NOTA EM REPÚDIO ÀS
DECLARAÇÕES REACIONÁRIAS, RACISTAS E INTERVENCIONISTAS DO JORNAL ESTADO DE MINAS SOBRE O D.A. FAFICH/UFMG
O
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania vem a público repudiar
com veemência o jornal Estado de Minas
o qual, em matéria do dia 27/03/2015 cujo objeto é o espaço do Diretório
Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal
de Minas Gerais, reiterou todo o reacionarismo e racismo contidos na sua linha
editorial ao explicitar:
- a concepção de
extrema direita compreendida no saudosismo em relação à ditadura militar banalizando
e elogiando os tempos terríveis dos anos 1974-1985 – ordeiros, segundo os jornalistas (?) que assinam a matéria - como
se não houvera a mais feroz repressão a estudantes, funcionárixs e professorxs
da FAFICH, que estava sob intervenção. A
FAFICH era, então, um dos principais redutos do movimento estudantil de
oposição à ditadura na UFMG;
- a concepção policialesca,
racista, higienista e segregacionista da tentativa de consolidar a
criminalização e estigmatizacão da juventude jovem e negra que frequenta os
espaços da faculdade;
- a concepção preconceituosa,
elitista e credencialista da tentativa de interdição daquele espaço a não estudantes – bem nos moldes da
ditadura militar - passando por cima de que se trata de uma universidade pública que, por definição, deveria
estar aberta a todas e todos, sobretudo às comunidades do entorno do campus;
- a concepção
reacionária de histeria em relação às drogas, quando a discussão pela sua
descriminalização e legalização é pautada em todo o planeta.
O que é mais grave é a coincidência
das posições deste arauto da mídia burguesa com a posição da burocracia
universitária, que reza pela mesma cartilha. O racismo, o machismo e a
LGBTfobia são estruturais na instituição. Os membros das comunidades indígenas
são igualmente discriminados. O campus da UFMG está cada vez mais militarizado,
o que fica evidente no aumento exponencial de câmeras e todos os tipos de
catracas e obstáculos; na precarização do espaço físico e dos serviços; e,
sobretudo na ação do aparato repressivo contra estudantes, professorxs e
funcionárixs. Há um convênio firmado entre a Polícia Militar e a reitoria. Esta
formalizou, agora, sua intenção de intensificar vigilância e segurança –
leia-se, mais repressão. Nas jornadas de junho/2013, o campus serviu de base para a Polícia Militar, as Forças Armadas e a
Força Nacional de Segurança Pública que o invadiram – com a anuência da
reitoria - para atacar e caçar estudantes e manifestantes. A Segurança Universitária trata estudantes
como inimigos, como ficou claro na repressão àquelxs que ocuparam a reitoria em
2014, que foram violentamente espancadxs. Também em 2014, a PM invadiu o CAFCA e achacou
estudantes. Lembramos ainda que, há sete anos (abril/2008), no IGC, uma sessão
comentada de cinema – um documentário, vendido em bancas de revistas, sobre a
descriminalização da maconha - foi interrompida a golpes de cassetete e bombas
de gás lacrimogêneo pela Polícia Militar. Esta foi convocada e autorizada a
agir pela reitoria. Professorxs e
estudantes foram atingidxs por cerca de cinquenta PMs em viaturas e
helicópteros. Este tipo de repressão, portanto, é tradição na UFMG.
Na manhã desta segunda-feira, (30/03/2015),
a Congregação da FAFICH determinou o fechamento do D.A. por seis meses para revitalização, além da proibição de
festas. Sabemos que revitalização significa higienização/segregação. Continua na FAFICH o projeto de destruição
continuada do espaço político dxs estudantes e da comunidade.
Sabemos que a maneira de combater
este cenário de violência institucional, midiática e policial é a
auto-organização ampla e aberta de estudantes e funcionários, em conjunto com
as lutas dxs trabalhadorxs, do movimento popular e das comunidades de
periferia. Reafirmamos nossa solidariedade
com xs estudantes e com todas e todos que têm sido atingidxs neste processo. Reafirmamos também a importância do resgate
das luta contra a ditadura militar: não percamos de vista que o D.A. FAFICH/UFMG
leva o nome de Idalísio Soares Aranha Filho, nosso companheiro Aparício, assassinado e desaparecido pela
ditadura na Guerrilha do Araguaia.
- Abaixo o jornal Estado de Minas e a mídia burguesa!
- Abaixo os desmandos da reitoria e da
burocracia universitária!
- Pelo desmantelamento do aparato
repressivo! Pelo fim da Polícia Militar!
- Pelo fim da criminalização de negras
e negros, indígenas e pobres!
- Pelo fim do racismo, do machismo e da
LGBTfobia!
- Por uma universidade pública, de qualidade,
aberta aos trabalhadorxs e às comunidades!
- Pela luta independente realizada por
estudantes,
trabalhadorxs e pelo movimento popular em relação
ao Estado, aos
governos, às empresas e à institucionalidade!
Belo
Horizonte, 30 de março de 2015
Instituto
Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG-BH/MG)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirIncrível como a história se repete. Minha solidariedade ao Instituto Helena Greco.
ResponderExcluirE o tempo passa. Em 20 de agosto de 1968, fui detido e preso pelos agentes do DOPS e levado para o Sr. Thacir Menezes Sia, na Av. Afonso Pena. Recebido com a truculência que era característica do mesmo. E o motivo: consegui impedir a entrada destes agentes do DOPS no espaço da Escola de Veterinária da UFMG quando esta ficava localizada na Gameleira. Isto em plena Ditadura Militar. Hoje, no chamado Estado Democrático de Direito, ainda acontece tais barbaridade. A luta continua e SEMPRE companheirada.