"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

quarta-feira, 29 de março de 2017

EDUCAÇÃO EM GREVE REALIZA NOVO ATO EM BH!

Imagem: Trabalhadores(as) da educação realizaram nova manifestação contra a Reforma da Previdência, em Belo Horizonte/MG, no dia 28/03/2017. 
Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.

NOVO ATO DA EDUCAÇÃO CONTRA A PEC 287, EM BH!
        Realizado, no dia 28/03/2017, em Belo Horizonte/MG, novo Ato público contra a PEC 287 (reforma retrógrada da previdência). O ato foi protagonizado pelos(as) trabalhadores(as) da educação das redes municipal e estadual em greve.
   Após as Assembleias estadual e municipal - realizadas, respectivamente, no pátio da ALMG, na E.M. Marconi e no CREA/MG - milhares de trabalhadores(as) da educação mantiveram-se em greve e uniram-se em ato comum pelas ruas do Centro de BH. Nesta terça-feira, professores(as) de Belo Horizonte, da região metropolitana e de várias cidades do interior estiveram mobilizados contra o governo golpista: Temer sai! Aposentadoria fica!
     Na Assembleia Geral de Greve da Educação Municipal foram deliberados “greve até 31/03 e estado de greve e alerta contra a retirada de direitos”! Foi reiterada a participação em manifestações e foi definido o calendário de lutas.
        Na Assembleia Estadual dos(as) Trabalhadores(as) da Educação de Minas Gerais foram apontados descumprimentos dos acordos por parte do governo do Estado (Pimentel) e avaliada a greve nacional da educação contra a Reforma da Previdência. Foi deliberada greve estadual por tempo indeterminado. Nova assembleia acontecerá no dia 06/04.
        O ato contra as Reformas da Previdência e Trabalhista saiu da Pça da Assembleia, seguiu pela Av. Olegário Maciel, Mercado Central e Av. Amazonas até chegar ao pirulito da Pça Sete. Após uma concentração no pirulito da Pça Sete, o ato seguiu até a Pça da Estação.
        Presenciamos a participação de estudantes, movimentos sociais e organizações políticas de esquerda no ato da educação. A população foi receptiva, transeuntes e motoristas apoiaram, buzinaram e aplaudiram a caminhada dos(as) professores(as). Todas e todos se identificaram e se sentiram contemplados com o alerta da manifestação: Se não lutar, não vai se aposentar!
        Importante lembrar que a realização deste ato coincide com o dia dos 49 anos da morte do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto. Em 28 de março de 1968, durante a ditadura militar (1964-1985), o estudante foi assassinado pela Polícia Militar no restaurante Calabouço, no Rio Janeiro. Na ocasião, estudantes protestavam contra o preço abusivo da comida do restaurante. Após o assassinato de Edson Luís, os(as) estudantes, temendo que a polícia sumisse com o corpo, não permitiram que este fosse levado para o Instituto Médico Legal. Assim, fizeram uma passeata carregando o corpo de Edson até a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde fizeram o velório. Edson Luís de Lima Souto: presente na luta!
        Durante as assembleias municipal e estadual e durante o ato desta terça-feira foram convocados(as) todos(as) para um novo Ato unificado contra as Reformas da Previdência e Trabalhista. Acontecerá na sexta-feira, dia 31/03/2017, às 17h, na Pça da Assembleia. Várias categorias, entidades e movimentos sociais estão mobilizados para este ato. Haverá outras concentrações pela cidade. Todas e todos rumo à greve geral 2017!
 Não queremos o fim da Previdência Social! Aposentadoria é um direito social e humano! Não à PEC 287! Não à Reforma da Previdência!
 Se não se organizar, se não se mobilizar e lutar, não vai se aposentar! Não à retirada dos direitos dxs trabalhadorxs!
 Abaixo o governo Temer e suas reformas retrógradas e reacionárias!
 Pelo fim do terrorismo de Estado, dos governos e do capital!
VIVA A LUTA INDEPENDENTE DA CLASSE TRABALHADORA!
2017: Centenário da Greve Geral no Brasil!
Belo Horizonte, 29 de março de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
 

