terça-feira, 31 de outubro de 2017

6º SOM UNDERGROUND NO ESPAÇO ALTERNATIVO CENTO & DEZ

Imagem: Apresentação da banda Punk Razão Social - BH/MG, com participações de integrantes das bandas Rebeldia Incontida - Sto. André/SP e Final Trágico - Ouro Preto/MG. 
6º SOM UNDERGROUND
       Realizado, no dia 28/10/2017, o 6º Som Underground no Espaço Alternativo Cento & Dez.  O espaço fica na Rua Colorado, nº 110, no Bairro Nova Vista – zona leste de Belo Horizonte na divisa com Sabará/MG.
       A entrada foi gratuita. Contou com a exposição Estética da Existência, de Rofe Nosbor, e com apresentação das bandas:
Auto Gestão – BH/MG;
Final Trágico de um início decadente – Ouro Preto/MG;
Rebeldia Incontida – Santo André/SP;
Razão Social – BH/MG;
Drástico – BH/MG.
       Foram lembrados os mais de 40 anos do surgimento do Punk rock. Houve intervenções poéticas de protesto no microfone durante a apresentação das bandas. Foram feitas várias manifestações de luta anticapitalista e antifascista: nazistas e fascistas, Não Passarão!
       O 6º Som Underground foi completamente independente com relação às iniciativas e aos espaços comerciais/empresariais, estatais e governamentais. Valorize e divulgue! Todo nosso apoio ao Espaço Alternativo Cento & Dez.
Belo Horizonte, 31 de outubro de 2017 
Notícia/Fotos: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
Imagem: Auto Gestão - BH/MG. 
Imagem: Final Trágico de um início decadente - Ouro Preto/MG. 
Imagem: Rebeldia Incontida - Santo André/SP. 
Imagem: Razão Social - BH/MG.
Imagem: Drástico - BH/MG. 

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

DOCUMENTO DO FÓRUM MINEIRO DE SAÚDE MENTAL E DEMAIS ENTIDADES SOBRE A TRAGÉDIA DE JANAÚBA

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=745279279006488&id=229120503955704&pnref=story

