NOSSO REPÚDIO AOS ATAQUES DE
BOLSONARO
AO DESAPARECIDO POLÍTICO FERNANDO SANTA CRUZ
AO DESAPARECIDO POLÍTICO FERNANDO SANTA CRUZ
O
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania vem a público manifestar
o mais veemente repúdio às abjetas investidas de Bolsonaro contra Fernando
Santa Cruz, Felipe Santa Cruz (presidente da OAB) e seus familiares. O objetivo
destas investidas é o aviltamento da memória dos mortos e desaparecidos políticos e da história de todas/os que combateram a
ditadura militar (1964-1985) e sofreram sua opressão - perseguições, prisões, exílio,
banimentos, torturas, mortes, estupros, desaparecimentos forçados. Elas atingem
sobretudo a valorosa luta permanente dos familiares, os quais até hoje não tiveram o direito ancestral de enterrar
seus entes queridos. É o caso de Elzita Santa Cruz (mãe de Fernando, avó de
Felipe), falecida recentemente aos 105 anos. Por mais de quatro décadas lutou
bravamente pelo esclarecimento circunstanciado da verdade e pelo resgate dos
restos mortais do seu filho. Ela e seus familiares são referência fundamental para
todas/os que travam esta luta.
Fernando Santa Cruz foi militante do
movimento estudantil e da Ação Popular Marxista-Leninista (APML). Era
funcionário público e estudante de direito. A data de seu desaparecimento é 23
de fevereiro de 1974. Neste dia foi preso, juntamente com Eduardo Collier
Filho, pelo DOI-CODI/RJ, um dos principais centros de tortura e extermínio da
ditadura militar. Eduardo Collier também é desaparecido
político.
Bolsonaro mentiu descaradamente ao longo
desta semana. Ao fazê-lo, se colocou como cúmplice e apologista contumaz de
crimes contra a humanidade - portanto imprescritíveis, inafiançáveis e
inanistiáveis: tortura, eliminação de oponentes, desaparecimento forçado. Suas declarações, repetidas à exaustão, se
consolidam como método de governo.
Ainda ao longo desta semana, além das
barbaridades brandidas contra Fernando e Felipe Santa Cruz, Bolsonaro defendeu
o esbulho das terras indígenas nas aldeias Wajãpis no Amapá, banalizou o assassinato
do cacique Emyra, naturalizou o terrível massacre na prisão de Altamira/Pará, apoiou
o trabalho infantil e o trabalho análogo à escravidão. Precarizou as normas de
segurança do trabalho para contemplar o empresariado. Afirmou ainda que sonha
em implantar o trabalho forçado no sistema prisional. Tudo isto em meio ao
avanço no congresso da tramitação do infame projeto de reforma (destruição) da
Previdência Social.
Este quadro constitui a essência do projeto
de poder de Jair Bolsonaro. Por isto ele se cercou de militares, os quais aparelharam
o primeiro escalão e têm cargos em todas as instâncias do executivo. Todos eles
também saudosistas da ditadura militar. Tal projeto de poder tem como
referência os porões da ditadura e como paradigma o arquitorturador Cel. Carlos
Alberto Brilhante Ustra.
O negacionismo histórico é levado às
máximas consequências no governo Bolsonaro. Daí a intervenção pesada na
Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos com o objetivo de aniquilá-la.
Nesta quinta-feira (01/08), quatro de seus membros foram substituídos por
militares e integrantes do PSL. Trata-se de represália: foi esta comissão que
expediu, na semana passada, o atestado de óbito de Fernando Santa Cruz
oficializando – mais uma vez – que ele foi morto sob tortura pelo Estado durante
a ditadura militar, em fevereiro de 1974.
O nefando presidente da república terá
que prestar contas de suas execráveis declarações. A família de Fernando Santa
Cruz tem todo o nosso apoio e solidariedade nas iniciativas encaminhadas neste
sentido. O desagravo definitivo diz respeito à prestação de contas à sociedade
e à História. Isto só será possível com o aprofundamento da luta pelo direito à
História, à Memória, à Verdade e à Justiça, pela abertura dos arquivos da
repressão, pelo desmantelamento do aparato repressivo.
COMPANHEIRO FERNANDO SANTA
CRUZ: PRESENTE!
COMPANHEIRA ELZITA SANTA
CRUZ: PRESENTE!
PELO DIREITO À HISTÓRIA, À
MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!
DITADURA NUNCA MAIS!
ABAIXO O TERRORISMO DE
ESTADO!
FORA BOLSONARO! FASCISTAS
NÃO PASSARÃO!
Belo Horizonte, 2 de agosto de 2019
Instituto Helena Greco de Direitos
Humanos e Cidadania – BH/MG
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