MAIO: MÊS DE LUTA E RESISTÊNCIA DA CLASSE
TRABALHADORA!
Abaixo
o PL 4330/PCL 30 e abaixo as MPs 664 e 665!
Pelo
fim da terceirização e da sua regulamentação! Abaixo o ajuste fiscal!
Todo
apoio para os(as) trabalhadores(as) da educação
e demais categorias em greve em
todo o país!
Ao longo deste mês de maio houve paralisação dos(as) trabalhadores(as) da educação em 12 estados do Brasil: da rede estadual no Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Sergipe; da rede municipal em Maceió (AL), Macapá (AP), Goiânia (GO) e Betim (MG). Os(as) professores(as) da rede municipal de Belo Horizonte estão em estado de greve desde o dia 25/05. Professoras e professores do país inteiro se mobilizam
contra o arrocho, pelo piso salarial nacional, contra o sucateamento da rede
pública e contra o aviltamento das condições de trabalho. Trata-se da luta por
educação pública e de qualidade. As greves do Paraná, São Paulo, Goiânia (GO) e
Macapá (AP) dão a medida da truculência e do descaso dispensados aos(às)
professores(as) brasileiros(as). Trata-se do mais escrachado processo de
intimidação e criminalização das lutas da classe trabalhadora.
No Paraná, no
dia 29/04, o governador Beto Richa (PSDB) jogou toda a ferocidade da PM em cima
da manifestação dos(das) grevistas na Assembleia Legislativa: mais de 200
professores/as ficaram gravemente feridos. A PM os atacou com todo arsenal de
violência que tem à sua disposição. Em
São Paulo, o governador Geraldo Alkmin (PSDB) tem tentado invisibilizar e
ignorar olimpicamente a greve – que já dura 74 dias. Em Goiânia, no dia 23/04, a Guarda Civil
Metropolitana do prefeito Paulo Garcia (PT) deixou 17 grevistas feridos (as). Em Macapá, no dia 15/05, o prefeito Clécio Luís
(PSOL) acionou a justiça contra os(as) grevistas através do tal interdito proibitório – instrumento
draconiano urdido para aniquilar o direito de greve.
O piso
salarial nacional tampouco é praticado em Minas Gerais. A situação aqui é também emblemática. O governo Fernando Pimentel (PT) lançou mão
do expediente da cooptação para manter a situação de exploração e precarização
extremas dos professores(as) mineiros(as). Com a CUT/MG e o Sind-UTE/MG devidamente enquadrados
foi articulado um acordo que esvaziou a reivindicação histórica dos(das)
trabalhadores(as) da educação. No lugar do
piso nacional apareceu uma espécie de abono
salarial em módicas parcelas até o ano de 2017. Mantêm-se a precarização e o arrocho. E, o que é pior: paralisa-se e congela-se a
mobilização da categoria por, pelo menos, dois anos – este é o prazo do acordo. A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG – que é
também a presidenta da CUT/MG - é
membro orgânico do Partido dos Trabalhadores.
Em Belo Horizonte, o prefeito Márcio Lacerda (PSB) aprofunda seu projeto
de privatização da cidade e de destruição continuada do espaço público. Os sistemas municipais de ensino, saúde e
transportes se encontram completamente destroçados. No dia 25/05, os servidores municipais deram
a largada para a agenda de mobilização da greve geral das categorias.
As universidades
federais sofrem igual processo de precarização e sucateamento. Ainda neste mês
de maio, os(as) trabalhadores(as) terceirizados(as)da UFRJ paralisaram as
atividades por falta de pagamento. No
dia 14/05, os(as) estudantes ocuparam o prédio da reitoria em apoio aos(às)
terceirizados(as) grevistas e em protesto às péssimas condições físicas e
acadêmicas da instituição. Esta destruição
do ensino universitário no Brasil será, certamente, levada às máximas consequências
com os cortes de despesas, que foram impostos pelo governo Dilma Rousseff
(PT, PMDB, PCdoB), os quais afetam sobretudo educação e saúde.
Estes cortes de despesas estão contidos no
mesmo pacote do ajuste fiscal
proposto pelo governo federal. As
Medidas Provisórias 664 e 665 atingem em cheio conquistas trabalhistas e
previdenciárias. O ajuste fiscal –
formatado pelo Ministro da Fazenda, o Chicago
boy Joaquim Levi – vai ainda mais
longe tendo como objetivo escancarado a consolidação da ortodoxia do
totalitarismo de mercado, chamado de neoliberalismo: a punição dos trabalhadores e a
penalização dos pobres para que seja garantida a elevação sem limites da
lucratividade do capital. Procura-se
consolidar a velha máxima capitalista – amplamente repercutida pelo aparato
midiático – de que só o livre exercício da atividade empresarial pode garantir
benefícios para as demais classes sociais.
Em poucas palavras: tenta-se obrigar a classe trabalhadora a ficar feliz
com sua própria exploração.
O PL da terceirização,
de número 4330/2004, do deputado Sandro Maciel (PMDB) – que, aprovado na Câmara
dos Deputados, se tornou o PLC 30/2015 – se enquadra neste mesmo projeto de
espoliação dos trabalhadores sem qualquer limite para garantir o aumento
desenfreado da lucratividade do capital. A terceirização já é, há muito,
realidade trágica neste país: ela oprime, avilta, mata e mutila. A
terceirização procura segregar setores e categorias com o objetivo de destruir
a identidade e a organização dos(as)
trabalhadores(as). A sua regulação significa literalmente a positivação
da exploração equivalente à primeira Revolução Industrial. Trata-se de mais um rebaixamento do trabalho
assalariado que beira o trabalho escravo - próprio do neoliberalismo. Coincidência significativa: 4330 é também o número
da Lei antigreve imposta pela
ditadura militar (1964-1985), em junho de 1964.
Tal
aprofundamento da exploração e opressão é efetivado a partir da combinação
indigesta da ortodoxia neoliberal da política econômica do governo com a
composição nefasta do congresso nacional, a mais reacionária desde os tempos da
ditadura militar. O Brasil se mantém como campeão mundial de concentração de
renda e desigualdade social. Há uma
ofensiva permanente no sentido do aniquilamento das conquistas dos(as) trabalhadores(as) da cidade e do campo, dos
movimentos populares, da luta feminista, da luta da comunidade LGBT, da luta do
movimento negro e da luta da população indígena. É também cada vez maior a criminalização das
crianças e dos jovens a partir de instrumentos como a PEC 171/1993, da redução
da maioridade penal. Este é o país do genocídio sistêmico de jovens negros e
negras, indígenas e pobres. É também o
país da tortura institucionalizada, das chacinas periódicas, das execuções
sumárias, do encarceramento em massa, ou seja, da guerra generalizada contra os
pobres. A criminalização dos movimentos
populares e das lutas da classe trabalhadora é outro componente deste quadro:
existem centenas de pessoas indiciadas por participarem de greves, ocupações e das
manifestações de 2013 e 2014. Alguns
deles estão presos em regime fechado. São os(as) novos(as) presos(as) políticos(as) do Brasil. Em Belo Horizonte, dezenas de jovens sofrem processos por terem
participado das jornadas de 2013 e 2014.
Toda esta
situação descrita compõe o processo de institucionalização da barbárie no
Brasil que nós, do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania,
repudiamos com veemência. Rejeitamos o ajuste fiscal, a terceirização e sua
regulamentação. Com a mesma ênfase, repudiamos a repressão que se abate sobre
os(as) trabalhadores(as) em luta em todo
o Brasil. A nossa solidariedade aos(às)
grevistas deve se materializar no apoio à continuidade da luta. No dia 29/05/2015 teremos o Dia Nacional de
Paralisação rumo à greve geral, no qual a classe trabalhadora deve reafirmar a
sua unidade, independência e radicalidade sempre no combate ao terror de Estado
e do capital - luta sem governo, sem pelego e sem patrão.
PELA AUTO-ORGANIZAÇÃO DA CLASSE
TRABALHADORA!
ABAIXO A EXPLORAÇÃO E A OPRESSÃO!
ABAIXO A REPRESSÃO!
Belo Horizonte, 28 de maio de 2015
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e
Cidadania (IHG-BH/MG)
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