"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

sábado, 28 de agosto de 2021

42 ANOS DA LEI DE ANISTIA PARCIAL E RESTRITA: POR UMA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!

      A lei 6683, de 28 de agosto de 1979, faz hoje 42 anos. Ela traz no seu bojo a Doutrina de Segurança Nacional, arcabouço ideológico da ditadura militar (1964-1985), aquela que preconiza a eliminação sistemática dos inimigos internos. Nela estão contidas a estratégia do esquecimento, a mentira organizada, o negacionismo, a institucionalização da tortura e dos desaparecimentos forçados.

Tudo isto sobreviveu aos 21 anos de ditadura sangrenta e aos 33 anos de transição política sem ruptura, forjada nas entranhas do sistema (1985-2018). Consolidou-se a interpretação equivocada e escabrosa de que se trata da lei de autoanistia. Esta foi positivada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2010, com o indeferimento da ADPF 153. Determinou-se, então, a inimputabilidade automática de todos os agentes do Estado que perpetraram crimes de lesa humanidade. Lembremos que estes crimes são inanistiáveis, imprescritíveis e inafiançáveis. 

Todas estas iniquidades têm sido levadas às máximas consequências nestes quase três anos de governo fascista Bolsonaro/Mourão, que as adotou como politica de Estado. Trata-se de um governo dos militares, tanto quanto a ditadura o fora. Trata-se também de um governo das milícias. São mais de seis mil componentes das forças armadas a ocupar cargos de primeiro escalão e postos estratégicos em todas as instâncias do executivo. Todos eles entusiastas da ditadura militar, defensores explícitos da tortura e adeptos do mais canhestro negacionismo. Neste mês de agosto cem deles foram nomeados marechais, inclusive o finado arquitorturador cel. Brilhante Ustra, principal paradigma do projeto de poder em vigor.

A Anistia Ampla, Geral e Irrestrita pela qual lutavam o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), a partir de 1975, e os Comitês Brasileiros pela Anistia (CBAs), a partir de 1977, combatia radicalmente o projeto da ditadura de anistia parcial e recíproca. Os trechos a seguir foram extraídos das Resoluções da Carta do I Congresso Nacional pela Anistia, realizado em São Paulo, em novembro de 1978[i]:  

“A anistia pela qual lutamos deve ser Ampla – para todas as manifestações de oposição ao regime; Geral – para todas as vítimas da repressão; e Irrestrita – sem discriminações ou restrições. Não aceitamos a anistia parcial e repudiamos a anistia recíproca. Exigimos o fim radical e absoluto das torturas e dos aparatos repressores, e a responsabilização judicial dos agentes da repressão e do regime a que eles servem.” (Congresso Nacional pela Anistia Resoluções. São Paulo, novembro 1978, p.5).

“Os movimentos pela anistia entendem claramente que não se trata de reformar o poder judiciário, a legislação eleitoral, a LSN. Impõe-se a supressão do aparato repressivo, a desativação dos centros de tortura, oficiais, clandestinos ou militares. Impõe-se a responsabilização dos que, investidos da autoridade conferida pelo poder de polícia, têm praticado torturas e assassinatos; impõe-se acabar com a impunidade dos órgãos paramilitares.” (Congresso Nacional pela Anistia Resoluções. São Paulo, novembro 1978, p.8).

São evidentes e impressionantes a atualidade, a pertinência e a radicalidade deste documento de 1978. Nestas mais de quatro décadas que se passaram, não foi possível sequer equacionar a questão dos mortos e desaparecidos políticos, ter acesso irrestrito aos arquivos da repressão e nem mesmo nomear as/os milhares de indígenas e trabalhadoras/es sem terra trucidadas/os pela política genocida da ditadura e de seus aliados - o latifúndio/agronegócio, as grandes mineradoras, madeireiras  e empreiteiras. São as mesmas forças que hoje estão no poder sedimentando as mesmíssimas práticas de esbulho e extermínio.

