"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

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terça-feira, 25 de abril de 2017

"LIBERTEM RAFAEL BRAGA"

NOTA DE REPÚDIO À CONDENAÇÃO DE RAFAEL BRAGA VIEIRA – LIBERDADE JÁ!
        Nós, do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, manifestamos o mais veemente repúdio à condenação de Rafael Braga Vieira. A partir de absolutamente escabroso e inverossímil flagrante - forjado toscamente pelos policiais militares Pablo Vinicius Cabral e Victor Hugo Lago que plantaram drogas e morteiro - o juiz Ricardo Coronha Pinheiro condenou Rafael a 11 anos e 3 meses de prisão por tráfico e associação para o tráfico de drogas. A sentença foi publicada pela 39ª Vara Criminal no site do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJERJ) na última quinta-feira (20/04/2017).
        Não se trata da primeira condenação de Rafael Braga. Negro, pobre, morador de favela, com trajetória de rua, ele foi o único que teve o caso transitado em julgado em função das manifestações de junho de 2013. Foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão por se encontrar por acaso no caminho da grande manifestação de 20 de junho de 2013 e portar duas garrafas de plástico contendo material de limpeza, seus instrumentos de trabalho. Rafael Braga trabalhava como catador de materiais recicláveis e lavador de carros – não participava da manifestação. A polícia alegou que as duas garrafas de desinfetante e de água sanitária eram coquetéis Molotov. Rafael cumpriu parte desta primeira condenação em regime fechado, em Bangu/RJ. Estava em regime aberto desde 2015, monitorado por tornozeleira eletrônica, até este segundo flagrante forjado, que o colocou de novo em regime fechado, em 12/01/2016, também em Bangu.
        Os dois policiais militares citados pertencem à UPP da Vila Cruzeiro, na Penha, região norte do Rio de Janeiro – onde morava Rafael Braga e sua família. O juiz Ricardo Coronha Pinheiro não teve dificuldade em acatar os depoimentos contraditórios da acusação. Bastou a ele brandir a infame Súmula 70, aprovada por unanimidade pelo TJERJ em 04/08/2003, a qual garante nada menos que o seguinte absurdo: O fato de restringir-se a prova oral a depoimentos de autoridades policiais e seus agentes não desautoriza a condenação. O juiz Ricardo apressou-se também em desqualificar a única testemunha de defesa. Esta viu que Rafael Braga não portava coisa alguma e que ele foi espancado e ameaçado pelos policiais. Como se não bastasse, o juiz ainda negou o pedido da defesa de acesso ao GPS da tornozeleira e às câmeras da viatura policial que conduziu Rafael à delegacia.
        Trata-se do mesmo juiz que, em março de 2014, autorizou a invasão policial a todas as casas do Parque União e da Nova Holanda, comunidades da Maré, concedendo à Policia Civil o mandado coletivo (???) de busca e apreensão. Este senhor legitima, portanto, a potencialização da violência policial em todos os níveis. Não percamos de vista que a Polícia Militar do Rio é considerada a mais violenta do mundo – aquela que mais mata entre todas as polícias do planeta, a que mais comete os chamados autos de resistência, ou seja, execuções extralegais.
         O caso Rafael Braga confirma o reacionarismo intransponível do judiciário e o ritmo galopante da escalada do processo de fascistização deste mal chamado Estado democrático de direito que é, na verdade, o Estado penal. Este se caracteriza pela perenização das graves violações dos direitos humanos: sistematicidade das torturas e desaparecimentos forçados; guerra generalizada contra os pobres; política de encarceramento em massa (quarta população carcerária do mundo, 67% de negros, 1/3 sem julgamento); chacinas periódicas; genocídio institucionalizado contra o Povo Negro e os Povos Indígenas; racismo sistêmico. No Rio de Janeiro a coisa parece ser ainda mais evidente: foi até nomeado um torturador contumaz da época da ditadura militar – o coronel Paulo Cesar Amendola – para Secretário de Ordem Pública da prefeitura do fundamentalista cristão Marcello Crivella (PRB). Amendola foi também um dos fundadores do famigerado Batalhão de Operações Especiais (BOPE).
        Rafael Braga tem toda a nossa solidariedade, assim como seus familiares, companheiros e amigos. A concretização desta solidariedade se dará com o aprofundamento da luta pela sua libertação e da luta antiprisional.
PELA LIBERTAÇÃO IMEDIATA DE RAFAEL BRAGA!
Abaixo o Estado penal racista! Pelo fim do genocídio do Povo Negro!
Pelo fim das perseguições e do extermínio de moradorxs de periferias, favelas e ocupações! 
Pelo fim de todo aparato repressivo!
Abaixo terrorismo de Estado e do capital!
Belo Horizonte, 25 de abril de 2017
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
Imagem/Fonte: Campanha pela Liberdade para Rafael Braga 
https://libertemrafaelbraga.files.wordpress.com/2016/08/adriana-conta2.png
 
Acesse:https://libertemrafaelbraga.wordpress.com/

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