"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

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quinta-feira, 8 de março de 2018

8 DE MARÇO/2018

DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES
8 DE MARÇO DE 2018: CONTINUAM A LUTA E O LUTO
         Mais um Dia Internacional das Mulheres que não pode ser de celebração – nada há a comemorar: este continua a ser um dia de luta e de luto. O Brasil é um dos campeões mundiais em feminicídio: é o quinto país que mais mata mulheres no mundo. São 12 assassinatos e 135 estupros por dia (dados de 2017, certamente subnotificados). É também o país do transfeminicídio: aí o Brasil ocupa o primeiro lugar no pódio. Além disso, temos a quinta população carcerária feminina do planeta. Violação e assassinato de mulheres indígenas são táticas do latifúndio/agronegócio para tomar as terras dos povos originários. As mulheres indígenas são também submetidas à esterilização forçada.
       O reajuste neoliberal (leia-se totalitarismo de mercado) implementou as mal chamadas reformas – trabalhista e da previdência (que está a caminho) - e o congelamento por vinte anos dos gastos públicos. A infâmia da superexploração atinge sobretudo as mulheres, mais ainda as mulheres negras e indígenas. Assim, são quatro os componentes da gigantesca opressão que se abate sobre as mulheres: etnia e classe, além de gênero e sexualidade.
       O processo de militarização do Estado e de fascistização da sociedade tem sido levado ao paroxismo pelo governo Temer.  A evidência mais escabrosa é a intervenção militar no Rio de Janeiro, festejada com estridência pelo aparato midiático. A segurança pública como paradigma de governo institucionaliza projeto concentracionário de apartheid social e territorial. A garantia da lei e da ordem constitui sucedâneo do binômio desenvolvimento e segurança – nefasto lema da ditadura militar (1964 - 1985). Está em andamento a implantação do Estado de Segurança Nacional repaginado, a partir do aprofundamento da cultura do medo e da segregação. Obscurantismo e fundamentalismo político e cultural exacerbados são adotados como método de governo, o que leva à proliferação de medidas voltadas para a aniquilação das árduas conquistas das lutas femininas e feministas ao longo de décadas.  Algumas dessas medidas do governo são obscenas: o Ministério da Saúde cogita em fazer monitoramento pré-nupcial de casais com vistas a controle da natalidade – projeto de cunho abertamente eugenista, bem à maneira de Malthus e Cesare Lombroso. É tanta a misoginia institucional, que tramita na Câmara dos Deputados a PEC 181/2015 – proposta pela bancada da bíblia – cujo objetivo é criminalizar o aborto até mesmo nos três únicos casos hoje admitidos (estupro, feto anencéfalo e risco de vida para a gestante).
       À situação de barbárie vigente é preciso contrapor a luta permanente contra a estupidez do machismo, do patriarcalismo, do racismo, do preconceito e da discriminação sistêmicos. Trata-se de disputa contra hegemônica: a emancipação feminina só se efetivará numa sociedade sem opressores e oprimidxs, sem exploradores e exploradxs. É preciso resgatar as energias revolucionárias acumuladas pelas mulheres ao longo da história. Como fazem as guerrilheiras de Rojava.
        Como fizeram as mulheres nas belas Jornadas de Junho de 1848 na França, no quadro da Primavera dos Povos, que completa 170 anos em 2018. Trata-se da primeira revolução proletária da história, a qual foi aniquilada pela burguesia em verdadeira guerra de extermínio. Nela as mulheres tiveram papel ativo. Foram protagonistas com armas nas mãos nas barricadas, assumiram conscientemente a ação revolucionária depois do massacre, foram as guardiãs da história e da memória dos vencidos. Além do perigo da revolução proletária, a burguesia europeia teve que se haver com o perigo igualmente ameaçador da emancipação feminina.  
Viva a luta revolucionária das mulheres!
- Todo o apoio às trabalhadoras; às moradoras das ocupações, periferias e favelas; às negras, às quilombolas e às indígenas.
- Pelo fim do feminicídio e da violência contra as mulheres!
- Abaixo o machismo!
- Direito ao aborto legal, seguro e gratuito já!
Belo Horizonte, 8 de março de 2018
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

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