quinta-feira, 23 de março de 2017

ASSINE PELO AFASTAMENTO DO JUIZ ALCIR

https://www.change.org/p/defensoria-p%C3%BAblica-do-rio-de-janeiro-pelo-afastamento-imediato-do-juiz-federal-alcir-luiz-lopes-coelho?recruiter=142329570&utm_source=share_petition&utm_medium=facebook&utm_campaign=share_for_starters_page&utm_term=des-lg-no_src-no_msg
PELO AFASTAMENTO IMEDIATO DO JUIZ FEDERAL ALCIR LUIZ LOPES COELHO
        Nós, cidadãs e cidadãos brasileiros, que vivemos a ditadura militar e que convivemos com as permanências deste regime de exceção nos dias atuais, repudiamos absolutamente a decisão do juiz federal Alcir Luiz Lopes Coelho relativa à denúncia do agente torturador Antonio Waneir Pinheiro Lima (o “Camarão”) pelos estupros cometidos contra Inês Etienne Romeu na Casa da Morte de Petrópolis, em 1971.
        Repudiamos especialmente a apologia à barbárie vivida por Inês Etienne Romeu na Casa da Morte de Petrópolis, feita por este homem, que ocupa o cargo público de juiz federal, ao insinuar que Inês não seria titular de “direitos humanos de verdade” por ter sido condenada pela Justiça Militar na ditadura.
        Esta decisão judicial, por sua conclusão e seu fundamento, coloca a justiça federal brasileira em pé de igualdade com a força política mais reacionária e bárbara no cenário político brasileiro. Uma força política saudosa da ditadura militar representada, no Congresso Nacional, pelo deputado Jair Bolsonaro, quem também já verbalizou publicamente a aceitação da tortura e do uso do estupro contra mulheres a quem se opõe politicamente. Uma decisão que desconsidera e burla o compromisso do Grupo de Trabalho de Justiça de Transição do MPF que investiga os crimes de lesa humanidade, seus autores e mandantes, cuja identificação e responsabilização permanecem como uma antiga dívida do Estado brasileiro para com a sociedade.
        Sabemos que o poder judiciário não é neutro, como nenhum poder, mas não aceitamos que uma instancia judicial seja ocupada por um senhor que justifica o estupro e a tortura. Não há república que aceite este tipo de posicionamento de uma autoridade pública. Somente em autocracias, como a própria ditadura militar brasileira, este tipo de posicionamento tem lugar.  
        A ditadura utilizou o aparato burocrático do Estado para montar um sistema repressivo que contou com grande contingente de agentes e com centros oficiais e clandestinos de prisão e tortura. Este aparato perseguiu, seqüestrou, torturou, executou e desapareceu com aqueles que julgava serem seus inimigos políticos. A montagem destes centros teve a colaboração direta de civis, como é o caso de Mário Lodders, dono da casa emprestada ao Centro de Informações do Exército (CIE) para a montagem do centro clandestino como a Casa da Morte de Petrópolis. Lá, inúmeras lideranças políticas foram presas, torturadas, mortas e tiveram seus corpos desaparecidos.
        Hoje, a sociedade teve acesso a uma parte dessa engrenagem no Rio de Janeiro, porque Inês Etienne Romeu não somente sobreviveu à barbárie de 19 torturadores, como lutou por seu conhecimento público, mesmo sob risco de vida ao denunciá-la.
        Portanto, considerando a total inadequação do juiz Alcir Luiz Lopes Coelho à função pública que vem exercendo, solicitamos medidas urgentes para o seu afastamento por desconsiderar os princípios elementares dos Direitos Humanos necessários ao processo democrático.
INÊS ETIENNE ROMEU: PRESENTE!
POR MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA!
PELA MEMÓRIA DAS MULHERES QUE LUTARAM E POR NENHUMA A MENOS, SEGUIREMOS!
Fórum de Reparação e Memória do Rio de Janeiro
Coletivo RJ Memória Verdade Justiça
Campanha OcupaDops
Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça RJ.
Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.
Núcleo de Preservação da Memória Política (SP)
Equipe Clínico Política RJ
NAPAVE - Núcleo de Atenção Psico-social a Vítimas da Violência de Estado - RJ
Centro de Direito Humanos de Foz do Iguaçu.
Grupo Tortura Nunca Mais de Foz do Iguaçu.
Rede Internacional de Intelectuais, artistas e Movimentos sociais em defesa da Humanidade - Capitulo Brasil.
Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
Justiça Global
Coletivo Catarinense Memória Verdade Justiça.
Comitê pela Memória Verdade Justiça Ceará.
Fórum Memória, Verdade e Justiça do ES.
Comissão da Verdade, Memória e Justiça do Sindicato dos Jornalistas de Goiás.
Comissão Nacional de Ética da Federação Nacional dos Jornalistas.
Grupo Tortura Nunca Mais – Bahia
Comitê Baiano pela Verdade.
Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro.
Núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio.
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - Belo Horizonte/MG.
Instituto Pacs - Políticas Alternativas para o Cone Sul 
Assine este abaixo-assinado:

