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segunda-feira, 30 de março de 2015

NOTA EM REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES REACIONÁRIAS, RACISTAS E INTERVENCIONISTAS DO JORNAL ESTADO DE MINAS SOBRE O D.A. FAFICH/UFMG




NOTA EM REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES REACIONÁRIAS, RACISTAS E INTERVENCIONISTAS DO JORNAL ESTADO DE MINAS SOBRE O D.A. FAFICH/UFMG
O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania vem a público repudiar com veemência o jornal Estado de Minas o qual, em matéria do dia 27/03/2015 cujo objeto é o espaço do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, reiterou todo o reacionarismo e racismo contidos na sua linha editorial ao explicitar:
- a concepção de extrema direita compreendida no saudosismo em relação à ditadura militar banalizando e elogiando os tempos terríveis dos anos 1974-1985 – ordeiros, segundo os jornalistas (?) que assinam a matéria - como se não houvera a mais feroz repressão a estudantes, funcionárixs e professorxs da FAFICH, que estava sob intervenção.  A FAFICH era, então, um dos principais redutos do movimento estudantil de oposição à ditadura na UFMG;
- a concepção policialesca, racista, higienista e segregacionista da tentativa de consolidar a criminalização e estigmatizacão da juventude jovem e negra que frequenta os espaços da faculdade;
- a concepção preconceituosa, elitista e credencialista da tentativa de interdição daquele espaço a não estudantes – bem nos moldes da ditadura militar - passando por cima de que se trata de uma universidade pública que, por definição, deveria estar aberta a todas e todos, sobretudo às comunidades do entorno do campus;
- a concepção reacionária de histeria em relação às drogas, quando a discussão pela sua descriminalização e legalização é pautada em todo o planeta.
            O que é mais grave é a coincidência das posições deste arauto da mídia burguesa com a posição da burocracia universitária, que reza pela mesma cartilha. O racismo, o machismo e a LGBTfobia são estruturais na instituição. Os membros das comunidades indígenas são igualmente discriminados.   O campus da UFMG está cada vez mais militarizado, o que fica evidente no aumento exponencial de câmeras e todos os tipos de catracas e obstáculos; na precarização do espaço físico e dos serviços; e, sobretudo na ação do aparato repressivo contra estudantes, professorxs e funcionárixs. Há um convênio firmado entre a Polícia Militar e a reitoria. Esta formalizou, agora, sua intenção de intensificar vigilância e segurança – leia-se, mais repressão. Nas jornadas de junho/2013, o campus serviu de base para a Polícia Militar, as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança Pública que o invadiram – com a anuência da reitoria - para atacar e caçar estudantes e manifestantes.  A Segurança Universitária trata estudantes como inimigos, como ficou claro na repressão àquelxs que ocuparam a reitoria em 2014, que foram violentamente espancadxs.  Também em 2014, a PM invadiu o CAFCA e achacou estudantes. Lembramos ainda que, há sete anos (abril/2008), no IGC, uma sessão comentada de cinema – um documentário, vendido em bancas de revistas, sobre a descriminalização da maconha - foi interrompida a golpes de cassetete e bombas de gás lacrimogêneo pela Polícia Militar. Esta foi convocada e autorizada a agir pela reitoria.  Professorxs e estudantes foram atingidxs por cerca de cinquenta PMs em viaturas e helicópteros. Este tipo de repressão, portanto, é tradição na UFMG.
            Na manhã desta segunda-feira, (30/03/2015), a Congregação da FAFICH determinou o fechamento do D.A. por seis meses para revitalização, além da proibição de festas.  Sabemos que revitalização significa higienização/segregação.  Continua na FAFICH o projeto de destruição continuada do espaço político dxs estudantes e da comunidade.  
            Sabemos que a maneira de combater este cenário de violência institucional, midiática e policial é a auto-organização ampla e aberta de estudantes e funcionários, em conjunto com as lutas dxs trabalhadorxs, do movimento popular e das comunidades de periferia.  Reafirmamos nossa solidariedade com xs estudantes e com todas e todos que têm sido atingidxs neste processo.  Reafirmamos também a importância do resgate das luta contra a ditadura militar: não percamos de vista que o D.A. FAFICH/UFMG leva o nome de Idalísio Soares Aranha Filho, nosso companheiro Aparício, assassinado e desaparecido pela ditadura na Guerrilha do Araguaia.   

         - Abaixo o jornal Estado de Minas e a mídia burguesa!

         - Abaixo os desmandos da reitoria e da burocracia universitária!

         - Pelo desmantelamento do aparato repressivo! Pelo fim da Polícia Militar!                              

         - Pelo fim da criminalização de negras e negros, indígenas e pobres!

         - Pelo fim do racismo, do machismo e da LGBTfobia!

        - Por uma universidade pública, de qualidade, 
        aberta aos trabalhadorxs e às comunidades!

         - Pela luta independente realizada por estudantes, 
         trabalhadorxs e pelo movimento popular em relação 
         ao Estado, aos governos, às empresas e à institucionalidade!

Belo Horizonte, 30 de março de 2015
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG-BH/MG)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Incrível como a história se repete. Minha solidariedade ao Instituto Helena Greco.
    E o tempo passa. Em 20 de agosto de 1968, fui detido e preso pelos agentes do DOPS e levado para o Sr. Thacir Menezes Sia, na Av. Afonso Pena. Recebido com a truculência que era característica do mesmo. E o motivo: consegui impedir a entrada destes agentes do DOPS no espaço da Escola de Veterinária da UFMG quando esta ficava localizada na Gameleira. Isto em plena Ditadura Militar. Hoje, no chamado Estado Democrático de Direito, ainda acontece tais barbaridade. A luta continua e SEMPRE companheirada.

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