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quarta-feira, 25 de novembro de 2009
SEMANA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009
CARMELA PEZZUTI: PRESENTE!!!
CARMELA PEZZUTI
Carmela Pezzuti, mulher extraordinária
por ter nascido duas vezes: a primeira, foi em Araxá/MG, em 1926: a segunda,
anos depois, em 1968, quando entrou na organização denominada COLINA (Comando
de Libertação Nacional) que tentava derrubar o regime militar. A partir daí, a
vida de Carmela não foi fácil. Entrava e saia das prisões onde era torturada,
com muita violência, mas os torturadores não conseguiam ouvir de sua boca
nenhuma denúncia que pudesse por em risco a vida de seus companheiros e de seus
filhos.
Seus filhos, Ângelo e Murilo, eram os
meninos com quem ela lutou toda a vida. Mas o que é interessante é que ela
lutou para conseguir a libertação do seu país, com muita coragem e firmeza, sem
nunca perder o gosto pela vida.
Em janeiro de 1969, foi presa pela
primeira vez e levada para a Penitenciária de Mulheres em Belo
Horizonte/MG, onde foi longamente interrogada e posta na “surda”. Foi solta e
saiu em liberdade condicional. Entretanto, seus filhos que também estavam
presos em BH foram transferidos para a Vila Militar no Rio de Janeiro/RJ, onde
sofreram novos interrogatórios, torturas e, em seguida, foram transferidos para
a Penitenciária de Presos Políticos em Juiz de Fora/MG.
A fim de continuar a luta Carmela se
juntou ao grupo Var Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária) no Rio de
Janeiro e com o codinome “Lúcia” foi descoberta e presa em abril de 1970. No
quartel de Polícia do Exército foi duramente torturada com choques elétricos e
espancamentos.
No mesmo ano de 1970 foi seqüestrado o
Embaixador Alemão e, em troca dele foram libertados, entre outros presos,
Ângelo e Murilo. Em dezembro, em troca do Embaixador Suíço, também seqüestrado,
Carmela saiu da prisão banida e exilada para o Chile sem nunca ter sido julgada
e condenada.
No Chile Carmela fez todo tipo de
trabalho, estudou até que chegou o Golpe de Estado em 11 de setembro de 1973,
obrigando-a a se refugiar na Embaixada da Itália enquanto os filhos entravam na
Embaixada do Panamá.
Foi assim que começou a vida de exilada
de Carmela na Itália e dos seus filhos na França. Em Roma ganhava sua vida
trabalhando como esteticista sem deixar de participar dos comitês políticos
italianos e brasileiros. Ia muitas vezes a Paris para visitar os filhos e foi
durante uma destas viagens que Ângelo morreu em um acidente de motocicleta
enquanto voltava para casa após o trabalho. O choque e a dor foram terríveis.
No dia do velório de Ângelo no Père Lachaise reuniram-se os exilados de toda a
Europa para dar a última homenagem ao querido guerrilheiro.
Carmela voltou para Roma destruída
moral e fisicamente, mas continuou a trabalhar levando à frente a luta para
conseguir a Anistia para todos os perseguidos políticos brasileiros. Em 1979
a Anistia foi decretada no Brasil e Carmela voltou ao seu país de origem
deixando em Roma muitos amigos e admiradores que tinha conseguido envolver na
luta para a libertação do seu País.
Em Belo Horizonte trabalhou como
esteticista e como voluntária na Associação de Apoio a Creches Comunitárias –
“Casa da Vovó”. Seu filho Murilo foi para o Mato Grasso onde fundou a
Associação de Apoio às Comunidades Carentes do Mato Grosso. Atendendo ao
chamado de seu filho Carmela foi se juntar a ele em 1984 para desenvolverem o
trabalho com os camponeses, até que no ano 1990 ela assistiu a trágica morte do
seu segundo filho.
Faleceu aos 82 anos, em Belo
Horizonate, no dia 9 de novembro de 2009, deixando muitas saudades e,
sobretudo, exemplo extraordinário de combatividade e coragem para todos aqueles
que a conheceram e acompanharam a sua trajetória de luta.
Texto
enviado pelo Grupo Tortura Nunca Mais/RJ
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Local:
Brasil
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