"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

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sábado, 5 de fevereiro de 2022

MOÏSE MUGENYI KABAGAMBE: PRESENTE, HOJE E SEMPRE! ABAIXO O RACISMO E A XENOFOBIA!

O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG vem a público manifestar apoio incondicional aos familiares e à comunidade de refugiados congoleses no Brasil, atingidos pelo assassinato do jovem trabalhador Moïse Mugenyi Kabagambe. No dia 24 de janeiro ele foi trucidado a socos, chutes, golpes de taco de beisebol por cobrar seu direito - duzentos reais de diárias atrasadas do quiosque Tropicália. Ali ele era submetido a trabalhos dos mais hiperprecarizados, como acontece sistematicamente no Brasil com os imigrantes oriundos de países africanos. Este linchamento foi perpetrado pelo gerente do quiosque e seus amigos, à vista de todos, numa das áreas mais nobres, movimentadas e frequentadas da orla da Barra da Tijuca (Rio de Janeiro/RJ). O dono do quiosque, policial militar, tem sido preservado.

Pessoas que espaireciam no local assistiram passivamente à execução de Moïse, apenas duas tentaram ajudar. Houve omissão inclusive da Guarda Municipal que fazia ronda no local. Polícia Civil e Polícia militar, mais do que coniventes, têm sido omissas no inquérito, cuja abertura foi protelada o máximo possível. As câmeras de segurança do quiosque – que revelam os terríveis detalhes do linchamento - só foram acessadas por causa da pressão constante dos familiares de Moïse. Desde então, estes têm sofrido reiteradas ameaças da Polícia Militar. Foi a partir da combatividade dos familiares, da mobilização dos movimentos populares e da repercussão internacional que a investigação começou a andar. Afinal, o aparato repressivo - estruturalmente racista, xenófobo e genocida - existe para defender a propriedade, os patrões e o Estado. É este o seu papel institucional.

Este linchamento escancara mais uma vez a necropolítica que perpassa todas as malhas do Estado e da sociedade: racismo e genocídio constituem sistema de poder neste país escravocrata cujo Estado mata milhares por ano – maioria de negras/os, indígenas, pobres e faveladas/os.  Sistema de poder que está a crescer em ritmo de escalada nestes tempos milicianos, bolsonaristas, fascistas.

Vivemos no país que adota as chacinas como política de Estado, levando a sua banalização ao paroxismo. A data do linchamento de Moïse Mugenyi Kabagambe quase coincide com a data de sete anos da Chacina do Cabula em Salvador/BA (06/02/2015), onde 12 jovens foram executados pela Polícia Militar na Vila Moisés. Igualmente, nada foi esclarecido. Na manhã desta última quinta-feira (03/02) a Polícia Militar do Rio de Janeiro chacinou pelo menos 15 pessoas no Parque Florestal, na Baixada Fluminense, sob a justificativa de estabilização do território, no tacanho jargão das forças repressivas. Há uma rotina de desaparecimentos forçados nesta região, dominada pelas milícias. Milícias que estão incrustadas no aparelho de Estado, como todas/os sabemos.

O linchamento de Moïse Mugenyi Kabagambe é mais um crime do Estado/capital que repudiamos com veemência. Reiteramos nosso tributo ao trabalhador morto e nossa solidariedade aos familiares e à Comunidade Congolesa.

Em todo Brasil, neste sábado, dia 05/02/2022, haverá atos de protesto em memória do jovem negro, refugiado congolês e trabalhador Moïse Mugenyi Kabagambe. Em Belo Horizonte/MG o Ato “Justiça por Moïse” será na Praça Sete, às 10 horas.

PELO FIM DA EXPLORAÇÃO E DO EXTERMÍNIO DOS REFUGIADOS!

PELO FIM DO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO!

#justiçapormoise

Belo Horizonte, 05 de fevereiro de 2022

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

*Use máscara, mantenha o distanciamento, álcool em gel e vacine-se!

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