Hoje mais uma vez
vamos às ruas para reafirmar o caráter emancipatório e revolucionário da luta
feminista – sempre tão temida pelo sistema. Trata-se de luta permanente, autônoma
e contra-hegemônica. O governo genocida Bolsonaro se foi.
Na sociedade e no aparato repressivo/jurídico/legislativo/empresarial, no
entanto, o fascismo permanece arraigado. Este e o necroliberalismo se
retroalimentam.
Nunca
houve um Congresso tão reacionário quanto o que está em exercício. É totalmente
dominado pelas bancadas boi/bala/bíblia/jaula. O mesmo ocorre na maioria das esferas
estaduais e municipais legislativas e executivas. O governo Romeu Zema (Partido
Novo) de Minas Gerais é o exemplo mais gritante. Os donos do poder mantêm seus
fundamentos seculares. São homens brancos, ricos, hétero, misóginos, machistas,
patriacalistas, escravocratas. São colonialistas e capachos do imperialismo,
armamentistas e belicistas ao extremo. Têm horror à diversidade e aos Direitos
Humanos. Levam o racismo, a xenofobia e a lgbtqia+fobia às máximas
consequências.
A
legislação brasileira contra o aborto é das mais retrógradas do planeta. Em
nome de Deus, pátria e família, o
sistema impõe o controle das entranhas das mulheres. O princípio histórico da
luta feminista – direito ao aborto livre, seguro e gratuito - tem longo caminho
a percorrer. São as instituições lar
e família que reproduzem o
patriarcalismo estrutural. São elas que constituem o espaço prioritário para a
perpetração de todas as violências de gênero, das quais o Brasil se mantém como
um dos campeões mundiais: feminicídio, violência doméstica, estupros,
transfeminicídio, pedofilia, maus tratos e degradação de idosas e pessoas com
deficiência. A cultura armamentista completa o quadro. Assim como a cultura
punitivista: e Brasil tem a terceira maior população feminina encarcerada do mundo.
O
genocídio perpetrado pelo sistema contra os Ianomami em Roraima escancarou para
o Brasil e o mundo o que tem acontecido há décadas (séculos) com os Povos
Originários. Genocídio, ecocídio, epistemicídio: extermínio de corpos, esbulho
e destruição de territórios, tentativa de aniquilamento de memórias e saberes.
Escancarou também que o estupro de mulheres e crianças constitui instrumento
sistêmico de dominação. Esta é a herança de mais 500 anos de opressão dos Povos
Indígenas e mais de 350 anos de escravização do Povo Negro. Daí o racismo
estrutural e o genocídio institucional do Povo Negro e dos Povos Indígenas.
Destruição
das conquistas de mais de um século de luta da classe trabalhadora, fome
endêmica, miserabilidade, trabalho precarizado, trabalho escravo, arrocho
salarial. Uma das maiores concentrações de renda e desigualdade social do
mundo. E ainda: devastação ambiental, esbulho dos territórios tradicionais,
despejos e remoções forçadas, desmonte e privatização dos serviços públicos. O
Brasil tem a polícia que mais mata no mundo. As forças armadas são
explicitamente golpistas, saudosistas da ditadura e de torturadores contumazes.
É o país das milícias, das chacinas periódicas, da guerra generalizada contra
os pobres.
É
este cenário de horror que nutre o sacrossanto mercado e os lucros estratosféricos – os maiores do mundo – do
sistema financeiro, dos bancos, do agronegócio, das gigantes empreiteiras,
farmacêuticas e mineradoras.
É
este cenário de horror que coloca os corpos femininos como suas principais
vítimas. Sobretudo aquelas triplamente oprimidas: pelo gênero (são mulheres),
pela classe (são trabalhadoras e periféricas), pela etnia (são negras e
indígenas). Por tudo isto, a luta das mulheres tem a interseccionalidade
gênero, raça e classe: é Feminista, Antirracista e Anticapitalista. Marielle
Franco - cujo assassinato pelo sistema completa cinco anos no dia 14/março –
representa bem esta interseccionalidade. A luta feminista é necessariamente Antipatriarcal,
Anticolonial e Antifascista. A emancipação feminina só seria possível em uma
sociedade sem exploradores e explorados, sem prisões e sem manicômios!
- VIVA A LUTA ANTIMACHISTA, ANTIPATRIARCAL, ANTIRRACISTA,
ANTICOLONIAL, ANTIFASCISTA E ANTICAPITALISTA!
- DIREITO AO ABORTO LIVRE, SEGURO E GRATUITO!
- TODO O APOIO
ÀS TRABALHADORAS DA CIDADE E DO CAMPO!
- TODO APOIO ÀS MORADORAS DE OCUPAÇÕES, VILAS,
FAVELAS E PERIFERIAS!
- TODO APOIO ÀS MULHERES NEGRAS, QUILOMBOLAS E INDÍGENAS!
- machistas, misóginos, patriarcalistas, sexistas,
lgbtqia+fóbicos: NÃO PASSARÃO!
Belo Horizonte, 8 de março de 2023
Instituto
Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania - BH/MG
Todas ao Ato
8 de Março de 2023 - 8M Unificado RMBH
"NOS MOVE O DESEJO DE REVOLUÇÃO!
Vida digna, diversidade, direito ao aborto!
Nas ruas contra o racismo, fascismo e
capitalismo!"
Quarta-feira, dia 08/03/2023, às 16H - Praça
da Liberdade - BH/MG
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