"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

SEMANA DA ANISTIA 2023

*31 DE AGOSTO, ÀS 14H, NA ALMG – Audiência Pública – Semana da Anistia: relembrando a história, valorizando a Democracia (Auditório José Alencar - Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho – Belo Horizonte/MG)

- Convidadas/os da audiência pública:

Jarbas Soares Júnior

Procurador-Geral de Justiça - Ministério Público de Minas Gerais

Ângelo Giargini de Oliveira

Procurador da República

Nilmário Miranda

Chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos

Sérgio Rodrigues Leonardo

Presidente - Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Minas Gerais

Maria Emília da Silva

Comissão de Anistia 2023; Coordenadora do Programa Estadual de Proteção a Defensores de Direitos Humanos - Instituto DH: Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania

Gildásio Westin Cosenza

Conselheiro do CONEDH; Ex-Preso Político; Membro da Comissão da Verdade dos Trabalhadores em Minas Gerais. Representando Robson Sávio Reis Souza - Presidente - Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos

Alberto Betinho Duarte

Representante do Comitê Brasileiro pela Anistia/MG

Leonardo Péricles Vieira Roque

Presidente - Unidade Popular pelo Socialismo (UP)

Heloisa Amelia Greco (Bizoca)

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

*01 DE SETEMBRO, ÀS 11H, NA FACE/UFMG – Semana da Anistia homenageia João Batista Drumond, assassinado no DOI-CODI de São Paulo, em 1976 (Auditório Professor Rodrigo Ferreira Simões - Avenida Presidente Antônio Carlos, 6.627, Campus Pampulha - Belo Horizonte/MG)




segunda-feira, 28 de agosto de 2023

44 ANOS DA LEI DE ANISTIA PARCIAL E RESTRITA: PELA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!

Hoje, 28 de agosto de 2023, a lei de anistia parcial (lei 6683/1979) completa 44 anos. Ao longo destas quase quatro décadas e meia temos repetido à exaustão: não é data a ser comemorada, mas denunciada. Esta lei constitui imposição da ditadura militar (1964-1985) na sua investida para esvaziar a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. A lei 6683/1979 foi forjada a partir da Doutrina de Segurança Nacional, arcabouço ideológico do regime. Esta determina a eliminação dos inimigos internos. Eram considerados inimigos internos todas/os que ameaçavam ou poderiam vir a ameaçar o binômio Desenvolvimento e Segurança – lema da ditadura. É este o projeto burguês de modernização, aceleração e aprofundamento da acumulação capitalista. Isto se deu às custas de muita opressão, exploração e repressão. Às custas de censura, perseguições, cassações, sequestros, prisões, torturas, desaparecimentos forçados, eliminação em massa de indígenas e trabalhadores do campo. Às custas  de muito sangue. Tortura e desaparecimentos tornaram-se políticas de Estado.

A lei 6683/1979 determina que a anistia é parcial e restrita para as vítimas da ditadura. E é instantânea e total para seus algozes: todos os agentes do Estado que sequestraram, torturaram, estupraram, assassinaram, esquartejaram e fizeram desaparecer os corpos daqueles considerados inimigos internos. Trata-se de crimes contra a humanidade. São, portanto, inanistiáveis, imprescritíveis e inafiançáveis segundo o direito internacional dos Direitos Humanos – só que não neste país.

A exiguidade da lei de anistia cristalizou-se ao longo da transição a partir de 1985, quando o último general-ditador deixou o poder. Transição que se deu sem ruptura, a partir de um pacto entre as forças armadas e a burguesia – até hoje em vigor. Pacto do silêncio que carrega em seu bojo a estratégia do esquecimento e o negacionismo histórico. Foi imposta, então, a narrativa da reciprocidade e da auto-anistia em nome da necessidade da reconciliação nacional. Em 2010, esta infame interpretação da lei de anistia foi positivada pelo Supremo Tribunal Federal, com o indeferimento da ADPF 153. Aí foi consolidada a inimputabilidade automática e definitiva – ou seja, a auto-anistia - dos agentes do Estado que perpetraram crimes contra a humanidade.

