"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

terça-feira, 25 de julho de 2023

25 DE JULHO DE 2023 - DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA - DIA NACIONAL DE TEREZA DE BENGUELA

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha foi adotado pela Organização das Nações Unidas a partir de forte pressão do 1º Encontro das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe realizado na República Dominicana, em 1992.         

Tereza de Benguela foi líder do Quilombo do Quariterê. Este foi o maior quilombo de Mato Grosso. Era uma comunidade de negras/os e indígenas fortemente organizada. Resistiu bravamente por duas décadas até que, em 1770, foi massacrada por bandeirantes a mando de Luiz Pinto de Souza Coutinho, governador da capitania. O Dia Nacional de Tereza de Benguela foi instituído pela lei 12 987/2014 também a partir da luta das mulheres negras. Trata-se da denúncia do racismo por omissão da historiografia. Esta omite e invisibiliza a combatividade e a radicalidade das mulheres negras que, como Tereza de Benguela, combateram sistematicamente o sistema escravista no Brasil.

Esta data, portanto, é duplamente simbólica. Marca o caráter internacional de uma luta que tem no Brasil o seu território mais emblemático. Este país tem no prontuário mais de 350 anos de escravidão e mais de 500 anos de opressão sobre os Povos Indígenas. Se contarmos de 1888 para cá, a isto somam-se 135 anos de continuidade do racismo, do genocídio e do epistemicídio estruturais e institucionais historicamente forjados.

As mulheres negras são as principais vítimas desta necropolítica de Estado, a qual mantém vivos e ativos a colonialidade, o patriarcalismo, a cultura escravovrata, o machismo e a segregação social – também arraigadamente estruturais. O Brasil tem a terceira população feminina carcerária. É campeão mundial em transfeminicídio. Ocupa os primeiros lugares em número de casos de estupros e violência doméstica. Tem a polícia que mais mata pobres e pretos todos os dias. Os principais alvos em todas estas iniquidades são sempre as mulheres negras. São também elas as que mais sofrem os horrores do racismo ambiental, da violência obstétrica e sanitária.

São as mulheres negras, por sua vez, que têm o protagonismo na luta contra todas estas formas de opressão e exploração do necroliberalismo. Com elas aprendemos que a única forma de combater este sistema na prática é a partir da interseccionalidade gênero, raça e classe. A categoria político-cultural de Amefricanidade de Lélia Gonzalez por um Feminismo Afro-Latino-Americano reforça um princípio incontrastável do qual não podemos abrir mão: esta é uma luta essencialmente Anticolonial, Antiescravista, Antirracista e Anticapitalista. É também uma luta pela reparação histórica - pelo direito à Memória, à Verdade e à Justiça.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha - Dia Nacional de Tereza de Benguela - destaca que a radicalidade da luta pelos Direitos Humanos tem que ser reforçada permanentemente.

VIVA A LUTA DAS MULHERES AFRO-LATINO-AMERICANAS!

VIVA TEREZA DE BENGUELA!

ABAIXO O RACISMO ESTRUTURAL E INSTITUCIONAL!

PELO FIM DO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO E DOS POVOS INDÍGENAS!

Belo Horizonte, 25 de julho de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG