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terça-feira, 17 de agosto de 2021

18 DE AGOSTO/2021: DIA NACIONAL DE GREVE DAS/OS TRABALHADORAS/ES DOS SERVIÇOS PÚBLICOS!

- Contra a reforma administrativa (PEC 32) e seus ataques aos Serviços Públicos! 
Contra a minirreforma trabalhista (MP 1045) com a sua retirada de direitos!

           O hipermilitarizado governo Bolsonaro/Mourão/Guedes acelera cada vez mais a escalada da fascistização que é a base do seu projeto de poder. Neste, a necropolítica e o ultraneoliberalismo se retroalimentam. A prática sistêmica do ódio e da morte se consolida como método de governo; o totalitarismo de mercado se sedimenta como política de Estado.

      Este governo genocida tem levado às máximas consequências o desmonte das políticas públicas – já precarizadas há algumas décadas, é preciso dizer – em todas as áreas: saúde, educação, previdência, cultura, ciência, pautas identitárias, meio ambiente, assistência social, segurança alimentar, Direitos Humanos. Trata-se do paroxismo da sanha privatista e da tentativa de aniquilamento de todas as conquistas da classe trabalhadora e dos movimentos sociais ao longo de mais de um século. É este o desígnio da mal chamada reforma administrativa (PEC 32/2020) e da igualmente mal chamada minirreforma trabalhista (MP 1045/2021), contra as quais lutamos neste Dia Nacional de Greve das Trabalhadoras/es dos Serviços Públicos.

A PEC 32 veio para destruir os direitos arduamente conquistados pelas/os trabalhadoras/es dos serviços públicos ao longo de décadas: fim dos concursos públicos; consequente favorecimento dos apadrinhamentos; fim da estabilidade, da remuneração por tempo de serviço, dos pagamentos retroativos e das férias-prêmio; possibilidade de fechamento por decreto de autarquias e fundações. A partir daí, ocorrem as extremas precarização e terceirização que levam à fragmentação dos sindicatos e dos espaços de mobilização e luta. Trata-se da destruição continuada dos serviços públicos com o desinvestimento nestes e a transferência dos recursos para o grande capital. Em outras palavras, a sua privatização em detrimento da sociedade e em benefício dos empresários e banqueiros. Na prática, seria o fim do SUS, das escolas, das universidades públicas, dos centros de pesquisa. O corte de 30 bilhões da Saúde em pleno genocídio sanitário e o processo agressivo de privatização dos Correios são exemplos eloquentes de tudo isto. A justificativa de tamanho estrago seria um pretenso saneamento fiscal. Este, sabemos, só poderia ser equacionado com a taxação de dividendos, lucros e grandes fortunas e o com o corte dos supersalários das Forças Armadas e da alta burocracia dos três poderes.

É esta lógica altamente privatista, draconiana e vertical que, em Minas Gerais, articula os projetos Somar e Mãos Dadas do governador bolsonarista Zema (Partido Novo): gestão privada das escolas públicas; utilização de vouchers para compra de vagas nas escolas particulares; cobrança de taxas; monetização do material didático; demissão e remoção forçada de professoras/es e funcionárias/os. É também esta a lógica do projeto de militarização das escolas públicas, em vias de implementação em todo o país. Como Bolsonaro, Zema se declarou inimigo das/os trabalhadoras/es da educação, consideradas/os por ele privilegiadas/os e ociosas/os. Confrontando o direito de greve – que é constitucional – e acionado pelo governo Zema, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais declarou ilegal a Greve Sanitária Estadual em andamento. Greve feita para preservar a vida de todas as pessoas da comunidade escolar, uma vez que a grande maioria das escolas não tem as mínimas condições para seguir o protocolo estipulado.

A MP 1045 – proposta já aprovada na Câmara dos Deputados, agora vai para o Senado - pode ser considerada a institucionalização do trabalho análogo à escravidão sob a alcunha de novo programa emergencial de manutenção do emprego e da renda.  Seu objetivo é o arrocho puro e simples e a redução dos encargos sobre a folha salarial. Voltado sobretudo para jovens, trata-se de grave violação dos Direitos Humanos: não há vínculo empregatício algum; o salário é substituído por um bônus de inclusão produtiva e uma bolsa de incentivo à qualificação; as férias são substituídas por um recesso parcialmente remunerado; não há vale-transporte integral; não há recolhimento previdenciário, não há aposentadoria - não há garantia alguma de nada, portanto. Para ser explorado no mais alto grau – a única opção que lhe é oferecida - obriga-se ainda a/o jovem a abrir mão de direitos inalienáveis e da própria dignidade. Mais uma vez a agenda ultraneoliberal é levada ao paroxismo em plena pandemia. O negacionismo e o descaso do governo em relação à COVID-19 aprofundaram a desigualdade e reintroduziram fome endêmica, carestia e desemprego estratosféricos. É a institucionalização da barbárie nua e crua.

Barbárie nua e crua que recai principalmente sobre o Povo Negro e os Povos indígenas, alvos do racismo estrutural e do genocídio institucional potencializados agora pelo genocídio sanitário perpetrado pelo governo Bolsonaro/Mourão – já são quase 600 mil mortos de COVID-19! Em todo o planeta, este é o país que tem a polícia mais violenta, a que mais mata pobres e pretos todos os dias. O governo genocida Bolsonaro/Mourão é também aquele que exerce o mais brutal ataque contra os Povos Indígenas desde a ditadura militar. O PL 490/2007 agudizou emblematicamente o processo permanente de esbulho das terras ancestrais dos Povos Originários. Levou às máximas consequências a cultura do extermínio, o epistemicídio, a obliteração da sua memória.

Por tudo isto, reiteramos:

ABAIXO A PEC 32, A MP 1045 E O PL 490!

NÃO AO DESMONTE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS! NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES!

NÃO À RETIRADA DE DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA!

FORA BOLSONARO, MOURÃO E MILITARES!

Belo Horizonte, 17 de agosto de 2021

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania – BH/MG



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