Temos, no entanto, muito a resgatar nesta data: a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Esta foi protagonizada pelo Movimento Feminino pela Anistia (a partir de 1975); pelos Comitês Brasileiros pela Anistia (a partir de 1977); pelo conjunto das pessoas presas políticas, banidas e exiladas; pelas/os familiares das pessoas mortas e desaparecidas políticas. Foi movimento de massas com amplo apoio do operariado, dos movimentos populares e de todas/os que lutavam contra a ditadura. O Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (1978) teve papel de destaque nesta luta. Reforçou a inclusão da luta contra a repressão policial institucionalizada – esta que matava e mata preto e pobre todo dia - na Carta do Congresso Nacional pela Anistia (São Paulo, novembro 1978).

Os princípios da luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita continuam valendo até hoje. Não houve o esclarecimento circunstanciado das mortes e desaparecimentos. Os familiares dos desaparecidos políticos não puderam exercer o direito ancestral de enterrar seus entes queridos. A nossa lista de mortos e desaparecidos é drasticamente lacunar: nela não constam os nomes nem as histórias dos milhares de indígenas exterminados pela ditadura, nem dos milhares de trabalhadores do campo trucidados no período. Não houve a abertura irrestrita dos arquivos da repressão. Não houve “o fim radical e absoluto das torturas e dos aparatos repressores, e a responsabilização judicial dos agentes da repressão e do regime a que eles servem”, como exigia o documento de 1978 citado.

O aparato repressivo continua montado e tem sido incrementado no país campeão mundial em letalidade policial. A tortura e os desaparecimentos forçados continuam sistêmicos. São estruturais e institucionais o racismo e o genocídio do Povo Negro e dos Povos Indígenas. Este é o país das chacinas periódicas: a polícia cada vez mais mata pobre, preto e criança todo dia. Nos últimos 30 dias o número de chacinados – na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo - ultrapassou as cinco dezenas. No dia 17/08 Bernadete Pacífico foi trucidada com 22 tiros, no Quilombo Pitanga dos Palmares, Salvador/BA. Era liderança histórica do candomblé e da luta pela demarcação de terras quilombolas. Estava jurada de morte por fundamentalistas, latifundiários e empreiteiros.

Certamente houve avanços pontuais na luta por Memória, Verdade e Justiça nestes 44 anos que nos separam da promulgação da lei 6683/1979. Alguns são bastante significativos. Todos eles são devidos à mobilização permanente dos movimentos de Direitos Humanos. Mesmo depois da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014), no entanto, os nós górdios apontados acima continuam atados. Houve o tempo todo também derrotas e recuos - sobretudo nos quatro anos (2019-2022) de governo fascista escancarado que atende pelo nome de bolsonarismo. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, conquistada a duras penas pelos familiares e pelos movimentos sociais (lei 9140/1995), cancelada pelo governo Bolsonaro, ainda não foi restaurada.

Exatamente neste 28 de agosto acontece, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a escabrosa homenagem armada pelo governador fascista Romeu Zema (Partido Novo) ao seu nefando colega  genocida, o fascista Jair Bolsonaro (PL). Este receberá o título de cidadão de Minas Gerais (???). Zema e Bolsonaro são racistas e antipovo. Ambos são entusiastas da ditadura militar. Bolsonaro têm como paradigmas milicianos sanguinários e Carlos Alberto Brilhante Ustra, o único torturador condenado em ação declaratória com trânsito em julgado. A palavra repúdio não é suficiente para expressar nossa indignação diante de tamanha desfaçatez. Fora Zema, fora Bolsonaro!

A luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita é referência obrigatória para a luta pelos Direitos Humanos. Ao resgatá-la, reafirmamos o tributo que devemos a todas/os que tombaram na luta contra a ditadura. Estendemos este tributo a todas/os que combateram e continuam a combater o fascismo e o terrorismo de Estado. Nossa solidariedade às vítimas da violência policial e seus familiares.  

PELA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!

DITADURA E TORTURA NUNCA MAIS!

PELO DIREITO À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!

PELO FIM DO APARATO REPRESSIVO!

FASCISTAS: NÃO PASSARÃO!