Assim, todos os princípios formulados pela luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita continuam valendo e compõem a nossa luta permanente contra o aparato repressivo e pelo direito à História, à Memória, à Verdade e à Justiça.

DITADURA NUNCA MAIS!

TORTURA NUNCA MAIS!

NOSSO TRIBUTO A TODAS/OS QUE TOMBARAM NA LUTA CONTRA A DITADURA!

ABAIXO O GOVERNO GENOCIDA DE BOLSONARO, MOURÃO E MILITARES!

Belo Horizonte, 28 de agosto de 2021

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG


[i] CONGRESSO NACIONAL PELA ANISTIA. Resoluções Proposições políticas gerais. São Paulo, nov. 1978, mimeo, p.8

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

TRIBUTO AO COMPANHEIRO MANOEL DA CONCEIÇÃO (24 DE JULHO DE 1935 - 18 DE AGOSTO DE 2021)

        Foi com imensa consternação que recebemos a noticia do falecimento do companheiro Manoel da Conceição em Imperatriz/Maranhão, aos 86 anos, na última quarta-feira, 18 de agosto. Manoel da Conceição é uma das grandes referências da luta contra o latifúndio e do combate à ditadura militar (1964-1985).

        No início da década de 1960 participou do Movimento de Educação de Base (MEB), de Paulo Freire. Foi alfabetizado neste movimento e ajudou a organizar dezenas de escolas de alfabetização na região de Pindaré-Mirim/MA. Em 1963 foi um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Maranhão, do qual foi o primeiro presidente, sindicato que chegou a ter mais de quatro mil filiados.

        Em 1964, logo depois do golpe, os militares invadiram o sindicato e prenderam mais de 200 trabalhadores. Em 1968, a polícia abriu fogo contra uma das subsedes do sindicato, em Anajá. Manoel da Conceição foi baleado na perna direita. Na prisão não recebeu tratamento e teve a perna amputada. O governador do Maranhão à época era José Sarney (ARENA).

 Manoel da Conceição foi militante da Ação Popular, viajou o Brasil e o mundo. Na China socialista (1969) conheceu a guerra popular de base camponesa, que se tornou uma de suas referências. Ao retornar a Pindaré-Mirim, em 1970, centenas de camponeses foram presos na região. Manoel da Conceição foi sequestrado e preso em janeiro de 1972 pelo DOPS do Maranhão, depois transferido para a Polícia do Exército do Rio de Janeiro, em seguida para o Centro de Informações da Marinha (CENIMAR). Foram sete meses de torturas intensivas inclusive nos órgão genitais, as quais deixaram lesões físicas permanentes. Só foi apresentado à Auditoria Militar em setembro de 1972; condenado, cumpriu três anos de prisão.

Em outubro de 1975 foi novamente sequestrado, preso e barbaramente torturado pelo famigerado DEOPS paulista. Ampla campanha nacional e internacional com a participação de D. Paulo Evaristo Arns, do reverendo Jaime Wright, de movimentos pelos Direitos Humanos e da Anistia Internacional garantiram a sua libertação e seu exílio em Genebra/Suíça. Lá ele se tornou uma das principais vozes de denúncia contra ditadura militar brasileira militando na luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Participou ativamente da Conferência Internacional pela Anistia e Liberdades Democráticas no Brasil (Roma, Itália, 28 a 30 de junho de 1979).

Voltou ao Brasil em 1979, logo depois da lei de anistia parcial e continuou na luta contra a ditadura e se organizando pela classe trabalhadora - teve importante papel na construção das oposições sindicais.  A partir da década de 1990, seguiu firme na sua luta permanente contra o latifúndio/agronegócio ao participar da construção de várias entidades e organismos como: o Centro Nacional de Apoio às Populações Tradicionais (CNPT); a Reserva Extrativista do Ciriaco; a Rede Frutos do Cerrado em vários municípios do Maranhão; cooperativas de pequenos produtores rurais no sul do Maranhão; a União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar de Economia Solidária (Unicafes); a Central de Cooperativas do Maranhão.

