Realizada
grande celebração no Largo do Rosário, patrimônio imaterial do Povo Negro de Belo
Horizonte/MG.
O
Largo do Rosário existia no antigo arraial do Curral Del Rey e foi aniquilado
pela construção de Belo Horizonte. Era situado onde hoje estão os quarteirões
que abrangem a Rua da Bahia com a Rua Timbiras. O largo era composto pela Igreja
Nossa Senhora do Rosário e pelo Cemitério da Irmandade dos Homens Pretos.
Antes
do surgimento de Belo Horizonte, negras e negros eram majoritários. Representavam
77% da população do Curral Del Rey. A população negra, excluída pela Igreja
Católica, criou sua própria fraternidade, a Irmandade Nossa Senhora do Rosário
dos Homens Pretos. A intenção era ter cultos próprios e sepultamentos dignos. O
largo surgiu a partir do início do século XIX. Foi construído com recursos
próprios da fraternidade, a qual teve que se submeter à autorização do rei.
Com
a construção da nova capital, a partir de 1893, muitas edificações e
territórios do Curral Del Rey foram destruídos, inclusive espaços sagrados da
população negra. Além da tentativa de anulação da memória, o racismo e o
elitismo impregnados na nova cidade planejada determinaram segregação absoluta
desta população.
Expulsa
da nova capital, a irmandade negra conseguiu manter seus laços nas periferias.
A Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário - assim
como os demais reinados e congados - mantém viva a História de luta e resistência.
Já
no século XX, em 1923, o arcebispo Dom Cabral proibiu terminantemente que
fossem realizadas cerimônias da Irmandade do Rosário nos templos católicos. Até
hoje, para conseguir licença para a utilização dos espaços das igrejas, a
irmandade precisa enfrentar pesado processo burocrático na hierarquia da Igreja
Católica.
No
sábado, dia 19/11, a partir da forte mobilização do Povo Negro, da pesquisa do
Padre Mauro Luiz da Silva e dos reinados e congados de Belo Horizonte, foi
inaugurada a placa indicativa do Largo do Rosário. Foi um ato simbólico que
oficializa o reconhecimento do local como patrimônio imaterial. Contou com a
participação de reinados e congados. Participaram do cortejo a Guarda de
Moçambique, Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, o Congado
Moçambique de São Benedito, a Comunidade Quilombola Irmandade Os Carolinos e a
Federação de Congados de Minas Gerais.
PELO DIREITO À HISTÓRIA, À MEMÓRIA, À
VERDADE E À JUSTIÇA!
ABAIXO A SEGREGAÇÃO!
PELO FIM DO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO!
VIVA A LUTA ANTIRRACISTA E
ANTICOLONIAL!
VIVA A CULTURA AFRO!
VIVA ZUMBI! VIVA DANDARA!
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