NOTÍCIA SOBRE O SEMINÁRIO
ÉTICA E DIREITO DE TODOS À VIDA
Realizado, no dia 10 de junho de 2015, o Seminário Ética e direito
de todos à vida - Exibição do documentário “À Queima Roupa”. O seminário foi organizado pela Disciplina Seminários de Bioética, do PPG em
Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical e do Mestrado em
Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina/UFMG. O
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania foi convidado para
compor parceria.
A abertura e coordenação desta atividade foi feita por Dirceu Greco (Prof. Titular,
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG). Após a
abertura, foi exibido o documentário de 90 minutos.
Foram feitos painéis da diretora do filme Theresa Jessouroun, dos(as) comentaristas José Luiz Quadros de Magalhães (Prof. das Faculdades de
Direito da UFMG e da PUC - MG), Heloisa
Greco (Profª. de História, membro do Instituto Helena Greco de Direitos
Humanos e Cidadania) e Elza Machado de Melo (Profª. do Departamento de
Medicina Preventiva e Social e Coordª do Mestrado em Promoção da Saúde e
Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG).
Após as falas foi aberta a palavra para o público que fez perguntas e
comentários. Estiveram presentes trabalhadores(as) da educação, estudantes da Faculdade de Medicina e de outros cursos, militantes
de vários movimentos sociais, militantes contra a redução da maioridade penal e
de direitos humanos. O seminário aconteceu no auditório principal da Faculdade
de Medicina da UFMG. Houve entrega de certificado para todo público presente.
No encerramento houve uma apresentação espontânea da cantora Rosa Helena que cantou
música latino-americana.
Na manhã seguinte, dia 11 de junho 2015, o filme foi exibido novamente para
estudantes de Pós-graduação da Faculdade de Medicina, em sala de aula. Após
houve roda de conversa com a diretora do filme, Dirceu Greco, Elza Machado de Melo, Heloisa Greco e Itamar Sardinha (professor do Depto de Medicina Preventiva e Social da
Faculdade de Medicina/UFMG).
A
importância do documentário está na escolha do objeto e do tratamento dado a
ele: a denúncia da guerra generalizada contra os pobres como questão
estrutural, como política de Estado. O filme mostra a maneira como as chacinas
perpetradas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro estão institucionalizadas e
são resultado de ação da cadeia de comando. Revela-se como estas chacinas
assumiram periodicidade assustadoramente regular nos últimos 20 anos - a partir
do massacre de Vigário Geral, em 1993.
É notável a intervenção das vítimas das chacinas institucionalizadas
mostradas no filme. Só elas podem ser os
sujeitos da própria emancipação. A maioria das vítimas do aparato repressivo é
composta por jovens negros(as) e pobres.
As comunidades atingidas se organizam através de associações e
movimentos para combater a violência estatal à qual estão submetidas.
Trata-se
de um documentário investigativo que constitui também contraponto ao aparato
midiático burguês. Esta mídia funciona
como caixa de ressonância e amplificação da exploração, opressão e repressão do
Estado capitalista e da propaganda de seu aparato repressivo. O eixo em torno
do qual os debates dos dias 10 e 11/5 giraram foi a necessidade de amplificação
da denúncia da violência policial institucionalizada.
A
partir destes debates ficou clara a nossa necessidade de insistir cada vez mais
na demarcação com a posição de certos setores que se reivindicam de esquerda,
de partidos, movimentos, ONGs e indivíduos que estabelecem empatia com
delegados, coronéis e outras ‘autoridades’
que têm um discurso aparentemente mais palatável, mas que estão no topo da
cadeia de comando do aparato repressivo e do Estado. Estes setores dão voz para agentes do aparato
policial e militar, os levam para o movimento popular, dão visibilidade, conciliam. Os nossos parceiros são as vítimas do terror
do Estado e do capital: é junto com eles que lutamos ombro a ombro – e não com os
de cima. A militarização assumiu um papel forte em nosso
cotidiano. Assim, diversas atividades
que em primeiro plano eram colocadas como de resistência ao aparato repressivo,
agregam agentes da repressão que dizem divergir, numa perspectiva
"micropolítica", das instituições das quais fazem parte, como se a
própria repressão se tornasse o herói. Uma vez que dar voz a esses agentes é
dar voz à instituição à qual pertencem, não se toca realmente na questão do
aparato repressivo e na questão da hegemonia capitalista – ambas estruturais.
Na lógica da militarização do cotidiano, isso acaba por minar a luta que deve
vir justamente dos reprimidos.
Consideramos
que nossa empatia deve ser estabelecida exclusivamente com as vítimas deste
terror de Estado e do capital - as classes torturáveis de sempre. Não se pode perder de vista que a Polícia
Militar do Brasil é a mais violenta do mundo, é aquela que mais mata entre as
polícias de todos os países do planeta, como o próprio documentário explicita
com evidências empíricas incontrastáveis. Reiteramos que a nossa luta é pelo
desmantelamento de todo aparato repressivo, o que inclui o fim – e não apenas a
desmilitarização - da Polícia Militar.
Agradecemos a participação e a presença de todas e todos.
- Pelo fim do genocídio de
jovens, negrxs, indígenas, trabalhadorxs, pessoas em situação de rua, moradorxs
de ocupações, periferias, morros, vilas e favelas.
- Abaixo a criminalização
dos pobres e dos movimentos sociais!
Belo Horizonte, dia 14 de junho de 2015
Instituto Helena Greco de
Direitos Humanos e Cidadania
(IHG-BH/MG)
Fotos/Arquivo: IHG de Direitos Humanos e Cidadania
Nenhum comentário:
Postar um comentário