"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

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quinta-feira, 5 de abril de 2018

SOBRE A MEDALHA CHICO MENDES DE RESISTÊNCIA/2018

NOTÍCIA SOBRE A ENTREGA DA 
30ª MEDALHA CHICO MENDES DE RESISTÊNCIA/2018
            Desde 1989, o Grupo Tortura Nunca Mais – RJ, em parceria com outros movimentos sociais e entidades de direitos humanos, realiza a entrega da Medalha Chico Mendes de Resistência. Esta foi criada em contraposição à provocação do Comando Regional do Leste, que concedeu a Medalha do Pacificador (leia-se Medalha do Repressor) a membros do aparato repressivo da ditadura militar (1964 – 1985).  Desde então, todos os anos, no dia 1º de abril, cerca de dez movimentos sociais e defensores dos direitos humanos recebem a Medalha Chico Mendes de Resistência. São perseguidos(as) e ex-presos(as) políticos(as); mortos(as) e desaparecidos(as) políticos(as) e seus familiares; guerrilheiros(as) que combateram a ditadura; trabalhadores(as) do campo e da cidade; camponeses(as) pobres; sem terra; sem teto; pessoas em situação de rua; negras e negros; quilombolas; indígenas; feministas; LGBTQIs.
        Trata-se de insurgentes e resistentes de ontem e de hoje que lutam por memória, verdade e justiça; pela abertura irrestrita dos arquivos da repressão; contra a tortura e o extermínio institucionalizados; contra o aparato repressivo; contra o encarceramento em massa; contra o genocídio do Povo Negro e dos Povos Indígenas; contra o racismo, o machismo e a lgbtqifobia – enfim, contra o terrorismo de Estado e do capital.
        Na organização desta 30ª edição da Medalha Chico Mendes de Resistência/2018, foram parceiras do Grupo Tortura Nunca Mais – RJ as seguintes entidades: CECAC; Comitê Chico Mendes; Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência; CDH-OAB/RJ; CEJIL; Justiça Global; Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania-BH/MG; CDDH-Petrópolis; SINDPSI-RJ; Movimento de Justiça de Direitos Humanos-RS; CRP-RJ; MST; PCB.
        O ato público da entrega das medalhas foi realizado no dia 02 de abril de 2018, no Teatro Odylo Costa Filho/UERJ - campus Maracanã. Aconteceu na UERJ por esta constituir espaço de defesa do ensino público, gratuito, de qualidade e de luta contra o sucateamento praticado pela política educacional do governo. A UERJ resiste!
        Foram homenageadas e homenageados:
- Comandante Paulo Mello Bastos – sindicalista e piloto de avião que garantiu a entrada de João Goulart no Brasil depois da renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Foi perseguido e cassado pela ditadura. Tem 100 anos de idade.
- Fabiana Braga – presa no Paraná por ser membro do MST, acusada de terrorismo e organização criminosa.  A jovem militante tem 22 anos de idade.
- Mãe Meninazinha (Ilê Omolu Oxum) – Candomblecista que, ao longo de cinquenta anos, tem resistido bravamente às perseguições e às violências sistemáticas praticadas pela intolerância religiosa do Estado e do fundamentalismo cristão.
- Ana Maria Tellechea – promotora do Uruguai que investigou assassinatos de presos(as) políticos(as) levando à responsabilização de agentes da ditadura uruguaia.
- Ilma e Rômulo Noronha – presos políticos durante a ditadura, guerrilheiros da Ação Libertadora Nacional (ALN).
- Cosme Alves Neto (in memoriam) – preso político durante a ditadura. Transformou a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em espaço de resistência contra a ditadura. Foi programador do Cinema Paissandu.
- Jaime Petit (in memoriam) – desaparecido em 1973, juntamente com seus dois irmãos (Lúcio e Maria Lúcia), na Guerrilha do Araguaia. Era militante do PCdoB.
- José Barreto (Zequinha - in memoriam) – militou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e no Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). Foi executado pela ditadura em 1971, juntamente com Carlos Lamarca, em Brotas de Macaúbas/Bahia.
- Ocupação Manuel Congo – ocupação organizada pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM). Existe e resiste há 11 anos no centro do Rio Janeiro.
- Rute Fiúza – grande lutadora, mãe de David Fiúza, adolescente de 16 anos morto e desaparecido no Bairro São Cristóvão, em Salvador/BA. Antes do seu desaparecimento em 2014, foi violentamente abordado por policiais militares da PETO (Pelotão de Emprego Tático Operacional) e da RONDESP (Rondas Especiais).  Policiais militares amarraram as mãos e os pés de David Fiúza, o encapuzaram e depois o jogaram no porta-malas de um carro descaracterizado. Rute Fiúza tem sido ameaçada.   
- Milagro Sala – indígena, líder comunitária e presa política da Argentina. Encontra-se encarcerada desde janeiro de 2016. É uma dos(as) sete presos(as) políticos(as) do governo Macri – dos sete presos(as) políticos(as), cinco são mulheres.
- Casa Nem – acolhimento e apoio a transexuais, travestis e transgêneros em situação de rua – espaço de sobrevivência, luta e resistência das comunidades LGBTQIs. A casa é reconhecida também por ter um projeto de curso comunitário, o PreparaNem, que tem aprovado seus(as) participantes trans no ENEM.   
        Nesta 30º edição da medalha estiveram presentes estudantes, trabalhadores(as), moradores(as) de ocupações, periferias e favelas, familiares de mortos(as) e desaparecidos(as) políticos(as), ex-presos(as) políticos(as), organizações comunitárias, entidades de direitos humanos, sindicatos e organizações políticas de esquerda. Foi feita homenagem especial para Marielle e Anderson – executados no dia 14/03/2018. Foi rememorado o trigésimo ano da execução de Chico Mendes (1944 – 1988) – seringueiro, ambientalista, sindicalista e militante que combateu o latifúndio/agronegócio.
        Em tempo, em 1995, Dona Helena Greco (1916 - 2011) - uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia (MFPA/MG), do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA/MG) e do Movimento Tortura Nunca Mais/MG - teve a honra de receber a 7ª Medalha Chico Mendes de Resistência.
        Neste ano, nós do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, Belo Horizonte/MG, fomos convidados pelo Grupo Tortura Nunca Mais – RJ para compor o coletivo de entidades parceiras na realização da entrega da Medalha Chico Mendes de Resistência. Agradecemos às companheiras e companheiros pelo convite, o qual aceitamos com muita honra.
Pelo direito à História, à Memória, à Verdade e à Justiça!
Abaixo o terrorismo de Estado e do Capital!
Cosme Alves Neto: presente!
Jaime Petit: presente!
José Barreto (Zequinha): presente!
David Fiúza: presente!
Marielle: presente!
Anderson: presente!
Chico Mendes: presente!
Hoje e sempre!
Belo Horizonte, 05 de abril de 2018
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania
















Fotos/Arquivo: Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania.
- Pedimos desculpas às companheiras e companheiros pela má resolução de algumas fotos.

Um comentário:

  1. Querid@s campanheir@s, muito obrigada pela participação afetuosa do Instituto Helena Greco neste evento. Foi fundamental a força de vocês. Sigamos firmes na luta e na resistência. Um beijo grande, Joana

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