Nota sobre a prisão de um aluno do Colégio Padre Eustáquio
Belo Horizonte, 29 de novembro de 2012
Belo Horizonte, 29 de novembro de 2012
Na manhã do
dia 30 de novembro de 2012, a Polícia Militar de Minas Gerais-PMMG demonstrou,
mais uma vez, a truculência de seu papel opressivo frente à sociedade de Belo
Horizonte. Um aluno do terceiro ano do ensino médio do colégio Padre Eustáquio
foi preso na porta da escola, de onde acabara de sair – estava, portanto,
uniformizado - sob a alegação genérica e
abusiva de desacato à autoridade. Ele
foi levado algemado para a delegacia. A
tentativa da direção do colégio de impedir a prisão foi em vão. A PMMG não
abriu diálogo, não notificou
os pais do estudante e o levou preso.
O
estudante participava da comemoração do último dia de aula – o último dia que
passaria no colégio. É esperado, então, que todos que passam para outra fase de suas vidas manifestem a sua euforia e a sua
expectativa coletivamente. Juntamente com seus colegas ele pintava o rosto e brincava
com balões de água. A PMMG, cuja prática é caracterizada pela criminalização
dos pobres e de suas lutas, está a criminalizar também o encontro festivo
de jovens estudantes secundaristas – em sua maioria, menores de idade. Os
policiais, Sgt. Edgar, Sgt. Vasconcelos e Sgt. Bárbara, abordaram os
estudantes como se fossem inimigos perigosos: com violência, agressividade,
ameaças. Tal violência remete aos
tempos da ditadura militar: trata-se da interdição do encontro e da
confraternização.
Com a truculência que lhes é peculiar, os policiais
militares chegaram dispostos a expulsar os estudantes da praça contígua ao
colégio. O aluno afirmou que se tratava
de espaço público onde todos, portanto, tinham direito de ficar. Bastou isso
para que os policiais o algemassem e ainda o ameaçassem com espancamento. Os
policiais possuíam cacetetes e estavam prontos para utilizá-los
contra os jovens.
Nós, do
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, repudiamos com
veemência mais esta agressão da PMMG, da mesma forma que temos repudiado a
violência policial cotidiana contra a luta da classe trabalhadora, contra a
juventude negra e pobre, contra os moradores das ocupações, das vilas e
favelas. Nesta semana mesmo houve mais
uma ofensiva sangrenta da Polícia Militar no Aglomerado da Serra, o que deixa
bem clara a ação opressora da PMMG sobre a cidade. É o mesmo princípio:
trata-se da militarização da sociedade e da mais intolerável regulação do
espaço público.
Nós, do
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, manifestamos irrestrita
solidariedade ao estudante preso e a seus colegas e familiares e à direção do
colégio que, com certeza, também foi agredida neste episódio.
Ass.:
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
Abaixo a repressão!
Pelo desmantelamento do
aparato repressivo do Estado!
Abaixo a interdição e
privatização do espaço público!
Pela desmilitarização
da cidade!
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