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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

23 DE JULHO: 25 ANOS DA CHACINA DA CANDELÁRIA - RJ

Foto: Jonas Cunha
 25 ANOS DA CHACINA DA CANDELÁRIA
        No dia 23 de julho de 2018 a Chacina da Candelária completou 25 anos. No dia 23 de julho de 1993, em frente à Catedral da Candelária, no Rio de Janeiro, foram executados sumariamente por policiais militares encapuzados os meninos Paulo Roberto de Oliveira (11 anos), Anderson de Oliveira Pereira (13 anos), Marcelo Cândido de Jesus (14 anos), Valdevino Miguel de Almeida (14 anos), Gambazinho (17 anos), Leandro Santos da Conceição (17 anos), Paulo José da Silva (18 anos) e Marcos Antônio Alves da Silva (19 anos). Todos eram negros, todos eram crianças e adolescentes, todos em situação de rua – estavam dormindo aos serem chacinados. Coincidência histórica significativa: no mesmo dia 23 de julho de 1993, 12 Ianomâmi – idosas/os, mulheres e crianças - foram chacinadas/os na Comunidade Haximu/Roraima. Trata-se de genocídio, crime contra a humanidade, portanto.
Imagem: "Manifestação de Protesto contra a Chacina da Candelária", em Belo Horizonte, no dia 30/07/1993. 
Foto: Cecília Pederzoli. Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.

        Na década de 1990, os massacres e chacinas periódicos – que constituem processo histórico de longa duração no Brasil - atingiram sistematicidade assustadora. Vamos citar os casos mais notórios, além da Candelária e dos Ianomâmi: Acari, Rio de Janeiro, 26 de julho de 1990 (11 jovens mortos, 7 com menos de 18 anos); Carandiru, São Paulo, 2 de outubro de 1992 (111 presidiários mortos); Vigário Geral, Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1993 (21 mortas/os); Corumbiara, Rondônia, 9 de agosto de 1995 (10 camponesas/es pobres mortas/os, pelo menos 20 desaparecidas/os); Eldorado dos Carajás, Pará, 19 de abril de 1996 (19 sem terra mortas/os); Taquaril, Belo Horizonte, 15 de março de 1996 (3 jovens sequestrados e mortos sob tortura). Todas estas chacinas foram cometidas direta e/ou indiretamente pelo Estado - policiais civis e militares em conluio com empresários, latifundiários e gerenciadores de garimpo ilegal.
        As vítimas/alvos de todas estas chacinas são negras/os, indígenas, sem terra, camponesas/es pobres, trabalhadoras/es do campo e da cidade, sem teto, moradoras/es de ocupações, morros, favelas e periferias. Estava a pleno vapor a guerra generalizada contra os pobres e o genocídio institucionalizado contra o Povo Negro e os Povos Indígenas – prática sistemática do Estado democrático de direito, então recém-instituído pela Constituição de 1988. Ao longo das duas décadas e meia que nos separam da chacina da Candelária a escalada do processo de militarização e fascistização do Estado e da sociedade tem levado ao paroxismo o terrorismo de Estado com o incremento do aparato repressivo policial-militar/jurídico/legislativo. Massacres e chacinas – no atacado e no varejo – continuam a ser praticados sistematicamente como política de Estado. A polícia que mais mata no mundo mata pobre todo dia. O Brasil continua no pódio como um dos grandes campeões mundiais em violência policial, concentração de renda e desigualdade social.
        Para combater esta cultura da morte e do extermínio precisamos aprofundar a luta pelo desmantelamento do aparato repressivo e pelo direito à vida na perspectiva da independência e da auto-organização. É assim que entendemos a luta pelos direitos humanos.
Paulo Roberto, Anderson, Marcelo, Valdevino, Gambazinho, Leandro, Paulo José e Marcos Antônio: presentes na luta!
Pelo fim das chacinas e massacres praticados pelo Estado!
Pelo fim do genocídio do Povo Negro e dos Povos Indígenas!
Abaixo o terrorismo de Estado! Pelo fim de todo aparato repressivo!
Imagem: "Manifestação de Protesto contra a Chacina da Candelária", em Belo Horizonte, no dia 30/07/1993. 
Foto: Cecília Pederzoli. Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.

Belo Horizonte, 2 de agosto de 2018
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania

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