Belo Horizonte, 28 de agosto de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG


sexta-feira, 25 de agosto de 2023

★ ATO DOS MOVIMENTOS NEGROS CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL

Realizado, em Belo Horizonte, dia 24/08/2023, manifestação nacional contra o genocídio do Povo Negro e por justiça para Mãe Bernadete, para Binho do Quilombo e para tantas pretas e pretos executados. “Nossas Crianças e o Povo Negro querem viver!”

O ato Antirracista teve início na Praça Sete, na região central. Seguiu em passeata pela Avenida Amazonas até a Praça Raul Soares.

Contou com diversos militantes de Direitos Humanos, Antifascistas, Anticapitalistas e sindicalistas.














PELO FIM IMEDIATO DAS OPERAÇÕES E INVASÕES POLICIAIS NAS COMUNIDADES!

PELO FIM DAS CHACINAS E DO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO!

PELO DESMANTELAMENTO DE TODO APARATO REPRESSIVO!

PELA REPARAÇÃO DAS VÍTIMAS DO TERRORISMO DE ESTADO!

#justiçaporbernadeteebinho #chegadechacina

Belo Horizonte, 25 de agosto de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG


quarta-feira, 23 de agosto de 2023

TODO APOIO À JORNADA DOS MOVIMENTOS NEGROS CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL

ATO NACIONAL EM BELO HORIZONTE:

🗓️ Quinta-feira, dia 24/08/2023, às 17H30

📍 Praça Sete, Centro – BH/MG

Pelo fim imediato das operações e invasões policiais nas comunidades!

Pelo fim das chacinas e do genocídio do Povo Negro!

Pelo desmantelamento de todo aparato repressivo!

Pela reparação das vítimas do terrorismo de Estado!

#justiçaporbernadeteebinho #chegadechacina




★ AULAS DE YOGA

Quartas-feiras – de 19:00 às 20H30

VALOR: R$ 65,00 mensais

LOCAL/ENDEREÇO: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - Rua Hermilo Alves, 290, Santa Tereza - BH/MG

 INFORMAÇÕES/ACESSE:
@shirley.rodrigues.70
(Professora de Yoga, Dançarina Afro, Filósofa)

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

★ AULAS DE CAPOEIRA ANGOLA

Aulas às terças e quintas
– de 19:00 às 21H

AULA INAUGURAL: dia 17/08/2023 (quinta-feira)

RESPONSÁVEL: Ricardo Manaus (Casa de Angola)

LOCAL/ENDEREÇO: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - Rua Hermilo Alves, 290, Santa Tereza - BH/MG

INFORMAÇÕES/ACESSE:
@casaangola

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

★CAPOEIRA ANGOLA

TREINOS:

Segunda-feira – de 15:00 às 16h30

LOCAL/ENDEREÇO:

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania 

Rua Hermilo Alves, 290 - Santa Tereza - Belo Horizonte/MG

ORGANIZAÇÃO:

Treinel Carem (Grupo Chora Viola – Mestre Fábio)

TREINO INAUGURAL:

Segunda-feira, dia 14/08/2023 – 15H

INFORMAÇÕES/ACESSE:

@caremabreu

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

SEMANA DE HUMANAS 2023 - Diversificando a Diversidade

Realizada, no dia 08/08/2023, no Colégio Noeme Campos, a Palestra Direitos Humanos para estudantes do Ensino Médio e do 9º ano do Ensino Fundamental.

A palestra foi realizada por Heloisa Greco (Bizoca), membro do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania. Compuseram também a mesa o Professor Bruno Dutra (História), o Professor Anderson Neves (Coordenador do Ensino Médio), a Professora Carol Bretas (Coordenadora do Ensino Infantil e do Ensino Fundamental). A atividade contou com o apoio técnico do Professor Bruno Sales (Educação Física).

A Palestra Direitos Humanos foi a abertura de intenso cronograma de atividades da Semana de Humanas do colégio.

