Vivemos
nos tempos sombrios de consolidação do ultraliberalismo cujo verdadeiro nome é
totalitarismo de mercado. A política econômica do governo federal segue à risca
a sua cartilha. O tal arcabouço fiscal aprovado
tem a mesma lógica do famigerado teto de
gastos que propôs substituir. Trata-se da escalada do privatismo sistêmico,
da uberização da força de trabalho, do arrocho salarial. A greve das/dos
trabalhadoras/es das universidades e institutos técnicos federais desvela o
desmonte da educação pública em curso: o governo oferece 0% de reajuste. Não há
perspectiva alguma de negociação.
Fazem
parte deste cenário o desmonte escancarado também das políticas públicas de
saúde, moradia, transporte, saneamento. As contrarreformas fiscal, trabalhista
e previdenciária permanecem em vigor. O infame Novo Ensino Médio coloca em risco a categoria das/dos Trabalhadoras/es
em Educação e a própria Educação enquanto tal.
Vivemos
no país de maior concentração de renda e desigualdade social do mundo. Enquanto
os super ricos auferem os maiores lucros do planeta, a maioria da população se
equilibra no limiar da linha de miséria e da insegurança alimentar. Mais da
metade da força de trabalho está na informalidade. Recebe salários de fome.
Aviltamento das condições de vida e trabalho semelhante à escravidão são
práticas rotineiras.
Em
Minas Gerais, o governador bolsonarista/fascista Romeu Zema (Partido Novo) leva
esta política de destruição às máximas consequências. Tem como método de
governo dar fim aos serviços públicos. A deletéria privatização do Metrô da
Região Metropolitana de Belo Horizonte desencadeou a escalada de sua sanha privatista.
Centenas de trabalhadoras/es foram demitidas/os. Agora ele partiu para cima da
COPASA, CEMIG, GASMIG, CODEMIG e CODEMGE.
Zema sequestrou os recursos do
FUNDEB e interditou o Piso Salarial Nacional da Educação (direito
constitucional). A rede estadual de educação está devastada. As/os Trabalhadoras/es
em Educação têm os piores salários do
país. As Auxiliares de Serviço recebem 900 reais por mês por 30 horas semanais.
Por
sua vez, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) está igualmente
determinado a precarizar e privatizar sem limites as redes municipais de
educação e de saúde. Belo Horizonte tem o pior e mais caro sistema de
transporte público (¿) do país. O projeto ecocida de construção da pista de stock car na Pampulha já provocou o
assassinato de centenas de árvores centenárias em toda a cidade. Os efeitos
deste empreendimento absurdo podem ser irreversíveis em todos os níveis:
qualidade de vida, meio ambiente, biodiversidade, segurança sanitária. Fica
ainda mais evidente que são as grandes empreiteiras e os rentistas que traçam a
política urbana. Esta tem na sua essência os mais extremos privatismo,
higienismo e segregacionismo.
A
luta da classe trabalhadora contra o totalitarismo de mercado, portanto é
estrutural e permanente. Este projeto de destruição e morte atinge mais o Povo
Negro, os Povos Indígenas, as populações periféricas e faveladas. As mulheres
negras são triplamente exploradas – opressão de gênero, de raça e de classe. A
polícia mais letal do mundo mata trabalhadores todo dia – negros e periféricos
sobretudo. As lutas da classe trabalhadora na cidade, no campo e na floresta
são criminalizadas e reprimidas. Aumenta exponencialmente a violência do
Estado, do agronegócio, das empresas mineradoras, das empreiteiras contra os
movimentos que lutam pelo direito à terra para quem nela vive e trabalha e pelo
direito originário à terra dos Povos Indígenas.
Neste 1º de Maio reafirmamos a necessidade de resgatar a ancestralidade combativa e libertária da classe trabalhadora. Prestamos tributo à luta plurissecular do Povo Negro e dos Povos Indígenas contra o colonialismo racista e escravocrata. Prestamos tributo à luta secular da classe operária, alvo das investidas do totalitarismo de mercado. Este procura destruir todas as conquistas da classe trabalhadora desde o início do século passado. Neste país, a tentativa de destruição da memória desta luta é matéria de longa duração.
VIVA A LUTA INDEPENDENTE E COMBATIVA DA CLASSE TRABALHADORA!
VIVA
A GREVE DAS/DOS TRABALHADORAS/ES DAS UNIVERSIDADES E INSTITUTOS TÉCNICOS
FEDERAIS!
PELA REVOGAÇÃO DAS CONTRARREFORMAS NECROLIBERAIS (TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA)!
NÃO
AO ARCABOUÇO FISCAL!
ABAIXO
O NOVO ENSINO MÉDIO!
ABAIXO
AS PRIVATIZAÇÕES!
ABAIXO
O TERRORISMO DE ESTADO E DO CAPITAL!
PALESTINA
LIVRE, DO RIO AO MAR!
Belo Horizonte, 1º de Maio de 2024
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG
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