"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

R. Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, CEP: 31010-070 - Belo Horizonte/MG (Ônibus: 9103, 9210 - Metrô: Estação Sta. Efigênia). Contato: institutohelenagreco@gmail.com

Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

domingo, 10 de dezembro de 2023

10 DE DEZEMBRO DE 2023: DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

Há 75 anos foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1948, o mundo estava em pleno rescaldo de duas grandes guerras que haviam se sucedido em curtíssimo espaço de tempo. Pela primeira vez todos os avanços científicos acumulados pela humanidade haviam sido aplicados exclusivamente para a destruição, o genocídio e a carnificina em escala industrial - destaque para as bombas atômicas estadunidenses contra Hiroshima e Nagasaki. A partir da Alemanha de Hitler, o bacilo do totalitarismo nazifascista foi solto no planeta. O holocausto de mais de seis milhões de judeus levou ao paroxismo este horror.

Não foi a primeira nem a última vez que os Estados europeus – autodeclarados guardiões da dita civilização ocidental - perpetraram genocídio sistêmico. Este foi inaugurado com o escravismo colonial. A diáspora africana entre os séculos XVI e XIX foi a maior da história. Foi o maior extermínio do Povo Negro e dos Povos Originários de todos os tempos. Com a dominação imperialista/colonialista dos séculos XIX e XX tal horror tem sido praticado em território latino-americano, africano e asiático. O imperialismo estadunidense lidera a globalização da necropolítica.

Ao longo destes 75 anos, milhares de outras declarações, pactos, protocolos e convenções de proteção internacional dos Direitos Humanos foram promulgados. Estes compõem o portentoso mecanismo do Direito Internacional dos Direitos Humanos. Trata-se de documentos civilizatórios. Foram fruto de muita luta dos movimentos sociais pelo mundo afora.

Ainda assim, crimes contra a humanidade e genocídios sistêmicos têm escalado exponencialmente em todo o período de vigência da declaração da ONU. O terrorismo de Estado, inerente ao projeto burguês, tem sido levado a proporções estratosféricas. Afinal, as graves violações dos Direitos Humanos são princípios fundantes do sistema capitalista. Este tem na sua gênese os mais infames negócios: o tráfico de escravizados e a exploração colonial.

Duas terríveis coincidências cronológicas demonstram a ineficácia e as contradições da Declaração dos Direitos Humanos. O apartheid sul africano também foi instituído em 1948. Durou mais de 40 anos (1948-1994) com a inoperância da ONU e a anuência geral do chamado norte global. O apartheid só foi derrubado depois de quase meio século de pressão popular internacional e de luta permanente do Povo Negro sul africano.

O Estado de Israel foi emanado da própria ONU, tendo sido instituído em 14 de maio de 1948. Já nasceu sionista, ou seja, Estado colonial clássico. No dia seguinte à sua criação, Israel consolidou a Nakba, a catástrofe. Mais de 700 mil palestinas/os foram expulsas/os de suas terras ancestrais. Milhares de aldeias foram aniquiladas, sua população foi chacinada. Foram institucionalizados e aprofundados o esbulho do território da Palestina histórica e a política de extermínio de seu povo. Apartheid, racismo, guetização, limpeza étnica, genocídio, tortura, extermínio foram adotados como política de Estado. Desde 07/10/2023 o mundo inteiro está a assistir em tempo real, ao vivo e em cores a consecução da Nakba como política permanente e continuada do Estado sionista racista, supremacista, terrorista e fascista de Israel. A Faixa de Gaza foi transformada em terra arrasada - de maior campo de concentração a maior campo de extermínio da história. Ofensivas cada vez mais violentas atingem a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Mais de 20 mil palestinas/os foram trucidadas/os pelo exército sionista. Mais de cinco mil estão desaparecidas/os. Mais de 36 mil feridas/os e mutiladas/os. Mais de 10 mil presas/os nas masmorras de Israel. Quase dois terços das vítimas palestinas são mulheres e crianças. 

A ONU assiste inerte a implementação da solução final israelense: o extermínio total do Povo Palestino. O governo brasileiro também. É imperativo o rompimento de todas e quaisquer relações com o Estado de Israel. Este se tornou o maior inimigo da humanidade juntamente com seus provedores, os Estados Unidos e a União Europeia. A mídia corporativa é porta voz fiel e incondicional destes inimigos da humanidade.