Belo Horizonte, 09 de agosto de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

*Foto cedida pelo Colégio Noeme Campos

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

CHEGA DE CHACINA! 46 PESSOAS EXECUTADAS PELAS POLÍCIAS DE SÃO PAULO, BAHIA E RIO DE JANEIRO EM MENOS DE UMA SEMANA!

Desde sexta-feira (28/07), a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) comanda uma megaoperação da Polícia Militar paulista na Baixada Santista, chamada Operação Escudo. Mais de 600 policiais tomaram de assalto este território. Esta operação tem o objetivo evidente de vingar a morte a tiros de um cabo PM, na quinta-feira (27/07). Em Vila Zilda e Vila Edna, comunidades da periferia de Guarujá, 14 pessoas foram executadas. Em Santos, mais dois jovens foram mortos nesta terça-feira (01/08). Os policiais comemoram efusivamente a contagem dos mortos e prometem exterminar pelo menos mais 60. O governador fascista Tarcísio de Freitas (partido Republicanos) declara que “está extremamente satisfeito com as ações da PM”. Segundo ele “efeitos colaterais são normais”. Disse também: “a justiça será feita, nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune”. Só nesta operação, a ROTA executou 16 pessoas - número confirmado pela Secretaria de Segurança Pública. Moradores afirmam que há pelo menos 19 mortos. É a terceira maior chacina praticada pela polícia paulista. As duas primeiras são os Crimes de Maio de 2006 (505 mortos e desaparecidos) e Carandiru, em 1992 (111 mortos). A ROTA foi criada em 1971 para combater a resistência à ditadura militar (1964-1985). É um dos batalhões de choque mais letais do mundo. É considerada a institucionalização do Esquadrão da Morte.

Tarcísio de Freitas participou como oficial das forças de ocupação da MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), comandada pelo exército brasileiro, de 2004 a 2017. A “doutrina da pacificação” lá adotada deixou um cenário de terra arrasada: chacinas, matanças, abusos sexuais, estupros generalizados, epidemias como o cólera, miséria, instabilidade política. Saldo: cerca de 30.000 mortos. O comandante da operação foi o general Augusto Heleno. Quase todos os generais do genocida Bolsonaro são da “turma do Haiti”. É esta “experiência do Haiti” que o governador de São Paulo adota como paradigma para sua política de segurança pública.

O Movimento Independente Mães de Maio, a Justiça Global e o ouvidor das polícias de São Paulo receberam denúncias dos moradores: a ROTA já chegou atirando – não houve troca de tiros; casas foram invadidas e devastadas; escolas foram fechadas, milhares de crianças ficaram sem aulas; houve ameaças, espancamento, maus tratos e torturas generalizadas. Houve também dezenas de prisões a partir de flagrantes forjados. Sabemos que o contumaz kit flagrante é uma das técnicas mais usadas na infame “guerra contra as drogas”. Afinal é esta a prática sistêmica da polícia que mata preto e pobre todo dia, no país campeão mundial em letalidade policial.

Também a partir do dia 28/07, 20 pessoas foram chacinadas em três investidas da polícia militar da Bahia: sete em Camaçari (28/07); oito em Itatim - duas mulheres (30/07); cinco em Salvador (31/07). São também megaoperações integradas por BOPE (Batalhão de Operações Especiais); CIPE (Companhia Independente de Policiamento Especializado) - Polo Industrial; RONDESP (Rondas Especiais) - Chapada e Região Metropolitana de Salvador. O protocolo, sempre cumprido à risca, é o mesmíssimo da ROTA paulista: a lógica implacável do confronto e do extermínio. As forças repressivas paulistas e baianas têm um lema comum: “O pai faz, a mãe cria, nós matamos”. A polícia militar baiana é considerada hoje a mais letal do país. Lá, entre julho e dezembro do ano passado, aconteceram em média duas chacinas por mês. Em 2022, a polícia baiana matou 1.464 pessoas, de um total de 6.426. O governador do estado, Jerônimo Rodrigues (PT), se desdobra em elogios à sua própria politica de segurança pública, ou seja, à polícia mais letal do país.

