domingo, 14 de junho de 2015

ÉTICA E DIREITO DE TODOS À VIDA


NOTÍCIA SOBRE O SEMINÁRIO ÉTICA E DIREITO DE TODOS À VIDA

Realizado, no dia 10 de junho de 2015, o Seminário Ética e direito de todos à vida - Exibição do documentário “À Queima Roupa”. O seminário foi organizado pela Disciplina Seminários de Bioética, do PPG em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical e do Mestrado em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina/UFMG. O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania foi convidado para compor parceria.

A abertura e coordenação desta atividade foi feita por Dirceu Greco (Prof. Titular, Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG). Após a abertura, foi exibido o documentário de 90 minutos.

Foram feitos painéis da diretora do filme Theresa Jessouroun, dos(as) comentaristas José Luiz Quadros de Magalhães (Prof. das Faculdades de Direito da UFMG e da PUC - MG), Heloisa Greco (Profª. de História, membro do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania) e Elza Machado de Melo (Profª. do Departamento de Medicina Preventiva e Social e Coordª do Mestrado em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG).

Após as falas foi aberta a palavra para o público que fez perguntas e comentários. Estiveram presentes trabalhadores(as) da educação, estudantes  da Faculdade de Medicina e de outros cursos, militantes de vários movimentos sociais, militantes contra a redução da maioridade penal e de direitos humanos. O seminário aconteceu no auditório principal da Faculdade de Medicina da UFMG. Houve entrega de certificado para todo público presente. No encerramento houve uma apresentação espontânea da cantora Rosa Helena que cantou música latino-americana.

Na manhã seguinte, dia 11 de junho 2015, o filme foi exibido novamente para estudantes de Pós-graduação da Faculdade de Medicina, em sala de aula. Após houve roda de conversa com a diretora do filme, Dirceu Greco, Elza Machado de Melo, Heloisa Greco e Itamar Sardinha (professor do Depto de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina/UFMG).

A importância do documentário está na escolha do objeto e do tratamento dado a ele: a denúncia da guerra generalizada contra os pobres como questão estrutural, como política de Estado. O filme mostra a maneira como as chacinas perpetradas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro estão institucionalizadas e são resultado de ação da cadeia de comando. Revela-se como estas chacinas assumiram periodicidade assustadoramente regular nos últimos 20 anos - a partir do massacre de Vigário Geral, em 1993.   É notável a intervenção das vítimas das chacinas institucionalizadas mostradas no filme.  Só elas podem ser os sujeitos da própria emancipação. A maioria das vítimas do aparato repressivo é composta por jovens negros(as) e pobres.  As comunidades atingidas se organizam através de associações e movimentos para combater a violência estatal à qual estão submetidas.

Trata-se de um documentário investigativo que constitui também contraponto ao aparato midiático burguês.  Esta mídia funciona como caixa de ressonância e amplificação da exploração, opressão e repressão do Estado capitalista e da propaganda de seu aparato repressivo. O eixo em torno do qual os debates dos dias 10 e 11/5 giraram foi a necessidade de amplificação da denúncia da violência policial institucionalizada. 

A partir destes debates ficou clara a nossa necessidade de insistir cada vez mais na demarcação com a posição de certos setores que se reivindicam de esquerda, de partidos, movimentos, ONGs e indivíduos que estabelecem empatia com delegados, coronéis e outras ‘autoridades’ que têm um discurso aparentemente mais palatável, mas que estão no topo da cadeia de comando do aparato repressivo e do Estado.  Estes setores dão voz para agentes do aparato policial e militar, os levam para o movimento popular, dão visibilidade, conciliam.  Os nossos parceiros são as vítimas do terror do Estado e do capital: é junto com eles que lutamos ombro a ombro – e não com os de cima.  A militarização assumiu um papel forte em nosso cotidiano.  Assim, diversas atividades que em primeiro plano eram colocadas como de resistência ao aparato repressivo, agregam agentes da repressão que dizem divergir, numa perspectiva "micropolítica", das instituições das quais fazem parte, como se a própria repressão se tornasse o herói. Uma vez que dar voz a esses agentes é dar voz à instituição à qual pertencem, não se toca realmente na questão do aparato repressivo e na questão da hegemonia capitalista – ambas estruturais. Na lógica da militarização do cotidiano, isso acaba por minar a luta que deve vir justamente dos reprimidos.

Consideramos que nossa empatia deve ser estabelecida exclusivamente com as vítimas deste terror de Estado e do capital - as classes torturáveis de sempre.  Não se pode perder de vista que a Polícia Militar do Brasil é a mais violenta do mundo, é aquela que mais mata entre as polícias de todos os países do planeta, como o próprio documentário explicita com evidências empíricas incontrastáveis. Reiteramos que a nossa luta é pelo desmantelamento de todo aparato repressivo, o que inclui o fim – e não apenas a desmilitarização - da Polícia Militar. 

Agradecemos a participação e a presença de todas e todos.

- Pelo fim do genocídio de jovens, negrxs, indígenas, trabalhadorxs, pessoas em situação de rua, moradorxs de ocupações, periferias, morros, vilas e favelas.

- Abaixo a criminalização dos pobres e dos movimentos sociais!

Belo Horizonte, dia 14 de junho de 2015
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania 
(IHG-BH/MG)



Fotos/Arquivo: IHG de Direitos Humanos e Cidadania

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