Quanto ao Estado brasileiro, este é também um dos campeoníssimos mundiais em graves violações de Direitos Humanos. Com o governo Lula o pesadelo do governo Bolsonaro passou, mas o tal bacilo do fascismo continua à solta. Os governadores Romeu Zema (partido Novo/MG) e Tarcísio de Freitas (partido Republicanos/SP) são fascistas orgulhosos e declarados. O governo federal continua atrelado ao agronegócio, ao capital financeiro, às empreiteiras e mineradoras. Continua atrelado às Forças Armadas: não conseguiu sequer restaurar a Comissão Especial sobre Mortos e Desparecidos (Lei 9.140/1995), extinta pelo fascista Bolsonaro em dezembro de 2022. O Brasil tem a maior concentração de renda do planeta. É o país do racismo e do genocídio estrutural e institucional do Povo Negro e dos Povos Indígenas. Neste ano, em menos de 20 dias (entre julho e agosto) mais de 60 pessoas foram executadas pelas forças policiais em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia – jovens, crianças, negros e periféricos. Ainda está em curso o processo de extermínio dos Yanomami – agora também naturalizado pelo Estado e pela mídia corporativa. A Amazônia militarizada recrudesce este quadro. O Brasil tem a terceira maior população carcerária. Ocupa o primeiro lugar em transfeminicídio. Está também entre os primeiros em feminicídio e estupros. Tem uma das leis contra o aborto mais retrógradas do mundo.

Na sanha privatista do totalitarismo de mercado, até a água se torna commodity – juntamente com saúde, educação e transporte público. No dia 6 de dezembro, a PM reprimiu ferozmente manifestação de trabalhadoras/os na Assembleia Legislativa de São Paulo por protestarem contra a privatização da água. Manifestantes foram espancadas/os, feridas/os gravemente e presas/os. No dia 7 de dezembro, a PM do Rio de Janeiro reprimiu ferozmente a mobilização da comunidade da Cidade de Deus cobrando do Estado a responsabilização pela execução de Thiago Menezes Flausino (13 anos), fuzilado pelo BOPE com mais de cinco tiros de fusil no dia 7 de agosto deste ano. O país tem a polícia mais letal do planeta – mata pobre e preto todo dia.

Por tudo isto, entendemos que Direitos Humanos e capitalismo não cabem na mesma frase. Direitos Humanos constituem uma construção histórica, só podem ser efetivados na luta de classes. A luta pelos Direitos Humanos é necessariamente Feminista, Antirracista, Anticolonial, Antifascista e Anticapitalista. É luta internacionalista por definição. Ela é travada sempre na perspectiva da interseccionalidade gênero, raça e classe. O Povo Palestino, o Povo Negro, os Povos Indígenas, a classe trabalhadora existem porque resistem! O apoio e a solidariedade incondicionais ao Povo Palestino constituem hoje a luta prioritária da humanidade.

VIVA A LUTA DO POVO PALESTINO! ABAIXO O ESTADO SIONISTA DE ISRAEL!

PELO FIM DO GENOCÍDIO DO POVO PALESTINO, DO POVO NEGRO E DOS POVOS INDÍGENAS!

PELO FIM DAS EXECUÇÕES, DOS FUZILAMENTOS, DA VIOLÊNCIA POLICIAL NOS MORROS, VILAS, FAVELAS E OCUPAÇÕES!

PELA LIBERDADE DE HENDRYLL E LUCAS!

ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO E DO CAPITAL!

NO CAPITALISMO NÃO HÁ DIREITOS HUMANOS!

Belo Horizonte, 10 de dezembro de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

20 anos! 


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

★ ENCONTRO ANUAL DE ESTUDOS DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA – 8ª Edição (2023)

 DATA: Quarta-feira, dia 20 de dezembro de 2023;

 HORÁRIO: de 19:00 às 21:00 horas;

 LOCAL/ENDEREÇO: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - Rua Hermilo Alves, 290, Santa Tereza - Belo Horizonte/MG.

 LEITURA PARA DEBATE:

PAPPÉ, ILAN. A origem da violência em Gaza está na ideologia racista da eliminação dos nativos. 09 novembro 2023. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/634026-a-origem-da-violencia-em-gaza-esta-na-ideologia-racista-da-eliminacao-dos-nativos-artigo-de-ilan-pappe

- Solicitamos a todes, todas e todos que venham com o texto lido em mãos.

