sexta-feira, 30 de agosto de 2019

ATO EM BH - 40 ANOS DA ANISTIA POLÍTICA: A LUTA CONTINUA!

40 ANOS DA ANISTIA – ATO EM BH
        Realizado na quinta-feira, dia 29 de agosto de 2019, em Belo Horizonte/MG, o ato 40 anos da Anistia política: a luta continua! Aconteceu em frente o Memorial de Direitos Humanos (antigo DOPS – um dos maiores centros de tortura da ditadura militar).
        Estiveram presentes familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, banidos, exilados e presos políticos durante a ditadura. Participaram também militantes, entidades de Direitos Humanos, movimentos por Memória, Verdade e Justiça, movimentos sociais, movimento estudantil e sindicatos.
- EM DEFESA DO MEMORIAL DE DIREITOS HUMANOS!
- PELO DIREITO À HISTÓRIA, À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!
- DITADURA E TORTURA NUNCA MAIS!
- PELO DESMANTELAMENTO DO APARATO REPRESSIVO!
- PELO ABERTURA IRRESTRITA DOS ARQUIVOS DA DITADURA!  
- NEM PERDÃO, NEM ESQUECIMENTO, NEM RECONCILIAÇÃO: PUNIÇÃO AOS TORTURADORES E ASSASSINOS DE OPOSITORES DURANTE A DITADURA MILITAR!
- POR UMA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!
Belo Horizonte, 30 de agosto de 2019
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG














quinta-feira, 29 de agosto de 2019

NOTA SOBRE A ANISTIA

40 ANOS DA LEI DE ANISTIA PARCIAL E RESTRITA:
POR UMA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!
        No dia 28 de agosto deste ano a lei de anistia parcial (lei 6683/1979) completou 40 anos. Ela só foi possível a partir de forte pressão dos movimentos de luta contra a ditadura militar (1964-1985), os quais exigiam Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. A ditadura, no entanto, impôs uma anistia restrita e parcial - muitas das vítimas do regime não foram anistiadas. Concedeu, por outro lado, anistia total e automática para os agentes do Estado que perpetraram crimes contra a humanidade: torturas, assassinatos, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres. Tais crimes, todos sabemos, são universalmente inafiançáveis, imprescritíveis e inanistiáveis.
        Nestas quatro décadas, houve conquistas pontuais no que se refere ao direito à História, à Memória, à Verdade e à Justiça. Isto se deu a partir do acúmulo da luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita e pela defesa dos Direitos Humanos. Esta luta foi travada pelo Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), pelos Comitês Brasileiros pela Anistia (CBAs), pelos familiares de mortos e desparecidos políticos, pelos exilados, banidos e presos políticos.
        Trata-se de enfrentamento aberto e direto contra o terrorismo de Estado – processo sem desfecho devido ao avanço da estratégia do esquecimento e da conciliação ao longo do tempo. A formulação dos Comitês Brasileiros pela Anistia sobre o significado da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita permanece atualíssima. São bastante eloquentes estes trechos extraídos das Resoluções do Congresso Nacional pela Anistia realizado em São Paulo, em novembro de 1978:
A anistia pela qual lutamos deve ser Ampla - para todas as manifestações de oposição ao regime; Geral – para todas as vítimas da repressão; e Irrestrita – sem discriminações ou restrições. Não aceitamos a anistia parcial e repudiamos a anistia recíproca. Exigimos o fim radical e absoluto das torturas e dos aparatos repressores, e a responsabilização judicial dos agentes da repressão e do regime a que eles servem.”
“(...) Os movimentos pela anistia entendem claramente que não se trata de reformar o poder judiciário, a legislação eleitoral, a Lei de Segurança Nacional. Impõe-se a supressão do aparato repressivo, a desativação dos centros de tortura, oficiais, clandestinos ou militares. Impõe-se a responsabilização dos que, investidos da autoridade do poder de polícia, têm praticado torturas e assassinatos, impõe-se acabar com a impunidade dos órgãos paramilitares.”
        Sobretudo agora devemos reafirmar estes princípios – nenhum deles foi conquistado até hoje. Vivemos tempos sombrios em que a presidência da república tem como paradigmas um arquitorturador contumaz (Brilhante Ustra), os porões da ditadura e as milícias (sucedâneas assumidas dos grupos de extermínio). Adota a estratégia do esquecimento e do negacionismo como política de Estado. Membros das Forças Armadas – todos entusiastas da ditadura militar – ocupam a maioria dos cargos do primeiro escalão do executivo e se incrustam às centenas em todas as instâncias do governo. A polícia que mais mata no mundo é autorizada publicamente a fazê-lo batendo o próprio recorde de letalidade. Também o número de denúncias de tortura cresce exponencialmente. Consolida-se cada vez mais o genocídio institucional do Povo Negro e dos Povos Indígenas. Os campos e as florestas do país estão sendo literalmente aniquilados. A presidência da república investe diuturnamente contra aquelas/es que considera seus inimigos principais: indígenas, negras/os, mulheres, LGBTQIs, militantes, trabalhadoras/es,  profissionais da educação e da ciência, defensoras/es dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente. Trata-se da reprodução do obscurantismo e da opressão da ditadura militar levada às máximas consequências.
        O dito presidente da república tem dedicado a sua vida a vilipendiar os mortos e desaparecidos políticos e seus familiares. O odioso ataque a Fernando Santa Cruz – a quem fazemos homenagem especial - é exemplo recente desta iniquidade.
        Assim, não estamos a comemorar a lei de anistia parcial e restrita. Estamos, sim, a resgatar a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita: é este o verdadeiro tributo que devemos aos que tombaram na luta contra a ditadura. As companheiras e os companheiros mortos e desaparecidos políticos estão presentes conosco - hoje e sempre!
- PELO DIREITO À HISTÓRIA, À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!
- DITADURA E TORTURA NUNCA MAIS!  
- NEM PERDÃO, NEM ESQUECIMENTO, NEM RECONCILIAÇÃO: PUNIÇÃO AOS TORTURADORES E ASSASSINOS DE OPOSITORES DURANTE A DITADURA MILITAR!
Belo Horizonte, 29 de agosto de 2019
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