- Leia também (NOTA EM DEFESA DE INÊS ETIENNE ROMEU!
NOSSO REPÚDIO À DECISÃO DA 1ª VARA FEDERAL DE PETRÓPOLIS!):

quarta-feira, 22 de março de 2017

REALIZADO NOVO ATO CONTRA AS REFORMAS RETRÓGRADAS EM BH!

Imagem: Trabalhadores(as) da educação e outras categorias escracham o diretório estadual do PMDB durante o Ato contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, no dia 21/03/2017, em Belo Horizonte/MG. Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
NOTÍCIA SOBRE O ATO CONTRA AS REFORMAS DA PREVIDÊNCIA E TRABALHISTA
        Professores(as) das redes municipal e estadual em greve, juntamente com outras categorias e estudantes, realizaram em Belo Horizonte/MG, no dia 21 de março de 2017, o Ato contra as Reformas da Previdência e Trabalhista.  
        O ato, protagonizado por várias categorias, contou com a convocação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE Subsede de Contagem e Sind-UTE Subsede Barreiro); Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH); Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social, Saúde, Previdência, Trabalho e Assistência Social em Minas Gerais (SINTSPREV/MG); Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN); CSP Conlutas/MG (Central Sindical e Popular) e Unidade Classista/MG. 
        A concentração de centenas de trabalhadores(as) foi na Praça da Estação e, em seguida, todos(as) se deslocaram para a sede do diretório estadual do PMDB, no Bairro Santo Agostinho, região Centro-sul de Belo Horizonte. Lá foi realizada uma ocupação temporária, acompanhada de escrachos e protestos contra o PMDB, contra o governo golpista de Michel Temer e suas reformas retrógradas da Previdência e Trabalhista. A Rua Juiz de Fora, juntamente com o espaço físico do diretório do PMDB, foi interditada por manifestantes que seguiram em caminhada fechando as duas pistas da Avenida Amazonas.
      Presenciamos a participação de vários estudantes secundaristas e universitários, movimentos sociais, organizações políticas e outras entidades sindicais solidários aos trabalhadores(as) neste ato. Foi reforçado também que 21 de março é o Dia Internacional de combate ao racismo.
 Não queremos o fim da Previdência Social! Aposentadoria é um direito social e humano! Não à PEC 287! Não à Reforma da Previdência!
 Se não se organizar, se mobilizar e lutar, não vai se aposentar! Não à destruição e à retirada das conquistas e dos direitos dxs trabalhadorxs!
 Abaixo o governo Temer e suas reformas retrógradas e reacionárias!
 Pelo fim do terrorismo de Estado, dos governos e do capital!
VIVA A LUTA INDEPENDENTE DA CLASSE TRABALHADORA!
2017: Centenário da Greve Geral no Brasil!
Belo Horizonte, 22 de março de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

quinta-feira, 16 de março de 2017

LUTA CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA EM BH!