HUMANO, DEMASIADO HUMANO: NOTAS DE ALERTA SOBRE A TRAGÉDIA DE JANAÚBA
O Fórum Mineiro de Saúde Mental e as demais entidades que assinam este documento manifestam seu profundo pesar sobre o trágico acontecimento ocorrido em Janaúba (MG) e prestam toda solidariedade e reconhecimento à sua população que soube se organizar com dignidade e respeito, e a todos envolvidos, em especial aos que sofreram as consequências diretas.
É de conhecimento de todos a notícia veiculada de que Damião Soares dos Santos, que trabalhava como vigia da creche, ateou fogo em si e nas crianças do local, levando a 11 óbitos e dezenas de feridos. As regras do jogo impostas pela sociedade através do judiciário e da própria psiquiatria, já determinariam um futuro previsível e nefasto a ele caso sobrevivesse e tivesse ou não definido um diagnóstico de transtorno mental. Apesar disso, não será aqui que entraremos na árdua discussão quanto ao estado mental de Damião quando executou tal ato.
No entanto, surpreendeu-nos a rapidez e o oportunismo apresentado por profissionais e até mesmo autoridades públicas em responsabilizar a Política Nacional de Saúde Mental pelo ocorrido, além de comentários com críticas sobre pessoas em sofrimento mental, sua alegada periculosidade, e sobre o próprio funcionamento da rede de assistência em saúde mental do município e região.
As notícias falsas e precipitadas prestam um desserviço: acabam por induzir o surgimento das velhas formas de preconceito em relação ao chamado louco que tanto lutamos para desconstruir, e levam a opinião pública a acreditar e demandar formas de “tratamento” baseadas em exclusão e confinamento, tão violentas quanto o triste e lamentável episódio ocorrido.
Devemo-nos lembrar que num passado não tão distante, centenas de milhares de brasileiros perderam a vida trancafiados em hospitais psiquiátricos, espaços construídos e eleitos pela sociedade para excluir e segregar pessoas tidas como perigosas, incapazes e improdutivas.
Mas as organizações civis da luta antimanicomial souberam se contrapor a essa triste realidade. Uma rede pública substitutiva diversa, ampla e potente foi criada em consonância aos direitos garantidos por leis, ao cuidado em liberdade e com inserção familiar e comunitária, surgindo então a Política Nacional de Saúde Mental e sua rede de atenção psicossocial, exemplo e referência em todo o mundo.
Se essa rede apresenta atualmente dificuldades, as devemos, em especial, ao lamentável momento político que vivemos. O desmonte que vem ocorrendo com o SUS, promovido pelo governo federal, obviamente nos atinge.
Portanto, afirmamos: não em nome da tragédia de Janaúba! Não autorizaremos a crença de que a violência se deva a uma morbidade psíquica específica e a seu necessário enclausuramento. Na história da humanidade nunca foi possível prever acontecimentos desse tipo. A sociedade contemporânea vivencia diversas formas de violência cuja imensa maioria não são motivadas por transtornos mentais. Acreditamos que, conforme Basaglia, "o sofrimento humano é algo que não se pode eliminar. Está na vida, está no homem, é uma condição humana". Assim, apostamos no cuidado em liberdade como principal estratégia de tratamento na assistência em saúde mental. Não aceitaremos quaisquer retrocessos na política de saúde mental brasileira.
Seguiremos nossa luta por uma sociedade sem manicômios.
Minas Gerais,19 de Outubro de 2017
Assinam o documento:
Fórum Mineiro de Saúde Mental
Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais - ASUSSAM
Associação de Usuários e Familiares de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Alagoas – ASSUMA/AL
Associação de Trabalho e Produção Solidária – SURICATO
Associação Loucos Por Você – Ipatinga/MG
Associação de Moradias Populares/MG
Associação Paulista de Saúde Pública/SP
Associação Arte e Loucura Nau da Liberdade/RS
Acolher – Associação de Usuários, Familiares e Amigos da RAPS de Ouro Preto/MG
Brigadas Populares/MG
Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais
Comissão Estadual de Reforma Psiquiátrica/MG
Comissão Municipal de Reforma Psiquiátrica/BH
Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte - CMS-BH
Conselho Federal de Psicologia – CFP
Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo
Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais
Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais
Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais
Conselho Regional de Fonoaudiologia 6ª Região
CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
Coletivo Pernambucano de Residentes em Saúde Mental
Coletivo Craco Resiste/SP
Coletivo Saci/SP
Central dos Movimentos Populares
Frente Mineira Drogas e Direitos Humanos
Fórum Gaúcho de Saúde Mental
Fórum Cearense da Luta Antimanicomial
Frente Estadual Antimanicomial de São Paulo
Federação Nacional dos Psicólogos – FENAPSI
Grupo InterVires de Pesquisa-Intervenção em Saúde Mental, Políticas Públicas e Cuidado em Rede/UFRGS
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania/BH
Instituto Gregorio Baremblitt/MG
Instituto Brasileiro de Psicanálise, Dinâmica de Grupo e Psicodrama – SOBRAP/Juiz de Fora-MG
Instituto Sílvia Lane/SP
Libertando Subjetividades/PE
Liga de Saúde Coletiva/UFMG
Movimento Nacional de Direitos Humanos
Núcleo Antimanicomial do Pará
Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios – NESM/BA
Núcleo de Psicologia sobre Educação, Paz, Saúde, Subjetividade e Trabalho (UEMG)
ONG Sã Consciência
Observatório de Políticas e Cuidado em Saúde/UFMG
Programa de Pós Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS
Programa Desmedida – Direitos Humanos e Saúde Mental/RS
RENILA – Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial
Setorial Estadual de Saúde do PT/MG
Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais - SINFARMIG
Sindicato das/os Psicólogas/os de Minas Gerais – PSIND-MG
Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais de Minas Gerais
Sindicato dos Economistas de Minas Gerais
Sindicato dos Psicólogos de São Paulo
Sind-Saúde
http://forumsaudemental.blogspot.com.br/2017/10/humano-demasiado-humano-notas-de-alerta.html


domingo, 15 de outubro de 2017

NOTÍCIA DO ANIVERSÁRIO DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO 2017


6 ANOS DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO!
        Realizado, no dia 14/10/2017, na esquina da Rua da Resistência com Rua Leila Diniz, no Bairro Zilah Spósito/BH, o Aniversário da Ocupação Helena Greco. Houve a comemoração do dia das crianças.
        Houve rua de lazer, distribuição de kits de brinquedos, cachorro quente e refrigerante grátis para a criançada.
        O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania esteve presente e prestou apoio com a divulgação, convocação, diagramação de cartazes/panfletos e contribuição financeira. Houve também o apoio de Gonzaguinha do Sindeletro/MG, de Geraldinho do Bairro Cabana, de vizinhos da ocupação e de pequenos comerciantes moradores da região.
        A organização e mobilização foram iniciativa da coordenação da Ocupação Helena Greco. A coordenação é formada exclusivamente por moradoras. Foi solicitado que pessoas de outras localidades levassem alimentos não perecíveis.
        A Ocupação Helena Greco surgiu em junho de 2011. No mês de julho do mesmo ano aconteceu uma violenta invasão da Polícia Militar a qual destruiu casas e agrediu mulheres e crianças com spray de pimenta expulsando os(as) moradores(as). Em outubro de 2011, a Ocupação Helena Greco retornou. Durante o processo de ocupação destacou-se a combatividade de Ivaldi José Rodrigues, o “Indio” – companheiro de luta por moradia de D. Helena Greco, durante as décadas de 1980 e 90.
        O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania sempre esteve presente e presta apoio e solidariedade desde o início, em 2011, de forma incondicional. Foi também grande incentivador e participante do Fórum Permanente de Solidariedade às Ocupações - instrumento de luta do qual participavam várias entidades, movimentos, apoiadores(as) e moradores(as) de todas as ocupações de Belo Horizonte.
        A Ocupação Helena Greco continua a necessitar de doações, solidariedade, apoio e divulgação:
- Mantimentos em geral/Leite em caixa/Cestas básicas.
- Acessórios para bebês/fraldas.
- Materiais de limpeza e organização.
- Materiais de higiene, cuidados diários, cosméticos e perfumaria.
- Ferramentas, materiais de utilidade doméstica, acessórios de cozinha, escritório e informática.
- Malas, mochilas e bolsas.
- Kit de primeiros socorros.
- Roupas e calçados.
- Colchões, roupas de cama, mesa e banho.
- Brinquedos.
- Materiais de construção.
- Móveis em geral, eletrodomésticos e eletroportáveis em estado para uso.
- Materiais de esporte e lazer.
- Livros, revistas, material didático e material escolar.
- Contribuição em dinheiro ou depósito (qualquer quantia).
Para fazer doações, informações e agendamento de visistas:
        Entrar em contato com a Coordenação da Ocupação Helena Greco através do Celular/WhatsApp: (31) 9 9516 – 7464 ou com o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania: (31) 2535 – 4667.
OCUPAÇÃO HELENA GRECO
Bairro Zilah Spósito – Belo Horizonte/MG:
Comunidade de luta! Existe e resiste desde 2011!
Belo Horizonte, 15 de outubro de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

ANIVERSÁRIO DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO 2017




ANIVERSÁRIO DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO – BAIRRO ZILAH SPÓSITO:
6 anos de luta e resistência!
Comemoração do dia das crianças!!!
Sábado, dia 14 de outubro de 2017, de 9:00 às 15 horas.

Local: Rua da Resistência (esquina com Rua Leila Diniz, 286 - ao lado do Instituto Zilah Spósito).

Como chegar: Ônibus 738 (Zilah Spósito) - pegar na Estação Vilarinho e descer no ponto final.

Pontos de referências: Ponto final do ônibus 738 (Rua Seis/Rua Carnaúba/Rua Machado de Assis/Rua Leila Diniz, nº 286), Centro Culural Zilah Spósito, Instituto Zilah Spósito para o Desenvolvimento Humano e Social, Conjunto Zilah Spósito/Bairro Jaqueline, Igreja Santa Beatriz (Paróquia Raimundo Nonato), Região da Isidora, Ocupação Rosa Leão, Belo Horizonte e Santa Luzia/MG.

*Para as pessoas que não são moradores(as): favor levar um quilo de alimento não perecível.

Organização:
Ocupação Helena Greco.
Existe e Resiste desde 2011!

Apoio:
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.

A Ocupação Helena Greco também necessita de outras doações:
- Mantimentos em geral/Leite em caixa/Cestas básicas.
- Acessórios para bebês/fraldas.
- Materiais de limpeza e organização.
- Materiais de higiene, cuidados diários, cosméticos e perfumaria.
- Ferramentas, materiais de utilidade doméstica, acessórios de cozinha, escritório e informática.
- Malas, mochilas e bolsas.
- Kit de primeiros socorros.
- Roupas e calçados.
- Colchões, roupas de cama, mesa e banho.
- Brinquedos.
- Materiais de construção.
- Móveis em geral, eletrodomésticos e eletroportáveis em estado para uso.
- Materiais de esporte e lazer.
- Livros, revistas, material didático e material escolar.
- Contribuição em dinheiro ou depósito (qualquer quantia).
Para fazer doações, informações e agendamento de visistas:
Entrar em contato com a Coordenação da Ocupação Helena Greco através do Celular/WhatsApp: (31) 9 9516 - 7464. 


Participe desta ação de apoio e solidariedade incondicionais!

Lute por esta causa!

O direito à moradia é um dos princípios da luta pelos Direitos Humanos!



Leia também:

CAMISETAS DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO - BAIRRO ZILAH SPÓSITO - BELO HORIZONTE/MG!


- ANIVERSÁRIO DA OCUPAÇÃO - 2015 (NOTÍCIA SOBRE O ANIVERSÁRIO DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO - BAIRRO ZILAH SPÓSITO: 4 ANOS DE LUTA E RESISTÊNCIA)!


- CONVOCAÇÃO PARA O ANIVERSÁRIO DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO - 2015!


- CAMPANHA DE DOAÇÃO PARA A OCUPAÇÃO HELENA GRECO 2015!

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

CENSURA E FASCISMO NÃO PASSARÃO!


NOTA DE REPÚDIO AO OBSCURANTISMO VIGENTE
(censura, reacionarismo, intolerância, fundamentalismo e fascismo)
O fascismo não se discute, se destrói.
Buenaventura Durruti
Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.
Bertold Brecht
        A conjuntura em que vivemos é certamente a mais adversa desde os tempos da ditadura militar (1964-1985). A atual composição do congresso nacional se caracteriza pela inépcia, a corrupção e o reacionarismo extremos. Este congresso é galvanizado pelo obscurantismo insuperável das bancadas Boi/Bíblia/Bala/Jaula. O espúrio governo golpista de Michel Temer (PMDB/PSDB/PSD/PP/DEM/PR/PV/PTB/PPS) constitui o advento do governo direto, sem qualquer tipo de mediação, do mesmíssimo bloco de classes responsável pelo golpe militar (1º de abril de 1964), pela ditadura e pela transição política conservadora: donos de empreiteiras, bancos, oligopólios industriais, latifúndios/agronegócios, mineradoras e oligopólios midiáticos (encabeçados pela Folha de São Paulo e a Rede Globo). Soma-se ainda a hegemonia deletéria de todas as direitas, o protagonismo do fundamentalismo cristão e de protofascistas de todas as espécies, como Bolsonaro (ex-PSC em transição para o Patriota), Feliciano (PSC), Ronaldo Caiado (DEM) e companhia.
        Destacam-se os entusiastas da ditadura militar e aquela bizarra juventude ultraneoliberal que se organiza em grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), o Avança Brasil et caterva. Não percamos de vista que quem lidera o MBL são os arrivistas Fernando Holiday (vereador de São Paulo pelo DEM) e Kim Kataguiri e quem registrou a patente – sendo, portanto, o dono da marca – é Alexandre Frota, ícone do machismo, da LGBTfobia, pregador do estupro, entusiasta da ditadura, astro especialista em sexo explícito.
        A atual política de desmonte dos direitos impetrada pelo governo Temer constitui retrocesso secular: as ditas reformas trabalhista e previdenciária e o obsceno congelamento dos gastos públicos por 20 anos (Emenda Constitucional 95, de 15/12/2016, a emenda do fim do mundo) desferiram golpe fatal contra os(as) trabalhadores(as) e o sistema público de saúde, seguridade social e educação. Trata-se de aumento exponencial da exploração e da opressão, as quais atingem os níveis do início do século passado.
        O país se consolida no pódio como um dos campeoníssimos mundiais em graves violações dos direitos humanos, em concentração de renda e desigualdade social. Temos a quarta população carcerária mundial – maioria absoluta de negros e pobres. Temos a quinta população carcerária feminina. O genocídio do Povo Negro é sistêmico. O racismo é institucional. O governo e o latifúndio/agronegócio praticam também política de extermínio contra os Povos Indígenas, os(as) Quilombolas e os(as) trabalhadores(as) do campo.  A polícia militar brasileira é a que mais mata entre todas as polícias do planeta. A tortura e o desaparecimento forçado continuam a ser sólidas instituições por aqui. As chacinas periódicas praticadas pelo aparato repressivo – no atacado e no varejo – adquirem sistematicidade assustadora. Como se não bastasse, as Forças Armadas são chamadas a reprimir manifestações e a ocupar ruas, cidades, morros e favelas.
        Para completar o quadro, o Brasil é o campeão mundial de crimes contra LGBTs: foram 343 mortes em 2016, uma a cada 25 horas. O país ocupa a quinta posição no ranking global de feminicídio. A situação não é melhor quanto ao número de estupros: segundo dados oficiais, há um estupro a cada 11 minutos e 10 estupros coletivos por dia.  Sabe-se que há subnotificação de pelo menos 30% nesses dados. A tragédia é, portanto, ainda maior.
        O famigerado ovo da serpente shakespeariano/bergmaniano já está fecundo. A defesa explícita da intervenção militar vinda da hierarquia das Forças Armadas é um dos sinais mais eloquentes. As investidas parlamentares e governamentais que levaram à interdição de manifestações artísticas e as tentativas sistemáticas de fazer censura com as próprias mãos por parte do fundamentalismo cristão arrematam o processo. Estão em pauta - além da intervenção militar e do esbulho dos direitos dos(as) trabalhadores(as) - a criminalização da criatividade e do dissenso, a guetização das questões LGBTs, a Escola sem Partido, a cura gay, a aniquilação das religiões de matriz africana. Senão, vejamos.
