"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

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Reuniões abertas aos sábados, às 16H - militância desde 2003.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

NOTA SOBRE A ANISTIA

40 ANOS DA LEI DE ANISTIA PARCIAL E RESTRITA:
POR UMA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!
        No dia 28 de agosto deste ano a lei de anistia parcial (lei 6683/1979) completou 40 anos. Ela só foi possível a partir de forte pressão dos movimentos de luta contra a ditadura militar (1964-1985), os quais exigiam Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. A ditadura, no entanto, impôs uma anistia restrita e parcial - muitas das vítimas do regime não foram anistiadas. Concedeu, por outro lado, anistia total e automática para os agentes do Estado que perpetraram crimes contra a humanidade: torturas, assassinatos, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres. Tais crimes, todos sabemos, são universalmente inafiançáveis, imprescritíveis e inanistiáveis.
        Nestas quatro décadas, houve conquistas pontuais no que se refere ao direito à História, à Memória, à Verdade e à Justiça. Isto se deu a partir do acúmulo da luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita e pela defesa dos Direitos Humanos. Esta luta foi travada pelo Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), pelos Comitês Brasileiros pela Anistia (CBAs), pelos familiares de mortos e desparecidos políticos, pelos exilados, banidos e presos políticos.
        Trata-se de enfrentamento aberto e direto contra o terrorismo de Estado – processo sem desfecho devido ao avanço da estratégia do esquecimento e da conciliação ao longo do tempo. A formulação dos Comitês Brasileiros pela Anistia sobre o significado da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita permanece atualíssima. São bastante eloquentes estes trechos extraídos das Resoluções do Congresso Nacional pela Anistia realizado em São Paulo, em novembro de 1978:
A anistia pela qual lutamos deve ser Ampla - para todas as manifestações de oposição ao regime; Geral – para todas as vítimas da repressão; e Irrestrita – sem discriminações ou restrições. Não aceitamos a anistia parcial e repudiamos a anistia recíproca. Exigimos o fim radical e absoluto das torturas e dos aparatos repressores, e a responsabilização judicial dos agentes da repressão e do regime a que eles servem.”
“(...) Os movimentos pela anistia entendem claramente que não se trata de reformar o poder judiciário, a legislação eleitoral, a Lei de Segurança Nacional. Impõe-se a supressão do aparato repressivo, a desativação dos centros de tortura, oficiais, clandestinos ou militares. Impõe-se a responsabilização dos que, investidos da autoridade do poder de polícia, têm praticado torturas e assassinatos, impõe-se acabar com a impunidade dos órgãos paramilitares.”
        Sobretudo agora devemos reafirmar estes princípios – nenhum deles foi conquistado até hoje. Vivemos tempos sombrios em que a presidência da república tem como paradigmas um arquitorturador contumaz (Brilhante Ustra), os porões da ditadura e as milícias (sucedâneas assumidas dos grupos de extermínio). Adota a estratégia do esquecimento e do negacionismo como política de Estado. Membros das Forças Armadas – todos entusiastas da ditadura militar – ocupam a maioria dos cargos do primeiro escalão do executivo e se incrustam às centenas em todas as instâncias do governo. A polícia que mais mata no mundo é autorizada publicamente a fazê-lo batendo o próprio recorde de letalidade. Também o número de denúncias de tortura cresce exponencialmente. Consolida-se cada vez mais o genocídio institucional do Povo Negro e dos Povos Indígenas. Os campos e as florestas do país estão sendo literalmente aniquilados. A presidência da república investe diuturnamente contra aquelas/es que considera seus inimigos principais: indígenas, negras/os, mulheres, LGBTQIs, militantes, trabalhadoras/es,  profissionais da educação e da ciência, defensoras/es dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente. Trata-se da reprodução do obscurantismo e da opressão da ditadura militar levada às máximas consequências.
        O dito presidente da república tem dedicado a sua vida a vilipendiar os mortos e desaparecidos políticos e seus familiares. O odioso ataque a Fernando Santa Cruz – a quem fazemos homenagem especial - é exemplo recente desta iniquidade.
        Assim, não estamos a comemorar a lei de anistia parcial e restrita. Estamos, sim, a resgatar a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita: é este o verdadeiro tributo que devemos aos que tombaram na luta contra a ditadura. As companheiras e os companheiros mortos e desaparecidos políticos estão presentes conosco - hoje e sempre!
- PELO DIREITO À HISTÓRIA, À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!
- DITADURA E TORTURA NUNCA MAIS!  
- NEM PERDÃO, NEM ESQUECIMENTO, NEM RECONCILIAÇÃO: PUNIÇÃO AOS TORTURADORES E ASSASSINOS DE OPOSITORES DURANTE A DITADURA MILITAR!
Belo Horizonte, 29 de agosto de 2019
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG

ATO 40 ANOS DA ANISTIA POLÍTICA: A LUTA CONTINUA!
Quinta-feira, dia 29 de agosto de 2019
Concentração: às 17h
Em frente ao Memorial de Direitos Humanos (antigo DOPS - centro de tortura da ditadura) - Avenida Afonso Pena, 2351 - Belo Horizonte/MG.

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