"Estamos aqui pela Humanidade!" Comuna de Paris, 1871 - "Sejamos realistas, exijamos o impossível." Maio de 68

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domingo, 28 de agosto de 2022

43 ANOS DA LEI DE ANISTIA PARCIAL E RESTRITA: PELA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA!

Hoje a anistia parcial e restrita (lei 6683/1979) - elaborada pela ditadura militar (1964-1985) e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2010 – completa 43 anos. Com esta lei a ditadura buscou capturar uma exigência construída na luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. A partir dela foi fabricada uma interpretação equivocada que se consolidou como hegemônica. Tornaram-se inimputáveis crimes de lesa humanidade que, por definição, são imprescritíveis, inafiançáveis e inanistiáveis: eliminação sistemática dos ditos inimigos internos;  torturas e desaparecimentos forçados institucionalizados. Trata-se de lei de auto-anistia emanada da Doutrina de Segurança Nacional, famigerado arcabouço ideológico da ditadura militar.

Hoje, portanto, também reafirmamos mais uma vez a importância e atualidade da luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita levada a cabo a partir de 1975.  Esta luta foi construída pelo Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), os Comitês Brasileiros pela Anistia (CBAs), familiares de mortos e desaparecidos políticos, opositoras/es da ditadura militar, presas/os políticas/os,  exiladas/os, banidas/os e  militantes de movimentos populares. Foi um movimento de massas que combateu fortemente a ditadura militar e sua anistia parcial e restrita. Importante destacar o protagonismo das mulheres nesta luta.

Toda a radicalidade e pertinência dos princípios programáticos da luta pela Anistia - contidos nos epítetos Ampla, Geral e Irrestrita - continuam valendo. Ao longo destas mais de quatro décadas, a maioria dos opositores da ditadura ainda não foi anistiada. O governo do genocida tem feito ofensiva cerrada para desanistiar aquelas/es que o foram. Não foi resolvida a questão dos desaparecidos políticos. Seus familiares não tiveram o direito de enterrá-los com dignidade. Não conseguimos nomear e incluir na nossa lista as/os milhares de indígenas e trabalhadores rurais massacrados pela ditadura e seus asseclas. Não houve responsabilização dos agentes da repressão, os quais foram automaticamente anistiados: membros das forças armadas, grupos de extermínio parapoliciais e paramilitares, empresários, banqueiros, latifundiários, empreiteiros – exatamente a mesma composição de forças hoje no poder. Os arquivos da repressão não foram abertos – só temos acesso a poucos deles. Leis de exceção continuam em vigor, o aparato repressivo continua montado.

Nestes últimos três anos e meio, o governo fascista genocida de Bolsonaro(PL), Mourão(Republicanos)/centrão/militares/milicianos tem levado estas iniquidades às máximas consequências. Seus paradigmas são arquitorturadores, como os finados Carlos Alberto Brilhante Ustra e major Curió - ambos alçados pelo bolsonarismo a heróis nacionais. Os mais de seis mil militares incrustados em posições estratégicas do aparelho de Estado são entusiastas da ditadura. A lógica da morte e do extermínio, o negacionismo, a mentira organizada, o assassinato da memória histórica, o ódio aos Direitos Humanos estão entre os seus principais métodos de governo. O Brasil se estabelece cada vez mais como o país das chacinas cotidianas cometidas pela polícia mais letal do planeta; das masmorras  (centros de tortura) que confinam a terceira população carcerária do mundo; da tortura e dos desaparecimentos forçados sistêmicos; do genocídio institucional do Povo Negro e dos Povos Indígenas.

O movimento pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita constitui referência para o entendimento do caráter contra-hegemônico e Antifascista da luta pelos Direitos Humanos; da luta por História, Memória, Verdade e Justiça; da luta contra o terrorismo do Estado e do capital. Reiteramos nosso tributo a todas/os que tombaram na luta contra a ditadura e às/aos militantes do movimento pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.

TORTURA NUNCA MAIS! DITADURA NUNCA MAIS!

PELO DIREITO À HISTÓRIA, À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA!

FASCISTAS: NÃO PASSARÃO!

Belo Horizonte, 28 de agosto de 2022

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG


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