Nota de repúdio à repressão e à violência do Estado contra a manifestação ocorrida no dia 7 de setembro, em Belo Horizonte
Mais uma vez, a repressão se abateu
sobre uma manifestação legítima da população de Belo Horizonte. Nós, da Frente
Independente pela Memória, Verdade e Justiça – MG, viemos a público para
repudiar este ato de violência do Estado, que reprimiu, prendeu, espancou, torturou
e jogou em suas prisões centenas de manifestantes por todo o Brasil. Foram mais
de 30 presos em São Paulo, 39 em Brasília, 80 no Rio de Janeiro – o que compõe,
junto com Belo Horizonte, mais de 300 manifestantes presos por todo o país
neste 7 de setembro.
Em Belo Horizonte, foram 56 detidos e
outros 37 presos no CERESP/Gameleira. A maioria deles é composta por jovens
negros. Até esta terça-feira, 10/9/2013, quase todos foram soltos sob liberdade
condicional. A sentença que pesa sobre
eles configura – além do caráter político da prisão - verdadeira prisão
domiciliar: obrigatoriedade de comparecimento mensal perante o juízo; proibição
de participação, pessoalmente ou através
das redes sociais (?!), de qualquer manifestação popular; proibição de se
ausentar da comarca! Dois companheiros
permanecem presos: Ameba (Enieverson
Mendes Rodrigues) e Rodrigo Gonzaga Avelar.
Os dois companheiros que seguem
presos estão incomunicáveis. Eles e os
demais que foram presos são acusados, de maneira absolutamente inaceitável, de
formação de quadrilha, formação de milícias, desacato e incitação à violência.
Outro agravante foi o corte dos cabelos de todos os presos. Foram raspados os dreadlocks de um dos jovens, que é negro, em mais um ato de racismo
e intolerância religiosa e cultural contra os afrobrasileiros. Todo este
quadro remete ao período mais obscuro da ditadura militar.
A única alegação possível sobre todos os
presos é que se manifestavam contra a repressão, em legítimo ato que marchou da
Praça Sete até a Praça da Liberdade. O ato foi, o tempo todo, acompanhado por
milhares de policiais do GATE e da Tropa de Choque, que não portavam
identificação. Na Praça da Liberdade, somaram ao aparato repressivo homens do
Corpo de Bombeiros, da Rotam, os blindados e o caveirão da PM. Foi aí que, a
mando do governador Anastasia, a polícia racista de Minas Gerais - comandada
pela Coronel Claudia, pelo Coronel
Carvalho e pelo Coronel Alberto, além do Coronel Vladimir do GATE e do Coronel
Sacramento da Rotam - desencadeou uma forte repressão. Houve dezenas de
prisões, tortura e espancamentos a céu aberto, uso de arma de choque e balas de
borracha e mais um toque de recolher. Alguns manifestantes foram atacados pelos
cães da PM. O protesto continuou em frente à delegacia da 3ª AISP, no centro da
cidade, para onde foram encaminhados os detidos. Veio, então, mais uma forte
ofensiva da polícia, que deixou um número ainda maior de feridos e de presos.
A suposta independência do Brasil, que é comemorada a 7 de setembro, e que
havia sido defendida demagogicamente pela presidente Dilma Roussef na noite anterior, não corresponde à realidade
do país. É amplamente documentada a articulação dos mesmos militares - que
desfilam todo ano nesta data - com a ditadura militar e com o imperialismo
norte-americano para garantir a exploração e a opressão dos trabalhadores e do
povo brasileiro. As técnicas de tortura e investigação destes militares foram
aprendidas - e ensinadas aos seus comparsas chilenos, argentinos e uruguaios -
na famigerada Escola das Américas, centro de formação da polícia política de
toda a América Latina que, à época da ditadura, se localizava no Panamá (hoje
sua sede fica na Georgia-EUA). Essas práticas permanecem rotineiras na polícia
brasileira. O Brasil, como já havíamos denunciado antes, é campeão mundial em
violência policial, torturas, chacinas periódicas, concentração de riquezas e desigualdade
social. O servilismo ao imperialismo mundial continua como marca dos governos
brasileiros.