        No dia 15/09/2017, o general Antônio Hamilton Martins Mourão, em palestra em um clube maçônico de Brasília, pregou abertamente a intervenção militar imediata dizendo: “... a minha visão coincide com a dos companheiros que estão no alto comando do exército”. O general Antônio Mourão está na ativa e ocupa o alto cargo de Secretário de Economia e Finança do Exército. Incontinenti, ele foi contemplado pelo entusiasmo histérico de Jair Bolsonaro. Em seguida, foi respaldado e reforçado por ninguém menos que o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e pela Procuradoria Geral da Justiça Militar. Em 19/09, o general Villas Bôas declarou com a maior desfaçatez: “A possibilidade de intervenções militares ocorre permanentemente, [já que] as Forças Armadas têm mandato para fazer na iminência de um caos”. Trata-se de interpretação selvagem do nefasto artigo 142 da Constituição Federal, o qual atribui às Forças Armadas – que, sabemos, são golpistas por tradição e definição - “a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem” (?????). Aí veio o general Edson Leal Pujol (26/09) que, em palestra a empresários na Associação Comercial de Porto Alegre, incitou “as pessoas insatisfeitas a se manifestarem nas ruas”. O general Pujol almeja, certamente, reedição das infames Marchas da Família com Deus pela Liberdade (19/03/1964 e 08/06/1964), manifestações públicas organizadas com o objetivo precípuo de criar as condições imediatas para o golpe de 1964 e apoiá-lo depois de sua consecução. No dia 28/09/2017, apareceu em Brasília um banner gigante em homenagem ao general Mourão, erguido por guindaste. Desnecessário dizer que o Ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS) tem se mantido calado e submisso aos seus superiores militares.  Mais emblemático ainda é o fato de que a declaração golpista do general Mourão foi dada logo depois de um sinistro Encontro do Alto Comando do Exército em Brasília (11/09) que reuniu seis generais quatro estrelas e a totalidade dos comandantes militares. Pauta: a necessidade de tomada de posição efetiva (leia-se intervenção) dos militares no cenário político brasileiro.  Os três generais citados neste parágrafo estavam presentes.
        Enquanto isto, acontecem os maiores descalabros de norte a sul do Brasil. Em 10/09/2017,   a exposição  Queermuseu, Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, foi cancelada em Porto Alegre/RS pelo Banco Santander a partir de pressões das redes sociais sempre comandadas pelo MBL e fundamentalistas de todos os matizes. Esta exposição mostra obras consagradas de artistas como Portinari, Volpi, Pedro Américo, Lygia Clark, Adriana Varejão, Bia Leite. Mais recentemente (01/10), o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB) vetou a realização da mesma exposição no Museu de Arte do Rio/MAR dizendo que, por conta dele, esta exposição seria jogada no fundo do mar (sic).
        Em 14/09/2017, por iniciativa dos deputados Paulo Siufi (PMDB), Herculano Borges (Solidariedade) e Coronel Davi (PSC), a obra-denúncia intitulada Pedofilia, de Alessandra Cunha, foi apreendida pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente no Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande/MS. Os deputados exigiam ainda que a artista fosse incluída no cadastro estadual de pedófilos, o que obviamente, não aconteceu. A obra de arte voltou para o museu no dia 16/09 sob a classificação de 18 anos.
        Em 15/09/2017, certo juiz chamado Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal, concede liminar que libera a realização de pseudoterapias de reversão sexual (leia-se cura gay). Desde março de 1999, o Conselho Federal de Psicologia/CFP erradicou esta prática (resolução 01/99). Tal liminar atende parcialmente a ação movida contra o CFP pela psicóloga (?) e missionária evangélica fundamentalista Rosângela Alves Justino. Agora fortalecida, ela lidera cruzada contra as medidas progressistas e a política de direitos humanos do CFP.
         Em 22/09/2017, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), bane por decreto (Decreto 16 717/2017) políticas de combate à discriminação de gênero nas escolas municipais da cidade. Suprime as palavras gênero e diversidade sexual do plano de trabalho da Secretaria Municipal de Educação. Tudo isto por pressão da Bancada Cristã, liderada pelo vereador Jair di Gregório (PP). Além disso, tramita na Câmara Municipal de Belo Horizonte, também patrocinado pela Bancada Cristã, projeto de lei (PL 274, de 12/07/2017), que visa a implantação da Escola Sem Partido, assinado por 26 dos 41 vereadores desta bancada. Tal projeto é rejeitado radicalmente por significativa parcela de estudantes, professores(as) e da comunidade escolar. Na semana passada foi rejeitado por unanimidade pela Comissão de Educação, mas sua tramitação em primeiro turno prossegue.
        Em 26/09/2017, a performance de abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira  no Museu de Arte Moderna/MAM de São Paulo sofreu investidas reacionárias do aparato midiático, das redes sociais, de Bolsonaro e do Avança Brasil. Esta performance evoca a obra La bête (O bicho), de Lygia Clark. O Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão corrobora a censura ao MAM em reunião com a Bancada da Bíblia da Câmara Federal liderada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (DEM). O prefeito João Dória (PSDB), espécie de Bolsonaro gourmetizado, e o governador Geraldo Opus Dei Alkmin (PSDB), cada um a seu modo, reforçaram a censura à exposição. É caso de indignação, mas não de surpresa: ao tomar posse, em janeiro deste ano, Dória aniquilou os grafites e pichações das ruas de São Paulo e desencadeou política agressiva de privatização do espaço público e de repressão, criminalização e segregação dos usuários de crack.
        Em 03/10/2017, começa a tramitar na Câmara Federal projeto de lei (PL 8615/17) que visa proibir a profanação de símbolos religiosos (sic) em shows, exposições, espetáculos, apresentações circenses, peças, filmes, músicas, games – ao vivo e em todos os suportes – e garantir classificação indicativa. Esta iniciativa abre ainda mais espaço aos crimes de ódio contra as religiões de matriz africana, demonizadas pelos fundamentalistas.  Só em Nova Iguaçu, nos últimos meses, sete terreiros e centros foram depredados. O projeto de lei é de iniciativa do indefectível pastor Marco Feliciano (PSC), que o apresentou em 19/09, sempre em nome da moral e dos bons costumes. Tal medida remete à política funesta de censura prévia da ditadura militar e lembra o Parenthal Advisory, etiqueta introduzida nos Estados Unidos pela Recording Association of America (1985) e, na Inglaterra, pela British Phonographic Industry (2011). Seus alvos preferenciais são o rock, bandas de metal, punk, hardcore e música negra como o funk, o hip-hop e rap.
        Voltando a Belo Horizonte: em 04/10/2017, o deputado estadual João Leite (PSDB) - candidato derrotado à prefeitura da cidade, mistura indigesta de conservadorismo tucano com fundamentalismo evangélico - investe contra a exposição Faça você mesmo sua Capela Sistina, de Pedro Moraleida (1977-1999). Nesta investida, João Leite faz dobradinha com o já citado Jair di Gregorio, vereador do PP. Este tem mobilizado a Assembleia de Deus da qual é liderança. Ele se autoproclamou “o defensor das famílias de Belo Horizonte”. Os dois parlamentares deram a deixa para uma onda de manifestações fascistas na porta do Palácio das Artes, local da exposição. Chegou-se ao absurdo da detenção pela PM do jovem pedreiro negro Arlee Douglas Rosa (23 anos), que se manifestava a favor da exposição. Arlee foi acusado de... racismo pelo evangélico Ronan Ferreira (25 anos). Quem deu voz de prisão foi o pastor Leonardo Alvim de Melo da Comunidade Evangélica Projeto Viver. Mobilizações de resistência também estão ocorrendo diariamente. Nesta segunda-feira (09/10), acontece uma grande manifestação de repúdio a esta pavorosa escalada reacionária. Em dezembro de 2011, ano da morte de D. Helena Greco, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania realizou pequena mostra independente de obras de Pedro Moraleida como parte da programação Semana Internacional de Direitos Humanos – Casa D. Helena Greco: Espaço de Resistência.
        João Leite e Jair di Gregorio investiram também contra a apresentação em BH da peça O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu, encenada na FUNARTE como parte da Ocupação Transarte, de 05/10 a 08/10. Em setembro, a peça foi proibida por liminar em Jundiaí/SP. A liminar foi cassada em 03/10. Trata-se de monólogo da trans escocesa Jo Clifford, protagonizado pela atriz trans Renata Carvalho. A peça foi encenada em BH sem problemas e com sucesso em 2016.
        Em 06/10/2017, no Rio de Janeiro, a prefeitura Marcelo Crivella interdita o Castelinho de Ipanema impedindo a estreia da Exposição Curto Circuito e das peças Bicha Oca e Nascituros. A Ocupação Oduvaldo Vianna Filho denuncia o sumiço de algumas obras da mostra e tentativa flagrante de criminalizar e guetizar a pauta LGBT, além da criação de preconceitos e disseminação do ódio.
        Aí está um terrível inventário – que não é exaustivo - da escalada do processo de fascistização em curso. Repudiemos alianças com as direitas. À política de terra arrasada dos protofascistas de todos os matizes e às suas pretensões totalitárias nos cabe contrapor um acúmulo que resgate um repertório radical de lutas anticapitalistas, classistas, independentes e emancipatórias. Só assim será possível erradicar as condições favoráveis à eclosão do ovo da serpente: precisamos destruí-las para que a serpente do fascismo cesse de proliferar.     

Liberdade de manifestação e expressão!
Censura Nunca Mais!
Ditadura militar Nunca Mais!
NÃO PASSARÃO!
Belo Horizonte, 9 de outubro de 2017
INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Não Passarão!!!

domingo, 8 de outubro de 2017

PROFESSOR DE GEOGRAFIA É BRUTALMENTE ESPANCADO NO MOVE

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=297936560688904&set=a.113273712488524.1073741827.100014176870398&type=3&theater

NOTA DE REPÚDIO AO CRIME DE HOMOFOBIA E RACISMO POR VIGILANTES DA ESTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO MOVE METROPOLITANO NO DIA 30 DE SETEMBRO DE 2017

Infecciosamente, o inescrupuloso quadro se repete: mais um ser humano, brasileiro, negro, é aviltado, estuprado dos direitos e garantias fundamentais que qualquer sociedade que se diga evoluída democraticamente tem como pilar da sua constituição. Mas parece que a cena é só mais uma nas estatísticas (manipuláveis ideologicamente) de uma nação que tem já na sua gênese o câncer, o tumor maligno do aparato repressor do Estado como “garantia” que salvaguarda o discurso da estabilidade social. E os grandes meios de comunicação de massa, verdadeiras oligarquias culturais, encarregam-se de cimentar nas cabeças dos nem tanto incautos cidadãos brasileiros que a violência desregrada praticada pelos detentores do poder é necessária e, por tanto, natural. Por que só pobres, negros, mulheres, LGBT’s, índios e tantas outras “minorias” estão todos os dias nos holofotes, câmeras e microfones das mídias sensacionalistas? O espetáculo da desgraça é reproduzido à exaustão. Torna-se banalidade, dá Ibope, vendem-se almas, compram-se brasileiros acríticos, passivos, acéfalos – fica mais fácil de governar. Isto é, de se manter o status quo que vigora a mais de quinhentos anos na nossa famigerada “República de Bananas”: a hegemonia de uns pouquíssimos ricos em detrimento da maioria do seu povo, que clama por justiça social mais equânime, verdadeira. Porque a balança da Justiça não é, nem nunca será, ao menos nos moldes do Brasil atual, equilibrada ao ponto de que “todos são iguais perante a lei” (sic). Cantinela falaciosa, hipócrita e altamente imoral, haja vista os notórios e múltiplos casos de desigualdade de tratamento que as instituições sociais dão aos mais ricos em detrimento, puro e vulgar, das camadas mais necessitadas do nosso Brasil.

Repudiamos o fato concreto de uma vítima dessa violência cujas raízes estão inculcadas na já dita sociedade desigual, facínora e autoritária. Mais um negro e gay é vítima brutal de uma ação atroz de tortura por dois seguranças uniformizados, contratados pela empresa Essencial. E estes criminosos não são nem ao menos servidores públicos. São seguranças terceirizados de uma estação de ônibus cuja prestação de serviço é delegada à iniciativa privada por meio de concessão pública. Este mesmo Estado que detém o monopólio da violência, contraditoriamente, aos poucos, vai designando as suas nem tão legítimas prerrogativas de poder de polícia às mais escusas corporações privadas. Em troca da defesa da propriedade, quer dizer, do lucro, à bem-sucedida segurança patrimonial é dada, mesmo que por vias ilegais, a missão de castigar, humilhar e degradar qualquer pessoa, especial e principalmente os historicamente menos favorecidos de direitos.

Não podemos aceitar mais um caso de tortura explícita sem punição exemplar. Não é só mais um ser humano que é crucificado como “escória da sociedade”, acusado como culpado das mazelas que assolam essa terra brasillis. Hipoteticamente,quando alguém diz que não pensava que tal situação de tortura pudesse acontecer consigo ou com alguém próximo, é preciso se ater ao fato que a sua própria omissão em casos similares fomenta o ódio institucionalizado. E essa história já conhecemos e pena que não aprendemos com nossos idos erros: começa um caso aqui, outro ali, outros acolá. Daí, eis o fascismo que, como metástase, eclode e apodrece uma nação que se queira mais justa.

Enfim, nada justifica alguém sendo espancado e mutilado ao ponto de ter que passar procedimento cirúrgico e a ilegalidade do ato (privado) ser elevada a uma ação de redenção com o argumento de que algum cidadão estava cometendo algum ilícito – o que não chegou a se caracterizar como tal, nem justificaria, se fosse o caso, agir ilicitamente para coibir alguma infração. Tenhamos muito cuidado todos nós: as milícias e as ações paramilitares surgem a partir da aceitação velada, tácita, de que somos covardes. Somos?!

Belo Horizonte, 08 de outrubro de 2017

Estudantes do IGC/UFMG reunides

Associação de Geógrafos Brasileiros- Seção Local Belo Horizonte

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

Radio Crua UFMG

domingo, 1 de outubro de 2017

NOTÍCIA SOBRE A MEDALHA DONA HELENA GRECO 2017


ENTREGA DA MEDALHA DONA HELENA GRECO
       Realizada, no dia 29 de setembro de 2017, durante o XII Congresso da Rede 'Carolina Maria de Jesus', a entrega da medalha para militantes de movimentos sociais de Belo Horizonte.
       Lutadorxs que atuam há décadas no movimento sindical, no movimento negro, na defesa dos direitos humanos, na luta por memória, verdade e justiça contra a ditadura militar e ex-presos políticos receberam a Medalha Dona Helena Greco.  
       A comenda é iniciativa do Sind-Rede/BH (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte). Receberam a medalha: Diva Moreira, Gilberto Antônio Gomes (Giba), Gilse Consenza (in memoriam), Heloisa Greco (Bizoca), Henrique Roberti, José Francisco Neres, Maria José da Silva, Oraldo Paiva e Ronald Rocha.
Belo Horizonte, 1º de outubro de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.