COMPANHEIRA INÊS ETIENNE ROMEU: PRESENTE NA
LUTA!
1942 - 2015
No dia
27/abril de 2015, a nossa grande companheira Inês Etienne Romeu faleceu, no Rio
de Janeiro, aos 72 anos. Inês Etienne
combateu bravamente a ditadura militar à frente das organizações POLOP, VPR e
VAR-Palmares. Ela foi a última mulher
presa política a ser libertada no Brasil.
Não foi anistiada pela Lei 6683/1979:
sequestrada pela repressão, em
maio de 1971, só saiu da prisão sob liberdade condicional, em setembro de 1979.
Em 1972, foi condenada a prisão perpétua, pena que foi depois comutada para 30
anos e, finalmente, reduzida para 8 anos. Esta pena foi cumprida no presídio
Talavera Bruce (Bangu/RJ).
A
companheira Inês foi alvo de um dos casos mais impressionantes de toda a
história da repressão política no Brasil. Trata-se da única presa política a
sair viva da chamada Casa da Morte de
Petrópolis/RJ, a qual era operada conjuntamente pelos órgãos de segurança das
Forças Armadas – CISA, CIE, CENIMAR E DOI-CODI.
Lá, Inês Etienne foi mantida em cárcere privado e submetida – por 99
dias! - ao horror absoluto de um aparelho montado exclusivamente para trucidar,
esquartejar e fazer desaparecer opositores.
Tornou-se testemunha ocular do assassinato sob tortura de, pela menos, 5
companheiros. Até onde é possível saber –
uma vez que os arquivos da repressão ainda não foram abertos – mais de duas
dezenas de presos políticos passaram por esta Casa da Morte.
Em 1981,
Inês Etienne conseguiu localizar a Casa
da Morte, revelando seu endereço (Rua Arthur Barbosa, 120, Petrópolis/RJ) e
a identidade de seu proprietário (Mário Lodders). Identificou também o
torturador Antônio Vaneir Pinheiro, que a estuprou, e Amilcar Lobo, o médico
(?) que monitorava as torturas. A companheira ajuizou, então, a primeira ação declaratória
- cível, portanto, não penal – contra seus torturadores.
A
companheira Inês Etienne, nunca abriu mão do combate contra o aparato
repressivo da ditadura. Continuou lutando
mesmo depois do estranho incidente que
sofreu aos 61 anos, em 2003, que causou perda de massa encefálica, o que lhe trouxe
dificuldades de fala e movimento. Este incidente nunca foi esclarecido, apesar
do relatório médico que aponta “traumatismo craniano devido a múltiplos golpes”.
Sua coragem,
coerência e combatividade é referência para todas e todos que mantêm erguida a
bandeira da luta por memória, verdade e justiça e pelo desmantelamento do
aparato repressivo.
Belo Horizonte, 5 de maio de 2015.
INSTITUTO HELENA GRECO
DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA (IHG-BH/MG)
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