sábado, 1 de maio de 2021

1º DE MAIO DE 2021 – DIA INTERNACIONAL DE LUTA DA CLASSE TRABALHADORA

        Neste 1º de Maio de 2021 foi batido mais um recorde sinistro do projeto genocida do governo de extrema-direita Bolsonaro/Mourão/Guedes/militares: o Brasil ultrapassa a marca de 400 mil vidas perdidas para a COVID-19 e mais de 14 milhões de contágios. As maiores vítimas são as/os excluídas/os históricas/os de sempre: trabalhadoras/es, negras/os, indígenas, as/os moradores de favelas, periferias, quilombos, ocupações rurais e urbanas – alvos principais da violência jurídica e policial sistêmicas.  Genocídio sanitário, genocídio institucional do Povo Negro e dos Povos Indígenas, racismo estrutural e segregacionismo são elementos inextricáveis e essenciais da necropolítica em andamento.

        Este cenário é levado às máximas consequências pelo projeto de poder bolsonarista. Ele é constituído pela combinação de ultraliberalismo (leia-se totalitarismo de mercado) e fundamentalismo cristão. Seus agentes são a burguesia associada ao capital internacional hegemonizado pelo capital financeiro, os empresários, os latifundiários (agronegócio), as empreiteiras, as mineradoras, a mídia corporativa, as Forças Armadas e igrejas evangélicas. A militarização extrema do sistema e a participação orgânica das milícias no governo completam o quadro.

Estes componentes abjetos se complementam e retroalimentam com um objetivo muito determinado: aniquilar definitivamente todos os direitos e conquistas históricas da classe trabalhadora, suas construções políticas de décadas e a memória de suas lutas. A burguesia precisa disto para garantir a realização dos designíos do mercado total: aprofundamento sem limites da exploração e opressão capitalistas. É este o projeto de perenização do crescimento exponencial da acumulação capitalista e sua regulação sem qualquer tipo de entrave aos desígnios do mercado total. Trata-se de método de governo, respaldado por robusto aparato repressivo/jurídico/legislativo/midiático, que só está a crescer.

Em 28 meses, este governo fascista - que tem como referência a ditadura militar e como heróis torturadores contumazes e milicianos sanguinários - tem implementado todas as medidas emanadas da cultura da morte, do extermínio, da destruição, da espoliação da classe trabalhadora.

A infame emenda constitucional do teto de gastos (Temer, 2016) desaguou agora no desmonte total das políticas públicas de saúde, educação, saneamento básico, meio ambiente e seguridade social. Impôs-se ofensiva pesada no sentido da privatização das mesmas, transformando-as em commodities. A chamada reforma trabalhista (ainda Temer, 2016) abriu caminho para a emenda constitucional da reforma previdenciária (Bolsonaro, 2019). Estão dadas as condições para a maior política de precarização das relações de trabalho, aniquilação de direitos adquiridos, arrocho salarial e superexploração das/os trabalhadoras/es desde a ditadura militar. É este o conteúdo da medida provisória (Bolsonaro, 28/04/21) de retomada do programa de corte de jornada para reduzir salário e suspensão de contrato a bel prazer dos patrões. Regressamos às relações trabalhistas do início do século passado. O próximo passo certamente será a tentativa de restauração do trabalho escravizado.

A coisa não para por aí. A política feroz de privatizações não pretende deixar pedra sobre pedra – todo o país está á venda. Foi aberta a porteira até para a privatização absurda da compra das vacinas – único país do mundo a ousar fazê-lo.  A continuidade das ditas reformas – com destaque para as reformas administrativa e tributária –, a obsessão com a tal responsabilidade fiscal para “reorganizar as contas públicas, aumentar a produtividade, sanear o ambiente de negócios e atrair investimentos privados”  escancaram  o que já é sobejamente conhecido: quase dois terços da população vivem no limiar da linha de pobreza e/ou miséria. Sem nunca perder de vista que são as populações negra e indígena as mais atingidas – e são as mulheres as mais vulnerabilizadas. No Brasil, o problema a ser equacionado nem é mais insegurança alimentar, mas fome endêmica mesmo. O país se consolida cada vez mais como um dos campeoníssimos mundiais em concentração de renda confirmando a sua histórica desigualdade intransponível.