Nesta quarta-feira (02/08), no Rio de Janeiro, foi montada gigantesca operação de guerra contra a Vila Cruzeiro no Complexo da Penha. BOPE, COE (Comando de Operações Especiais-PMRJ), GAM (Grupamento Aeromarítimo-PMRJ), CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais-PCRJ) invadiram o morro com todo o seu aparato bélico: viaturas, caveirões, helicópteros com plataforma de tiro etc. Saldo: pelo menos 10 mortos até agora, dezenas de feridos,  comunidade aterrorizada, postos de saúde fechados, crianças sem escolas.  No dia 24/05 do ano passado, o Complexo da Penha sofreu a segunda maior chacina da história do Rio de Janeiro: 25 pessoas foram executadas pelo BOPE e a Polícia Rodoviária Federal. A primeira mais letal foi a do Jacarezinho, em maio de 2021, com 27 mortos. Todas estas chacinas foram perpetradas sob as ordens do governador fascista Cláudio Castro (PL), entusiasta de matanças generalizadas.

A mídia corporativa compactua com tudo isto ao adotar a perspectiva do aparato repressivo. No máximo se põe a discutir a necessidade de maior dotação orçamentária para otimizar as tecnologias de inteligência (?) das polícias. Naturaliza o horror ao reproduzir literalmente prontuários repassados pela polícia, bem na lógica da vigilância, da suspeição e da estigmatizarão das vítimas. Para a mídia burguesa os 46 corpos chacinados não têm nome, nem história. A maioria sequer foi identificada, muitos foram jogados na mata. São considerados suspeitos permanentes. São alvos permanentes do terrorismo de Estado porque são pobres, negros e periféricos. São criminalizados e invisibilizados. São os inimigos internos a serem eliminados – na linha da Doutrina de Segurança Nacional, herança da ditadura. E na linha da “doutrina da pacificação” - herança da MINUSTAH.

Este é o país da guerra generalizada contra os pobres e da criminalização dos Direitos Humanos. É o país do racismo e do genocídio estruturais e institucionais do Povo Negro e dos Povos Indígenas. As chacinas sistêmicas têm atingido periodicidade assustadora. Numa coincidência histórica macabra, no dia 23/07/2023 – pouco antes, portanto, do início destas chacinas da Baixada Santista, da Bahia e do Rio – a Chacina da Candelária completou 30 anos. Nela oito crianças e adolescentes foram trucidados no Rio de Janeiro por policiais e grupos de extermínio. Em fevereiro deste ano, a Chacina do Cabula (Salvador/BA) fez oito anos. Aí 12 jovens foram executados pela polícia militar.  Os Crimes de Maio de 2006 em São Paulo completaram 17 anos: em duas semanas 505 pessoas – pretas, pobres e periféricas - foram chacinadas pelas forças policiais e grupos de extermínio paulistas. A Baixada Santista foi o epicentro deste horror. Em outubro, a Chacina do Carandiru (02/10/1992) fará 31 anos: foram 111 presos (contidos e nus) executados pela polícia militar paulista. Nenhum destes crimes contra a humanidade foi solucionado: não houve qualquer tipo de responsabilização dos executores. Não houve a reparação histórica devida aos familiares e à sociedade. Muitas das vítimas dos Crimes de Maio de 2006 continuam desaparecidas. Este é o país da tortura, do desaparecimento forçado e da estratégia do esquecimento sistêmicos.

Repudiamos com veemência todas estas chacinas e invasões policiais nas periferias, morros, vilas e favelas. Manifestamos solidariedade incondicional aos familiares, às companheiras e companheiros dos mortos da Baixada Santista, de Camaçari, Itatim, Salvador e do Complexo da Penha. Apoiamos fortemente a resistência das/dos moradoras/es das comunidades atingidas, em permanente mobilização contra o terrorismo de Estado.

PELO FIM IMEDIATO DAS OPERAÇÕES E INVASÕES POLICIAIS NAS COMUNIDADES!

PELO FIM DAS CHACINAS E DO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO!

PELO DESMANTELAMENTO DE TODO APARATO REPRESSIVO!

PELA REPARAÇÃO DAS VÍTIMAS DO TERRORISMO DE ESTADO!

Belo Horizonte, 04 de agosto de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - BH/MG