Imagem: concentração, no dia 15/03/2017, de várias categorias para o ato contra a Reforma da Previdência - Pça da Estação em Belo Horizonte/MG. Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.

SOBRE AS PARALISAÇÕES E GREVES CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA
        O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, presente nas manifestações dos dias 8 e 15/março/2017, saúda a todas as categorias envolvidas na luta contra a Reforma Trabalhista e contra o fim da Previdência Social (Reforma Previdenciária – PEC 287).
     No dia 8/03, Dia Internacional da Mulher, houve paralisações e manifestações dos(as) professores(as) das redes municipal e estadual e ato das mulheres em Belo Horizonte/MG. Foi reforçado o chamado para a grande paralisação nacional e ato para a quarta-feira, dia 15/03. Professores(as) da rede estadual de Minas Gerais decretaram greve por tempo indeterminado contra a Reforma da Previdência, pelo cumprimento do piso salarial nacional e pelo cumprimento dos acordos assinados pelo governo do Estado.
     No dia 15/03, houve Greve geral nacional e paralisações. Em Belo Horizonte, presenciamos as manifestações de várias entidades, sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais e organizações políticas. Trabalhadores(as) da educação das redes municipal, estadual e particular, metroviários, metalúrgicos, servidores públicos, trabalhadores dos correios e várias outras categorias protagonizaram e estiveram mobilizados em vários pontos da cidade. Milhares de trabalhadores(as) fizeram uma caminhada que  saiu da Pça da Estação, no Centro e subiu pela Av. Amazonas até o Pirulito da Pça 7 onde fez nova concentração. Em seguida, a caminhada passou pela Pça Raul Soares e chegou até a Pça da Assembleia.
Não queremos o fim da Previdência Social! Aposentadoria é um direito social e humano! Não à PEC 287! Não à Reforma da Previdência!
Se não se organizar, se mobilizar e lutar, não vai se aposentar! Não à destruição das conquistas e dos direitos dxs trabalhadorxs!
Abaixo o governo Temer e suas reformas retrógradas e reacionárias!
Pelo fim do terrorismo de Estado, dos governos e do capital!
VIVA A LUTA INDEPENDENTE DA CLASSE TRABALHADORA!
2017: Centenário da Greve Geral no Brasil!
Belo Horizonte, 16 de março de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
Imagem: Caminhada de várias categorias e movimentos sociais, no dia 15/03/2017, contra a Reforma da Previdência - Av. Amazonas em Belo Horizonte/MG. Foto/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.

29ª MEDALHA CHICO MENDES DE RESISTÊNCIA 2017

Imagem/Fonte: https://www.facebook.com/gtnmrj/photos/a.434333983307811.95763.434209169986959/1383967355011131/?type=3&theater  Evento: https://www.facebook.com/events/392732134442409/



sábado, 11 de março de 2017

EM DEFESA DE INÊS ETIENNE ROMEU!

Companheira Inês Etienne Romeu (1942 - 2015): presente!