- O horário do encontro é de 19:00 às 21:00 horas. Cheguem no horário - aguardaremos a chegada dos participantes até às 19h15. O encontro poderá se estender após as 21h.

- Serão emitidos certificados para participantes.

 INFORMAÇÕES:

@institutohelenagreco

https://www.facebook.com/institutohelenagreco

https://institutohelenagreco.blogspot.com/

institutohelenagreco@gmail.com

*10 de dezembro é o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Neste dia o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania completa 20 anos de luta contra o terrorismo de Estado e do capital.


domingo, 24 de setembro de 2023

★ ANIVERSÁRIO DA OCUPAÇÃO HELENA GRECO - DIA DAS CRIANÇAS SOLIDÁRIO - 12/10/2023

TODO APOIO À OCUPAÇÃO HELENA GRECO!

Moradoras/es estão organizando "Aniversário da Ocupação Helena Greco - Dia das crianças solidário".

Necessitam de doações, contribuição financeira por via PIX ou qualquer ajuda para a realização da atividade.

- CHAVE PIX:

cozinhasolidariaohg@gmail.com

- INFORMAÇÕES:

WhatsApp - 31 9 8016-7423 - Ju (moradora da ocupação)

@cozinhasolidariahelenagreco


Comemoração de 12 anos da ocupação:

🗓️ Quinta-feira, dia 12/10/2023, às 9H.

📍 Rua Helena Greco (rua principal da ocupação) - Bairro Zilah Spósito - BH/MG.

★ OCUPAÇÃO HELENA GRECO: (R)existe desde 2011

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

★ ZONA LESTE UNDERGROUND - 2ª Edição ★ SÁBADO, DIA 14/10/2023 - DE 12:00 ÀS 21:00 HORAS ★ LOCAL/ENDEREÇO: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - Rua Hermilo Alves, 290, Santa Tereza - Belo Horizonte/MG

ESPAÇO SUJEITO A LOTAÇÃO (ingressos limitados):

• ANTECIPADO:

R$ 15,00 (pagamento via PIX)

- CHAVE: animatiokapitan@gmail.com

*Para informações e confirmação do pagamento do PIX, entrar em contato pelo WhatsApp e enviar comprovante - 31 9 7583 3283.   

• PORTARIA:

R$ 20,00

- Evento sem fins lucrativos - a venda de ingressos será revertida para os gastos com deslocamentos de bandas e para manutenção do espaço.

PROGRAMAÇÃO:

12:00 HORAS - ABERTURA DO ESPAÇO:

- VENDA DE COMIDA VEG pela Casa de Angola - refeição, salgados, chá gelado.

- VENDA DE CERVEJA pela KGC RECORDS a preços populares.

- FEIRINHA UNDERGROUND - discos, camisetas, livros, zines, materiais diversos.

- DISCOTECAGEM EM VINIL com Gabriel Herege - Metalpunk Overkill.

14:00 HORAS (em ponto):

- RODA DE CONVERSA com Ariel Uliana Junior (@arielinvasor):

“4 décadas em Movimento! Vivências e Revoltas do Punk em nossas vidas...”

- LANÇAMENTO DE K7 - Consciência Suburbana: “Ao vivo na Kasa SOUL, em 2021”.

16:00 HORAS (em ponto) - APRESENTAÇÃO DAS BANDAS:

- INVASORES DE CÉREBROS (Punk/HC, 1988 - SP) - Pela 1ª vez em BH! @invasores_de_cerebros

- REPRESSÃO SOCIAL (Punk/HC, 1995 - RJ) - Pela 1ª vez em BH! @banda_repressao_social

- CONSCIÊNCIA SUBURBANA (Punk rock, 1995 - BH/MG) @conscienciasuburbana

- OS DECRÉPTOS (Punk rock, 2007 - BH/MG)  @osdecreptos

ORGANIZAÇÃO/PARCERIA:

- INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA - BH/MG
@institutohelenagreco

- KASA SOUL (Espaço Cultural/Social) - Divinópolis/MG 

@kasa.soul

- NO FUTURE DISTRO (Selo/Bandas/Turnês) - Divinópolis/MG 

@nofuture.distro

- K.G.C. RECORDS - Kativeiro Gravações Clandestinas (gravadora) - BH/MG
@kgc_records

- TÊIA PRODUÇÕES (Produção Cultural - Independente, Underground, Autoral) – BH/MG @teiaproducoesbh

- CASA DE ANGOLA (Cozinha Veg - Capoeira Angola) - BH/MG
@casaangola

- METALPUNK OVERKILL (Coletivo que produz eventos de forma underground e autogerida) - BH/MG @metalpunkoverkill

- SETE LAGOAS UNDERGROUND (Selo/Distro/Eventos) - Sete Lagoas/MG

PRESERVE O ESPAÇO: CUIDE DE TUDO E DE TODES/AS/OS AO SEU REDOR!

