domingo, 8 de outubro de 2017

PROFESSOR DE GEOGRAFIA É BRUTALMENTE ESPANCADO NO MOVE

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NOTA DE REPÚDIO AO CRIME DE HOMOFOBIA E RACISMO POR VIGILANTES DA ESTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO MOVE METROPOLITANO NO DIA 30 DE SETEMBRO DE 2017

Infecciosamente, o inescrupuloso quadro se repete: mais um ser humano, brasileiro, negro, é aviltado, estuprado dos direitos e garantias fundamentais que qualquer sociedade que se diga evoluída democraticamente tem como pilar da sua constituição. Mas parece que a cena é só mais uma nas estatísticas (manipuláveis ideologicamente) de uma nação que tem já na sua gênese o câncer, o tumor maligno do aparato repressor do Estado como “garantia” que salvaguarda o discurso da estabilidade social. E os grandes meios de comunicação de massa, verdadeiras oligarquias culturais, encarregam-se de cimentar nas cabeças dos nem tanto incautos cidadãos brasileiros que a violência desregrada praticada pelos detentores do poder é necessária e, por tanto, natural. Por que só pobres, negros, mulheres, LGBT’s, índios e tantas outras “minorias” estão todos os dias nos holofotes, câmeras e microfones das mídias sensacionalistas? O espetáculo da desgraça é reproduzido à exaustão. Torna-se banalidade, dá Ibope, vendem-se almas, compram-se brasileiros acríticos, passivos, acéfalos – fica mais fácil de governar. Isto é, de se manter o status quo que vigora a mais de quinhentos anos na nossa famigerada “República de Bananas”: a hegemonia de uns pouquíssimos ricos em detrimento da maioria do seu povo, que clama por justiça social mais equânime, verdadeira. Porque a balança da Justiça não é, nem nunca será, ao menos nos moldes do Brasil atual, equilibrada ao ponto de que “todos são iguais perante a lei” (sic). Cantinela falaciosa, hipócrita e altamente imoral, haja vista os notórios e múltiplos casos de desigualdade de tratamento que as instituições sociais dão aos mais ricos em detrimento, puro e vulgar, das camadas mais necessitadas do nosso Brasil.

Repudiamos o fato concreto de uma vítima dessa violência cujas raízes estão inculcadas na já dita sociedade desigual, facínora e autoritária. Mais um negro e gay é vítima brutal de uma ação atroz de tortura por dois seguranças uniformizados, contratados pela empresa Essencial. E estes criminosos não são nem ao menos servidores públicos. São seguranças terceirizados de uma estação de ônibus cuja prestação de serviço é delegada à iniciativa privada por meio de concessão pública. Este mesmo Estado que detém o monopólio da violência, contraditoriamente, aos poucos, vai designando as suas nem tão legítimas prerrogativas de poder de polícia às mais escusas corporações privadas. Em troca da defesa da propriedade, quer dizer, do lucro, à bem-sucedida segurança patrimonial é dada, mesmo que por vias ilegais, a missão de castigar, humilhar e degradar qualquer pessoa, especial e principalmente os historicamente menos favorecidos de direitos.

Não podemos aceitar mais um caso de tortura explícita sem punição exemplar. Não é só mais um ser humano que é crucificado como “escória da sociedade”, acusado como culpado das mazelas que assolam essa terra brasillis. Hipoteticamente,quando alguém diz que não pensava que tal situação de tortura pudesse acontecer consigo ou com alguém próximo, é preciso se ater ao fato que a sua própria omissão em casos similares fomenta o ódio institucionalizado. E essa história já conhecemos e pena que não aprendemos com nossos idos erros: começa um caso aqui, outro ali, outros acolá. Daí, eis o fascismo que, como metástase, eclode e apodrece uma nação que se queira mais justa.

Enfim, nada justifica alguém sendo espancado e mutilado ao ponto de ter que passar procedimento cirúrgico e a ilegalidade do ato (privado) ser elevada a uma ação de redenção com o argumento de que algum cidadão estava cometendo algum ilícito – o que não chegou a se caracterizar como tal, nem justificaria, se fosse o caso, agir ilicitamente para coibir alguma infração. Tenhamos muito cuidado todos nós: as milícias e as ações paramilitares surgem a partir da aceitação velada, tácita, de que somos covardes. Somos?!

Belo Horizonte, 08 de outrubro de 2017

Estudantes do IGC/UFMG reunides

Associação de Geógrafos Brasileiros- Seção Local Belo Horizonte

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

Radio Crua UFMG

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