        O companheiro Manoel da Conceição dedicou sua vida à luta contra a exploração e opressão: é, com certeza, um dos imprescindíveis, no sentido brechtiano. Nosso forte abraço de solidariedade aos seus familiares e companheiras/os. Ele estará sempre presente nas nossas lutas!

COMPANHEIRO MANOEL DA CONCEIÇÃO: 

PRESENTE, HOJE E SEMPRE!

Belo Horizonte, 23 de agosto de 2021

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

3ª SESSÃO DA MOSTRA VIRTUAL CINEMA E DITADURA

III sessão da III Mostra Virtual do Cinema e Ditadura com o filme "15 Filhos" com a participação de:

Edson Teles, professor de filosofia política da UNIFESP, coordenador do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense CAAF/UNIFESP e militante da comissão de familiares de mortos e desaparecidos da ditadura civil-militar de 1964.

José Ricardo Coimbra Novaes, licenciado em artes cênicas pela UNIRIO. Hoje está gestor do Parque das Ruínas e é um dos fundadores do Grupo Tortura Nunca Mais GTNM/RJ

Ana Claudia Camuri, doutora em psicologia social pela UERJ, atualmente atua como psicóloga clínica e é ex perita do mecanismo nacional de prevenção e combate á tortura.

Sinopse: "Como articular em pouco tempo vivência esparsas de um grupo de pessoas unidas pela mesma circunstância traumática? Documentário de 18 minutos que reúne depoimentos de filhas e filhos de guerrilheiros presos, mortos ou desaparecidos durante a ditadura civil-militar de 1964.Um filme feito em produção coletiva, na raça."

Para saber mais sobre o filme:

https://martanehring.com/project/15-filhos/

https://youtu.be/bOaBaZlTqF4

FONTE: https://www.facebook.com/Lace.uff


quarta-feira, 18 de agosto de 2021

DIA NACIONAL DE GREVE DAS/OS TRABALHADORAS/ES DOS SERVIÇOS PÚBLICOS!

Realizada, nesta quarta-feira, dia 18 de agosto, a manifestação nacional das/os Trabalhadoras/es dos Serviços Públicos, em BH/MG. A luta é contra a chamada “reforma” administrativa (PEC 32), contra as privatizações, pelo Fora Bolsonaro/Mourão e pelo Fora Zema.

A PEC 32 significa o desmonte dos Serviços Públicos e o ataque aos direitos dos servidores. Significa também o aprofundamento das privatizações.

A concentração do ato foi na Praça Afonso Arinos e seguiu em passeata até a Praça Sete, no centro da cidade. Várias categorias como da Educação, Saúde, Eletricitários, Correios e outras dos Serviços Públicos estavam presentes. 













ABAIXO A PEC 32!

NÃO AO DESMONTE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS!

NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES!

NÃO À RETIRADA DE DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA!

RUMO À GREVE GERAL!

Belo Horizonte, 18 de Agosto de 2021

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG


terça-feira, 17 de agosto de 2021

18 DE AGOSTO/2021: DIA NACIONAL DE GREVE DAS/OS TRABALHADORAS/ES DOS SERVIÇOS PÚBLICOS!

- Contra a reforma administrativa (PEC 32) e seus ataques aos Serviços Públicos! 
Contra a minirreforma trabalhista (MP 1045) com a sua retirada de direitos!

           O hipermilitarizado governo Bolsonaro/Mourão/Guedes acelera cada vez mais a escalada da fascistização que é a base do seu projeto de poder. Neste, a necropolítica e o ultraneoliberalismo se retroalimentam. A prática sistêmica do ódio e da morte se consolida como método de governo; o totalitarismo de mercado se sedimenta como política de Estado.

      Este governo genocida tem levado às máximas consequências o desmonte das políticas públicas – já precarizadas há algumas décadas, é preciso dizer – em todas as áreas: saúde, educação, previdência, cultura, ciência, pautas identitárias, meio ambiente, assistência social, segurança alimentar, Direitos Humanos. Trata-se do paroxismo da sanha privatista e da tentativa de aniquilamento de todas as conquistas da classe trabalhadora e dos movimentos sociais ao longo de mais de um século. É este o desígnio da mal chamada reforma administrativa (PEC 32/2020) e da igualmente mal chamada minirreforma trabalhista (MP 1045/2021), contra as quais lutamos neste Dia Nacional de Greve das Trabalhadoras/es dos Serviços Públicos.

A PEC 32 veio para destruir os direitos arduamente conquistados pelas/os trabalhadoras/es dos serviços públicos ao longo de décadas: fim dos concursos públicos; consequente favorecimento dos apadrinhamentos; fim da estabilidade, da remuneração por tempo de serviço, dos pagamentos retroativos e das férias-prêmio; possibilidade de fechamento por decreto de autarquias e fundações. A partir daí, ocorrem as extremas precarização e terceirização que levam à fragmentação dos sindicatos e dos espaços de mobilização e luta. Trata-se da destruição continuada dos serviços públicos com o desinvestimento nestes e a transferência dos recursos para o grande capital. Em outras palavras, a sua privatização em detrimento da sociedade e em benefício dos empresários e banqueiros. Na prática, seria o fim do SUS, das escolas, das universidades públicas, dos centros de pesquisa. O corte de 30 bilhões da Saúde em pleno genocídio sanitário e o processo agressivo de privatização dos Correios são exemplos eloquentes de tudo isto. A justificativa de tamanho estrago seria um pretenso saneamento fiscal. Este, sabemos, só poderia ser equacionado com a taxação de dividendos, lucros e grandes fortunas e o com o corte dos supersalários das Forças Armadas e da alta burocracia dos três poderes.

É esta lógica altamente privatista, draconiana e vertical que, em Minas Gerais, articula os projetos Somar e Mãos Dadas do governador bolsonarista Zema (Partido Novo): gestão privada das escolas públicas; utilização de vouchers para compra de vagas nas escolas particulares; cobrança de taxas; monetização do material didático; demissão e remoção forçada de professoras/es e funcionárias/os. É também esta a lógica do projeto de militarização das escolas públicas, em vias de implementação em todo o país. Como Bolsonaro, Zema se declarou inimigo das/os trabalhadoras/es da educação, consideradas/os por ele privilegiadas/os e ociosas/os. Confrontando o direito de greve – que é constitucional – e acionado pelo governo Zema, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais declarou ilegal a Greve Sanitária Estadual em andamento. Greve feita para preservar a vida de todas as pessoas da comunidade escolar, uma vez que a grande maioria das escolas não tem as mínimas condições para seguir o protocolo estipulado.

A MP 1045 – proposta já aprovada na Câmara dos Deputados, agora vai para o Senado - pode ser considerada a institucionalização do trabalho análogo à escravidão sob a alcunha de novo programa emergencial de manutenção do emprego e da renda.  Seu objetivo é o arrocho puro e simples e a redução dos encargos sobre a folha salarial. Voltado sobretudo para jovens, trata-se de grave violação dos Direitos Humanos: não há vínculo empregatício algum; o salário é substituído por um bônus de inclusão produtiva e uma bolsa de incentivo à qualificação; as férias são substituídas por um recesso parcialmente remunerado; não há vale-transporte integral; não há recolhimento previdenciário, não há aposentadoria - não há garantia alguma de nada, portanto. Para ser explorado no mais alto grau – a única opção que lhe é oferecida - obriga-se ainda a/o jovem a abrir mão de direitos inalienáveis e da própria dignidade. Mais uma vez a agenda ultraneoliberal é levada ao paroxismo em plena pandemia. O negacionismo e o descaso do governo em relação à COVID-19 aprofundaram a desigualdade e reintroduziram fome endêmica, carestia e desemprego estratosféricos. É a institucionalização da barbárie nua e crua.

