"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

sábado, 29 de junho de 2024

MANIFESTO: JUSTIÇA PARA MARIA CRISEIDE E WELLINGTON MARCELINO!

No dia 17 de junho de 2024, depois de adiar quatro vezes o julgamento, o Tribunal de Justiça de Minas de Minas Gerais (TJMG) indeferiu a Revisão Criminal que a Defensoria Pública de Minas Gerais havia requerido no processo n. 1.0000.22294061-1/000, de Maria Criseide da Silva e Wellington Marcelino Romana (Marrom). Nove desembargadores e uma desembargadora ignoraram solenemente a evidência de novas provas a favor de Maria Criseide da Silva e Wellington Marcelino. Apenas um, o relator, desembargador Doorgal Borges de Andrada, votou a favor do deferimento da Revisão Criminal considerando, sim, que há novas provas e que o processo que os condenou deve ser revisto. A inocência de Maria Criseide e Wellington Marcelino, portanto, deveria ser declarada. O TJMG, ao indeferir esta Revisão Criminal, confirmou injustamente a validade de um processo sumário e fraudulento, eivado dos mais escabrosos erros, irregularidades, perversidades e falsidades. Tal processo condenou, em 2014, Maria Criseide e Wellington Marcelino a 15 anos de prisão por um crime de homicídio que não cometeram.

Repudiamos veementemente esta decisão do TJMG. Trata-se mais um erro execrável levado a cabo pela justiça burguesa operada por homens brancos, ricos, racistas, patriarcais, misóginos e reacionários. Sua função precípua é salvaguardar a propriedade privada capitalista, o latifúndio, o capital. Maria Criseide e Wellington são inocentes. Foram condenados por conta da sua trajetória de luta permanente pela terra para quem nela vive e trabalha, pela moradia, pelos Direitos Humanos. Estavam há tempos jurados de morte pelos empreiteiros e latifundiários do Triângulo Mineiro – um dos maiores redutos do agronegócio do país.

Por causa de sua coerência e combatividade, desde 2014 Maria Criseide e Wellington têm enfrentado terrível jornada de horrores perpetrada pela justiça burguesa.  Até agora cumpriram três anos e oito meses de sua sentença, a maior parte do tempo em Uberlândia/MG: Maria Criseide na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga e Wellington no Presídio Professor Jacy de Assis. Na prisão foram torturados física e psicologicamente. Dentro da penitenciária, Maria Criseide foi colocada em cativeiro clandestino junto com outra mulher. Aí ambas foram sistematicamente espancadas e estupradas pelo policial penal Wendel de Souza, chefe dos agentes penitenciários.  Por dois anos Maria Criseide foi privada de banho de sol e alimentação minimamente suficiente.  Passou 15 dias sem tomar banho e sem luz elétrica.

Maria Criseide e Wellington sofreram nos seus corpos o cotidiano das prisões deste país: superlotação, torturas, estupros, assassinatos por espancamentos ou negligência, tratamentos cruéis, desumanos e degradantes. Aguardaram em liberdade o julgamento da revisão criminal graças a um alvará de soltura determinado pelo desembargador Doorgal. Agora já pesa sobre eles um mandado de prisão com validade de 20 anos! Além do habeas corpus, os companheiros ainda têm direito a recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a cortes internacionais.

Foram condenados porque não negociam princípios, não abrem mão da luta pelos Direitos Humanos, por uma sociedade justa e igualitária. Reafirmam sempre a convicção de que nem o Estado nem ninguém tirarão deles sua dignidade e sua história de vida e de luta. São vítimas do terrorismo de Estado e do Capital. É o Estado que comete crimes contra a humanidade.

Exigimos não só a revisão criminal do processo abjeto que os condenou como também a reversão de sua sentença. São inocentes e correm risco de morte fora e dentro da prisão, caso sejam presos novamente: não podem definitivamente voltar para as masmorras que os trucidaram.  Precisamos fortalecer a rede de solidariedade à companheira Maria Criseide da Silva e ao companheiro Wellington Marcelino Romana.

Belo Horizonte, junho de 2024

- Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - BH/MG

- Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

- Pastoral Carcerária de Minas Gerais

- Assessoria Popular Maria Felipa - BH/MG

- Fórum Mineiro de Saúde Mental

- Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Local BH

- Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB/MG)

- Movimento de Mulheres Olga Benário/MG 

- Grupo Tortura Nunca Mais/RJ

- Grupo de Trabalho Mulheres e Meninas Privadas de Liberdade do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro

- Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos

- União de Mulheres de São Paulo

- Associação Brasileira dos Advogados do Povo (ABRAPO)

- Liga dos Camponeses Pobres (LCP)

- Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz - Arquidiocese de Belo Horizonte/MG

- Diretoria de Inclusão da Ordem dos Advogados do Brasil/MG

terça-feira, 11 de junho de 2024

JUSTIÇA PARA MARIA CRISEIDE DA SILVA E WELLINGTON MARCELINO ROMANA

A trajetória e a jornada de horrores enfrentada por Maria Criseide da Silva e Wellington Marcelino Romana por conta da sua combatividade e coerência estão imbricadas: são companheiros inseparáveis de vida e de luta. Começaram a militância muito jovens no Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, um dos maiores redutos do agronegócio do país.