 NOTA EM DEFESA DE INÊS ETIENNE ROMEU!
NOSSO REPÚDIO À DECISÃO DA 1ª VARA FEDERAL DE PETRÓPOLIS!
        O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania vem a público manifestar seu mais veemente repúdio à 1ª Vara Federal de Petrópolis/RJ. Em decisão do dia 06/03/2017, assinada pelo juiz Alcir Luiz Lopes Coelho, foi negada a ação penal pelo sequestro e estupro de Inês Etienne Romeu. Tal estupro foi perpetrado pelo torturador de presos(as) políticos(as) Antônio Waneir Pinheiro Lima (codinome Camarão),  paraquedista do Exército.
        Inês Etienne, guerrilheira da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), foi sequestrada pelo aparelho repressivo da ditadura militar, em 1971, e encaminhada à Casa da Morte, Petrópolis/RJ – um dos maiores centros clandestinos de tortura do sistema, coordenado pelo Centro de Informações do Exército (CIE). Lá ela foi confinada e barbaramente torturada durante 96 dias, tendo sido estuprada pelo menos duas vezes.  Inês Etienne foi a única sobrevivente da Casa da Morte onde testemunhou o assassinato de pelo menos 9 companheiros(as). Foi condenada a prisão perpétua. Tornou-se a última mulher a ser solta dos cárceres da ditadura, por comutação de pena, em 1979 – ela não foi contemplada pela Lei 6683/1979, a lei de anistia parcial.
        Ao sair da prisão, Inês identificou e denunciou a Casa da Morte, as torturas e os estupros que sofreu, os assassinatos que testemunhou. Os estupros, no entanto, só passaram a ser investigados em 2013. Inês faleceu em 2015, aos 72 anos de idade. No dia 05/12/2016, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou judicialmente o estuprador.
        No dia 8 de março de 2017 - Dia Internacional da Mulher – veio a público a decisão escabrosa deste juiz Alcir, a qual desvela o reacionarismo e o machismo do judiciário brasileiro. A peça de sua lavra beira o fascismo: criminaliza a vítima; desqualifica o seu testemunho, assim como todas as robustas provas testemunhais, documentais e periciais. Só leva em conta aquilo que foi emanado nos porões da ditadura. Além disso, o juiz destroça o significado de direitos humanos alegando que estes não podem ser brandidos em favor de minorias suspeitas (?) – neste trecho é citado literalmente texto do famigerado Olavo de Carvalho. É explicitada a banalização do estupro, como se algumas mulheres fizessem por merecê-lo.
        O juiz sustenta sua decisão nos indefectíveis e surrados argumentos de prescrição do crime e de que a Lei 6683/1979 anistiou sumariamente, automaticamente e previamente todos aqueles que cometeram crimes contra a humanidade: agentes do Estado que torturaram, estupraram, assassinaram e fizeram desaparecer os corpos de presos(as) sob sua tutela. Tal interpretação equivocada da Lei de Anistia foi positivada pelo Supremo Tribunal Federal com o indeferimento da ADPF 153 (28/04/2010). Esta decisão tem efeito definitivo, não há possibilidade de recursos. A decisão da 1ª Vara Federal de Petrópolis consolida ainda mais a ofensiva do Estado contra a luta por memória, verdade e justiça.  Consolida também a prática de confrontar os preceitos do direito internacional dos direitos humanos: crimes contra a humanidade são imprescritíveis, inafiançáveis e inanistiáveis.
        Cabe recurso contra a decisão escabrosa da 1ª Vara Federal de Petrópolis. O MPF vai impetrá-lo junto ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Há 27 ações penais contra torturadores em andamento, propostas pelos procuradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis, Marabá/PA e Rio Verde/GO. Temos visto, no entanto, que a judicialização destes casos acaba por dar ganho de causa aos torturadores e assassinos da ditadura militar (1964-1985).  No Brasil, nenhum deles sequer chegou ao banco dos réus.  A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi ineficaz no que diz respeito à responsabilização judicial dos crimes contra a humanidade e à questão dos desaparecidos políticos. Daí a importância da continuidade da luta por memória, verdade e justiça também nos espaços extrajurídicos de debate, luta e ação - no chão das ruas.

Pelo direito à História, à Memória, à Verdade e à Justiça!

Nem perdão, nem esquecimento, nem reconciliação: punição para os responsáveis por torturas, mortes e desaparecimentos durante a ditadura militar e para os crimes contra a humanidade nos dias de hoje! Abaixo o terrorismo de Estado e do Capital!

 COMPANHEIRA INÊS ETIENNE ROMEU:
 PRESENTE, HOJE E SEMPRE!

Belo Horizonte, 11 de março de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
À esquerda, a companheira Inês Etienne Romeu; no centro, a Casa da Morte (foto de Custódio Coimbra); à direita, o torturador Antônio Waneir Pinheiro Lima. 








Leia tambémCOMPANHEIRA INÊS ETIENNE ROMEU: PRESENTE NA LUTA! 1942 - 2015: 
 https://institutohelenagreco.blogspot.com.br/2015/05/ines-etienne-romeu-presente-na-luta.html

terça-feira, 7 de março de 2017

8 DE MARÇO/2017

Imagem/Fonte: https://anarquiabarbarie.files.wordpress.com/2015/06/kurdistan_plakat_a3-01_kopie.jpg


8 DE MARÇO DE 2017 – DIA INTERNACIONAL DA MULHER:
                 PELO RESGATE DAS ENERGIAS REVOLUCIONÁRIAS!       

        Este 8 de março de 2017 é emblemático: coincide com o centenário da greve das operárias têxteis de São Petersburgo. No dia 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário russo), as mulheres russas paralisaram o trabalho e ocuparam as ruas exigindo pão e paz, desencadeando o processo da Revolução Russa. Elas o fizeram de maneira absolutamente independente e autônoma: o movimento grevista foi construído à revelia de hierarquias, burocracias e direções masculinas.

        Mais do que nunca, portanto, precisamos resgatar as energias emancipatórias, revolucionárias, classistas, anticapitalistas e internacionalistas das lutas feministas. Não podemos perder de vista que a violência contra as mulheres constitui componente essencial do totalitarismo de mercado, do terrorismo de Estado e do capital.  Estes, que assolam todo o planeta, no Brasil têm sido levados às máximas consequências pelo governo Michel Temer/Henrique Meirelles (PMDB/PSD/PSDB/PP/DEM/PPS/PR/PP/PV/PTB/PSB).

        A chamada política de austeridade e os reajustes previdenciário e trabalhista – carros-chefes deste governo espúrio – buscam promover o maior desmonte de todos os tempos das conquistas das lutas da classe trabalhadora. Trata-se de austeridade para os(as) trabalhadores(as) e esbanjadora opulência para o capital.  Tal iniquidade oprime sobretudo as mulheres.  Elas são atingidas enquanto classe trabalhadora – eterna classe perigosa – e enquanto gênero.  Oprime mais ainda as mulheres negras e indígenas: enquanto classe, gênero e etnia. Neste país o genocídio do Povo Negro e dos Povos Indígenas é sistêmico e institucionalizado e se faz no atacado e no varejo.

        A ofensiva rumo à regulamentação da terceirização/precarização do trabalho – positivação da exploração desprovida de qualquer escrúpulo, limite ou mediação – coloca as mulheres como alvo principal praticamente na letra da lei. A face da precarização e da pauperização daí advinda é feminina. O congresso nacional, dominado pela bancada Boi/Bala/Bíblia/Jaula, tem hoje a composição mais reacionária, patriarcal, racista, machista, sexista e LGBTfóbica, desde os tempos da ditadura militar (1964-1985). Este congresso, juntamente como o apoio incondicional da mídia burguesa, completa o serviço ao buscar aprovar estas medidas e destruir, uma a uma, todas as conquistas do movimento feminista e das comunidades LGBTs. Trata-se de processo contumaz de fascistização.

        Há ainda a questão do trabalho invisível, remunerado ou não. Ele pode ser formal, informal, doméstico ou reprodutivo. O sistema muitas vezes tem a desfaçatez de chama-lo improdutivo, o que representa certamente contradição de termos. Ao fim e ao cabo, ele é fundamental para a reprodução da força de trabalho e do capital. Tal trabalho invisível, atributo feminino por excelência, continua hoje – fim da segunda década do chamado século XXI - a ser um dos grilhões mais hediondos a aprisionar as mulheres. Assim como as instituições lar e família estão entre aquelas que mais as alienam e oprimem. Desnecessário lembrar que as violências de gênero – desde as mal chamadas simbólicas até os espancamentos, mutilações e assassinatos – se dão exatamente no âmbito doméstico. O Brasil é um dos campeões mundiais também em femicídio.

        A cultura do estupro é um desdobramento deste quadro. Está intimamente vinculada à cultura do confinamento e da reificação da mulher, ou seja, da interdição da política. Entenda-se política como capacidade de transformação da realidade através do discurso e da ação. O exercício da política, portanto, só pode se realizar de maneira coletiva, fora dos muros, dos encargos e dos interditos da família e do lar, ou seja, no chão da cidade, das praças, das fábricas, das escolas, das ocupações.

        Aborto livre, seguro e gratuito e direitos sexuais e reprodutivos – que são sempre direitos e nunca deveres, sempre é bom insistir – são questões de princípio, condições imprescindíveis para o processo de desalienação e emancipação das mulheres.  Só a elas compete traçar o próprio destino, se apropriar do próprio corpo e exercer livremente a própria sexualidade. Só a elas compete decidir sobre as próprias entranhas e a própria genitália. No Brasil, estamos no estágio mais atrasado também neste quesito: criminalização pura e simples do aborto imposta pela cultura patriarcal hegemônica – leia-se Estado, Igreja, fundamentalismos cristãos.

        A criminalização dos movimentos sociais, a guerra generalizada contra os pobres e o encarceramento em massa típicos deste Estado Penal que nos oprime a todos também recaem em cheio sobre as mulheres: em 15 anos  (2000-2014) a população carcerária feminina aumentou nada menos do que 567%, enquanto a masculina cresceu 220%. O Brasil ocupa a posição de quarta população carcerária do mundo (cerca de 620 mil pessoas) e quinta posição de população carcerária feminina (37 380 presas em 2014).

        Para dar conta de tudo isto, para além da pressão popular por políticas públicas que contemplem os direitos das mulheres, a luta feminista deve ser travada fora das instituições, de forma independente, autônoma e autogestionária. Faz-se necessário o exercício permanente da desobediência, da insubordinação e da negação resoluta da dominação burguesa, do patriarcalismo, do machismo e do sistema capitalista. Trata-se, portanto, de luta contra-hegemônica e internacionalista. Somente em uma sociedade sem exploradores e explorados(as) poderá ser construída plenamente a auto-emancipação das mulheres.

        Reafirmamos a homenagem que prestamos na nossa nota do Dia Internacional da Mulher de 2016 (Pela radicalização da luta feminista!) ao saudar as mulheres que protagonizaram e protagonizam revoluções e processos emancipatórios ao longo da história: aquelas que construíram a Comuna de Paris (1871); aquelas que se colocaram à frente da Revolução Russa (1917); aquelas que combateram na Revolução Espanhola (1936-1939); as indígenas e as zapatistas do México (EZLN); as guerrilheiras curdas de Rojava - das Unidades de Proteção das Mulheres (YPJ) – que estão a lutar pela emancipação feminina, pelo fim do Estado-nação capitalista e do sistema patriarcal.  E ainda: as mulheres de Bento Rodrigues, Mariana/MG e todas as atingidas pelo desastre provocado pela Samarco/Vale/BHP Billiton (05/10 2015), até hoje sem solução; as companheiras trabalhadoras – pobres, negras e indígenas - que se mantêm firmes na luta cotidiana contra a exploração, a opressão e a repressão. Nossa homenagens ainda às mulheres que tombaram na luta contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985) e nos países do Cone Sul da América Latina.

De 8 de Março de 2016 a 8 de Março de 2017, apesar da situação de barbárie vigente, houve momentos alvissareiros na luta feminista. Saudamos, assim, com muita ênfase, o protagonismo das mulheres nas ocupações de escolas e universidades em todo Brasil; a greve geral de mulheres na Polônia contra a tentativa de imposição de legislação anti-aborto (03/10/2016); a greve geral de mulheres na Argentina contra a cultura do estupro (19/10/2016) com as belas consignas Nem uma a menos e Vivas nos queremos! Os movimentos na Polônia e na Argentina se internacionalizaram, houve manifestações de adesão no mundo todo. Neste 8 de março de 2017 ocorre a Greve Internacional de Mulheres: A LUTA DAS MULHERES É INTERNACIONAL!

- Abaixo o governo Temer e suas reformas previdenciária e trabalhista!

- Todo nosso repúdio à retirada de direitos dxs trabalhadorxs!

- Todo o apoio às trabalhadoras; às moradoras das ocupações, favelas e periferias; às quilombolas e indígenas.

        - Pelo fim dos assassinatos e da violência contra as mulheres! Abaixo o feminicídio, o machismo, a misoginia, a lesbofobia, a transfobia, o sexismo e o racismo!

        - Direito ao aborto legal, seguro e gratuito já!

        - Viva luta feminista revolucionária!

Belo Horizonte, 8 de março de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

 - Leia também: 8 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL DA MULHER: PELA RADICALIZAÇÃO DA LUTA FEMINISTA!

sexta-feira, 3 de março de 2017

AGRADECEMOS PELA ARRECADAÇÃO DE CARNAVAL 2017!

NOSSO AGRADECIMENTO PELA ARRECADAÇÃO NO CARNAVAL!
        Nós, do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, agradecemos a presença e solidariedade de todas e todos para com a nossa entidade durante o carnaval de 2017.  A contribuição de todxs que por aqui passaram viabilizou a arrecadação para o espaço e para a militância.
        Ficamos abertos de sábado (25/02) a terça-feira (28/02), de 12:00 às 22:30 horas, para realizar a “Arrecadação para o Instituto Helena Greco no carnaval!” O nosso objetivo foi servir cervejas, refrigerantes e salgados veganos a preços populares para, assim, arrecadar exclusivamente para a manutenção do espaço e para os gastos com a militância - ou seja, sem fins lucrativos.
        Circularam e estiveram presentes membros de movimentos sociais e de organizações de esquerda, libertárixs, feministas, LGBTs e foliões de várias cidades, estados e países. Houve discotecagem coletiva improvisada de músicas variadas, principalmente samba, Mangue Beat e MPB.
        Desde 2003, O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania tem se mantido, existido e resistido somente com recursos e militância sobretudo dos membros e, também, dos apoiadores e visitantes. Trata-se de uma entidade - espaço e movimento social apartidário - autogestionária, autônoma e independente com relação ao Estado, governos, empresas, patrões, editais e institucionalidade.

        Pelos motivos acima resolvemos realizar no carnaval este tipo de arrecadação. A primeira edição de arrecadação para o Instituto Helena Greco durante o carnaval aconteceu em 2016. Em 2012, nós, juntamente com militantes de vários movimentos sociais e organizações de esquerda, improvisamos um bloco sujo, denominado Bloco Liberdade Ainda que Agora: Batuque pra Zumbi”, que saiu de nosso espaço, localizado em Santa Tereza, rumo ao Centro de Belo Horizonte.  
Imagem: Bloco Liberdade Ainda que Agora: Batuque pra Zumbi em 2012 e Fred - in memoriam (2002 - 2016). 

Agradecemos a todxs xs companheirxs!
Na quarta-feira de cinzas, viramos purpurina...
Belo Horizonte, 03 de março de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania