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NOTA DE REPÚDIO AO CRIME DE HOMOFOBIA
E RACISMO POR VIGILANTES DA ESTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO MOVE METROPOLITANO NO
DIA 30 DE SETEMBRO DE 2017
Infecciosamente, o
inescrupuloso quadro se repete: mais um ser humano, brasileiro, negro, é
aviltado, estuprado dos direitos e garantias fundamentais que qualquer
sociedade que se diga evoluída democraticamente tem como pilar da sua
constituição. Mas parece que a cena é só mais uma nas estatísticas
(manipuláveis ideologicamente) de uma nação que tem já na sua gênese o câncer,
o tumor maligno do aparato repressor do Estado como “garantia” que salvaguarda
o discurso da estabilidade social. E os grandes meios de comunicação de massa,
verdadeiras oligarquias culturais, encarregam-se de cimentar nas cabeças dos
nem tanto incautos cidadãos brasileiros que a violência desregrada praticada
pelos detentores do poder é necessária e, por tanto, natural. Por que só
pobres, negros, mulheres, LGBT’s, índios e tantas outras “minorias” estão todos
os dias nos holofotes, câmeras e microfones das mídias sensacionalistas? O
espetáculo da desgraça é reproduzido à exaustão. Torna-se banalidade, dá Ibope,
vendem-se almas, compram-se brasileiros acríticos, passivos, acéfalos – fica
mais fácil de governar. Isto é, de se manter o status quo que vigora a mais de
quinhentos anos na nossa famigerada “República de Bananas”: a hegemonia de uns
pouquíssimos ricos em detrimento da maioria do seu povo, que clama por justiça
social mais equânime, verdadeira. Porque a balança da Justiça não é, nem nunca
será, ao menos nos moldes do Brasil atual, equilibrada ao ponto de que “todos
são iguais perante a lei” (sic). Cantinela falaciosa, hipócrita e altamente
imoral, haja vista os notórios e múltiplos casos de desigualdade de tratamento
que as instituições sociais dão aos mais ricos em detrimento, puro e vulgar,
das camadas mais necessitadas do nosso Brasil.
Repudiamos
o fato concreto de uma vítima dessa violência cujas raízes estão inculcadas na
já dita sociedade desigual, facínora e autoritária. Mais um negro e gay é
vítima brutal de uma ação atroz de tortura por dois seguranças uniformizados,
contratados pela empresa Essencial. E estes criminosos não são nem ao menos
servidores públicos. São seguranças terceirizados de uma estação de ônibus cuja
prestação de serviço é delegada à iniciativa privada por meio de concessão
pública. Este mesmo Estado que detém o monopólio da violência,
contraditoriamente, aos poucos, vai designando as suas nem tão legítimas
prerrogativas de poder de polícia às mais escusas corporações privadas. Em
troca da defesa da propriedade, quer dizer, do lucro, à bem-sucedida segurança
patrimonial é dada, mesmo que por vias ilegais, a missão de castigar, humilhar
e degradar qualquer pessoa, especial e principalmente os historicamente menos
favorecidos de direitos.
Não
podemos aceitar mais um caso de tortura explícita sem punição exemplar. Não é
só mais um ser humano que é crucificado como “escória da sociedade”, acusado
como culpado das mazelas que assolam essa terra brasillis.
Hipoteticamente,quando alguém diz que não pensava que tal situação de tortura
pudesse acontecer consigo ou com alguém próximo, é preciso se ater ao fato que
a sua própria omissão em casos similares fomenta o ódio institucionalizado. E
essa história já conhecemos e pena que não aprendemos com nossos idos erros:
começa um caso aqui, outro ali, outros acolá. Daí, eis o fascismo que, como
metástase, eclode e apodrece uma nação que se queira mais justa.
Enfim,
nada justifica alguém sendo espancado e mutilado ao ponto de ter que passar
procedimento cirúrgico e a ilegalidade do ato (privado) ser elevada a uma ação
de redenção com o argumento de que algum cidadão estava cometendo algum ilícito
– o que não chegou a se caracterizar como tal, nem justificaria, se fosse o
caso, agir ilicitamente para coibir alguma infração. Tenhamos muito cuidado
todos nós: as milícias e as ações paramilitares surgem a partir da aceitação
velada, tácita, de que somos covardes. Somos?!
Belo
Horizonte, 08 de outrubro de 2017
Estudantes do IGC/UFMG reunides
Associação de Geógrafos Brasileiros- Seção Local Belo Horizonte
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
Radio Crua UFMG
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