Ao aumento exponencial da pobreza corresponde o aumento exponencial do número de bilionários no país com a incrementação obscena da lucratividade e dos dividendos de banqueiros, latifundiários (agronegócios), empreiteiras, mineradoras genocidas, gigantes farmacêuticas, gigantes do varejo. Todos consagrados pelo establishment e pela mídia corporativa como heróis nacionais. Este enriquecimento terrível em cima da penúria geral constitui fenômeno mundial: as 500 pessoas mais ricas do planeta aumentaram suas fortunas em cerca de 10 trilhões de dólares em 2020. Esta gente, portanto, está faturando alto em plena pandemia, ou seja, em cima de milhões de cadáveres e muito sofrimento.

Assim, são os desígnios do mercado total que ditam as normas deste governo genocida e determinam os destinos da classe trabalhadora: as/os trabalhadoras/es dos serviços essenciais – com destaque para garis, correios, transporte público, terceirizados de vários setores e, sobretudo, trabalhadoras/es da saúde – estão submetidas/os à lógica do capital. Da mesma forma, é esta lógica que quer impor a volta às aulas às/os trabalhadoras/es da educação pública – municipal, estadual e federal - sem as mais básicas condições sanitárias para fazê-lo, o que coloca em risco de vida toda a comunidade escolar. É ainda esta lógica que desconstrói as medidas de isolamento físico e proteção individual, as únicas, além da vacinação em massa, que podem mitigar a virulência da COVID-19.

Em Minas Gerais, o governador/empresário bolsonarista Romeu Zema (partido Novo) está a empreender intensa ofensiva de privatização da educação pública. O prefeito/cartola de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) se rendeu à pressão do setor privado para forçar a volta às aulas da rede pública municipal, totalmente fora dos protocolos sanitários.

A própria sobrevivência física da classe trabalhadora está em risco diante de toda esta iniquidade. O emprego está precarizado ao extremo ou simplesmente não existe. A situação é de inflação galopante e carestia dos gêneros de primeira necessidade. Não há vacina, o miserável auxílio emergencial não passa de agressão ao direito à vida, não há perspectiva de renda básica universal, não há perspectiva de taxação das grandes fortunas e dividendos. Não há tampouco possibilidade de quebra de patente das gigantes farmacêuticas – afinal, as vacinas são o grande negócio em tempos de pandemia. As gigantes farmacêuticas que o digam.

Mais do que nunca, portanto, neste 1º de Maio precisamos reafirmar e reforçar o caráter Emancipatório, Internacionalista, Anticapitalista e Antifascista da luta da classe trabalhadora. Esta luta deve ser travada de forma independente, combativa e classista. Precisamos reiterar nossa negação resoluta à política genocida do governo Bolsonaro/Mourão/Guedes/militares. Precisamos exigir: vacina e segurança sanitária para todas/os; renda básica universal e salário mínimo real; fim de todas as medidas de espoliação da classe trabalhadora; volta às aulas só com vacina e total segurança sanitária; combate à concentração de renda e à desigualdade social; erradicação da fome endêmica; fim do genocídio do Povo Negro e dos Povos Indígenas agravados ainda mais durante a pandemia; interdição de remoções, despejos judiciais, extrajudiciais e/ou administrativos nas ocupações rurais e urbanas. O ataque aos direitos da classe trabalhadora constitui gravíssima violação aos Direitos Humanos.

FORA o governo genocida bolsonaro/mourão!

FORA guedes, milícias e milicos!

fascistas NÃO PASSARÃO!

VACINA PARA A GERAL!

AUXÍLIO EMERGENCIAL DE UM SALÁRIO MÍNIMO!

RENDA BÁSICA UNIVERSAL!

PELA CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL!

VIVA A LUTA INDEPENDENTE E COMBATIVA DA CLASSE TRABALHADORA!

Belo Horizonte, 1º de maio de 2021

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG


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