Maria Criseide da Silva tem origem cigana. Começou sua militância em 2001 no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Ocupação Emiliano Zapata (hoje Assentamento Florestan Fernandes), em Uberlândia/MG. Aí conheceu e se casou com o companheiro Wellington Marcelino Romana, em 2005.  Ele assumiu e ajudou-a a criar seus três filhos.  

Wellington, conhecido como Marron, iniciou sua militância ainda adolescente, em Uberaba/MG, nas comunidades pobres, nos movimentos de favelas, no hip hop e nas rodas de samba.  Participou do movimento negro a partir da escola de samba e dos centros de culto de matriz africana da comunidade.  Integrou o MST na ocupação da Fazenda Saudade, em Santa Rosa/Uberaba. Esta foi brutalmente despejada pelo então governador Aécio Neves (PSDB/MG). Os trabalhadores sem terra despejados foram para Uberlândia. Lá se estabeleceram na Ocupação Emiliano Zapata.

De 2005 em diante, Wellington e Maria Criseide continuaram juntos na luta permanente por terra, moradia e pelos Direitos Humanos. Em 2011 participaram da criação do Movimento dos Sem Teto do Brasil (MSTB). Juntamente com 2.350 famílias fundaram o Acampamento Glória/Élisson Pietro, em Uberlândia, o maior da América do Sul. Enfrentaram fazendeiros, multinacionais e grandes construtoras – o latifúndio e a especulação imobiliária.

Em 2014, Maria Criseide e Wellington foram condenados a 15 anos de prisão por um homicídio que não cometeram. Sofreram inquérito e processo sumários e fraudulentos, eivados dos mais escabrosos erros, irregularidades e falsidades - processo farsesco levado a cabo pela justiça burguesa sempre a serviço da propriedade e do capital. Wellington e Maria Criseide já estavam há tempos jurados de morte pelos latifundiários e empreiteiros da região. 

No dia 13/03/2020, depois de seis anos de clandestinidade, foram presos em Goiás.  Um ano e quatro meses depois foram transferidos para Uberlândia: Maria Criseide para a Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga e Wellington para o Presídio Professor Jacy de Assis.

Permaneceram lá por dois anos e quatro meses. Foram torturados física e psicologicamente. Maria Criseide foi colocada em cativeiro clandestino dentro do sistema prisional - juntamente com Camila, sua colega de cela. Ficaram quase dois anos sem banho de sol e sem alimentação minimamente adequada.  Passaram 15 dias sem tomar banho, sem eletricidade e sem a luz do sol. Foram espancadas e estupradas pelo policial penal Wendel de Souza, chefe dos agentes penitenciários.

Maria Criseide e Wellington sofreram nos seus corpos o cotidiano das masmorras deste país: superlotação, torturas, assassinatos por espancamentos ou negligência, tratamentos cruéis e degradantes. Estão agora em liberdade graças a um alvará de soltura enquanto aguardam a revisão criminal de seu processo. São inocentes: foram condenados porque não negociam princípios, não abrem mão da luta pelos Direitos Humanos, por uma sociedade justa e igualitária. Reafirmam sempre a convicção de que nem o Estado nem ninguém tirará deles sua dignidade e sua história de vida e de luta.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) já adiou quatro vezes o julgamento desta revisão criminal – o que prolonga a tortura psicológica dos companheiros os colocando em situação permanente de extrema ansiedade. Finalmente, está agora marcado o julgamento para o dia 17/06/2024, às 13h. Exigimos justiça para Maria Criseide e Wellington: que sua inocência seja confirmada juridicamente.

Solicitamos a todes que enviem e-mails exigindo justiça para Maria Criseide e Wellington aos desembargadores do TJMG que farão o julgamento da revisão criminal. Seguem os endereços e uma proposta de texto.

·        Proposta de texto:

Prezado Dr. xxx, boa tarde!

Nós, da ................................................................................., estamos acompanhando com atenção o julgamento da Revisão criminal nº 2940611-30.2022.8.13.0000 do processo de MARIA CRISEIDE DA SILVA e WELLINGTON MARCELINO ROMANA.

Somos inteiramente solidários com Maria Criseide e Wellington. Temos certeza que a justiça se fará presente do lado deles.

Ass.:........................................................

·        E-mails dos desembargadores:

2º Cartório de feitos especiais: segundocafes@tjmg.jus.br

Desembargador relator - Doorgal Borges de Andrada: gab.doorgalandrada@tjmg.jus.br

Desembargador revisor - Julio Cesar Lorens: gab.jclorens@tjmg.jus.br

Desembargador vogal - Correa Camargo: gab.correacamargo@tjmg.jus.br

Pedimos que copiem o escritório do advogado de defesa no e-mail: gregadvogados@gmail.com

Belo Horizonte, 11 de junho de 2024