*nazi/fascistas, ancaps, racistas, machistas, lgbtqiapn+fóbicos: NÃO PASSARÃO!

domingo, 17 de setembro de 2023

★ 50 ANOS DO GOLPE NO CHILE - CINE-DEBATE EM BH

Realizada, na quarta-feira, dia 13/06/2023, a exibição do filme Buscando a Allende, de Carlos Pronzato (cineasta, documentarista, diretor teatral e escritor argentino). O documentário tem sido exibido e debatido em várias cidades a partir do dia 11/09/2023, data dos 50 anos do golpe no Chile.

Em Belo Horizonte/MG aconteceu no Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania. Contou com a participação de Marco Antônio Meyer (ex-preso político banido do Brasil que vivenciou o golpe no Chile) e Richardson Pontone (professor e documentarista). Estiveram presentes ex-presos políticos, exilados e familiares de vítimas da ditadura - muitos com passagem pelo Chile. Vieram também companheiros da Luta Antimanicomial, da Associação Cultural José Martí/MG, militantes de movimentos sociais, trabalhadoras/es em Educação e estudantes.

O golpe militar chileno de 11 de setembro de 1973 deu início a uma ditadura sangrenta que durou 17 anos (1973-1990). Foi uma das mais longevas das ditaduras no Cone Sul da América Latina, juntamente com a do Paraguai (1954-1989) e a do Brasil (1964-1985). No Chile, em registro conservador, cerca de 40 mil pessoas foram perseguidas, sequestradas, presas, torturadas, estupradas, violentadas. Destas, mais de 3.500 foram exterminadas – quase duas mil continuam desaparecidas. Duzentas mil foram exiladas.

Os grandes responsáveis internos por este horror foram as corporações multinacionais, empresariais, financeiras, mineradoras e latifundiárias aliadas às Forças Armadas. Os grandes responsáveis externos foram o imperialismo estadunidense e a ditadura militar brasileira.

O Brasil esteve presente em todas as fases do golpe e de sua consolidação. A participação da ditadura brasileira foi tão escancarada que o embaixador brasileiro no Chile – Antônio Cândido da Câmara Canto – é considerado o quinto membro da junta militar de Pinochet.





PELO DIREITO À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!

#DitaduraNuncaMais

Belo Horizonte, 17 de setembro de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

50 anos do golpe no Chile ★ PROGRAMAÇÃO NACIONAL DE EXIBIÇÃO DO FILME: 'BUSCANDO A ALLENDE', de Carlos Pronzato

CINE-DEBATE EM BH:
🗓️ DATA: quarta-feira, dia 13/09/2023, às 19:00 horas

📍LOCAL/ENDEREÇO: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - Rua Hermilo Alves, 290, Santa Tereza – Belo Horizonte/MG
RODA DE CONVERSA:
MARCO ANTÔNIO MEYER:
ex-preso banido do Brasil pela ditadura. Exilado, vivenciou o golpe de 1973 no Chile;
RICHARDSON PONTONE: professor, fotógrafo e documentarista.

BUSCANDO A ALLENDE:
ROTEIRO, CÂMERA E DIREÇÃO:
Carlos Pronzato;

PRODUÇÃO: La Mestiza Audiovisual (Salvador/Bahia);

CAPA: Ary A. Normanha & Jun Ilyt Normanha;
ANO DE PRODUÇÃO: 2008;
DURAÇÃO: 70 minutos.

CARLOS PRONZATO - cineasta, documentarista, diretor teatral e escritor argentino. Reside há décadas no Brasil produzindo documentários sobre as lutas sociais na América Latina.
@documentaristasocial
@carlospronzato
@lamestizaaudiovisual
@institutohelenagreco

★ CONJUTURA E CHACINAS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO PENAL - debate com Hamilton Borges

Debate com @hamilton1_borges (escritor e militante). Bate-papo sobre seu novo livro recém lançado - Bantu Machine: o homem que queria ser branco.

🗓️ DATA:
Sábado, dia 09/09/2023, às 16:00 horas.

📍 LOCAL/ENDEREÇO:
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - Rua Hermilo Alves, 290, Santa Tereza - Belo Horizonte/MG.

PELO FIM IMEDIATO DAS OPERAÇÕES E INVASÕES POLICIAIS NAS COMUNIDADES!

PELO FIM DAS CHACINAS E DO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO!

PELO DESMANTELAMENTO DE TODO APARATO REPRESSIVO!

PELA REPARAÇÃO DAS VÍTIMAS DO TERRORISMO DE ESTADO!


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

SEMANA DA ANISTIA 2023

*31 DE AGOSTO, ÀS 14H, NA ALMG – Audiência Pública – Semana da Anistia: relembrando a história, valorizando a Democracia (Auditório José Alencar - Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho – Belo Horizonte/MG)

- Convidadas/os da audiência pública:

Jarbas Soares Júnior

Procurador-Geral de Justiça - Ministério Público de Minas Gerais

Ângelo Giargini de Oliveira

Procurador da República

Nilmário Miranda

Chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos

Sérgio Rodrigues Leonardo

Presidente - Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Minas Gerais

Maria Emília da Silva

Comissão de Anistia 2023; Coordenadora do Programa Estadual de Proteção a Defensores de Direitos Humanos - Instituto DH: Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania

Gildásio Westin Cosenza

Conselheiro do CONEDH; Ex-Preso Político; Membro da Comissão da Verdade dos Trabalhadores em Minas Gerais. Representando Robson Sávio Reis Souza - Presidente - Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos

Alberto Betinho Duarte

Representante do Comitê Brasileiro pela Anistia/MG

Leonardo Péricles Vieira Roque

Presidente - Unidade Popular pelo Socialismo (UP)

Heloisa Amelia Greco (Bizoca)

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

*01 DE SETEMBRO, ÀS 11H, NA FACE/UFMG – Semana da Anistia homenageia João Batista Drumond, assassinado no DOI-CODI de São Paulo, em 1976 (Auditório Professor Rodrigo Ferreira Simões - Avenida Presidente Antônio Carlos, 6.627, Campus Pampulha - Belo Horizonte/MG)




segunda-feira, 28 de agosto de 2023

44 ANOS DA LEI DE ANISTIA PARCIAL E RESTRITA: PELA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!

Hoje, 28 de agosto de 2023, a lei de anistia parcial (lei 6683/1979) completa 44 anos. Ao longo destas quase quatro décadas e meia temos repetido à exaustão: não é data a ser comemorada, mas denunciada. Esta lei constitui imposição da ditadura militar (1964-1985) na sua investida para esvaziar a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. A lei 6683/1979 foi forjada a partir da Doutrina de Segurança Nacional, arcabouço ideológico do regime. Esta determina a eliminação dos inimigos internos. Eram considerados inimigos internos todas/os que ameaçavam ou poderiam vir a ameaçar o binômio Desenvolvimento e Segurança – lema da ditadura. É este o projeto burguês de modernização, aceleração e aprofundamento da acumulação capitalista. Isto se deu às custas de muita opressão, exploração e repressão. Às custas de censura, perseguições, cassações, sequestros, prisões, torturas, desaparecimentos forçados, eliminação em massa de indígenas e trabalhadores do campo. Às custas  de muito sangue. Tortura e desaparecimentos tornaram-se políticas de Estado.

A lei 6683/1979 determina que a anistia é parcial e restrita para as vítimas da ditadura. E é instantânea e total para seus algozes: todos os agentes do Estado que sequestraram, torturaram, estupraram, assassinaram, esquartejaram e fizeram desaparecer os corpos daqueles considerados inimigos internos. Trata-se de crimes contra a humanidade. São, portanto, inanistiáveis, imprescritíveis e inafiançáveis segundo o direito internacional dos Direitos Humanos – só que não neste país.

A exiguidade da lei de anistia cristalizou-se ao longo da transição a partir de 1985, quando o último general-ditador deixou o poder. Transição que se deu sem ruptura, a partir de um pacto entre as forças armadas e a burguesia – até hoje em vigor. Pacto do silêncio que carrega em seu bojo a estratégia do esquecimento e o negacionismo histórico. Foi imposta, então, a narrativa da reciprocidade e da auto-anistia em nome da necessidade da reconciliação nacional. Em 2010, esta infame interpretação da lei de anistia foi positivada pelo Supremo Tribunal Federal, com o indeferimento da ADPF 153. Aí foi consolidada a inimputabilidade automática e definitiva – ou seja, a auto-anistia - dos agentes do Estado que perpetraram crimes contra a humanidade.

Temos, no entanto, muito a resgatar nesta data: a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Esta foi protagonizada pelo Movimento Feminino pela Anistia (a partir de 1975); pelos Comitês Brasileiros pela Anistia (a partir de 1977); pelo conjunto das pessoas presas políticas, banidas e exiladas; pelas/os familiares das pessoas mortas e desaparecidas políticas. Foi movimento de massas com amplo apoio do operariado, dos movimentos populares e de todas/os que lutavam contra a ditadura. O Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (1978) teve papel de destaque nesta luta. Reforçou a inclusão da luta contra a repressão policial institucionalizada – esta que matava e mata preto e pobre todo dia - na Carta do Congresso Nacional pela Anistia (São Paulo, novembro 1978).

Os princípios da luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita continuam valendo até hoje. Não houve o esclarecimento circunstanciado das mortes e desaparecimentos. Os familiares dos desaparecidos políticos não puderam exercer o direito ancestral de enterrar seus entes queridos. A nossa lista de mortos e desaparecidos é drasticamente lacunar: nela não constam os nomes nem as histórias dos milhares de indígenas exterminados pela ditadura, nem dos milhares de trabalhadores do campo trucidados no período. Não houve a abertura irrestrita dos arquivos da repressão. Não houve “o fim radical e absoluto das torturas e dos aparatos repressores, e a responsabilização judicial dos agentes da repressão e do regime a que eles servem”, como exigia o documento de 1978 citado.

O aparato repressivo continua montado e tem sido incrementado no país campeão mundial em letalidade policial. A tortura e os desaparecimentos forçados continuam sistêmicos. São estruturais e institucionais o racismo e o genocídio do Povo Negro e dos Povos Indígenas. Este é o país das chacinas periódicas: a polícia cada vez mais mata pobre, preto e criança todo dia. Nos últimos 30 dias o número de chacinados – na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo - ultrapassou as cinco dezenas. No dia 17/08 Bernadete Pacífico foi trucidada com 22 tiros, no Quilombo Pitanga dos Palmares, Salvador/BA. Era liderança histórica do candomblé e da luta pela demarcação de terras quilombolas. Estava jurada de morte por fundamentalistas, latifundiários e empreiteiros.

Certamente houve avanços pontuais na luta por Memória, Verdade e Justiça nestes 44 anos que nos separam da promulgação da lei 6683/1979. Alguns são bastante significativos. Todos eles são devidos à mobilização permanente dos movimentos de Direitos Humanos. Mesmo depois da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014), no entanto, os nós górdios apontados acima continuam atados. Houve o tempo todo também derrotas e recuos - sobretudo nos quatro anos (2019-2022) de governo fascista escancarado que atende pelo nome de bolsonarismo. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, conquistada a duras penas pelos familiares e pelos movimentos sociais (lei 9140/1995), cancelada pelo governo Bolsonaro, ainda não foi restaurada.

Exatamente neste 28 de agosto acontece, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a escabrosa homenagem armada pelo governador fascista Romeu Zema (Partido Novo) ao seu nefando colega  genocida, o fascista Jair Bolsonaro (PL). Este receberá o título de cidadão de Minas Gerais (???). Zema e Bolsonaro são racistas e antipovo. Ambos são entusiastas da ditadura militar. Bolsonaro têm como paradigmas milicianos sanguinários e Carlos Alberto Brilhante Ustra, o único torturador condenado em ação declaratória com trânsito em julgado. A palavra repúdio não é suficiente para expressar nossa indignação diante de tamanha desfaçatez. Fora Zema, fora Bolsonaro!

A luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita é referência obrigatória para a luta pelos Direitos Humanos. Ao resgatá-la, reafirmamos o tributo que devemos a todas/os que tombaram na luta contra a ditadura. Estendemos este tributo a todas/os que combateram e continuam a combater o fascismo e o terrorismo de Estado. Nossa solidariedade às vítimas da violência policial e seus familiares.  

PELA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!

DITADURA E TORTURA NUNCA MAIS!

PELO DIREITO À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!

PELO FIM DO APARATO REPRESSIVO!

FASCISTAS: NÃO PASSARÃO!

Belo Horizonte, 28 de agosto de 2023

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG