Neste
1º de maio de 2022, mantém-se em ritmo de escalada o projeto de poder fascista e
ultraliberal do governo genocida Bolsonaro (Partido Liberal)/Mourão (Republicanos).
Sua essência é a tentativa de aniquilação definitiva dos direitos da classe
trabalhadora, de suas conquistas e da memória de suas lutas. O Brasil – que
voltou a ser o país da fome endêmica - se mantém invicto como campeão mundial
em concentração de renda, desigualdade social, letalidade policial e destruição
do meio ambiente. Foi o país que mais arrasou matas primárias em 2021. Tem um dos
maiores índices de desemprego, arrocho salarial, carestia e inflação do mundo. Ao
lado da política de privatização agressiva, a precarização do trabalho foi
agudizada a tal ponto que o salário não é capaz sequer de garantir o mínimo
necessário à sobrevivência física das/dos trabalhadoras/es – 40% da força de
trabalho está na informalidade. Cresceu exponencialmente o número de casos de
trabalho escravo e de trabalho infantil nas cidades, no campo, nas florestas. Nunca
é demais repetir: as principais vítimas são sempre o Povo Negro e os Povos
Indígenas – as mulheres são as mais atingidas. Este é o país que mais mata indígenas
e pratica violências como estupro de mulheres e crianças indígenas no planeta.
É também o país que mais mata defensores dos Direitos Humanos e trabalhadoras/es
rurais em luta contra o latifúndio.
A
necropolítica bolsonarista cumpre à risca os desígnios do ultraliberalismo:
totalitarismo de mercado e terrorismo de Estado constituem a mesma coisa e se
retroalimentam. A metade da população está literalmente a passar fome e quase
2/3 vivem no liminar da linha de miséria. Ao mesmo tempo, o
agronegócio/latifúndio bate sistematicamente os próprios recordes em
lucratividade: latifundiários não produzem alimentos, produzem commodities às
custas da superexploração do trabalho precarizado e do trabalho escravo. Quem
produz alimentos são a agricultura familiar e as/os trabalhadoras/es rurais em
luta pela terra para quem nela trabalha.
Assim como o agronegócio/latifúndio, o
capital financeiro e as gigantes mineradoras e empreiteiras têm obtido lucros
estratosféricos. Quatro bancos do país estão entre os 10 mais rentáveis do
mundo. A genocida e ecocida Vale é a maior mineradora do planeta. Latifúndio,
bancos e gigantes mineradoras e empreiteiras são tributários do genocídio
institucional e do genocídio sanitário – ainda em curso, mas agora naturalizado.
Aqui em Belo Horizonte e em Minas
Gerais, a simultaneidade das recentes greves das/dos trabalhadoras/es em Educação
das redes municipal e estadual do ensino básico e superior (UEMG e UNIMONTES) escancarou
uma realidade nacional: as trabalhadoras/es são consideradas/os inimigas/os pelos
governos e patrões. A prefeitura de Belo Horizonte se recusou a pagar o Piso Salarial
Profissional Nacional determinado constitucionalmente, avançou na ofensiva de
acabar com o plano de carreira da categoria e excluiu totalmente as/os
aposentadas/os do limitadíssimo e insuficiente acordo proposto. O então prefeito
Kalil (PSD) se recusou a negociar, como sempre. No seu último dia na prefeitura,
a tropa de choque da guarda civil municipal espancou ferozmente as/os grevistas
– dezenas ficaram feridas/os, houve risco de morte e prisão do sindicalista
Wanderson Rocha. A mesma coisa aconteceu em 2018, quando as professoras da
Educação Infantil foram espancadas pela tropa de choque da polícia militar. O
novo prefeito Fuad (PSD) mantém a mesma postura. Nomeou para secretaria de
saúde Claudia Navarro, do Conselho Regional de Medicina, a qual tem atuado de
forma eminentemente negacionista, privatista, anti-SUS e contra a luta
Antimanicomial.
O
governo estadual bolsonarista Romeu Zema (Novo) nunca negociou com a categoria
da Educação/MG, desde 2019, quando ele assumiu. Mandou reprimir e espancar grevistas
em todo o estado. Recusou-se a pagar o Piso Salarial Profissional Nacional
diante da luta combativa da categoria, mesmo depois da derrubada de seu veto na
Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em votação quase unânime. Depois da
derrubada do veto, o governador não sancionou a lei e a ALMG a promulgou. Com
isto, Zema judicializou contra o pagamento do Piso. A categoria se mantém em
estado de greve com paralisação e manifestação na Cidade Administrativa/MG no
dia 06/05/2022. Zema empenhou estes quatro anos em sistemática escalada da
privatização e militarização das escolas – parceria com as Forças Armadas e bancos
como o Itaú/Unibanco, o qual está entre os 10 mais rentáveis do mundo. Romeu
Zema tem feito o desmonte e a precarização totais da infraestrutura das escolas,
desqualificando sistematicamente as/os profissionais de ensino.
As greves das/dos trabalhadoras/es em Educação
terminaram, mas as categorias continuam mobilizadas, em luta por seus direitos não
efetivados. Professoras/es da rede particular de Minas Gerais fizeram
assembleia neste sábado (30/04) com indicativo de greve da categoria. Trata-se
da luta contra os péssimos salários e condições de trabalho impostos pelo multimilionário
sindicato patronal.
As/os
metroviárias/os da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), em Belo
Horizonte, continuam em greve desde 21/03. Lutam contra a privatização do metrô
e pela garantia de não demissão de 1.600 trabalhadoras/es concursadas/os,
Privatização e ameaça de demissões constituem iniciativa de Paulo Guedes e Bolsonaro.
Também
as/os servidoras/es públicas/es federais estão em mobilização permanente, com
indicação de greve geral da categoria para maio.
A
luta de todas/os é uma só: o combate à superexploração, ao arrocho, ao
congelamento salariais, à opressão, à fome, ao necroliberalismo. É este o
legado do bolsonarismo: violações dos Direitos Humanos, terrorismo de Estado,
genocídio institucional, ecocídio, privatizações, totalitarismo de mercado.
Trata-se de política fascista de terra arrasada em todos os níveis – método de governo
e política de Estado que têm como núcleo destruição continuada e morte.
Só
a luta combativa e autônoma da classe trabalhadora e demais exploradas/os
poderá combater este legado nefasto. Esta luta é necessariamente Antirracista,
Anticolonial, Antifascista, Anticapitalista. É também Feminista, Antipatriarcal,
Antilgbtqia+fóbica. É preciso resgatar as energias classistas e emancipatórias
da história do Dia Internacional das/os Trabalhadoras/es!
VIVA A LUTA INDEPENDENTE E COMBATIVA DA
CLASSE TRABALHADORA!
POR
UM 1º DE MAIO SEM CONCILIAÇÃO – SEM PELEGO E SEM PATRÃO!
ABAIXO
AS PRIVATIZAÇÕES E O NEOLIBERALISMO!
FASCISTAS
E CAPITALISTAS: NÃO PASSARÃO!
Belo Horizonte, 1º
de maio de 2022
Instituto Helena
Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG