pataxó, queimado vivo em Brasília, em 1997.  Avelin Kambiwá, do Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas e da Aldeia Umuarama, fez amplo painel da situação da população indígena urbana em Belo Horizonte.  Esta tem sido submetida sistemática e cotidianamente ao racismo e à repressão da Polícia Militar, da Guarda Municipal, da Polícia Civil e do aparato institucional. Reiterou a denúncia do assassinato de Samuel Pataxó, assassinado em Betim/MG no ano de 2014, na ocasião da Copa do Mundo/FIFA. Destacou o papel das mulheres indígenas na luta – todas guerreiras. O Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas fez uma instalação no local do ato com a denúncia das chacinas e assassinatos institucionalizados sofridos pelos povos originários.
Célia Pataxó, da Aldeia Agricultura de Coroa Vermelha, Porto Seguro/BA é parente de Samuel Pataxó e teve também um tio, que era artesão, assassinado em Belo Horizonte.  Denunciou os obstáculos interpostos pelo Instituto de Medicina Legal (IML) de Belo Horizonte para que a família pudesse reaver os restos mortais do tio.  O IML se recusava até mesmo de reconhecer a identidade indígena da família e do parente morto. Denunciou a opressão sofrida pelos índios aldeados que, por questão de sobrevivência, são obrigados a vir temporariamente para a cidade para vender artesanato: são reprimidos no seu direito de ir, vir e permanecer; são impedidos de trabalhar; seu artesanato é confiscado e destruído; são impedidos de expor na feira de artesanato de Belo Horizonte; são maltratados pela prefeitura de Márcio Lacerda (PSB/PSDB).  Célia Pataxó denunciou a farsa eleitoral e a ineficácia e falsidade da demagogia eleitoreira. Ela e Avelin Kambiwá reafirmaram a união à luta e resistência dos parentes Terena e Guarani Kaiowá.
         Junto com as companheiras e companheiros indígenas, compuseram a mesa coordenada por Felipe Nicolau (Abrapo): Pedro Paulo (Luta Popular e Sindical), Gerson Lima (Liga Operária) e Matheus (prof. da PUC/MG). Na sequência, houve várias intervenções dos participantes e dos organizadores: Nilo (LCP), Bizoca (Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania); João Martinho (Sind-UTE – Vespasiano/MG); profa. Cláudia (MOCLATE); Abram (LCP); Pronzato (cineasta); Marisa (professora da UFMG); membro da Unidade Vermelha; membro da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo; membro do MEPR e outros. Houve participação especial da escritora Rosana Bond, que fez bela explanação sobre a história dos Terena e a importância da luta dos povos indígenas para a América Latina e para a humanidade. Antes do encerramento do ato, foi exibido um vídeo realizado pelos Terena que denuncia o genocídio dos povos originários no Mato Grosso do Sul.
         Todas as intervenções reiteraram a denúncia de que o Brasil é o país do genocídio sistêmico institucional contra indígenas, quilombolas e negros. Foi lembrado que, durante a ditadura militar (1964-1985), foram exterminados mais de 8 mil índios  e que seus nomes não constam nas listas de mortos e desaparecidos políticos. Foi feita a denúncia do papel da Polícia Militar de Minas Gerais neste processo: a ela pertenciam o Reformatório Krenak (Resplendor/MG) e a Fazenda Guarani (Carmésia/MG), que se tornaram verdadeiros campos de concentração étnicos durante o período. Foi destacada a necessidade da construção de um comitê permanente de defesa dos povos indígenas e quilombolas.  Destacou-se a importância da questão da terra no país, a qual unifica as lutas de indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas e tradicionais e trabalhadores do campo/camponeses – estes também vítimas constantes assassinatos e massacres.  Denunciou-se que o Estado e seus gerentes esvaziaram a luta pela reforma agrária e reafirmou-se a necessidade da retomada e da radicalização desta luta.    Reafirmou-se sobretudo o princípio da independência, da autonomia e da combatividades destas lutas. Tais lutas não se travam nas entranhas do Estado e da institucionalidade.  Elas devem ser travadas nas ruas, nas praças, nas aldeias, nas ocupações - sempre mantendo a perspectiva classista: uma forte aliança de indígenas, quilombolas, operários, trabalhadores da cidade e do campo.
         Os companheiros Terena do Mato Grosso do Sul fecharam o ato com um chamado à luta e cantaram a seguinte palavra de ordem:
-Diga ao povo que avance!  - eles puxaram.
E todas e todos respondemos: Avançaremos!
Belo Horizonte, 30 de junho de 2016
INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA









segunda-feira, 27 de junho de 2016

ATO DE REPÚDIO AOS ATAQUES CONTRA O POVO GUARANI KAIOWÁ


Basta do genocídio dos povos indígenas!
Ato de repúdio aos ataques contra o povo Guarani Kaiowá