ATO 40 ANOS DA ANISTIA POLÍTICA: A LUTA CONTINUA!
Quinta-feira, dia 29 de agosto de 2019
Concentração: às 17h
Em frente ao Memorial de Direitos Humanos (antigo DOPS - centro de tortura da ditadura) - Avenida Afonso Pena, 2351 - Belo Horizonte/MG.

Acesse:

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

ATO 40 ANOS DA ANISTIA POLÍTICA: A LUTA CONTINUA!

40 ANOS DE ANISTIA POLÍTICA: A LUTA CONTINUA!
PARCIAL, MUTILADA: NÃO FOI AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!

        Nesse 29 de agosto de 2019 não estamos comemorando a anistia parcial, estamos lembrando a intensa luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita e a luta contra a ditadura militar (1964-1985). A anistia que veio não foi Ampla, Geral e Irrestrita. Apesar de toda a pressão do movimento popular, o seu texto legal foi imposto pela ditadura (Lei nº 6.683 de 28 de agosto de 1979). Esta institucionalizou a anistia parcial e recíproca. A expressão “crimes conexos”, colocada em seu primeiro artigo, levou a interpretações equivocadas que têm sido usadas para que não se responsabilizem e punam os agentes do Estado que praticaram crimes de lesa humanidade - sevícias, torturas, assassinatos, desaparecimentos forçados. 

     Recusamos terminantemente essas interpretações. Também recusamos a ideia de que houve “dois lados” ou “dupla mão”! Trata-se de crimes de Estado, crimes contra a humanidade. Estes, por definição, são inafiançáveis, imprescritíveis e não passíveis de anistia. Em nome dos familiares dos mortos e desaparecidos políticos, em nome de milhares de brasileiras e brasileiros que combateram a ditadura e, por isso, foram presos, perseguidos, sequestrados, torturados, mortos, desterrados, banidos e exilados, exigimos que se faça justiça! Muitos que lutaram contra a ditadura militar, que foram vítimas do terrorismo de Estado, não foram anistiados. Após 40 anos da lei de anistia parcial, os torturadores e assassinos de opositores ao regime continuam impunes. A questão dos desaparecidos políticos também não foi solucionada.

      Que se abram os arquivos da repressão, que sejam processados todos os agentes de Estado que cometeram crimes de lesa humanidade. O Brasil - que viveu 21 anos de ditadura militar - não suporta mais esse esquecimento, essa impunidade!

        Sabemos que os mecanismos de sevícias e torturas que existiam em nosso país desde a escravidão (mais de 350 anos!) foram aperfeiçoados e institucionalizados pela ditadura. Até os dias de hoje são utilizados nos morros, favelas, delegacias, centros de detenção, penitenciárias, nas florestas e no campo. Seus alvos principais são os Povos Indígenas, o Povo Negro, os(as) trabalhadores(as), os(as) insurgentes e militantes políticos e sociais. Sobretudo os(as) negros(as) e indígenas têm sido sistematicamente dizimados. Isso é genocídio sistêmico!

     É a impunidade dos crimes contra a humanidade de ontem que estimula, naturaliza, banaliza e torna impunes as torturas, execuções, chacinas e massacres do presente! 

        Exigimos um basta a isso!

PELO DIREITO À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!

PELA ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA!

RESPONSABILIZAÇÃO E PUNIÇÃO AOS TORTURADORES!

EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS E DOS MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS!

DITADURA NUNCA MAIS!

Coletivo de organizadores do Ato 40 anos da Anistia Política: a luta continua.