Barbárie nua e crua que recai principalmente sobre o Povo Negro e os Povos indígenas, alvos do racismo estrutural e do genocídio institucional potencializados agora pelo genocídio sanitário perpetrado pelo governo Bolsonaro/Mourão – já são quase 600 mil mortos de COVID-19! Em todo o planeta, este é o país que tem a polícia mais violenta, a que mais mata pobres e pretos todos os dias. O governo genocida Bolsonaro/Mourão é também aquele que exerce o mais brutal ataque contra os Povos Indígenas desde a ditadura militar. O PL 490/2007 agudizou emblematicamente o processo permanente de esbulho das terras ancestrais dos Povos Originários. Levou às máximas consequências a cultura do extermínio, o epistemicídio, a obliteração da sua memória.

Por tudo isto, reiteramos:

ABAIXO A PEC 32, A MP 1045 E O PL 490!

NÃO AO DESMONTE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS! NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES!

NÃO À RETIRADA DE DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA!

FORA BOLSONARO, MOURÃO E MILITARES!

Belo Horizonte, 17 de agosto de 2021

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG



FORÇA NACIONAL DE BOLSONARO E PM DE MARCOS ROCHA ASSASSINAM CAMPONESES EM RONDÔNIA (LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental)

LUTA CAMPONESA

Atualizado: Força Nacional de Bolsonaro e PM de Marcos Rocha assassinam camponeses em Rondônia

Escrito por LCP de Rondônia e Amazônia Ocidental|Publicado 14 de agosto de 2021

Policiais da Força Nacional de Segurança e da PM de Rondônia assassinaram covardemente quatro camponeses da área Ademar Ferreira, na área rural de Porto Velho, no dia 13 de agosto. Amarildo Aparecido Rodrigues e seu filho Amaral José Stoco Rodrigues, foram assassinados enquanto estavam trabalhavam roçando mato no lote que possuem. Kevin Fernando Holanda de Souza, foi morto pelas costas enquanto pilotava sua moto tentando escapar dos policiais assassinos. Os projéteis de fuzil disparados por policiais atravessaram o corpo e a moto do camponês. Amarildo tinha 49 anos, era casado e tinha outro filho pequeno; Amaral, de 17 anos, estava concluindo o ensino médio, além de trabalhar na roça; Kevin, completou 21 anos recentemente, também estava trabalhando no lote que conquistou com sua esposa, grávida, o único filho que o casal poderá ter.

Policiais dentro de helicóptero realizaram disparos em direção as famílias, e só não morreu mais gente porque muitos conseguiram correr. Ainda há desaparecidos ou refugiados na mata.

Um carro que passava pela estrada durante ação criminosa dos policiais também foi crivado de balas, e por pouco mais um morador da área não foi assassinado, tendo sofrido ferimentos pelos estilhaços e tiros de raspão.

Como na criminosa praxe de sempre, os policiais retiraram os corpos às pressas e adulteraram as cenas dos crimes hediondos. A princípio, a secretaria de segurança comandada pelo coronel José Hélio Cysneiros Pachá, o carniceiro de Santa Elina, manteve criminoso silêncio, logo negou fazer operação policial na região. Mas depois que começaram a circular nas redes sociais um vídeo com as poças de sangue dos camponeses, admitiram que os assassinaram. Primeiro, soltaram a versão de que a Força Nacional foi atender a uma denúncia de invasão de terra – mentira descarada, pois os camponeses entraram na fazenda Santa Carmem em janeiro de 2021! Depois, o carniceiro mudou sua versão para outra também mentirosa, disse que a polícia estava realizando uma reintegração de posse – que ainda nem existe. Daqui a pouco vão contar outras estórias mais.

Afora o silêncio cúmplice de boa parte dos monopólios de imprensa, a imprensa lixo divulgou a versão caluniosa da polícia de que houve troca de tiros e que os camponeses, chamados por eles de bandidos, morreram em função disto. Canalhas! Kevin foi fuzilado pelas costas e as marcas de sangue de Amarildo e Amaral ficaram ao lado da garrafa térmica d’água deles, na roça.

Durante o ataque ignóbil, os policiais também prenderam cinco camponeses, sendo um idoso e dois casais. Uma das famílias, foi detida com dois filhos, de 1 ano e meio e de 8 anos de idade. E claro, contam as estórias mentirosas de sempre: que foram recebidos a tiros, e mostram armamentos plantados pela polícia.

Se ocorreu troca de tiros, onde estão as provas de tal episódio? Nenhum policial ou viatura teve um arranhão sequer. O que ocorreu foi um ataque sorrateiro e criminoso de pistoleiros, PM e Força Nacional contra camponeses que estavam trabalhando. O crime que esses camponeses cometeram foi se organizarem pra lutar por um pedaço de terra para viver com dignidade. “Crime” imperdoável para o latifúndio, ladrões de terras da União e o velho Estado que o serve.

Mostrem as mãos calejadas pelo trabalho dos camponeses que estão presos e dos camponeses assassinados! Bando de assassinos, covardes fardados!

Este ataque covarde não foi casual, desde a morte de dois policiais militares em outubro do ano passado, que o governo pau mandado dos latifundiários ladrões de terras da União, sem prova alguma, acusa os camponeses, essa canalha está tramando vingar seus agentes capangas do ladrão de terras Galo Velho, derramando sangue de mais camponeses. Segundo informações, policiais se internaram na mata dias antes de realizar os ataques contra as famílias.

A área Ademar Ferreira é vizinha às áreas Tiago dos Santos e Dois Amigos, onde milhares de camponeses conquistaram suas terras através da Revolução Agrária, com o apoio da LCP, sempre enfrentando e resistindo bravamente à repressão violenta.

Em meados de julho último, policiais da Força Nacional do fascista Bolsonaro e a PM assassina, junto de pistoleiros, fustigaram e chegaram a efetuar ao menos 15 disparos de fuzis e escopetas calibre 12 em direção aos camponeses da área Ademar Ferreira. (Confira denúncia no link: Força Nacional de Bolsonaro, PM e pistoleiros atiram contra camponeses)

E agora, desde o último dia 05 de agosto, a polícia intensificou os ataques contra a área Ademar Ferreira: filmaram com drones, incendiaram barracos e fizeram vários sobrevoos de helicóptero, inclusive dando rasantes na vila Alípio de Freitas, localizada na área vizinha Tiago dos Santos.

Segundo as últimas informações, mesmo após os covardes assassinatos, segue a presença de policiais nas áreas da região, com tropas, drones e sobrevoos de helicópteros.

Os policiais da Força Nacional foram enviados pelo fascista Bolsonaro e seus generais genocidas para auxiliar a PM assassina do coronel PM Marcos Rocha, governador de Rondônia, marionete de latifundiários e pau mandado de Bolsonaro para combater a luta pela terra, especialmente a LCP.

O fato é que a PM e a Força Nacional junto a pistoleiros, já denunciados pelos camponeses desta área, assassinaram 3 camponeses, aplicando as diretrizes do velho Estado, desde que o fascista Bolsonaro ameaçou impor terror e prometeu promover massacres de camponeses, para manter os indecentes privilégios do latifúndio, na vã tentativa de paralisar o avanço da luta camponesa pela terra. Bolsonaro defende isso abertamente, e dá carta branca para que se assassine impunemente os pobres, particularmente os camponeses.