Quarta feira - 29 de Junho – 18:30h
Local: IEC-PUC MG – Rua Cláudio Manoel, N.º 1205, Funcionários
(próximo à Praça da Liberdade)

Com a presença de companheiros indígenas Terenas 
do Mato Grosso do Sul

 O brutal e covarde ataque de latifundiários e pistoleiros acobertados pelo Estado brasileiro, que no último dia 14 de junho assassinaram o agente de saúde indígena Guarani Kaiowá Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza de 23 anos, e levaram ao hospital seis indígenas atingidos por arma de fogo, inclusive uma criança de 12 anos, cobra uma resposta contundente de todos os democratas e movimentos populares brasileiros.

É mais um capítulo do histórico, secular e continuado genocídio dos povos indígenas. E uma vez mais o monopólio da imprensa, com a Rede Globo à frente, tenta subtrair da nação o conhecimento e o verdadeiro significado deste ataque, noticiando pouquíssimas vezes este grave acontecimento. E mesmo nesta ínfima “cobertura” jornalística, os indígenas foram tratados como “invasores” de terras de “fazendeiros”, e o ataque levado a cabo por pistoleiros, empresas de segurança privada e latifundiários foi divulgado como um conflito entre dois lados, dando a entender que os indígenas e latifundiários se enfrentaram e que os indígenas “levaram a pior”. E mais ainda, o tratamento dado à questão indígena é o de um problema localizado, como se não fosse parte da luta do povo brasileiro contra os exploradores e saqueadores da nação.

Os indígenas foram atacados em seu legítimo território. Os “invasores” são os latifundiários.

Não foi um “conflito”, os indígenas foram atacados logo após o Estado brasileiro - através da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança, polícias civil e militar do Mato Grosso do Sul - comparecer em seu território. Ou seja, o Estado brasileiro apresentou suas armas aos indígenas, e se retirou e se omitiu diante das milícias dos latifundiários. Os indígenas não são fracos como quer deixar transparecer o monopólio da imprensa, pelo contrário, cada vez mais resistem e lutam por seu território e por seu legítimo direito de autodeterminação.

E a luta dos indígenas, assim como a luta dos camponeses pela terra e a luta dos remanescentes de quilombolas por seus territórios e suas tradições, enfrenta uma sanguinária repressão do Estado brasileiro, que têm na exportação de minério, petróleo, soja, gado e cana, a medula deste modelo econômico falido, que espalha a miséria, a fome e o desemprego por todos os lares brasileiros. Só em 2015 ocorreram 1.217 conflitos no campo, mais do que 3 conflitos por dia; mais de 50 camponeses, indígenas e quilombolas foram assassinados.

Por tudo isso e muito mais, o ataque contra os Guaranis Kaiowás no Mato Grosso do Sul é um ataque contra todo o povo brasileiro. Pelo que conclamamos a participação de movimentos, sindicatos e entidades neste ato do próximo dia 29 de junho. Com a presença dos companheiros Terenas, que junto com os Guaranis Kaiowás e outras etnias resistem e lutam por seus territórios no Mato Grosso do Sul, certamente teremos muitas informações da verdadeira situação do que ocorre naquela região, talvez a mais conflagrada na questão indígena do país na atualidade. E poderemos somar forças poderosas contra o bárbaro genocídio dos povos indígenas brasileiros.

Luta Popular e Sindical (LPS) - Liga Operária - Associação Brasileira dos Advogados do Povo(Abrapo) - Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – Liga dos Camponeses Pobres (LCP) – FETAEMG – SINTECT-MG STICBH-MARRETA – SINDADOS – SINTRACC – SINTBOR-MG – MEPR – MFP - Mundo do Trabalho Contra a Precarização - Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas - Aldeia Umuarama.

- Divulgação no site da Associação Brasileira dos Advogados do Povo (ABRAPO): 

- Divulgação no site da Liga Popular e Sindical (LPS):

- Divulgação no site do Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado de Minas Gerais (SINDADOS/MG):

- Evento em rede social:

quinta-feira, 23 de junho de 2016

NOTÍCIA SOBRE O ATO PÚBLICO CENTENÁRIO HELENA GRECO


Imagem: instalação Urgências do presente de Alice Costa Souza. Foto: Sávio Leite.

 NOTÍCIA SOBRE O ATO CENTENÁRIO HELENA GRECO 
 E REPÚDIO ÀS PROVOCAÇÕES FASCISTAS 
 DIANTE DO NOME DO VIADUTO D. HELENA GRECO 

Aconteceu no sábado, dia 18 de junho de 2016, embaixo do Viaduto Dona Helena Greco, o Ato Centenário Helena Greco (1916 - 2016). Foi um ato público de militância em tributo aos mortos e desaparecidos políticos da ditadura (1964 – 1985). Foi realizado pelo Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, com o apoio da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de Minas Gerais (FIMVJ/MG) e com a parceria da atriz Idylla Silmarovi e do cineasta Sávio Leite. 
Houve debates, microfone aberto para militantes e movimentos sociais, lançamento de documentário, apresentação teatral, apresentação musical, discotecagem, instalação de arte e várias intervenções no viaduto.
A seguinte programação se estendeu de 16h00 às 21h30:

·         Painéis seguidos de microfone aberto com a participação de Cecília Coimbra (presa política durante a ditadura e membro do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ), Diva Moreira (militante histórica do movimento negro, participou da luta contra a ditadura e do Movimento Feminino pela Anistia/MG), Amelinha Teles (presa política durante a ditadura, membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, da União de Mulheres de São Paulo e das Promotoras Legais Populares), Vicente Gonçalves (militante histórico do movimento de vilas e favelas, membro da Associação dos Perseguidos Políticos, participou do Comitê Brasileiro de Anistia/MG). Participaram também da mesa Marília Greco (socióloga do Projeto Horizonte, participou do Movimento Feminino pela Anistia e do Comitê Brasileiro de Anistia/MG) e Dirceu Greco (infectologista, professor da UFMG com trajetória de luta contra a AIDS), filhos de Helena Greco;

·         Exibição do documentário Arquivos Imperfeitos (2006) sobre a trajetória de lutas de Helena Greco.
·         Lançamento do documentário Desarquivando o Brasil (2016) – registro da coleta de material genético de familiares de desaparecidos políticos para efeito de identificação de ossadas.  Tal coleta teve lugar no Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, em 7 de maio de 2007. Ambos os documentários são de Sávio Leite, que estava presente no ato;
·         Apresentação teatral Experimento 1: Mostra Guerrilha, solo de Idylla Silmarovi, direção de Raquel Castro e direção musical de Cláudia Manzo. Trata-se de apresentação feminista em homenagem às guerrilheiras.
·         Instalação Urgências do presente de Alice Costa Souza, que esteva presente no ato. A instalação presta homenagem aos mortos e desaparecidos políticos e traz a inscrição 1964 NUNCA MAIS!;
·         Apresentação musical (MPB de protesto e músicas próprias) – voz e violão de Ênio Poeta;
·         Discotecagem revolucionária – DJ Guerrilha e DJ Confusa.
São objetivos deste ato público Centenário Helena Greco:
• prestar homenagem aos mortos e desaparecidos políticos da ditadura e a todas as vítimas do aparato repressivo nos dias de hoje;
• resgatar a memória da luta contra a ditadura, a luta pelos direitos humanos e a trajetória de Helena Greco;
• debater e repudiar o terrorismo de Estado e do capital;
• garantir a identificação do Viaduto, já que não existe no local e no entorno nenhuma visualização física do seu nome;
• propor a consolidação do viaduto como lugar de memória para que todas e todos – movimentos, entidades, indivíduos e militância – façam intervenções/ocupações permanentes neste espaço.
Compareceram e participaram do ato militantes dos movimentos sociais, sindicalistas, membros de organizações políticas de esquerda, população de rua, trabalhadores(as), estudantes, punks, presos políticos durante a ditadura, familiares de mortos e desparecidos políticos, companheiros(as) de luta de Helena Greco. O Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas e a Aldeia Umuarama fizeram expressiva denúncia e veemente repúdio do genocídio dos povos indígenas ao longo da história e na atualidade. Fizeram também intervenções no viaduto.
Este foi um ato de democracia direta realizado no chão da rua de forma absolutamente autogestionária, autônoma e independente com relação ao Estado, governos e empresas. Agradecemos a todas e todos que participaram do ato e tornaram possível a sua realização.
Até 2014, o viaduto tinha o nome de Castelo Branco, primeiro ditador imposto pelo golpe militar de 1964. Há dois anos, no dia 1º de abril de 2014 – 50 anos do golpe – foi feita a renomeação popular do viaduto, que passou a se chamar Dona Helena Greco. Neste dia foi realizado o seguinte ato público: “Manifestação em repúdio ao golpe de 1964 – 50 anos! Abaixo a ditadura!”. Este foi convocado pela Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de Minas Gerais (FIMVJ/MG), da qual o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania participa. Foi feito tributo aos mortos e desaparecidos políticos. Foi exigida a mudança do nome do Viaduto para Dona Helena Greco. Houve intervenções com faixas, cartazes, banners e um expressivo silhuetaço. Depois de muita pressão, o nome Viaduto Dona Helena Greco foi oficializado no dia 02/05/2014. Até hoje, no entanto, ele não foi identificado com a instalação de placas indicando o seu nome.
         A extrema direita nunca se conformou com a substituição popular do nome de um ditador sanguinário pelo nome de uma militante da luta contra a ditadura e da luta pelos direitos humanos.   No mesmo dia do Ato Público Centenário Helena Greco pela manhã - antes, portanto, do nosso ato -  certo  grupo fascista autodenominado Direita Minas fez provocação pesada.  Seus membros – muitos deles agentes da repressão – distribuíram, no Viaduto Dona Helena Greco, canhestro folheto que destila o mais rebaixado anticomunismo em defesa da Marcha da Família com Deus (19/03/1964) e da ditadura militar. O folheto ostenta o retrato do ditador marechal Castelo Branco.  Tal grupo é entusiasta de todas as iniquidades do terrorismo de Estado e do capital de ontem e de hoje.  Ele defende abertamente crimes contra a humanidade fazendo apologia da tortura e de torturadores; é adepto do machismo, da cultura do estupro, da LGBTfobia.  Combate com ferocidade todas as conquistas e princípios programáticos do movimento feminista, das comunidades LGBTs, das causas indígenas, do movimento negro e dos quilombolas.  Defende fortemente a redução da maioridade penal. Apregoa o aprofundamento da repressão e guerra generalizada contra os pobres, da criminalização das lutas dos(as) trabalhadores(as) e dos movimentos sociais.   
Os adeptos do Direita Minas portavam com orgulho camisetas do deputado Jair Bolsonaro (PSC/RJ), réu no Supremo Tribunal Federal por apologia da cultura do estupro.  O mesmo Bolsonaro – militar da reserva, racista, fascista, machista, LGBTfóbico ao paroxismo - que é membro proeminente da Bancada da Bala no congresso nacional. Ele tem como herói o Cel. Brilhante Ustra, o Dr. Tibiriçá, torturador contumaz condenado pela justiça brasileira em ação declaratória transitada em julgado em 2012, graças à iniciativa de Amelinha Teles e de seus familiares – todos eles presos e torturados por ele no DOI-CODI de São Paulo.  Brilhante Ustra, morto em 2015, foi chefe do DOI-CODI/SP - um dos maiores centros de tortura e extermínio da ditadura militar – nos anos 1970-73, tendo sido responsável por pelo menos 50 casos de assassinatos e 300 casos de torturas naqueles porões.
         Durante o nosso ato público, houve ainda outra agressão isolada: foi arremessado no local, de um carro, um saco cheio de cacos de vidro – não acertaram ninguém, o ato prosseguiu. Mas ficou o recado. Jamais passarão!
         O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania repudia com veemência este grupo fascista e suas tentativas de impor uma memória e uma narrativa que são aquelas dos repressores, torturadores e assassinos de opositores - a história dos vencedores e da classe dominante. Trata-se da estratégia do esquecimento que herdeiros da ditadura militar insistem em construir.
O espaço físico do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania também tem sido alvo de provocações de grupos de extrema direita. No ano de 2014, seu muro e seu portão foram pichados várias vezes com dizeres anticomunistas, nazistas, machistas e LGBTfóbicos. Dona Helena Greco sofreu ataques de grupos semelhantes sobretudo durante a ditadura militar. Houve atentado a bomba e tiros contra sua casa. Ela teve a correspondência violada, recebia ameaças pelo correio e por telefone.  Algumas destas provocações eram anônimas, outras eram assumidas por grupos parapoliciais e paramilitares.
Reiteramos que não aceitamos nem aceitaremos estas provocações. A maneira de combater estas investidas é identificar o Viaduto Dona Helena Greco e consolidá-lo como espaço de resgate da luta contra a ditadura; da luta por memória, verdade e justiça; da luta pelos direitos humanos; da luta pelo fim de todo o aparato repressivo; da luta contra o terrorismo de Estado e do capital. Trata-se da construção de um espaço a ser ocupado para a resistência e a reafirmação das lutas do povo negro, das populações indígenas, das mulheres, da comunidade LGBTs, dos estudantes, dos(as) trabalhadores(as), da população de rua; das ocupações rurais e urbanas; dos movimentos sociais: um lugar de memória onde todas e todos – movimentos, entidades, indivíduos e militância – façam intervenções/ocupações permanentes contra a exploração, a cultura dominante e a opressão.
VIADUTO DONA HELENA GRECO:
OCUPAR E RESISTIR!
nazi/fascistas e coxinhas: NÃO PASSARÃO!

VIADUTO DONA HELENA GRECO: SEMPRE!

Belo Horizonte, 22 de junho de 2016
 INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA  (BH/MG) 
Imagem: camisetas da Ocupação Helena Greco, Bairro Zilah Spósito.
Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
Fotos acima/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
Foto: Raquel Castro.
Foto: Jô Miranda.




     
Fotos acima: Sávio Leite.
Fotos acima/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
Fotos acima: Alice Costa Souza.