quarta-feira, 12 de junho de 2013

NOTA DE REPÚDIO À REPRESSÃO CONTRA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Nota de repúdio à repressão contra a população em situação de rua

Belo Horizonte, 12 de junho de 2013

                Nós, do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, manifestamos nosso veemente repúdio à ofensiva do governo municipal de Márcio Lacerda (PSB) e do governo estadual de Anastasia  (PSDB) contra a população em situação de rua de Belo Horizonte.   O Centro Nacional de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis – CNDDH/PSR/CMR registrou dados impressionantes: cem homicídios de moradores de rua em dois anos – trinta em 2011, cinquenta e dois em 2012, dezoito em 2013. Só nesta semana, dois foram assassinados.  Estes dados mostram que cinco por cento da população de rua foram exterminados nesse período.  A população com trajetória de rua tem sido também submetida pelo poder público a saques cotidianos de seus pertences e instrumentos de trabalho.  Rotineiramente sofrem abusos, maus tratos, espancamentos e extorsões por parte das polícias civil e militar e da Guarda Municipal.  Fica evidente, portanto, que a política higienista e segregacionista dos governos municipal e estadual tem sido levada às máximas consequências.

 Além disto, Belo Horizonte mantém sua terrível tradição de grupos de extermínio e de grupos de policiais a paisana que reprimem moradores de rua patrocinados por empresários.   A Polícia Militar de Minas Gerais é das mais violentas do país e a Guarda Municipal tem se mostrado igualmente violenta contra os moradores das ocupações e a população com trajetória de rua.  Há ainda a iminência dos internamentos forçados de usuários de drogas, intenção já declarada pela institucionalidade.  Os chamados grandes eventos esportivos trazem o aprofundamento da política de privatização e expulsão dos pobres da cidade em nome da especulação imobiliária.  Esta política já está consolidada pelos senhores Márcio Lacerda e Antônio Anastasia.  Esta é também a política do governo federal, presidido por Dilma Roussef (PT), que transformou as Unidades de Polícia Pacificadora/UPPs em política de Estado.  As UPPs continuam a fazer o mesmo serviço de repressão e extermínio da população negra e pobre.

O quadro é absolutamente assustador e pode piorar ainda mais. Trata-se da generalização da guerra contra os pobres: as políticas públicas municipais, estaduais e federais têm sido, cada vez mais, informadas por esta prática.  Estamos vivendo, portanto, uma situação de genocídio institucionalizado.  Não podemos tolerar a institucionalização da barbárie, não podemos tolerar o intolerável! 

Somos todas e todos população de rua
e catadores de materiais recicláveis!

Abaixo o aparato repressivo!

Abaixo a política higienista, de segregação e criminalização dos
pobres, praticada por Márcio Lacerda e Antônio Anastasia!

Viva a luta da classe trabalhadora e do movimento popular!

 Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – IHG/BH

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