Vocês senhores, é que são os maiores bandidos e terroristas, têm as mãos sujas de sangue camponês! E particularmente no caso do carniceiro de Santa Elina, Hélio Pachá, esse sinistro senhor já acumula crimes de sangue contra os camponeses desde 26 anos atrás, quando cometeu as maiores atrocidades contra camponeses já rendidos na antiga fazenda Santa Elina.

Mas repetimos uma vez mais, ninguém, nenhum terrorismo de Estado conseguirá parar a luta pela terra! O sangue não afoga a revolução, senão que a rega! Quem semeia vento, colhe tempestade. O que fazem é aumentar nosso ódio e disposição para lutar. Estamos fazendo as contas, e vamos cobrar. Vocês pagarão caro! Estes camponeses assassinados, presos e atacados são trabalhadores honrados. Não tarda o dia em que o campesinato se levantará aos milhões e varrerá com o latifúndio e cobrará os séculos de exploração e violência contra nós cometido. Quem viver, verá!

A LCP conclama a todas as famílias da área Ademar Ferreira, Tiago dos Santos e Dois Amigos a se unirem ainda mais em defesa de suas legítimas terras, a se manterem firmes e elevar sua organização para rechaçar com o máximo de força os ataques das hordas assassinas deste velho e carcomido, corrupto e genocida Estado de grandes latifundiários e grandes burgueses, serviçais do imperialismo, principalmente norte-americano. Lançamos uma vez mais o apelo a todos e todas democratas de nosso país a condenarem mais este crime deste governo militar criminoso que já matou quase 600 mil brasileiros com sabotagem e desamparo frente esta maldita peste da covid-19, que aumenta a miséria dos trabalhadores cortando os poucos direitos duramente conquistados, que afunda a economia do país levando ao desemprego mais de 20 milhões e trama golpes para suprimir as liberdades democráticas.

Punição imediata para os executores e mandantes dos assassinatos de Amarildo, Amaral e Kevin!

Companheiros Amarildo, Amaral e Kevin, presentes na luta!

Liberdade imediata para os camponeses presos políticos da área Ademar Ferreira!

Fora das nossas áreas, polícia guaxeba do latifúndio ladrão de terra da União!

Abaixo o governo militar genocida de Bolsonaro!

Abaixo a criminalização da luta pela terra! Terra para quem nela trabalha!

Viva a Revolução Agrária, morte ao latifúndio!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

FONTE/ACESSE (Resistência Camponesa): https://resistenciacamponesa.com/luta-camponesa/forca-nacional-de-bolsonaro-assassinam-covardemente-camponeses-em-rondonia/


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

MANIFESTAÇÃO CONTRA INTERDIÇÃO DOS CERSAMs PELO CRM-MG

Realizada, na quinta-feira, dia 05/08/2021, manifestação contra a tentativa de interdição dos Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAM) pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MG).

No dia 20 de Julho de 2021, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte foi notificada da decisão do CRM-MG de interditar o trabalho dos profissionais médicos nos Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAM) de Belo Horizonte. A mídia coorporativa/burguesa, conservadores e privatistas comemoraram a postura do CRM-MG que alega falsamente irregularidades nos serviços prestados pelos CERSAMs, os quais constituem referência internacional.

A concentração da manifestação foi na Praça Afonso Arinos, centro de Belo Horizonte/MG. A passeata seguiu pela Av. João Pinheiro rumo à Rua Timbiras até o CRM-MG, onde houve forte protesto contra a tentativa de desmonte e reinstitucionalização dos cuidados com a saúde mental.

Estavam presentes trabalhadoras/es em saúde mental, usuários, familiares, militantes da Luta Antimanicomial e dos Direitos Humanos.

POR UMA SOCIEDADE SEM PRISÕES E SEM MANICÔMIOS! 

“CERSAM ABERTO, MANICÔMIO FECHADO!”

“NINGUÉM VAI CORTAR NOSSAS ASAS!” 











































Belo Horizonte. 06 de Agosto de 2021

Notícia/Fotos: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG