A
25 de novembro de 1960, as irmãs Patria, Minerva e Maria Teresa Mirabal foram
assassinadas sob tortura, na República Dominicana. As irmãs Mirabal –
conhecidas como Las Mariposas - eram
militantes contra a ditadura do generalíssimo
Rafael Trujillo (1930-1961), responsável por mais de 30 mil mortes e desaparecimentos de opositoras/es. Tal
regime – como as demais ditaduras na América Latina e no Caribe - foi fortemente apoiado pelos Estados
Unidos.
A
combatividade das irmãs Mirabal contra a ditadura e contra o patriarcalismo se
tornou um dos principais símbolos da luta feminista em todo o mundo. Em 1981, o
Encontro Feminista Latino-americano e Caribenho, realizado na Colômbia, adotou
a data como o Dia Latino-americano e Caribenho contra a Violência à Mulher. Em
1999, a ONU a adotou como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência
contra as Mulheres.
Para
nós é sempre dia de reafirmar que esta luta tem caráter histórico, permanente,
classista, estrutural e contra-hegemônico. Não há como erradicar a violência
contra as mulheres e conquistar a emancipação feminina na vigência do sistema
capitalista. Não há, portanto, como ser feminista sem ser Antimachista, Antipatriarcal,
Antirracista, Anticolonial, Antifascista e Anticapitalista.
O lema Deus Pátria e família do governo
genocida ainda vigente consolidou a ubiquidade do legado colonial escravocrata
e a capilaridade do fascismo na sociedade. A criminalização das lutas das
mulheres e o aniquilamento dos seus princípios e conquistas históricos são
políticas de Estado de prioridade máxima. O país se consolidou de vez como um
dos campeoníssimos mundiais em casos de estupro, violência doméstica, feminicídio
e transfeminicídio. Tem ainda a terceira população carcerária feminina. As mais
atingidas são as mulheres negras e indígenas, pobres, periféricas, submetidas
ao trabalho precarizado. São elas também as principais vítimas do genocídio
sanitário da COVID-19 provocado pelo negacionismo fascista deste governo.
A luta contra a
violência às mulheres é necessariamente internacionalista. A Terra tem oito bilhões
de habitantes: a maioria é de mulheres não
brancas, pobres e periféricas. Esta maioria é oprimida globalmente por uma
exígua minoria de machos brancos que comandam o totalitarismo de mercado (o tal
neoliberalismo) e o terrorismo de
Estado. Para que possamos prestar o devido tributo às companheiras que tombaram,
lutaram e lutam contra toda esta situação de barbárie precisamos reforçar a
radicalidade e a autonomia desta luta.
PELO FIM DA VIOLÊNCIA ÀS MULHERES!
ABAIXO O FEMINICÍDIO E TRANSFEMINICÍDIO!
MACHISTAS: NÃO PASSARÃO!
Belo Horizonte, 25 de novembro de 2022
Instituto Helena Greco de Direitos
Humanos e Cidadania - BH/MG
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