terça-feira, 5 de maio de 2015

INÊS ETIENNE ROMEU: PRESENTE NA LUTA!


 COMPANHEIRA INÊS ETIENNE ROMEU: PRESENTE NA LUTA!
1942 - 2015
            No dia 27/abril de 2015, a nossa grande companheira Inês Etienne Romeu faleceu, no Rio de Janeiro, aos 72 anos.  Inês Etienne combateu bravamente a ditadura militar à frente das organizações POLOP, VPR e VAR-Palmares.  Ela foi a última mulher presa política a ser libertada no Brasil.  Não foi anistiada pela Lei 6683/1979:   sequestrada pela repressão, em maio de 1971, só saiu da prisão sob liberdade condicional, em setembro de 1979. Em 1972, foi condenada a prisão perpétua, pena que foi depois comutada para 30 anos e, finalmente, reduzida para 8 anos. Esta pena foi cumprida no presídio Talavera Bruce (Bangu/RJ).

            A companheira Inês foi alvo de um dos casos mais impressionantes de toda a história da repressão política no Brasil. Trata-se da única presa política a sair viva da chamada Casa da Morte de Petrópolis/RJ, a qual era operada conjuntamente pelos órgãos de segurança das Forças Armadas – CISA, CIE, CENIMAR E DOI-CODI.  Lá, Inês Etienne foi mantida em cárcere privado e submetida – por 99 dias! - ao horror absoluto de um aparelho montado exclusivamente para trucidar, esquartejar e fazer desaparecer opositores.  Tornou-se testemunha ocular do assassinato sob tortura de, pela menos, 5 companheiros.  Até onde é possível saber – uma vez que os arquivos da repressão ainda não foram abertos – mais de duas dezenas de presos políticos passaram por esta Casa da Morte.

            Em 1981, Inês Etienne conseguiu localizar a Casa da Morte, revelando seu endereço (Rua Arthur Barbosa, 120, Petrópolis/RJ) e a identidade de seu proprietário (Mário Lodders). Identificou também o torturador Antônio Vaneir Pinheiro, que a estuprou, e Amilcar Lobo, o médico (?) que monitorava as torturas. A companheira ajuizou, então, a primeira ação declaratória - cível, portanto, não penal – contra seus torturadores.

            A companheira Inês Etienne, nunca abriu mão do combate contra o aparato repressivo da ditadura.  Continuou lutando mesmo depois do estranho incidente que sofreu aos 61 anos, em 2003, que causou perda de massa encefálica, o que lhe trouxe dificuldades de fala e movimento.   Este incidente nunca foi esclarecido, apesar do relatório médico que aponta “traumatismo craniano devido a múltiplos golpes”.

            Sua coragem, coerência e combatividade é referência para todas e todos que mantêm erguida a bandeira da luta por memória, verdade e justiça e pelo desmantelamento do aparato repressivo.

Belo Horizonte, 5 de maio de 2015.
INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA (IHG-BH/MG)

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