Não podemos definitivamente naturalizar
a repressão – não podemos tolerar o intolerável. Não podemos deixar para trás
nossos mortos e nossos presos. Lembremo-nos também de Douglas Henrique, Luis
Filipe e Lucas Daniel que foram mortos pela repressão nas jornadas de junho.
Consideramos que se trata de luta de classes, que só pode ser travada nas ruas,
no espaço instituinte. O Estado Brasileiro, seus governos e seu aparato
repressivo são nossos inimigos e não interlocutores depositários de
reinvindicações pontuais – não há negociação com os inimigos da classe
trabalhadora e do movimento popular. Exigimos a libertação imediata dos presos,
a anulação dos inquéritos, a retirada de todos os processos, a punição dos responsáveis
pela violência policial e pelas mortes e torturas. Exigimos o fim do aparato
repressivo e a erradicação das torturas. Responsabilizamos diretamente a
Polícia Militar e os governos municipal, estadual e federal por esta situação
de barbárie.*
ABAIXO A REPRESSÃO!
PELA
LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO E EXPRESSÃO!
LIBERTAÇÃO IMEDIATA DOS COMPANHEIROS AMEBA E RODRIGO GONZAGA AVELAR!
ANULAÇÃO DE TODOS OS PROCESSOS E INQUÉRITOS!
RETIRADA DE TODOS OS MANDADOS DE PRISÃO!
RETIRADA DE TODOS OS MANDADOS DE PRISÃO!
Pelo fim da
criminalização dos pobres! Pelo fim da criminalização da luta dos estudantes!
Pelo fim da criminalização da luta dos trabalhadores da cidade e do campo! Pelo fim da criminalização do movimento
popular!
Pelo fim das
torturas e execuções! Pelo fim do genocídio dos jovens, negros, indígenas e
pobres!
Abaixo as UPPs e abaixo
as invasões policiais e militares dos morros, universidades, ocupações e
favelas!
Pelo fim do aparato
repressivo! Pelo fim imediato da Guarda Municipal! Pelo fim imediato da
Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança!
PELO DIREITO À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!
Punição para os torturadores e assassinos de opositores durante a
ditadura militar e para aqueles que cometem estes mesmos crimes contra a
humanidade nos dias de hoje!
Pela luta independente, realizada pela classe trabalhadora e pelo
movimento popular, em relação aos governos e à institucionalidade!
Belo Horizonte, 10 de
setembro de 2013.
FRENTE INDEPENDENTE PELA MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA – MG
Assina conjuntamente a nota: João
Martinho Filho, pai de João Leonardo
Martins, jovem, negro, estudante da UFMG e professor de História, torturado
e preso no CERESP/Gameleira até o dia 10/09/2013, agora em liberdade
condicional.
*O
último parágrafo foi extraído, em parte, de uma outra nota (julho/ 2013) da FIMVJ-MG.
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A Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça -MG
convoca:
convoca:
ATO CONTRA A REPRESSÃO E PELA LIBERTAÇÃO
IMEDIATA DOS PRESOS POLÍTICOS DO 7 SETEMBRO
*SEXTA-FEIRA, DIA 13 DE SETEMBRO DE 2013,
ÀS 17H
LOCAL: PRAÇA 7, CENTRO, BH/MG
Convidamos todas e todos
que lutam contra a repressão!
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Leia a nota no blog da FIMVJ-MG:
http:// frentemvj.blogspot.com.br/ 2013/09/ de-repudio-repressao-e-viol encia-do.html
Cartaz de divulgação do ato no blog da FIMVJ:
http:// frentemvj.blogspot.com.br/ 2013/09/ ato-contra-repressao-e-pela -libertacao.html
http://
Cartaz de divulgação do ato no blog da FIMVJ:
http://
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