Belo Horizonte, 29 de agosto de 2019
★ ATO 40 ANOS DA ANISTIA POLÍTICA: A LUTA CONTINUA!
Quinta-feira, dia 29 de agosto de 2019
Concentração: às 17h
Em frente ao Memorial de Direitos Humanos (antigo DOPS - centro de tortura da ditadura) 
- Avenida Afonso Pena, 2351 - Belo Horizonte/MG.

Acesse:
https://www.facebook.com/events/2478942705504346/

https://www.facebook.com/events/3530089833683872/

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

TODA SOLIDARIEDADE AOS FAMILIARES DE FERNANDO SANTA CRUZ!

NOSSO REPÚDIO AOS ATAQUES DE BOLSONARO 
AO DESAPARECIDO POLÍTICO FERNANDO SANTA CRUZ
        O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania vem a público manifestar o mais veemente repúdio às abjetas investidas de Bolsonaro contra Fernando Santa Cruz, Felipe Santa Cruz (presidente da OAB) e seus familiares. O objetivo destas investidas é o aviltamento da memória dos mortos e desaparecidos políticos e da história de todas/os que combateram a ditadura militar (1964-1985) e sofreram sua opressão - perseguições, prisões, exílio, banimentos, torturas, mortes, estupros, desaparecimentos forçados. Elas atingem sobretudo a valorosa luta permanente dos familiares, os quais  até hoje não tiveram o direito ancestral de enterrar seus entes queridos. É o caso de Elzita Santa Cruz (mãe de Fernando, avó de Felipe), falecida recentemente aos 105 anos. Por mais de quatro décadas lutou bravamente pelo esclarecimento circunstanciado da verdade e pelo resgate dos restos mortais do seu filho. Ela e seus familiares são referência fundamental para todas/os que travam esta luta.
        Fernando Santa Cruz foi militante do movimento estudantil e da Ação Popular Marxista-Leninista (APML). Era funcionário público e estudante de direito. A data de seu desaparecimento é 23 de fevereiro de 1974. Neste dia foi preso, juntamente com Eduardo Collier Filho, pelo DOI-CODI/RJ, um dos principais centros de tortura e extermínio da ditadura militar. Eduardo Collier também é desaparecido político.
        Bolsonaro mentiu descaradamente ao longo desta semana. Ao fazê-lo, se colocou como cúmplice e apologista contumaz de crimes contra a humanidade - portanto imprescritíveis, inafiançáveis e inanistiáveis: tortura, eliminação de oponentes, desaparecimento forçado. Suas declarações, repetidas à exaustão, se consolidam como método de governo.
      Ainda ao longo desta semana, além das barbaridades brandidas contra Fernando e Felipe Santa Cruz, Bolsonaro defendeu o esbulho das terras indígenas nas aldeias Wajãpis no Amapá, banalizou o assassinato do cacique Emyra, naturalizou o terrível massacre na prisão de Altamira/Pará, apoiou o trabalho infantil e o trabalho análogo à escravidão. Precarizou as normas de segurança do trabalho para contemplar o empresariado. Afirmou ainda que sonha em implantar o trabalho forçado no sistema prisional. Tudo isto em meio ao avanço no congresso da tramitação do infame projeto de reforma (destruição) da Previdência Social.
      Este quadro constitui a essência do projeto de poder de Jair Bolsonaro. Por isto ele se cercou de militares, os quais aparelharam o primeiro escalão e têm cargos em todas as instâncias do executivo. Todos eles também saudosistas da ditadura militar. Tal projeto de poder tem como referência os porões da ditadura e como paradigma o arquitorturador Cel. Carlos Alberto Brilhante Ustra.
        O negacionismo histórico é levado às máximas consequências no governo Bolsonaro. Daí a intervenção pesada na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos com o objetivo de aniquilá-la. Nesta quinta-feira (01/08), quatro de seus membros foram substituídos por militares e integrantes do PSL. Trata-se de represália: foi esta comissão que expediu, na semana passada, o atestado de óbito de Fernando Santa Cruz oficializando – mais uma vez – que ele foi morto sob tortura pelo Estado durante a ditadura militar, em fevereiro de 1974.
        O nefando presidente da república terá que prestar contas de suas execráveis declarações. A família de Fernando Santa Cruz tem todo o nosso apoio e solidariedade nas iniciativas encaminhadas neste sentido. O desagravo definitivo diz respeito à prestação de contas à sociedade e à História. Isto só será possível com o aprofundamento da luta pelo direito à História, à Memória, à Verdade e à Justiça, pela abertura dos arquivos da repressão, pelo desmantelamento do aparato repressivo.
COMPANHEIRO FERNANDO SANTA CRUZ: PRESENTE!
COMPANHEIRA ELZITA SANTA CRUZ: PRESENTE!
PELO DIREITO À HISTÓRIA, À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!
DITADURA NUNCA MAIS!
ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO!
FORA BOLSONARO! FASCISTAS NÃO PASSARÃO!
Belo Horizonte, 2 de agosto de 2019
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG